Maria de Souza de Oliveira, 84 anos, pousa para retrato na frente 
da sua casa. Dona Maria, como é conhecida, é uma das moradoras mais 
antigas da comunidade quilombola, localizada dentro da área da base 
naval de Aratu, no bairro de São Tomé de Paripe, limite da cidade de 
Simões Filho, a 21 km de Salvador
O governo marcou para a próxima quarta-feira (1º) uma reunião em 
Brasília para tratar da posse de Rio dos Macacos, território na Bahia 
disputado por quilombolas e pela Marinha.
A reunião foi marcada após a ocupação da sede do Incra (Instituto 
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na capital baiana ocorrida 
ontem (26) por moradores da comunidade. O governo também decidiu que não
 haverá a reintegração de posse, temida pelos moradores da comunidade 
quilombola.
A ocupação ocorreu após uma reunião entre o Incra e os quilombolas e 
terminou às 21h30. Os manifestantes deixaram o prédio após receberem a 
garantia de que o governo não vai efetivar a reintegração de posse pelo 
presidente nacional do Incra, Carlos Guedes de Guedes, e pelo 
advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
“Para construir esse consenso entre cada parte, a discussão foi 
trazida para o centro do governo. Acredito que vão se costurar os 
interesses dos envolvidos”, informou o superintendente regional do Incra
 na Bahia, Marcos Antônio Silva Nery.
Durante a ocupação, os quilombolas exigiram do Incra uma cópia do 
relatório técnico que certifica a área do Rio dos Macacos como 
remanescente de quilombo. O documento já foi concluído pelo Incra, no 
entanto, não chegou a ser publicado no “Diário Oficial da União” e no 
“Diário Oficial do Estado”, medida que daria valor legal ao estudo. Essa
 publicação depende do presidente nacional do Incra, que já recebeu o 
estudo. No entanto, de acordo com Nery, a publicação não foi feita 
devido ao litígio com a Marinha.
A comunidade fica no município de Simões Filho, região metropolitana 
de Salvador, e é objeto de uma disputa entre a Marinha do Brasil, que 
considera a terra de sua propriedade, e os quilombolas. O terreno é 
vizinho da Base Naval de Aratu, na Praia de Inema.
Desde 2010, a Marinha pretende ampliar as instalações da base, onde 
residem 450 famílias de militares. A Base de Aratu já foi destino de 
férias dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da
 Silva e da presidenta Dilma Rousseff, que se hospedou no local por duas
 vezes.
No próximo dia 31 vence o prazo do acordo feito entre o governo e os 
moradores, com anuência do Ministério Público, sobre a posse da terra. 
Além da posse, os quilombolas reclamam do tratamento dado pela Marinha 
aos moradores e visitantes.
Segundo a própria Marinha, os moradores e visitantes “devem ser 
submetidos a triagem para acesso que poderá ser autorizado após a 
identificação da finalidade da visita e do cumprimento das medidas de 
segurança previstas”, diz nota de esclarecimento publicada em 9 de 
julho.
Para a reunião na capital federal, foram chamados quatro 
representantes da comunidade para tratarem o assunto com o 
secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Além 
disso, foram chamados para o encontro representantes da AGU (Advocacia 
Geral da União), da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade 
Racial, do Ministério da Defesa, do Incra e do Ministério do 
Desenvolvimento Agrário.
Outras fotos da comunidade Quilombo do Rio dos Macacos, por Eládio Machado:
- Maurícia Maria de Jesus, 95 anos, pousa para retrato na frente da sua casa. Dona Maurícia, como é conhecida, é a moradora com maior idade da comunidade quilombola Rio dos Macacos, localizada dentro da área da base naval de Aratu (BA), no bairro de São Tomé de Paripe, limite da cidade de Simões Filho, a 21 km de Salvador
 
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1126859-governo-vai-negociar-com-quilombolas-posse-de-area-na-ba.shtml








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