quarta-feira, 25 de julho de 2012

Forum_Sankofa_2010 - VÍDEOS, FILMES LIGADOS AS QUESTÕES RACIAIS

 
Terra Deu, Terra Come -  Rodrigo Siqueira(2010)
Direção: Rodrigo Siqueira
Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos de idade, comanda como mestre de cerimônias o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos. O ritual sucede-se no quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, Minas Gerais. Com uma canequinha esmaltada, ele joga as últimas gotas de cachaça sobre o cadáver já assentado na cova: "O que você queria taí! Nós não bebeu ela não, a sua taí. Vai e não volta pra me atentar por causa disso não. Faz sua viagem em paz".
Dessa maneira acaba o sepultamento de João Batista, após 17 horas de velório, choro, riso, farra, reza, silêncios, tristeza. No cortejo, muita cantoria com os versos dos vissungos, tradição herdada da áfrica. Descendente de escravos que trabalhavam na extração de diamantes, nas Minas Gerais do tempo do Brasil Império, Pedro é um dos últimos conhecedores dos vissungos, as cantigas em dialeto banguela cantadas durante os rituais fúnebres da região, que eram muito comuns nos séculos 18 e 19.
Garimpeiro de muita sorte, Pedro já encontrou diamantes de tesouros enterrados pelos antigos escravos, na região de Diamantina. Mas, o primeiro diamante que encontrou, há 70 anos, o tio com quem trabalhava o enterrou e morreu sem dizer onde. Depois disso, vive sempre em uma sinuca: para reencontrar o diamante só se invocar a alma de seu tio João dos Santos. "É um diamante e tanto, você precisa ver que botão de mágoa." Ao conduzir o funeral de João Batista, Pedro desfia histórias carregadas de poesia e significados metafísicos, que nos põem em dúvida o tempo inteiro: João Batista tinha pacto com o Diabo?; O Diabo existe?; estamos sozinhos, ou as almas também estão entre nós?; como Deus inventou a Morte?
A atuação de Pedro e seus familiares frente à câmera nos provoca pela sua dramaturgia espontânea, uma auto-mise-en-scène instigante. No filme, não se sabe o que é fato e o que é representação, o que é verdade e o que é um conto, documentário ou ficção, o que é cinema e o que é vida, o que é africano e o que é mineiro, brasileiro.
Terra Deu, Terra Come é um filme cheio de encantos e encantamentos. Pedro de Alexina, 81 anos, comanda como mestre de cerimonias o funeral de João Batista, morto aos 120 anos. Documentário, memória e ficção se misturam para tecer uma história fantástica que retrata um canto metafísico do sertão mineiro. É preciso ver para crer.
Entre 2010 e 2011 o Terra Deu, Terra Come conquistou os mais relevantes prêmios consagrados aos documentários no Brasil. Também recebeu o reconhecimento dos mais importantes críticos de cinema do país.
TERRA DEU TERRA COME venceu o prêmio International Young Talent Competition - Generation DOK - no 53º DOK LEIPZIG, Alemanha, um dos mais tradicionais e importantes festivais de documentários da Europa. Eis as palavras do júri do festival: "O filme vencedor levou os juízes a um mundo completamente desconhecido (e evidentemente quase esquecido). Seu personagem central —um indivíduo admirável e mesmerizante— é o tipo de pessoa que provavelmente só aparece uma vez na vida de um documentarista. O registro de sua ligação com um mundo de rituais e mitos, à beira do desaparecimento, é a um tempo fascinante e de relevância histórica. O filme claramente se beneficiou do acesso exclusivo (do diretor ao personagem), ganho ao longo de um período de tempo extenso e trabalhado com grande senso artístico. O filme expõe um mundo sobre o qual nada conhecíamos, e o faz de uma maneira encantadora, prazerosa e, por vezes, emotiva, que certamente descortina um novo território e abre as portas para uma verdadeira experiência de documentário."
Cartola - Música para os Olhos (2006)
A história de um dos compositores mais importantes da música brasileira. A história do samba a partir de um dos seus expoentes mais nobres. Utilizando linguagem fragmentada, "Cartola" traça um painel da formação cultural do Brasil, convidando a uma reflexão na construção da memória deste país. O retrato de um homem que se reconstruía com seu tempo.

A Negação do Brasil: O Negro nas telenovelas Brasileiras
Documentário sobre a trajetória dos atores negros na televisão e a evolução dessa imagem construida como personagem.
4 Vozes Femininas de África: Odete Semedo, Vera Duarte, Sónia Sultuane e Conceição Evaristo
Mesa redonda "4 Vozes Femininas de África: Odete Semedo, Vera Duarte, Sónia Sultuane e Conceição Evaristo" realizada na UFRJ em 09/08/2011 com três escritoras Africanas - Odete Semedo, Vera Duarte, Sónia Sultuane - e uma brasileira - Conceição Evaristo.
Um Dia Sem Mexicanos
Uma pequena comédia com premissa interessante que mostra de forma engraçada a "tragédia" que seriam os Estados Unidos sem imigrantes.
O que aconteceria à Califórnia se a população latina do lugar -- um terço da população ativa do estado -- de uma hora para outra desaparecesse? Essa premissa fantástica e curiosíssima é o mote desta simpática comédia do diretor Sergio Arau, que já tinha realizado um curta-metragem homônimo e de mesma temática, que serviu de base para esse trabalho.
O filme começa mostrando o cotidiano da população do estado americano, em uma espécie de semi-documentário, acompanhando diversos personagens (o roteiro se assemelha muito a um filme-painel, com várias situações paralelas que aos poucos vão se cruzando). Mostra um estado que tem problemas com a imigração ilegal, com a xenofobia, com o sub-emprego e até com a estereotipação -- há uma personagem na trama, americana de descendência latina, que trabalha em um jornal voltado para os hispânicos e que é obrigada por seu editor a forçar o sotaque que ela não tem para "agradar" ao seu público-alvo.
De uma hora para outra os latinos (não somente os mexicanos -- o título já vem com uma piada embutida, pois para os americanos todos os latinos são mexicanos, não importando se eles são brasileiros, porto-riquenhos ou cubanos) vão simplesmente sumindo e o estado passa a ser circundado por uma estranha névoa, como em um passe de mágica. Até mesmo os famosos, como Salma Hayek, Cheech Marin e Plácido Domingo acabam desaparecendo, para desespero dos americanos anglo-saxões. Sem os trabalhadores latinos -- quase sempre relacionados ao trabalho menor, como empregadas domésticas e trabalhadores rurais -- o estado acaba se tornando uma grande confusão, como se esses trabalhadores fossem realmente importantes para o lugar e que só então os americanos percebessem isso.
O filme trata de um assunto sério de forma bastante criativa e engraçada -- como não dar uma risadinha, nos créditos iniciais, da logomarca da Televisa, notável emissora de tevê mexicana, mais conhecida por realizar aqueles dramalhões chorosos? Inclusive há uma parte no filme em que o dramalhão toma conta, propositalmente, inclusive com aquela reviravolta típica -- quase uma novela mexicana! O filme também não deixa de fazer certas observações críticas a respeito da situação dos imigrantes, através de legendas. Mas chega uma hora em que a piada cansa e o filme se torna monótono. Não deixa de ser irritante a forma passiva como os latinos são mostrados, como se fossem pobres coitados sem personalidade -- eu o acusaria até de ser racista em certos momentos, por incrível que pareça - mas até o final feliz chegar, o espectador já deu (poucas) risadas ao som de "California Dreamin'", clássico musical do The Mamas & The Papas.
A Estética da Magreza
Os padrões estéticos variam com o passar do tempo. Marilyn Monroe, ícone da beleza feminina dos anos 1950, tem um corpo que hoje seria considerado gordo e baixo, se comparado com a modelo Gisele Bundchen. Apesar de vivermos em uma época em que a diversidade deve ser valorizada e respeitada, os padrões de beleza divulgados pelos meios de comunicação valorizam características que nem sempre dialogam com o povo brasileiro. Com grande frequência o belo é propagado com sendo o cabelo loiro e liso, a pele branca, o nariz fino, os olhos claros e o corpo magro. Para se encaixar nos padrões vigentes, as pessoas se submetem a alisamentos, tinturas de cabelo, implantes de silicone, regimes, lipoaspirações, etc.
Pesquisa realizada com alunos e professores da rede pública revela que a maioria dos alunos já presenciou discriminações por causa de características físicas. A discriminação e o bullying constantemente vêm mascarados no formato de brincadeira. Baleia, Shrek, tampinha, saco de osso, dragão: são inúmeros os apelidos pejorativos utilizados para discriminar os colegas. Os gordos são os que mais sofrem discriminações por causa do corpo. Nem sempre vencer o preconceito é fácil e muitos alunos aceitam os apelidos por ser difícil enfrentar os colegas. O problema se agrava quando falamos das pessoas obesas.
Recentemente, têm surgido no Brasil movimentos sociais denominados Fat Power (Poder Gordo ou Orgulho Gordo). Esses movimentos buscam legitimar o direito da pessoa ser gorda sem sofrer discriminação e também lutam por adaptações nas estruturas físicas dos espaços públicos (assentos de avião, cadeiras de cinema, roletas de ônibus, etc).
Participam do debate do deputado Irajá Abreu (DEM-TO); Lucio Luiz, jornalista e educador, colunista do portal Papo de Gordo; Liliane Machado, jornalista e professora de Comunicação da Universidade Católica de Brasília e doutora em Estudos Feministas e de Gênero pela Universidade de Brasília; e Aline Carvalho, modelo plus size, escreve no portal gmaravilhosas.
Lima Barreto: Um Grito Brasileiro
A breve, conturbada e brilhante vida do escritor Lima Barreto. Após o pai enlouquecer, abandonou os estudos para cuidar da família. Mulato, sofreu com o racismo. Mesmo assim, destacou-se com a publicação de Triste fim de Policarpo Quaresma. A importância dessa obra para a literatura brasileira. O forte sentimento nacionalista do escritor que se tornou jornalista do Correio da Manhã, jornal no qual denunciava as injustiças sociais.
Velho Recife Novo
Excelente documentário que fala sinteticamente do problema urbanístico pelo qual Recife tem passado, mas que poderia estar falando de qualquer grande cidade brasileira onde a visão de mundo médio-classista é formada pelas objetivos de mercado das grandes construtoras e das montadoras. Um filme que todos os que buscam uma melhor qualidade de vida de sua cidade deveriam assistir. 
Sinopse Oficial: Oito especialistas de diversas áreas (arquitetura e urbanismo, economia, engenharia, geografia, história e sociologia) opinam sobre a noção de espaço público na cidade do Recife e destacam temas como: a história do espaço público na cidade, o efeito dos projetos de grande impacto no espaço urbano, modos de morar recifense, a relação entre a rua e os edifícios, a qualidade dos espaços públicos, legislação urbana, gestão e políticas públicas e mobilidade.
Filmes Ruins, Árabes Malvados: Como Hollywood transforma um povo em Vilão
Imperdível!
Nesse documentário franco, humano e sensível, Dr. Jack Shaheen, autor do livro de enorme sucesso "Reel Bad Arabs", analisa quase mil filmes envolvendo a figura do árabe no cinema norteamericano.
Cerca de 25% de todos os filmes já produzidos em Hollywood incluem a figura do árabe e apenas um não denigre a imagem dos árabes.
Eles são retratados como cruéis, machistas, idiotas, fanáticos e as mulheres como objetos sexuais, submissas ou tolas. Presente desde o desenho animado até as superproduções, a estratégia segue a mesma forma covarde de como os judeus eram retratados pela propaganda nazista.
Esse tipo de preconceito acaba trazendo para o ocidente convenientes ingredientes sociais para uma guerra: o ódio e o medo.
Nada é por acaso, a política norteamericana no oriente médio e Hollywood estão intrinsecamente ligados. 
É ótimo para os grupos armamentistas, petroleiras e banqueiros que financiam as guerras, que os árabes sejam vistos como vilões, pois dessa maneira, a opinião pública estará sempre ao seu lado, garantindo enormes lucros com um eventual conflito. Vale a pena destacar que vários desses grupos são os próprios donos das indústrias cinematográficas e canais de TV, que veiculam esses filmes.
Um dos povos que mais tem sofrido desse preconceito são os palestinos, que apesar de serem oprimidos, vítimas de uma ocupação massiva, cruel e hedionda, são retratados como terroristas.
O documentário, além dessas denúncias, apresenta lindas propostas de como acabar com o preconceito descabido contra os árabes, mas que também poderia ser qualquer outra minoria.
Europa e Grécia: Do Esquecimento à adoração racista - Vladimir Acosta
Uma brilhante lição do Prof. Vladimir Acosta sobre como foi montado o mito da superioridade da cultura grega sobre as demais culturas da antiguidade. Vladimir Acosta deixa claro que o objetivo do enaltecimento absoluto à Grécia visava, na verdade, o enaltecimento das potências colonialistas e racistas europeias. Estas buscavam apresentar-se como herdeiras diretas das tradições culturais gregas e, portanto, também deveriam ser vistas como sociedades superiores. Com isso se justificaria seu direito a colonizar e dominar os outros povos do mundo.
A História do Racismo
BBC - Racismo A História. O filme aborda o cruel legado deixado pelo racismo ao longo dos séculos. Iniciando pelos EUA, berço da Ku Klux Klan, onde o pesquisador James Allen, possuidor de vasta coleção de material fotográfico e jornalístico sobre linchamentos, defende que há um movimento arquitetado para apagar a mácula racial da memória do país. A seguir, remonta à colonização belga do Congo, por Leopoldo II, onde os negros que não atingiam a quota diária de borracha tinham a mão direita decepada. O documentário trata ainda da problemática racial na África do Sul (Apartheid) e Grã-Bretanha, abordando a luta do Movimento pelos Direitos Civis nos EUA e a desconstituição do mito da existência de raças.

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