segunda-feira, 28 de junho de 2010

COTISTAS TÊM DESEMPENHO EXCEPCIONAL, DIZ REITOR NA ENTREGA DE PRÊMIO

Retirado do site da ALERJ.

Uma nova revolução, parecida com a Revolta da Chibata, que está completando 100 anos, vem ocorrendo nas universidades desde a implantação do sistema de cotas. Quem garante é o reitor da Universidade do Estado do Rio (Uerj), Ricardo Vieiralves, que informou, nesta quinta-feira (24/06), durante a primeira entrega do Prêmio João Cândido, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Rio, que os índices de reprovação e de abandono dos alunos cotistas têm sido iguais ou menores que os não-cotistas. “Desde 2003, quando implantamos esse sistema, não tínhamos feito uma avaliação tão completa sobre a performance dos cotistas. E a nossa comprovação foi excepcional, pois eles estão assimilando o processo acadêmico-administrativo cada vez melhor”, reforçou Vieiralves, que garantiu que a Uerj realizará, ainda este ano, um seminário para lembrar a Revolta da Chibata.

A informação foi comemorada, durante sessão solene conduzida pelo deputado Gilberto Palmares (PT) e pelo deputado federal e ex-ministro Edson Santos (PT-RJ), pelos 15 homenageados, que, junto ao reitor, receberam a estátua confeccionada pelo artista plástico Walter Brito, que reproduz a imagem do “almirante negro” João Cândido, líder da Revolta da Chibata. “A ideia desse ato surgiu para que marcássemos mais uma página gloriosa de resistência no combate à opressão, da mesma forma como fez Cândido na revolta ocorrida há um século”, discursou Palmares. Para o ex-ministro, a luta do “almirante” começa a obter resultados apenas agora. “No Brasil, as coisas se dão com muita lentidão, porque a resistência às mudanças no País é muito forte. Mesmo assim, para sermos uma democracia racial, muito ainda precisa ser feito”, apontou.

Autor de uma das mais importantes leis de combate ao racismo e à intolerância religiosa no País, a Lei 7.716/89 – Lei Caó –, o ex-deputado federal e jornalista Carlos Alberto Caó, que ganhou um dos prêmios, disse estar satisfeito em ter seu nome ligado a “uma homenagem que também está sendo feita a João Cândido, o grande herói nacional”. Já a atriz Ruth de Souza, a primeira negra a pisar nos palcos do Theatro Municipal do Rio, recebeu a honraria com alegria. “Em toda a minha carreira, o que sempre quis foi mostrar uma imagem positiva da mulher negra brasileira. É muito bom ter o trabalho reconhecido e poder contribuir para preservar a memória do cinema, do teatro e da televisão”, agradeceu. Para a ex-governadora, ex-ministra e ex-secretária de Ação Social do estado Benedita da Silva, lembrar João Cândido é “lembrar a história do povo afro-brasileiro”.

Presente à sessão, o ministro-chefe da Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araújo, afirmou que o País precisa continuar avançando na luta contra a desigualdade social. “Esse momento, no Palácio Tiradentes, faz-nos lembrar do que aconteceu aqui ao lado, na Baía de Guanabara, e que permitiu que acabássemos com a chibata no Brasil”, assinalou. Também receberam o Prêmio João Cândido o hematologista Paulo Ivo, especialista em doença falciforme; Frei Athaylton Jorge Monteiro Belo, o Frei Tatá; o militante Carlos Vicente; Cristina Dorigo, da Secretaria de Mulheres do PT-RJ; o grupo afro Agbara Dudu; o presidente do Sinpro-Rio, Wanderley Quêdo; o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Energia (Sintergia); a assistente social Nelma Azeredo; o presidente da Transpetro, Sérgio Machado; o professor e ex-senador Abdias Nascimento e o historiador e músico Nei Lopes.

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