Foto: Portal Fiocruz
Neste domingo, 5 de agosto, comemora-se o 140º aniversário de
nascimento do médico sanitarista, bacteriologista Oswaldo Cruz,
responsável pelo saneamento do Rio de Janeiro, pela criação do Instituto Soroterápico Federal, reforma do Código Sanitário do País, entre outros feitos importantes para a Saúde brasileira.
Notoriamente associado à primeira campanha bem sucedida contra a
febre amarela, e ao esforço de controle da varíola por meio da vacina,
para o historiador e editor científico da revista História, Ciência e
Saúde – Manguinhos, periódico trimestral da Casa de Oswaldo Cruz, Jaime
L. Benchimol, o sanitarista se destacou como a principal liderança de um
grupo vanguardista de médicos que, na virada do século XIX, foi capaz
de transformar a microbiologia e a medicina tropical em uma ferramenta
importante na saúde pública brasileira.
“Ele deu uma diretriz de ação à saúde pública. Foi um grande criador e
gestor de instituição científica, uma liderança capaz de aglutinar os
melhores pesquisadores de sua geração. Ele teve uma sólida preparação na
França e fazia questão de formar estudantes, geração que foi a espinha
dorsal da saúde publica dos anos 20”, avalia Benchimol.
Natural de São Luís de Paraitinga (SP), Oswaldo Cruz ingressou na
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro com apenas 15 anos de idade. Em
24 de dezembro de 1892, formou-se doutor em medicina, com a tese
Veiculação Microbiana pelas Águas. Em 1898, especializou-se em
Microbiologia no Instituto Pasteur de Paris, que, na época, reunia grandes nomes da ciência.
Indicado pelo instituto francês foi nomeado, em 1903, no Brasil,
Diretor geral de Saúde Pública. A missão de Oswaldo Cruz era realizar a
reforma sanitária do Rio de Janeiro. Nesta época a rede de esgoto e
coleta de lixo eram precárias. Dezenas de doenças se proliferavam na
população da cidade de forma epidêmica, como a febre amarela, a peste
bubônica e a varíola.
Para conter tais epidemias, Oswaldo Cruz tomou providências que foram
consideradas polêmicas. Como a criação das Brigadas Mata-Mosquitos, que
eram grupos de funcionários do serviço sanitário que entravam nas casas
para matar os insetos. E a imunização antivariólica obrigatória, que
gerou uma grande revolta na população. Os jornais lançaram uma campanha
contra esta medida. Estas manifestações evoluíram para uma rebelião
chamada Revolta da Vacina, em 1904. O governo derrotou a rebelião,
porém, suspendeu a obrigatoriedade da vacina.
No entanto, graças a estas providências de Oswaldo Cruz, em 1907, a
epidemia de febre amarela estava erradicada do Rio de Janeiro. Em 1908,
uma epidemia de varíola levou a população a formar filas nos postos de
vacinação. O Brasil finalmente entendia o valor das medidas do
sanitarista. Na mesma época, no mundo científico internacional o
prestígio de Oswaldo Cruz já era incontestável. Em 1907, no XIV
Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, recebeu a
medalha de ouro pelo trabalho de saneamento do Rio de Janeiro. Oswaldo
Cruz ainda reformou o Código Sanitário e reestruturou todos os órgãos de
saúde e higiene do Brasil.
Em 1909, o sanitarista passou a se dedicar apenas ao Instituto Soroterápico Federal, rebatizado como Instituto Oswaldo Cruz (IOC).
Frente a instituição, ele lançou importantes expedições científicas que
possibilitaram a ocupação do interior do Brasil. Erradicou a epidemia
de febre amarela no Pará e realizou a campanha de saneamento da
Amazônia. Permitiu, também, o término das obras da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido interrompida pelo grande
número de mortes entre os operários, provocadas pela malária.
Em 1913, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Em 1916, por motivos de saúde, abandonou a direção do Instituto Oswaldo
Cruz e mudou-se para Petrópolis. Nomeado prefeito daquela cidade,
traçou vasto plano de urbanização, que não pode ver construído. Sofrendo
de crise de insuficiência renal, morreu precocemente em 11 de fevereiro
de 1917, com apenas 44 anos.
Fonte: Ana Paula Ferraz/ Comunicação Interna do Ministério da Saúde
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