Dos gregos herdamos muita coisa: a filosofia, a democracia, os
esportes, as Olimpíadas e a ideia de que a prática do sexo poderia
prejudicar a performance dos atletas. Por anos os atletas e treinadores
praticaram abstinência na véspera ou até mesmo semanas antes de um
grande evento, mas depois da entrega das medalhas, ninguém garante mais
nada: 150.000 camisinhas serão distribuídas para os 10.500 atletas que
estão competindo nos Jogos de Londres.
A prática da abstinência é bastante difundida. O boxeador Mohamed Ali
ficava sem sexo por seis semanas antes de uma grande luta, e durante a
Copa do Mundo de 1998 o treinador inglês Glenn Hoddle proibiu a equipe
de praticar sexo durante todo o evento – um mês inteiro.
Mas o mito do “sem sexo antes do esporte” está sendo questionado por
especialistas. A maior parte das pesquisas tem sido feita só sobre o
impacto fisiológico e, até agora, a prática do sexo parece não ter
diminuído a força física, a energia ou a resistência dos atletas.
Mas o aspecto psicológico também pode ser importante, e este tem sido
pouco explorado em pesquisas – a alegação é que a queda na performance
decorre da diminuição do foco, ou agressão ou tensão, mas nenhum estudo
até agora realmente estudou esta possibilidade.
O que foi testado
Um dos testes fisiológicos estudou 14 ex-atletas casados. Eles
realizaram testes de força na manhã seguinte a uma noite de coito, e
depois de seis dias de abstinência. Os cientistas não encontraram
diferença nem na força, nem na resistência dos músculos nas duas
situações. Outro teste foi feito com 10 homens casados e em forma
física, com idades entre 18 e 45 anos, também sem encontrar diferenças
nesses quesitos. Um terceiro estudo não encontrou efeitos significantes
em potência aeróbica, pulso, oxigenação ou pressão sanguínea.
O que não foi testado
Há uma hipótese de que a frustração sexual deixa as pessoas mais
agressivas, e que a ejaculação consome testosterona, um hormônio ligado à
performance, mas essas ideias ainda não foram testadas.
Martin Milton, especialista em psicoterapia e aconselhamento
psicológico na Universidade de Surrey, Inglaterra, acredita que o efeito
do sexo depende muito da pessoa que está fazendo, da frequência, da
duração e da forma como é feito. Além do sexo, há a questão do repouso,
tanto físico quanto mental – se você exagerar no sexo, vai estar cansado
e desconcentrado no outro dia.
O que Londres pensa sobre isso
Os Jogos de Londres de 2012 têm sua dose de controvérsias sobre o
assunto. A equipe australiana ganhou as manchetes quando seu comitê
decidiu que o atirador Russel Mark não poderia dividir um quarto na vila
dos atletas com sua esposa e competidora em tiro, Lauryn Mark. Mark,
que já participa de seis olimpíadas e tem 2 medalhas de ouro, contou que
estava planejando fazer uma visita escondida à sua esposa. O comitê
olímpico australiano minimizou a controvérsia, dizendo que o ato do
casal seria inconveniente a outras atletas femininas.
Na Itália, a atleta mais famosa, Federica Pellegrini, que ganhou uma
medalha de ouro na natação nos 200 metros livres na Olimpíada de
Beijing, China, em 2008, namora o também nadador italiano Filippo
Magnini, que disse que o casal iria evitar fazer sexo antes das
competições em Londres. Federica, 23 anos, que apareceu nua e pintada de
ouro na capa da revista Vogue, não estava tão decidida quanto seu amor.
“Abstinência?”, disse ela, “você está maluco?”.[Reuters]
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