Por que somente algumas pessoas vivem mais de cem anos? Motivos econômicos e sociais à parte, o segredo pode estar no genoma.[Imagem: Tom Ellenberger/Wikimedia] |
Assinaturas genéticas
Por que somente algumas pessoas vivem mais de cem anos? Motivos econômicos e sociais à parte, o segredo pode estar no genoma.
Cientistas acabam de descobrir uma série de assinaturas genéticas particularmente comuns em indivíduos centenários, mas que não estão presentes no restante da população.
Como o ser humano envelhece
A descoberta levanta a possibilidade de que, no futuro, as pessoas possam saber se têm ou não o potencial de viver ainda por muitas décadas - sem levar em conta, naturalmente, o histórico familiar, fatores ambientais ou de estilo de vida, por exemplo.
Partindo da tese de que determinados genes podem estar envolvidos no processo de viver até idades mais avançadas, Paola Sebastiani e seus colegas da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, vasculharam os genomas de 1.055 homens e mulheres com mais de cem anos (cujos dados foram obtidos na pesquisa e em outras anteriores) e de 1.267 indivíduos mais jovens (grupo de controle).
A pesquisa, cujos resultados foram publicados na edição desta sexta-feira da revista Science, também é importante para aumentar o conhecimento a respeito de como o ser humano envelhece.
Genes da longevidade
Os pesquisadores identificaram um número de marcadores genéticos que são especialmente diferentes entre centenários e indivíduos mais jovens.
Em seguida, eles desenvolveram um modelo para calcular a probabilidade de uma pessoa atingir maior longevidade, com base em 150 polimorfismos de nucleotídeo único (marcadores genéticos) identificados pelo estudo.
O resultado foi notável. Com a ajuda do modelo, os cientistas foram capazes de estimar com 77% de exatidão se um determinado indivíduo ultrapassou ou não os cem anos. Mas os autores destacam que o modelo ainda está longe de ser perfeito.
O método poderá ser aplicado não apenas para avaliar a probabilidade de se tornar centenário, mas também no estudo de doenças relacionadas ao envelhecimento. "A metodologia que desenvolvemos pode ser aplicada a outros mecanismos genéticos complexos, incluindo doenças como Alzheimer, Parkinson, cardiovasculares e diabetes", disse Paola.
Estratégias de tratamento
O estudo observou que 45% dos mais velhos entre os participantes - aqueles com mais de 110 anos - tinham assinaturas genéticas com as maiores proporções de variantes associadas à longevidade entre as identificadas pelos cientistas.
Os pesquisadores dividiram as predições genéticas em 19 grupos característicos (ou assinaturas) que se correlacionam com diferentes expectativas de vida além dos 100 anos e com padrões diversos de problemas relacionados à idade, como demência, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Segundo os autores, pesquisas futuras dessas assinaturas genéticas poderão revelar padrões hoje desconhecidos a respeito do envelhecimento humano. Também poderão ser úteis para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento específicas para cada indivíduo.
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