quinta-feira, 25 de outubro de 2012

I Intercâmbio entre Educadores(as) do Programa Projovem Campo Saberes da Terra.



A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO ESTADO DE MATO GROSSO
Um processo em construção   
Apesar das especificidades de cada realidade, de cada Estado, pode-se dizer que a realidade da construção do campo no Estado de Mato Grosso não foi diferente dos outros Estados brasileiros. Os povos do campo tiveram pouco acesso à educação escolar e, mesmo quanto teve, foi uma escola urbana no campo e não a escola construída a partir da sua vida e da sua realidade. Como afirma Reck e outros (2007, pg. 15)
Em Mato Grosso, e em certo sentido ocorre com mais intensidade em outros estados do Brasil, existe um amplo consenso sobre a situação e os problemas da educação do campo, e que no caso do Mato Grosso, a oferta dessa modalidade educativa constitui-se uma das atribuições das empresas colonizadoras, como parte da estratégia de “povoamento dos vazios demográficos”,  uma vez que a escolarização já aparecia como reivindicação das classes populares.
 Apesar desta histórica exclusão, os povos do campo foram, aos poucos, se organizando, lutando e exigindo o respeito aos seus direitos fundamentais, bem como a formulação de políticas públicas construídas a partir da sua realidade e necessidades. Dentre esses direitos, pode se mencionar o direito a conquista e a permanência na terra. Mas para isso necessita-se de política públicas de saúde, transporte, moradia e educação. 
No Estado de Mato Grosso “pode-se observar o crescimento da oferta de matrícula no ensino fundamental, de 1997 a 2005, em 80,7%. No ensino médio, houve aumento de 704,3% nesse mesmo período. Na modalidade de educação de jovens e adultos, de 2001 a 2005, o crescimento foi de 94,1%” (Plano Estadual de Educação, Estado de Mato Grosso). Mais recentemente,  no ano de 2007, havia, no Estado de Mato Grosso, 119 (cento e dezenove) Projetos de Assentamentos de Reformar Agrária, localizados em 69 (sessenta e nove) municípios, com 13.656 (treze mil seiscentos e cinqüenta e seis famílias), num total de 147.713 (cento e quarenta mil, setecentos e treze) mil hectares de terra. 
É neste contexto que se situa o trabalho, a mobilização, os encontros, os seminários, para refletirem, trocarem experiências, construindo a educação do campo, bem como apresentando propostas para a constituição de políticas públicas de educação do campo no Estado de Mato Grosso. E esta luta e construção realizadas aqui no Estado de Mato Grosso é parte de uma luta maior presente em todo o Brasil:  A nossa caminhada se enraíza nos anos 60 do século  passado, quando movimentos sociais, sindicais e algumas pastorais passaram a desempenhar papel determinante na formação política de lideranças do campo e na luta pela reivindicação de direitos no acesso a terra, água, crédito diferenciado, saúde, educação, moradia, entre outras. Fomos então, construindo novas práticas pedagógicas através da educação popular que motivou o surgimento de diferentes movimentos de educação no campo, nos diversos estados do país. 
(Documento Final da II Conferência Nacional por Uma Educação do Campo. 2004). 

Em novembro de 2002 o Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso, aprovou o Parecer N. 202-B sobre a educação do campo e em agosto de 2003, através da Resolução N. 126/03, o mesmo Conselho instituiu as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do Campo no Sistema Estadual de Ensino de Mato Grosso.
No mês de outubro de 2004 realizou-se, em Cuiabá, no mês de outubro, o I Seminário Estadual de Educação do Campo, com o apoio do MEC. A conclusão deste Seminário foi resumido na Carta de Intenções. Apesar da importância deste Seminário não houve continuidade e, somente um ano  depois, em novembro de 2005, foi retomada a Carta de Intenções, através da Secretaria de Políticas Educacionais. 
Em fevereiro de 2006, foi realizado o I Seminário do Norte de Mato Grosso sobre Educação do Campo, como uma atividade do Fórum Estadual de Educação do Campo. Neste evento teve início o trabalho de levantamento de linhas políticas para um Plano Estadual de Educação do Campo. A partir do Seminário, do Fórum e das diversas discussões nas conferências escolares, chegou-se a um texto propositivo para o Plano Estadual de Educação do Campo que deveria subsidiar os trabalhos na Assembléia Legislativa. Este texto foi concluído em maio de 2006 na Conferência Estadual de Educação do Campo. Neste mesmo ano, de 2006, no mês de junho, foi realizado em Cuiabá, um Seminário Nacional de Educação do Campo. Deste Seminário saiu a Carta de Mato Grosso, uma Carta Compromisso para os gestores da educação de todo o Brasil. A criação do Comitê Interinstitucional de Educação  do Campo em Mato Grosso, no ano de 2006, foi outro passo importante na construção da Educação do Campo. No mês de setembro deste mesmo ano, 2006, aconteceu a I Formação dos Educadores do Campo no Estado. Logo depois, em janeiro de 2007, foi oficializada a Gerência de Educação do Campo do Estado de Mato Grosso. Esta Gerência coordenou a realização do encontro de “Formação dos Educadores e Educadores do Campo” do Estado de Mato Grosso, em novembro de 2007. 

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