sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A QUESTÃO AGRÍCOLA NA RIO+20


Jean Marc von der Weid*


A segunda conferência internacional sobre o meio ambiente e o desenvolvimento, mais conhecida como Rio+20 deverá tratar de 27 eixos considerados fundamentais para que o mundo possa enfrentar os desafios de promover um desenvolvimento sustentável sem destruir o meio ambiente ou esgotar os recursos naturais renováveis. Destes eixos, onze tem relação com a agricultura: segurança alimentar, agricultura e desenvolvimento rural, mudança climática, água, energia, oceanos e zonas costeiras, biodiversidade, florestas, desertificação, pesca e aqüicultura e erradicação da pobreza. O documento base da conferência, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) faz uma análise bastante limitada sobre estas correlações e não dá à agricultura o lugar central que deveria ocupar no debate, além de abster-se de constatar os problemas provocados pelo modelo de desenvolvimento agrícola dominante no mundo, conhecido como agricultura industrial.

A agricultura, entendida no sentido amplo adotado pela FAO, inclui os cultivos temporários ou perenes, a pecuária, a pesca/aqüicultura e a exploração florestal. A correlação da agricultura com os dois primeiro eixos citados acima carece de demonstração mas é preciso lembrar que a agricultura é o maior fator de perda de biodiversidade, de destruição florestal e de desertificação em todo o mundo. Ela também é o maior consumidor de água potável (70%) além de ser o principal agente de contaminação de rios, lagos e aqüíferos. A contaminação química provocada pelo uso de adubos químicos e agrotóxicos também é um fator importante na destruição do meio ambiente nas zonas costeiras, em particular na foz dos rios onde cria imensas áreas chamadas de desertos marinhos afetando também a pesca. A agricultura tem forte relação com a questão da produção de combustíveis (álcool e biodiesel em tempos mais recentes e carvão e lenha desde muito tempo). Do ponto de vista das mudanças climáticas a agricultura é responsável por 18% das emissões de gases de efeito estufa (GEE), mais do que a queima de combustíveis nos transportes. Se combinarmos este efeito direto com as emissões provocadas pelo desflorestamento (em grande parte provocado pela expansão das áreas agrícolas) e outras emissões ocorridas em outras etapas da cadeia alimentar, chegamos acerca de 50% de emissões de GEE. Finalmente, é preciso lembrar que a agricultura concentra a maior parte da população em extrema pobreza no mundo e que não existe modelo de desenvolvimento urbano nos tempos modernos capaz de absorver este contingente.

Outros temas da conferência têm relação indireta com a agricultura. A questão da saúde, por exemplo, tem a ver com o modelo alimentar derivado da agricultura industrial e que tem provocado verdadeiras pandemias de obesidade, diabetes e problemas cardíacos, além do envenenamento por agrotóxicos e dos efeitos deletérios provocados pelo consumo de hormônios e antibióticos amplamente empregados na moderna criação animal.

A agricultura industrial tem outros efeitos negativos sobre os recursos naturais renováveis como os solos. Desde a segunda guerra mundial aproximadamente 2 bilhões de hectares de solos potencialmente agricultáveis no mundo já foram degradados, mais de 22% de toda a área disponível para cultivos, pastagens e florestas. A degradação química dos solos devido às praticas agrícolas é responsável por 40% das perdas nas áreas cultivadas.

Este modelo agrícola tem outro calcanhar de Aquiles, a sua dependência de recursos naturais não renováveis como petróleo, gás, fosfatos e potássio. A exaustão das reservas mundiais de petróleo já se faz sentir nos custos crescentes deste combustível. As reservas de gás têm previsão de alcançar seu pico de produção em 2025. As de fósforo já passaram por este pico e as de potássio devem alcançá-lo em mais 20 anos. Os custos de produção no modelo da agricultura industrial, alem das perdas das áreas cultiváveis, deverão trazer de volta o fantasma da fome endêmica em escala não vista desde o início do século vinte. Na atualidade, o mundo produz comida suficiente para alimentar os mais de 7 bilhões de habitantes do planeta e a existência de mais de um bilhão de famintos se deve a problemas de pobreza e não de disponibilidade, mas no futuro próximo haverá carência absoluta de alimentos se o presente modelo produtivo não for radicalmente alterado.

Frente a este quadro de crise profunda que pode levar a terríveis problemas sociais e instabilidade política em muitos países um grupo de entidades da sociedade civil elaborou uma proposta para a Rio+20 intitulada “Tempo de Agir”. O documento disponível no site http://aspta.org.br/category/documentos/) aponta para um novo modelo de agricultura baseado na produção familiar empregando as práticas da agroecologia.

A agroecologia é definida como o manejo integrado dos recursos naturais (solo, água e biodiversidade) sem uso de insumos externos industriais. Este tipo de sistema de produção busca imitar os ecossistemas naturais de tal forma que eles se caracterizam por um ato grau de diversidade. São policulturas integradas com criações animais e com a vegetação natural. Este grau de diversidade permite que operem uma série de interações positivas entre os vários componentes do sistema e resulta em produtividades totais mais elevadas do que em qualquer monocultivo no sistema agroindustrial.

A agroecologia é econômica no uso de água e de energia e, além de não emitir GEEs, promove uma forte absorção de carbono. O sistema não tem efeitos contaminantes para águas, solos, produtores e consumidores e promove uma dieta saudável. Os críticos mal informados sobre estes sistemas dizem que suas produtividades são baixas e que adotar a agroecologia obrigaria a aumentar a área cultivada e, portanto, aumentar o desmatamento. Pesquisas da FAO, da Univesidade de Essex e da Academia de Ciências dos estados Unidos, para citar apenas alguns estudos, indicam que os sistemas agroecológicos têm índices de produtividade comparáveis aos convencionais e que os preços superiores cobrados pelos produtos vendidos como orgânicos não se devem a custos de produção superiores ou produtividades inferiores, mas a uma relação de oferta e demanda do mercado e aos custos de comercialização dos orgânicos. Ambas as questões podem ser resolvidas como o aumento da produção agroecológica (orgânica), garantindo uma oferta de produtos de qualidade a preços mais baixos.

A questão mais importante a ser notada na produção agroecológica é a sua demanda de conhecimentos técnicos e de mão de obra. Diz-se que a agroecologia é “knowledge intensive” enquanto a agricultura industrial é “input intensive”. A questão do conhecimento na agroecologia deriva do fato da sua busca de grande diversificação na estratégia de mimetizar os sistemas naturais. Isto implica na necessidade de se procurar um desenho produtivo específico para cada propriedade e isto não se faz sem métodos de pesquisa que integrem o agricultor como experimentador. A questão da mão de obra não é apenas relativa às limitações de uma mecanização dos sistemas produtivos quando os mesmos são muito diversificados, mas à exigência de cuidados e informação que limita a eficiência do trabalho assalariado. Tudo isto resulta no fato de que a agroecologia opera em condições ideais em sistemas produtivos da agricultura familiar de pequena escala.

Para países como os Estados Unidos onde o emprego agrícola é inferior a 4% do emprego total e que tem menos de dois milhões de agricultores familiares adotar a agroecologia seria (será) dramático, pois necessitarão de gerar uma nova classe de camponeses quando o conjunto das crises acima referidas destruir a sua agricultura convencional. No Brasil, apesar dos descaminhos de uma reforma agrária sempre feita à “meia boca” ainda temos perto de 4,5 milhões de agricultores familiares e potencial para mais 10 milhões capazes de adotar a agroecologia como forma de produção. Isto poderá acontecer de forma dramática pela mera força das crises que assolam a humanidade ou de forma controlada e suave se as necessárias políticas públicas forem adotadas. Dado o gravíssimo problema de pobreza mundial e nacional o fato de que os sistemas agroecológicos sejam demandadores de mão de obra não é um problema mas uma solução pois vão permitir que um enorme contingente de excluídos venha a integrar-se na sociedade de forma produtiva e não assistencial.

Dada a total falta de compromisso dos governos da maior parte do mundo com as exigências de mudanças drásticas na forma como o mundo produz, consome e se relaciona com a natureza, não podemos esperar muito da Rio+20 mas o que os signatários do manifesto “Time to Act” pretendem é despertar a opinião pública e continuar um embate nos planos internacional e nacionais após a conferencia.






* Coordenador do Programa de Políticas Públicas da AS-PTA Agroecologia e Agricultura Familiar.

IV Congreso Latinoamericano de Agroecología, del 17 al 21 del septiembre 2013 en Lima, Peru

Colegas les envio el primer anuncio del IV Congreso Latinoamericano de Agroecología que se realizara del 17 al 21 de septiembre del 2013 en Lima Peru. La organización esta a cargo de un grupo encabezado por colegas de la Universidad Nacional Agraria La Molina. Saludos cordiales, Miguel A. Altieri Presidente SOCLA

ANA Detalhamento de algumas aes prioritárias PNAPO.doc

Este documento contém o detalhamento de algumas das propostas de ações prioritárias para a Política Nacional de Agroecologia e de Produção Orgânica (PNAPO), formuladas no processo de debate realizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). A partir do Seminário Nacional sobre a PNAPO, realizado em Luziânia, em abril de 2012, foi elaborado e encaminhado ao Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) o documento “Propostas da Articulação Nacional de Agroecologia para a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica”, contendo propostas de diretrizes, objetivos e um conjunto maior de ações prioritárias, assim como as premissas político-estratégicas da ANA, que referenciaram sua mobilização para a elaboração das proposições à política.

Transgênicos aumentam em até três vezes ocorrência de câncer em ratos

Pela primeira vez na história foi realizado um estudo completo e de longo prazo para avaliar o efeito que um transgênico e um agrotóxico podem provocar sobre a saúde pública. Os resultados são alarmantes.
O transgênico testado foi o milho NK603, tolerante à aplicação do herbicida Roundup (característica presente em mais de 80% dos transgênicos alimentícios plantados no mundo), e o agrotóxico avaliado foi o próprio Roundup, o herbicida mais utilizado no planeta – ambos de propriedade da Monsanto. O milho em questão foi autorizado no Brasil em 2008 e está amplamente disseminado nas lavouras e alimentos industrializados, e o Roundup é também largamente utilizado em lavouras brasileiras, sobretudo as transgênicas.
O estudo foi realizado ao longo de 2 anos com 200 ratos de laboratório, nos quais foram avaliados mais de 100 parâmetros. Eles foram alimentados de três maneiras distintas: apenas com milho NK603, com milho NK603 tratado com Roundup e com milho não modificado geneticamente tratado com Roundup. As doses de milho transgênico (a partir de 11%) e de glifosato (0,1 ppb na água) utilizadas na dieta dos animais foram equivalentes àquelas a que está exposta a população norte-americana em sua alimentação cotidiana.
Os resultados revelam uma mortalidade mais alta e frequente quando se consome esses dois produtos, com efeitos hormonais não lineares e relacionados ao sexo. As fêmeas desenvolveram numerosos e significantes tumores mamários, além de problemas hipofisários e renais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas hepato-renais.
O estudo, realizado pela equipe do professor Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França, foi publicado ontem (19/09) em uma das mais importantes revistas científicas internacionais de toxicologia alimentar, a Food and Chemical Toxicology.

Segundo reportagem da AFP, Séralini afirmou que "O primeiro rato macho alimentado com OGM morreu um ano antes do rato indicador (que não se alimentou com OGM), enquanto a primeira fêmea, oito meses antes. No 17º mês foram observados cinco vezes mais machos mortos alimentados com 11% de milho (OGM)", explica o cientista. Os tumores aparecem nos machos até 600 dias antes de surgirem nos ratos indicadores (na pele e nos rins). No caso das fêmeas (tumores nas glândulas mamárias), aparecem, em média, 94 dias antes naquelas alimentadas com transgênicos.
O artigo da Food and Chemical Toxicology mostra imagens de ratos com tumores maiores do que bolas de pingue-pongue. As fotos também podem ser vistas em algumas das reportagens citadas ao final deste texto.
Séralini também explicou à AFP que "Com uma pequena dose de Roundup, que corresponde à quantidade que se pode encontrar na Bretanha (norte da França) durante a época em que se espalha este produto, são observados 2,5 vezes mais tumores mamários do que é normal".
De acordo com Séralini, os efeitos do milho NK603 só haviam sido analisados até agora em períodos de até três meses. No Brasil, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) autoriza o plantio, a comercialização e o consumo de produtos transgênicos com base em estudos de curto prazo, apresentados pelas próprias empresas demandantes do registro.
O pesquisador informou ainda que esta é a primeira vez que o herbicida Roundup foi analisado em longo prazo. Até agora, somente seu princípio ativo (sem seus coadjuvantes) havia sido analisado durante mais de seis meses.
Um dado importante sobre esse estudo é que os pesquisadores trabalharam quase que na clandestinidade. Temendo a reação das empresas multinacionais sementeiras, suas mensagens eram criptografadas e não se falava ao telefone sobre o assunto. As sementes de milho, que são patenteadas, foram adquiridas através de uma escola agrícola canadense, plantadas, e o milho colhido foi então “importado” pelo porto francês de Le Havre para a fabricação dos croquetes que seriam servidos aos ratos.
A história e os resultados desse experimento foram descritos em um livro, de autoria do próprio Séralini, que será publicado na França em 26 de setembro sob o título “Tous Cobayes !” (Todos Cobaias!). Simultaneamente, será lançado um documentário, adaptado a partir do livro e dirigido por Jean-Paul Jaud.
Esse estudo coloca um fim à dúvida sobre os riscos que os alimentos transgênicos representam para a saúde da população e revela, de forma chocante, a frouxidão das agências sanitárias e de biossegurança em várias partes do mundo responsáveis pela avaliação e autorização desses produtos.
Com informações de:
Etude unique, la plus longue et la plus détaillée sur la toxicité d'un OGM et du principal pesticide – CRIIGEN, 19/09/2012.
EXCLUSIF. Oui, les OGM sont des poisons ! – Le Novel Observateur, 19/09/2012.
Estudo revela toxicidade alarmante dos transgênicos para os ratos -
AFP, 19/09/2012.
Transgênicos matam mais e causam até três vezes mais câncer em ratos, diz estudo – UOL, 19/09/2012.
Referência do artigo:
"Long term toxicity of a Roundup herbicide and a Roundup-tolerant genetically modified maize". Food and Chemical Toxicology, Séralini G.E. et al. 2012.
(*) Matéria reproduzida do boletim 601 da campanha Por um Brasil Ecológico, Livre de Trasngênicos e Agrotóxicos. Foto: Reprodução.

Modelo de desenvolvimento para um campo justo, saudável e soberano

agroecologia 
Agroecologia é uma ciência, mas essa palavra também é utilizada para designar o sistema de produção sustentável praticado pelos camponeses. Como Ciência, estuda a relação entre as plantas, as pessoas e o meio ambiente, e surgiu como fruto da união do conhecimento dos camponeses com a pesquisa científica formando um novo jeito de ver o mundo.
Dela surgiram técnicas para produzir alimentos que mantém a produtividade da terra através do respeito em relação à natureza. Diversos nomes são dados aos estilos de agricultura sustentável, como: Agroecologia, Agricultura Orgânica, Biológica, Biodinâmica, Ecológica, Natural, Permacultura, etc. Nesses modelos utiliza-se de métodos bioecológicos como a compostagem, defensivos naturais, rotação de culturas e a diversidade de plantas no mesmo local entre outros.
Dentro desses modelos novos de produção, muito importante é manter uma paisagem diversificada e equilibrada onde cada planta, árvore, cada pássaro, o pomar, a horta, a lavoura e a capineira sejam como órgãos de um corpo: um depende do outro e a saúde de um é a saúde de todo o conjunto, incluindo o homem.
O solo produtivo é vivo e cheio de grumos (pelote de terra igual esterco de minhoca só que menor). Quando na mão, esfarela facilmente e cai igual quirera. Seu cheiro exala um frescor agradável como a úmida de um solo de floresta. Quando esse solo e revolvido, não cai em torrões, mas bem solto. A água da chuva entra rapidamente e não escorre e nem empoça. Tem muitas raízes que penetram profundamente. As plantas são fortes e sadias. Elas tem a capacidade de resistir ao ataque de insetos e se defendem bem das ameaças de doenças, bem como da falta de chuva.
Um solo cansado, pobre e assim, consequentemente morto, tem uma crosta na sua superfície, levanta poeira quando é trabalhado, e formam-se torrões na superfície. As raízes entram muito pouco ou pouco e custam a crescer; muitas vezes forquilham ou viram para o lado. A terra cheira a mofo ou não possui cheiro algum.
O solo exposto ao sol e à chuva se degrada rápido, pois aquece muito, chegando até a 76ºC quando a temperatura ideal deve ser de entre 18 a 26ºC dificultando assim, o desenvolvimento da planta, produzindo menos e a uma produção cada vez mais cara. O segredo da exuberância nativa tropical é
o clima quente e úmido e a terra fresca, coberta de folhas.
Seguindo-se os pilares da produção agroecológica, teremos sim, condições de produzir sem um
grama de veneno, mais que isso, gerar renda para os camponeses e alimentar não seis bilhões de pessoas, mas doze, isso mesmo meu amigo, doze milhões de pessoas!

Veja o vídeo Fazendo Agroecologia

Para saber mais:
- Por que a agroecologia é a solução à fome e à soberania alimentar?
- Los pecados de la agroecología según el capital
Agroecologia Acontece - veja o mapa das experiências de agroecologia no Brasil:
- www.agroecologiaemrede.org.br

Veja mais:Agroecologically efficient agricultural systems for smallholder farmers: contributions to food sovereignty
Um novo lugar para a agricultura
- Agroecossistemas

Aspta boletim-492-02-de-junho-de-2010
- Aspta boletim-389-18-de-abril-de-2007
- Aspta boletim-366-19-de-outubro-de-2007

Programa Nacional de Agroecologia deverá ser foco do governo

Escrito por Fernanda Silva - IMPRENSA FETRAF-BRASIL
Nos dias 18 e 19, a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) reuniu-se com Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, e demais representantes da pasta, para discutir a elaboração do Plano Nacional de Agroecologia e o Programa Nacional de Agroecologia.
Nas duas diretrizes a agricultura familiar deverá estar no centro da política do MMA, disse Izabella, e caracterizou a construção do Programa Nacional de Agroecologia como “imprescindível para um país que quer ser referência no desenvolvimento sustentável e preservação ambiental”.
De acordo com a ministra, outros ministérios serão chamados para elaborar o Plano e trazer o tema para o centro no governo. “A presidente Dilma já anunciou a criação de um GT (Grupo de Trabalho) Interministerial para tratar disso”, compartilhou.
Durante a reunião, dois temas que irão compor o Programa Nacional de Agroecologia foram ressaltados: o combate ao uso de agrotóxicos e, utilização de madeira apreendida em ato de crime ambiental.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Somente em 2010, cerca de 1 bilhão de litros de agrotóxico foram utilizados, movimentando mais de sete bilhões de dólares, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Programa Nacional de Agroecologia irá monitorar o uso para que o Brasil deixe o posto de campeão no consumo de agrotóxico.
Com propostas inovadoras o Programa possibilitará, por exemplo, a utilização da madeira apreendida - que seria vendida ilegalmente - para construir casas para a população de baixa renda. Um dos objetivos será preservar a biodiversidade, mas com gente no campo, pontuou a ministra.
Para Marcos Rochinski, secretário Geral da FETRAF-BRASIL, o MMA e, particularmente a ministra, têm mostrado cada vez mais abertura para que a sociedade organizada possa contribuir e avançar na perspectiva de um modelo de desenvolvimento sustentável.
“Esperamos que ministérios como MDA (do Desenvolvimento Agrário) e MAPA (da Agricultura Pecuária e Abastecimento) especialmente, sigam o exemplo do MMA e direcionem suas políticas agrícolas para incentivar a agroecologia”, disse Rochinski.
Ainda de acordo com o secretário, será muito importante que o ministério da Educação esteja aberto para incorporar o conteúdo do Programa Nacional de Agroecologia nos materiais didáticos, como no novo Programa Nacional do Livro Didático do Campo.
Em reuniões periódicas, a cada 30 dias, a ANA dará seqüência à elaboração do Plano Nacional junto com o MMA.

Reforma Agrária só será possível com a união dos movimentos

Por José Coutinho Júnior, do Coletivo de Comunicação do Encontro dos povos
Foto: Luiz Carvalho
O Direito à terra e a luta pela Reforma Agrária foram debatidos em oficina no Encontro Nacional Unitário dos trabalhadores, trabalhadoras e povos do campo, das águas e das florestas. A análise feita pelos movimentos foi no sentindo de compreender o porquê da morosidade no processo de Reforma Agrária enfrentado na última década.
Nunca se fez uma Reforma Agrária efetiva no país. A marca do desenvolvimento brasileiro é a concentração de terra, riqueza e poder. O modelo do agronegócio, fortalecido nos últimos anos, só gera exclusão, fome e violência no campo.
No governo FHC, o número de ocupações de terras por parte dos movimentos sociais resultava em um maior número de assentamentos. No governo Lula, o número de ocupações diminuiu, assim como o de assentamentos.
Muitas organizações do campo e do conjunto dos trabalhadores acreditaram que um presidente favorável à Reforma Agrária iria colocá-la em prática, mas a coalizão do governo ia na direção oposta, e impôs a lógica de que a Reforma Agrária não tinha importância para o desenvolvimento do país. Com uma pressão menor por parte dos movimentos e sem incentivo do governo, os números da Reforma diminuíram.
Em 2006, segundo mandato de Lula, o agronegócio se fortaleceu, obtendo cada vez mais apoio do governo. “O governo só irá desapropriar terras se os movimentos sociais  ocuparem e pressionarem. Por isso, precisamos realizar ocupações organizadas e maciças, com a participação de todos os movimentos do campo”. Declarou o representante da Fetraf, Lázaro Bento.
A situação no governo Dilma não se alterou; o número de assentados da Reforma Agrária em seu governo mostram que seu governo é o pior dos últimos anos para enfrentar o problema da terra. Aliado a isso está a falta de reestruturação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), órgãos responsáveis por realizar a desapropriação de terras e criação de assentamentos.
Como consequência desse processo, a Reforma Agrária segue paralisada. “Embora o governo dialogue, sua prática política mostra que não é aliado da classe trabalhadora”, disse Itelvina Massioli, representante da Via Campesina.
A falta de políticas concretas de Reforma Agrária não afeta apenas os camponeses. Das cinco mil comunidades quilombolas existentes no Brasil, apenas 122 tiveram seus direitos reconhecidos. Além disso, o Estado é o maior violador dos direitos quilombolas, com a Marinha Brasileira sendo responsável por reprimir comunidades. 
“O resquício da escravidão ainda está presente na sociedade brasileira. A nossa terra não é reconhecida porque, como temos uma relação com a terra que não é mercadológica, e sim coletiva, essa terra não irá voltar para o mercado.” Disse o representante da Conaq, Biga.
União - A crise econômica é usada pelo capital financeiro para se apropriar com mais forças dos recursos naturais e se apropriar de mercados. O lugar da agricultura familiar como força produtora de 70% dos alimentos no mundo começa a ser questionado pelas forças empresariais, desejosas de conquistar uma parcela maior do mercado de alimentos. Prova disso é a quantidade de fusões entre empresas do ramo alimentício: só em 2010, mais de 100 empresas se fundiram para ampliar sua capacidade de produção.
De acordo com Alessandra da Costa Lunas, representante da Contag, “essas fusões ocorrem porque as empresas se preparam para querer dar conta de alimentar a população mundial, por meio de estratégias como a concentração de mercados, o controle dos preços de alimentos, e o arrendamento de terras na América Latina e África pelas grandes empresas. Para enfrentar a união dessas empresas, nós, movimentos do campo, precisamos deixar nossas diferenças de lado, procurar o que temos em comum e nos unir”. 
A Reforma Agrária é tida pelos movimentos como uma bandeira capaz de unir não só o campo, mas também a classe trabalhadora urbana. Para Itelvina, “ temos a necessidade de que todas essas lutas estejam coordenadas e articuladas no sentido de darmos um passo para frear o desenvolvimento do agronegócio no país, para derrotar este modelo e de fato disputar a sociedade”. Como proposta concreta dessa união, foi proposta uma jornada de lutas unificada de todos os movimentos no campo.

Crédito Fundiário

Sobre o Programa


O Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio da Secretaria de Reordenamento Agrário, desenvolve o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) que oferece condições para que os trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra possam comprar um imóvel rural por meio de um financiamento. O recurso ainda é usado na estruturação da infra-estrutura necessária para a produção e assistência técnica e extensão rural. Além da terra, o agricultor pode construir sua casa, preparar o solo, comprar implementos, ter acompanhamento técnico e o que mais for necessário para se desenvolver de forma independente e autônoma. O financiamento pode tanto ser individual quanto coletivo.
Saiba mais sobre o programa: creditofundiario@mda.gov.br

Faltam 30 dias para o I Encontro das Agricultoras Familiares da Região Sul

Faltam trinta dias para o I Encontro das Agricultoras Familiares da Região Sul, promovido pela FETRAF-SUL/CUT, que vai acontecer no município de Constantina – RS no dia 23 de novembro de 2012. Autoridades, lideranças e famílias de agricultores de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul vão participar do evento, são esperadas mais de 5 mil pessoas e também a presença da presidenta Dilma Rousseff.
Segundo Cleusa Rabaioli Tomazelli, componente do Coletivo de Mulheres da FETRAF-SUL/CUT e da direção do Sindicato de Constantina, as mulheres e as famílias da região Sul estão se organizando para participar do Encontro. “As entidades e as lideranças estão envolvidas, a expectativa é grande quanto á participação do público, inclusive das mulheres da cidade, e com certeza faremos um grande debate. Nunca tivemos uma atividade desse porte em nosso município”, disse Cleusa.
O Encontro vai demonstrar e potencializar a organização das mulheres agricultoras no sul do país. “Queremos demonstrar a importância delas na sociedade, na construção das políticas públicas e dentro das famílias” salientou Cleusa. Em paralelo ao Encontro, acontece também a campanha do Coletivo de Mulheres para ampliar a licença maternidade de quatro para seis meses para todas as trabalhadoras brasileiras. Os sindicatos estão coletando assinaturas para o abaixo-assinado sobre o tema que será entregue ao governo Federal em março de 2013.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Oficio do endereçado ao Conselho Municipal de Saúde

Oficio do hospital São João Batista sobre a situação do repasse do Estado.

I Intercâmbio entre Educadores(as) do Programa Projovem Campo Saberes da Terra.



A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO ESTADO DE MATO GROSSO
Um processo em construção   
Apesar das especificidades de cada realidade, de cada Estado, pode-se dizer que a realidade da construção do campo no Estado de Mato Grosso não foi diferente dos outros Estados brasileiros. Os povos do campo tiveram pouco acesso à educação escolar e, mesmo quanto teve, foi uma escola urbana no campo e não a escola construída a partir da sua vida e da sua realidade. Como afirma Reck e outros (2007, pg. 15)
Em Mato Grosso, e em certo sentido ocorre com mais intensidade em outros estados do Brasil, existe um amplo consenso sobre a situação e os problemas da educação do campo, e que no caso do Mato Grosso, a oferta dessa modalidade educativa constitui-se uma das atribuições das empresas colonizadoras, como parte da estratégia de “povoamento dos vazios demográficos”,  uma vez que a escolarização já aparecia como reivindicação das classes populares.
 Apesar desta histórica exclusão, os povos do campo foram, aos poucos, se organizando, lutando e exigindo o respeito aos seus direitos fundamentais, bem como a formulação de políticas públicas construídas a partir da sua realidade e necessidades. Dentre esses direitos, pode se mencionar o direito a conquista e a permanência na terra. Mas para isso necessita-se de política públicas de saúde, transporte, moradia e educação. 
No Estado de Mato Grosso “pode-se observar o crescimento da oferta de matrícula no ensino fundamental, de 1997 a 2005, em 80,7%. No ensino médio, houve aumento de 704,3% nesse mesmo período. Na modalidade de educação de jovens e adultos, de 2001 a 2005, o crescimento foi de 94,1%” (Plano Estadual de Educação, Estado de Mato Grosso). Mais recentemente,  no ano de 2007, havia, no Estado de Mato Grosso, 119 (cento e dezenove) Projetos de Assentamentos de Reformar Agrária, localizados em 69 (sessenta e nove) municípios, com 13.656 (treze mil seiscentos e cinqüenta e seis famílias), num total de 147.713 (cento e quarenta mil, setecentos e treze) mil hectares de terra. 
É neste contexto que se situa o trabalho, a mobilização, os encontros, os seminários, para refletirem, trocarem experiências, construindo a educação do campo, bem como apresentando propostas para a constituição de políticas públicas de educação do campo no Estado de Mato Grosso. E esta luta e construção realizadas aqui no Estado de Mato Grosso é parte de uma luta maior presente em todo o Brasil:  A nossa caminhada se enraíza nos anos 60 do século  passado, quando movimentos sociais, sindicais e algumas pastorais passaram a desempenhar papel determinante na formação política de lideranças do campo e na luta pela reivindicação de direitos no acesso a terra, água, crédito diferenciado, saúde, educação, moradia, entre outras. Fomos então, construindo novas práticas pedagógicas através da educação popular que motivou o surgimento de diferentes movimentos de educação no campo, nos diversos estados do país. 
(Documento Final da II Conferência Nacional por Uma Educação do Campo. 2004). 

Em novembro de 2002 o Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso, aprovou o Parecer N. 202-B sobre a educação do campo e em agosto de 2003, através da Resolução N. 126/03, o mesmo Conselho instituiu as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do Campo no Sistema Estadual de Ensino de Mato Grosso.
No mês de outubro de 2004 realizou-se, em Cuiabá, no mês de outubro, o I Seminário Estadual de Educação do Campo, com o apoio do MEC. A conclusão deste Seminário foi resumido na Carta de Intenções. Apesar da importância deste Seminário não houve continuidade e, somente um ano  depois, em novembro de 2005, foi retomada a Carta de Intenções, através da Secretaria de Políticas Educacionais. 
Em fevereiro de 2006, foi realizado o I Seminário do Norte de Mato Grosso sobre Educação do Campo, como uma atividade do Fórum Estadual de Educação do Campo. Neste evento teve início o trabalho de levantamento de linhas políticas para um Plano Estadual de Educação do Campo. A partir do Seminário, do Fórum e das diversas discussões nas conferências escolares, chegou-se a um texto propositivo para o Plano Estadual de Educação do Campo que deveria subsidiar os trabalhos na Assembléia Legislativa. Este texto foi concluído em maio de 2006 na Conferência Estadual de Educação do Campo. Neste mesmo ano, de 2006, no mês de junho, foi realizado em Cuiabá, um Seminário Nacional de Educação do Campo. Deste Seminário saiu a Carta de Mato Grosso, uma Carta Compromisso para os gestores da educação de todo o Brasil. A criação do Comitê Interinstitucional de Educação  do Campo em Mato Grosso, no ano de 2006, foi outro passo importante na construção da Educação do Campo. No mês de setembro deste mesmo ano, 2006, aconteceu a I Formação dos Educadores do Campo no Estado. Logo depois, em janeiro de 2007, foi oficializada a Gerência de Educação do Campo do Estado de Mato Grosso. Esta Gerência coordenou a realização do encontro de “Formação dos Educadores e Educadores do Campo” do Estado de Mato Grosso, em novembro de 2007. 

Ministério Publico Federal aponta Incra como responsável por um terço do desmatamento da Amazônia

10/10/2012 - 19h48
Aline Leal
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Justiça Federal proibiu o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de criar assentamentos sem regularização ambiental no estado do Pará. A ação judicial, que culminou na decisão, apontou o Incra como responsável por um terço do desmatamento na Amazônia.
“Os procedimentos irregulares adotados pelo Incra na criação e instalação dos assentamentos vêm promovendo a destruição da fauna, flora, dos recursos hídricos e do patrimônio genético, provocando danos irreversíveis ao bioma da Amazônia”, registrou a ação, aberta pelo Ministério Público Federal.
A decisão da Justiça Federal, publicada ontem (9), determina ainda que o Incra deverá apresentar,  no prazo de 90 dias,  um plano de recuperação de todas as áreas degradadas apontadas na ação e obrigou o Incra a interromper qualquer desmatamento que esteja em andamento nos projetos de assentamento. A autarquia terá ainda que apresentar todo mês à Justiça imagens de satélite que comprovem o cumprimento da determinação.
A autarquia também está obrigada a fazer a averbação da reserva legal dos assentamentos já implementados no Pará e a apresentar à Justiça informações detalhadas sobre a localização de todos eles.
A decisão ainda define que em 30 dias o Incra deverá apresentar um plano de trabalho para a conclusão dos cadastros ambientais rurais e licenciamentos ambientais de todos os assentamentos no Pará.
Em caso de descumprimento de qualquer das decisões, o Incra será multado em R$ 10 mil por dia.
Em nota, o Incra informa que desde 2007 não cria assentamentos sem licença ambiental prévia, em cumprimento à Resolução Conama 387, de 2006. A autarquia declara ainda que, desde a primeira quinzena de agosto, o Incra vem construindo no MPF caminhos para enfrentar os ilícitos ambientais nas áreas de assentamento, bem como propor soluções para as questões sociais nessas áreas.
A nota diz ainda que o órgão apresentou às câmaras de Coordenação e Revisão do MPF e aos procuradores da República da Amazônia, em agosto, o Plano de Prevenção, Combate e Alternativas ao Desmatamento Ilegal (PPCadi). O plano faz parte de uma agenda de atuação baseada na regularização ambiental via Cadastro Ambiental Rural (CAR), por unidade familiar, na recuperação ambiental com renda e segurança alimentar para as famílias, na valorização do ativo florestal e no monitoramento e controle dos assentamentos
A Procuradoria Federal Especializada no Incra (PFE/Incra) aguarda intimação de juízo e início do prazo para interpor recurso à decisão.
Edição: Fábio Massalli

Rombo na conta do Fundo Estadual de Meio Ambiente chega a R$ 19 milhões

16/10/2012 - 13h16
Rombo na conta do Fundo Estadual de Meio Ambiente chega a R$ 19 milhões
Redação 24 Horas News
O rombo na conta do Fundo Estadual do Meio Ambiente (Femam) da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) está na ordem de aproximadamente R$ 19 milhões. Desse total, R$ 12 milhões foram registrados somente de 2012. Os números do déficit no fundo foram apresentados durante reunião entre entidades que atuam na área florestal que tratou de discutir as providências que deverão ser tomadas em relação à morosidade da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
Atualmente, exitem processos de licenciamento protocolizados na Sema desde 2005, a espera de liberação e as análises de mais de 6.000 processos estão atrasados por falta de recursos, que são pagos adiantados, à vista pelos proprietários rurais. No mesmo período do ano passado o passivo não passava de 150 processos para análise.
Participaram da reunião representantes da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais (Amef), do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem) e da Associação de Reflorestadores do Estado de Mato Grosso (Arefloresta-MT), na sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT).
De acordo com os dirigentes das entidades, a situação que já se apresentava caótica com o desvio de milhões de recursos do Femam-Sema para a chamada Conta Única do Estado e a defasagem e burocratização das ferramentas utilizadas para a operacionalização do sistema processual atingiu o seu ponto mais crítico com a dispensa dos mais de 120 estagiários e mais de 150 servidores contratados, fundamentais para o funcionamento do órgão.
Durante o encontro, ficou convencionado que o licenciamento de uma propriedade rural leva em média quatro anos para ser liberada no Estado de Mato Grosso, prazo este que não ultrapassaria 15 dias se houvesse quadro técnico suficiente e preparado para atender a demanda. Segundo a diretoria da Amef uma das causas para a morosidade foi o aumento da burocracia imposta pela legislação ambiental, a falta de uma reestruturação profunda no sistema e na legislação estadual, falta de vontade política e a falta de recursos.
Há processos de licenciamento protocolizados na Sema desde 2005, a espera de liberação e as análises de mais de 6.000 processos estão atrasados por falta de recursos, que são pagos adiantados, à vista pelos proprietários rurais. No mesmo período do ano passado o passivo não passava de 150 processos para análise.
“Sem o Licenciamento Ambiental Único (Lau) o proprietário rural não consegue financiamento em bancos, nem fazer o plano de manejo florestal, o plano de exploração florestal, pedir queima, desmatamento ou qualquer outra atividade em sua proriedade.”, enfatiza o presidente da Amef, o engenheiro florestal Joaquim Paiva de Paula.
Outra situação que se tornou constante na Secretaria, de acordo com os participantes da reunião, é a reprovação de projetos apresentados por Engenheiros Florestais devidamente regularizados juntos ao seu Conselho por servidores sem registro técnico que possuem apenas o ensino médio.
Os participantes dividiram-se em comissões para colocar em prática as deliberações decididas durante a reunião. A primeira ação será a mobilização junto ao Ministério Público e a Assembleia Legislativa ainda esta semana, uma vez que os apelos ao Poder Executivo teriam sito todos ignorados até o momento.
 Fonte: Redação 24 Horas News
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O pincel de Ziraldo está em atividade há mais de meio século Camilla Maia / Agência O Globo
RIO - Às vésperas de completar 80 anos, Ziraldo rechaça os mitos da velhice, diz que a libido é mais importante que a ereção e mostra-se pronto a mudar de ideia quando necessário, ao admitir que Monteiro Lobato era racista. Não perdoa, contudo, os amigos que o atacaram por ter recebido indenizações por reparação a danos sofridos durante a ditadura militar. “Eles fizeram questão de me linchar.”
Ziraldo, 80. Como é isso?
Oitenta é quando o cara pode ser chamado de ancião. Antes, é garoto. Se bem que na minha turma de oitentões não tem ancião: Zuenir (Ventura), Roberto Farias, Sérgio Ricardo, Ferreira Gullar, Zé Hugo Celidônio, Alberto Dines, Jaguar, Antônio Abujamra. Não tenho essa coisa de ter saudade da infância, esse papo de que infância é vida boa... Tenho saudades sim da adolescência, do rostinho colado no DCE em BH, da “nossa música”, “September song”. Mas da infância? Eu quero é a minha mãe.

O pincel de Ziraldo está em atividade há mais de meio século
Foto: Camilla Maia / Agência O Globo
Mas logo você, o rei da garotada?
Eu sei ler olho de criança. Lembro do meu olhar quando queria mentir para meu avô. E tenho lembranças do sentimento de menino. Disso eu lembro. Mas essa coisa de ser criança grande eu não aceito. Toda criança grande é um imbecil. Um irresponsável. Bons momentos mesmo são os da vida adulta. Por isso é preciso viver com intensidade para, quando velho, não ficar se lamentando, falta isso, falta aquilo. Se tivesse comido as mulheres que podia nos bares certos, o Itamar não ficava naquela fissura no camarote.
Será? A fissura acaba?
Rapaz, se a Pfizer tivesse feito uma pílula para a libido em vez de um remédio para ereção, ia ficar dez vezes mais rica. Está cheio de velho aí que simplesmente não quer sexo. Dá muito trabalho, mexe com a rotina. E quem já usou sabe: sem estar a fim, a pílula azul não funciona. Mas é claro, se a mente continua jovem, o aspecto físico não há como ignorar. Eu mesmo estou com falência múltipla dos órgãos.
Falência múltipla?
Calma, é figurativo. É que venho trabalhando como um condenado. Tenho cinco stents no coração, mas estou bem. Controlo a pressão alta, mas não faço nenhum regime, não tirei sal, não tenho grandes cuidados, bebo uísque. Mas ontem, quando me levantei no fim do batente, não tive forças para ir até o quarto. Então, eu percebi: caramba, eu estou com 80 anos! É algo que a gente só entende quando chega lá. Não adianta livrinho.
Mas você envelheceu bem. Reputado um dos homens mais bonitos da sua geração.
É... eu era bonitinho. Mas não tinha a menor ideia na época. Hoje, quando eu vejo umas fotos minhas dos 40, percebo: porra, eu era mesmo bonito. A viúva sabia... Foram 49 anos de convivência diária. Vida que segue, casei com minha prima e atual mulher. Filha de um tio que foi muito importante para mim: ele me levou à zona pela primeira vez em Caratinga, Minas Gerais, em completa segurança e respeito. Depois, no Rio, conheci as francesas da Lapa.
Vamos ter uma grande festa para os “quatre-vingts”?
Olha, quando fiz 70 minhas filhas deram uma festa no Copacabana Palace que foi a maior festa que já houve no Rio. Severino Araújo ainda regendo, a cidade inteira lá, governador, deputado. Então, já tive a minha festa. Todo ser humano tem que ter a sua festa. Já cumpri. Com 80, não quero. Depois, esqueço de convidar alguém, que nem o Geraldinho Carneiro nos meus 70. Ele foi a única pessoa do mundo que não foi convidada. Trabalhou muito mal a rejeição.
E você? Lida bem?
Não, eu trabalho a rejeição mal para burro. Sempre fui muito exibido: saía do trabalho, ia para a vida. Fui jurado de tudo que é festival. O povo aplaudia calorosamente, mas me lembro de uma vez em que um sujeito ficou sério e não aplaudiu. Isso me deixou arrasado, eu precisava saber o porquê e nunca soube. Agora, estou numa fase de aceitação. Não tem ninguém falando mal de mim.
Falando em falar mal, como foi, para você, lidar com a onda de ataques por causa das indenizações da ditadura?
Nossa senhora, que desgosto. As seções de cartas deitaram e rolaram. O Millôr, Deus o tenha, fez uma das frases mais cruéis: “Então era um investimento, e não um ideal?” Ô, Millôr! Será que passou pela cabeça de alguém ir para a esquerda visando a receber indenização no futuro?
O que aconteceu, afinal?
Fomos listados pelo Sindicato dos Jornalistas, com aval do Barbosa Lima Sobrinho, para receber o que a lei permitia. O Millôr teve lucidez e não foi. Mas muitos aceitaram o convite do sindicato, como eu e Jaguar. Fomos lá, entregamos a documentação e nunca mais falamos do assunto, não entramos com ação. Dezenove anos depois eu recebo um telefonema do Estado perguntando quanto eu ganhava na época. “Do que estão falando?”, eu quis saber. “O senhor vai ser indenizado.” Respondi que não tinha emprego na época, fecharam várias publicações, fora as prisões e os processos. Aí disseram que eu ia receber R$ 4.500. Há ainda uma dívida de R$ 2 milhões corrigidos, por causa dos anos todos que se passaram. Não sei se é justo. Está dentro da lei. Mas, se eu tivesse que escolher, acho que não deveria existir. Tem gente recebendo sem motivo.
Então por que não devolver, ou doar para caridade?
Como você sabe o que eu faço com o dinheiro? Se eu estou doando ou não para caridade, não compete a ninguém saber. Mas não adianta, o que quer que eu diga, um certo pessoal vai sempre gritar que sou um ladrão, como muitos amigos, com inveja, ou só pelo prazer de bater em cabra amarrado. Amigos que fizeram questão de me linchar sem dar sequer um telefonema para me ouvir.
E o debate sobre o racismo de Monteiro Lobato?
Quando fiz a camiseta para o bloco Que Merda é Essa, não conhecia ainda as cartas e os textos para adulto que seriam publicados pela imprensa em seguida. Mudei de ideia, claro. A prova de que Monteiro Lobato era racista é exuberante e bem documentada. Ele era eugenista. Chega a dizer que o Brasil não atingiu o nível de civilização para ter uma Ku-Klux-Klan. Só não fiquei mais triste porque, na verdade, nunca fui realmente um fã. Sempre fui mais de Super-Homem e Fantasma. Agora, na obra infantil ele continua a ser o criador de alguns dos personagens mais emblemáticos da literatura. Emília, junto com Capitu, Rê Bordosa e, agora, Carminha, é das personagens femininas mais importantes. E Tia Nastácia é a mais simpática e a mais querida do “Sítio”. Não precisamos proibir livros. Precisamos é melhorar a capacidade dos professores para discernir. Num país que tem 90% de analfabetismo funcional o pessoal devia era estar preocupado em fazer uma revolução em que nenhuma criança cresça sem aprender a ler, escrever, contar e interpretar.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/ziraldo-um-menino-oitentao 6468574#ixzz2AJFPoLhg
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Brasileiro desenvolve vacina experimental mais eficaz contra vírus da aids

Londres, 24 out (EFE).- Uma vacina com a combinação de cinco anticorpos, testada em ratos e fruto do trabalho do imunologista brasileiro Michel Nussenzweig, conseguiu manter os níveis do vírus da aids (HIV-1) abaixo dos detectáveis durante mais tempo que os tratamentos atuais, informou nesta quarta-feira a revista "Nature".
Este tratamento experimental, composto por cinco potentes anticorpos monoclonais (idênticos entre si porque são produzidos pelo mesmo tipo de célula do sistema imunológico), foi desenvolvido pela equipe do cientista brasileiro e membro da Academia Americana de Ciências na Universidade Rockefeller em Nova York.
O cientista administrou os anticorpos em ratos "humanizados", que dispõem de um sistema imunológico idêntico ao humano, permitindo que sejam infectados com o vírus HIV. Estima-se que esta é uma fórmula que poderia evitar a infecção de novas células.
Nussenzweig observou que, desde que foi iniciado o tratamento, a carga viral tinha caído para níveis abaixo dos detectáveis, e assim se mantiveram por até 60 dias após o término do tratamento.
Em seguida, o cientista comparou os resultados com os obtidos ao tratar ratos com uma combinação de três anticorpos monoclonais e, também, com um tratamento baseado em um único anticorpo.
Ao tratar os roedores com uma vacina com três anticorpos, o HIV se manteve em níveis baixos até 40 dias após o fim do tratamento, enquanto a monoterapia só permitiu que o vírus não fosse detectado durante o tempo em que o rato estava recebendo o tratamento (cerca de duas semanas).
"O experimento demonstrou que combinações distintas de anticorpos monoclonais são eficazes na hora de suprimir a replicação do HIV em ratos 'humanizados', por isso podem prevenir a infecção e servir para o desenvolvimento de novos tratamentos", defendeu o especialista em seu artigo.
Na atualidade, o tratamento anti-retroviral em humanos consiste em combinar pelo menos três drogas antivirais para minimizar o surgimento de vírus mutantes resistentes aos remédios.
No entanto, o HIV se armazena em uma espécie de "depósito" ou reservatório viral, o que faz com que a carga viral do paciente se eleve quando o tratamento farmacológico é interrompido, e o vírus volta a aparecer depois de 21 dias.
Apesar dos resultados promissores de Nussenzweig, ainda serão necessários testes clínicos que permitam avaliar a eficácia do tratamento em humanos e medir os efeitos sobre a infecção em longo prazo. EFE

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Artigo de Míriam Leitão - O Globo, 11/10

Uma etapa da mudança

Ele é negro. Acima de qualquer dúvida razoável, como dizem os juízes. Ele é negro e não contemporiza para facilitar sua aceitação. Joaquim Benedito Barbosa foi eleito ontem presidente do Supremo Tribunal Federal. Elogiou-se a rotina de eleição pelos pares e a alternância no cargo. Ainda melhor será o momento em que o fato de um negro estar lá nem notícia será, de tão rotineiro.
É assim que o país avança: quebrando paradigmas. O ministro Joaquim vai errar e acertar nos próximos dois anos, como nos últimos nove. Seus antecessores também erraram e acertaram. Não é herói — ele até se define como anti-herói — mas virou símbolo de um avanço extraordinariamente importante para o Brasil. O espaço maior que vem sendo ocupado pelos negros em instâncias do poder, até hoje majoritariamente brancas, é uma vitória que pertence ao país como um todo. Multiétnico e miscigenado, o Brasil ainda assim criou distâncias sociais e as manteve com a mais eficiente das estratégias: negar a existência da discriminação.
Joaquim votou no PT nas últimas três eleições, como revelou à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e hoje é relator do processo que está condenando lideranças emblemáticas do partido. Foi capaz de separar de forma cirúrgica sua convicção técnica de juiz de quaisquer outras considerações que poderiam interferir em sua decisão.
O ministro tem uma história de vida de superação. Foi pobre, construiu sua ascensão pela educação, se globalizou indo para algumas das melhores universidades da Europa e dos Estados Unidos. Tem currículo invejável e competência inequívoca.
Debruçou-se, entre outros temas, sobre uma política pública que no Brasil ainda produz muita controvérsia: a ação afirmativa. Poderia fugir do assunto por temer ser instalado num gueto teórico. Poderia negar, com sua história de vida de superação, que este seja o melhor caminho para a construção de um país com uma elite também multiétnica. Mas estudou ação afirmativa, escreveu um livro técnico defendendo a política e não ficou preso ao tema. Quando a ação das cotas chegou ao Supremo Tribunal Federal, seu livro foi citado, por exemplo, no voto do ministro decano Celso de Mello. Ao fim, as cotas foram aprovadas por unanimidade, porque o voto do ministro relator Ricardo Lewandowski foi seguido por todos.
Não há uma contradição entre o caminho que o levou ao topo e as ações afirmativas que tornarão o Brasil, no futuro, um país em que outros vençam as barreiras que ele venceu. O currículo dele foi construído com muito esforço, mas nenhum presidente antes do Lula viu méritos em outros juízes negros. A invisibilidade do discriminado é uma arma antiga para manter as distâncias sociais. Se o ex-presidente Lula tivesse ficado prisioneiro da mesma armadilha de ver os méritos apenas do grupo dominante, o Supremo, talvez, fosse ainda hoje um monopólio dos brancos. Joaquim, como lembrou Celso de Mello, é o 50º presidente da Corte desde o Império, o 44º da República. E será o primeiro negro a se sentar na cadeira de presidente.
Muitos dizem que o importante não é que ele é negro é que tem méritos. Sem dúvida. Mas por que houve uma tão longa fila de meritórios apenas brancos? Porque não houve igualdade de oportunidades.
Há dez anos um blog do jornal Washington Post pediu a jornalistas de vários países que escrevessem quais eram as forças emergentes em cada país que teriam mais poder em 20 anos. Escrevi que no Brasil essas forças emergentes eram as mulheres e os negros. Hoje, o Brasil é presidido por uma mulher e, em breve, o Judiciário, por um negro. O Brasil muda para melhor.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Mercadante afirma que Lei de Cotas deverá ser aplicada imediatamente

O Ministério da Educação (MEC) informou nesta quinta-feira (4) que a Lei de Cotas em universidades e institutos federais deverá ser aplicada imediatamente, gerando efeitos nos vestibulares que selecionarão candidatos para o ingresso no primeiro semestre de 2013. A determinação constará de decreto que regulamentará a lei, a ser assinado pela presidente Dilma Rousseff nos próximos dias. A decisão foi comunicada ontem pelo ministro Aloizio Mercadante a reitores de pelo menos 19 universidades que já tinham publicado editais de vestibular sem prever cotas. Os editais deverão ser refeitos.
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Carlos Edilson de Almeida Maneschy, informou que a entidade vai aguardar a liberação final do decreto para apresentar uma posição concreta. Por ora, segundo ele, tudo indica que o texto deverá sofrer algumas alterações para que não haja dúvidas acerca da aplicação imediata.
Além disso, deverá ser organizada uma reunião com as procuradorias das universidades, com o objetivo de unificar todas as orientações sobre a determinação. "Vamos ter que vencer todas as dificuldades para que a lei seja cumprida", disse, ao afirmar ser provável que algumas instituições enfrentem dificuldades de adaptação.
Já Ricardo Motta Miranda, reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que havia pedido um levantamento sobre os estudantes que entraram nos cursos de graduação nos últimos anos, disse que a UFRRJ já atende a demanda social das cotas. Miranda não participou da reunião da Andifes com Mercadante em Brasília, mas aguardará o retorno da sua pró-reitora de graduação, que estava presente, para formalizar o cumprimento da lei no edital. Ele espera que até 20 de outubro a situação esteja definida por completo.
"Vamos fechar nosso edital atendendo às demandas da lei, na medida em que nossa realidade já aponta nessa direção. Como no primeiro ano temos que cumprir 1/4 do que prevê a lei, acredito que já estamos acima disso no perfil socioeconômico e de estudantes de escolas públicas. O que vamos fazer é verificar no levantamento, como está a tendência do perfil racial dos alunos para ver como se adequar. Acho que o nosso caso vai ser um dos menos complicados. É claro que vamos verificar o cenário nacional e vamos ter uma reunião da Andifes na semana que vem para ver a situação das demais federais", explicou o reitor da UFRRJ.
Em nota, a Unirio informou que irá disponibilizar 12,5% de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, garantindo a oferta a estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a salário mínimo e meio per capita e a estudantes autodeclarados negros, pardos e indígenas, conforme determina a Lei de Cotas. A medida incluirá as vagas ofertadas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), os cursos das áreas de Artes Cênicas e Música, nos quais há a exigência de Teste de Habilidade Específica (THE), e os cursos oferecidos na modalidade a distância.
Segundo a pró-reitora de graduação da Unirio, Loreine Hermida da Silva e Silva, diante da urgência da implantação da lei, a medida será aplicada na universidade por ato administrativo, o que permitirá que a medida entre em vigor já no próximo semestre.
A UFRJ já se adequou à Lei de Cotas para o próximo ano. O edital do processo seletivo já previa a reserva de 30% das vagas de cada curso para estudantes que fizeram todo o ensino médio em escola pública e com renda familiar per capita de até um salário mínimo. Há 20 dias, o reitor Carlos Levi aprovou resolução que estabelece que o critério da renda mínima per capita sobe para até um salário e mínimo e meio (previsto pela lei de cotas) e passa a valer apenas para metade das vagas reservadas. Já os critérios raciais valerão para a totalidade dos 30% e será preenchida por autodeclarados pretos, pardos e índios na proporção de 13%, 43% e 0,5%, respectivamente, a partir de dados retirados do Censo 2010-IBGE. Para o ingresso em 2014, o percentual de vagas reservadas aumentará para 50%, atendendo integralmente à lei das cotas.
A reportagem ainda não conseguiu contato com o reitor da UFF, Roberto Salles, após a reunião da Andifes com o ministro da Educação. Na última semana, Salles fez duras críticas à implementação da Lei de Cotas já neste processo seletivo e disse mais de uma vez que a UFF não se adequaria à lei para a entrada de estudantes em 2013. A UFF já havia anunciado que 25% de suas vagas para 2013 seriam reservadas para alunos de escolas públicas estaduais com renda familiar de até um salário mínimo e meio por pessoa. Este é o primeiro ano que a universidade adere 100% ao Enem como única forma de acesso a seus cursos de graduação. No entanto, Salles havia dito que se adequaria à lei proporcionalmente aos recursos destinados à universidade pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). Segundo a assessoria de comunicação da UFF, o reitor está em Brasília.
UnB e UFPE - A UnB informou, por meio da assessoria de imprensa, que o edital do primeiro vestibular de 2013 da instituição, lançado no último dia 20, será modificado para se adequar à nova legislação. "Teremos de fazer uma retificação no edital", disse o decano de Ensino de Graduação, José Américo Garcia, que discutirá o tema nos próximos dias com o Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe).
De acordo com José Américo, isso não prejudicará os candidatos que já fizeram a inscrição, iniciada em 28 de setembro. Na opinião dele, eles não perderão a inscrição, tampouco deixarão de concorrer. "Criaremos um mecanismo de forma que aquele que já efetuou sua inscrição tenha um período para optar pela forma de ingresso, isto é, se deseja ou não concorrer pelo sistema de cotas previsto pela lei", afirmou, explicando que, no momento da inscrição, o aluno vai apenas se autodeclarar. Se aprovado no vestibular, deverá comprovar, no momento da matrícula, se atende, de fato, aos requisitos da lei.
O reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, reiterou os ajustes. "A UnB já vinha com uma decisão consagrada, o sistema de cotas para negros, considerado referência pelo Supremo Tribunal Federal. Temos agora de ajustar a questão social, quanto à escola pública e à renda, atendendo a uma lei aprovada pelo Legislativo e que resultou, portanto, de um acordo político universal".
Já a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou que as provas do Vestibular 2013 não serão realizadas nos dias 2 e 3 de dezembro, como estava previsto. A Reitoria tomou a decisão por considerar que a regulamentação da lei é indispensável para a publicação dos editais do processo seletivo das instituições. Sendo assim, informou que ainda não pode definir quando divulgará um novo documento, mas adiantou que os exames devem ser aplicados em janeiro, em datas definidas pelo Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão (CCEPE).
A Lei de Cotas determina que as instituições federais de ensino superior terão de reservar 50% de suas vagas, em cada seleção para ingresso nos cursos de graduação, para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Deste percentual, metade das vagas deverá ser destinada, ainda, a estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo per capita. A reserva de 50% deve incluir ainda cotas para negros, pardos e índios "em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos e indígenas na população da unidade da federação onde a instituição de ensino está instalada".
As instituições têm até quatro anos para cumprir a lei integralmente, mas já devem garantir, pelo menos, 12,5% de reserva do total de vagas para o próximo concurso.
Fonte: O Globo - Extraído: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=84453