quarta-feira, 7 de julho de 2010

África mais acessíve

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP) começou a disponibilizar na internet livros e documentos raros sobre a África produzidos do século 16 ao 19.

O projeto Brasil África, que tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, já construiu a base de dados sobre os documentos para facilitar a pesquisa detalhada das referências e começa a digitalizar imagens.

De acordo com a Márcia Moisés Ribeiro, pesquisadora do IEB e coordenadora do projeto, o objetivo é permitir o acesso a livros e documentos raros sobre o continente africano.

“O IEB possui uma das mais importantes bibliotecas de livros raros de São Paulo. A ideia foi construir um banco de dados para reunir informações sobre esses documentos e obras que, em seguida, serão digitalizados e disponibilizados” , disse à Agência FAPESP.

Márcia atualmente desenvolve o projeto de pesquisa “Medicina e escravidão nas dimensões do universo colonial: a América portuguesa e o Caribe francês no século 18”, que será concluído no fim do ano.

O site já conta com informações detalhadas sobre cada documento selecionado. “Há dados sobre autor, obra, data e local da publicação. A base de dados traz também um breve resumo de cada documento indicado”, explicou.

É possível encontrar documentos que envolvem as mais diversas áreas sobre o continente, como história, geografia, medicina, religião e temas relacionados ao tráfico de escravos.

“São livros raros de viagem, de medicina, sobre a fauna e flora, além da história e das religiões africanas. Sobre a escravidão, há assuntos relacionados ao comércio e tráfico negreiro, como condições da travessia desses escravos, entre outros temas”, disse Márcia.

O processo de digitalização dos documentos da base de dados foi iniciado em maio e a previsão é que até o fim deste ano todas as obras estejam disponíveis no site.

A pesquisadora estima que existem cerca de 600 documentos e livros raros sobre a África nas várias coleções do IEB. “Até agora trabalhamos apenas com os documentos da biblioteca do IEB, que tem cerca de 300 documentos que já estão no banco de dados, mas ainda não disponíveis na versão digital, que será disponibilizada em julho. A próxima etapa será a documentação do arquivo, no qual se encontram os manuscritos”, destaca.

Nos manuscritos há diversas correspondências entre governantes da África e governadores das capitanias brasileiras. “É uma documentação rica, sobretudo porque muitos são documentos únicos”, disse Márcia.

Divulgar e preservar

De acordo com a historiadora, a ideia surgiu a partir de sua própria pesquisa. “Trabalho com história da medicina e escravidão no período colonial e, ao ter contato com o material no IEB, percebi que o instituto guardava documentos e livros importantes para historiadores” , contou.

Grande parte dos temas envolvendo o continente africano, segundo ela, era estudada principalmente pela relação com a escravidão. “Mas, nas últimas décadas, outros temas relacionados à África têm despertado interesse de pesquisadores. A história do continente, por exemplo, só passou a ser obrigatória como disciplina há cerca de dez anos, nos programas das universidades. Mas ainda é restrito, quando comparada com a história da América, por exemplo”, destacou.

Márcia salienta que, ao ampliar o acesso a textos e imagens raras – com possibilidades de impressão –, será possível estimular os estudos de forma geral sobre o continente.

“Além de democratizar o acesso pela internet, a digitalização é uma forma de preservar as obras raras, evitando o manuseio excessivo e desgaste”, disse.

terça-feira, 6 de julho de 2010

OLONADÉ

A Cia dos Comuns realiza
OLONADÉ
A cena negra brasileira
Seminário oficinas mostra de cinema
espetáculos de dança e teatro negro de diferentes regiões do Brasil

Abrindo o evento, o seminário abordará os temas:
Mulheres negras líderes do candomblé e a contemporaneidade Heranças africanas no Brasil
Saliências estéticas de um teatro brasileiro negro O corpo limiar e as encruzilhadas
Seminário:
08-jul 10h às 12h30 14h às 16h30
Auditório da Biblioteca Nacional
Rua México, s/nº, Centro (acesso pelo jardim)
Entrada franca Informações: Cia dos Comuns 21 2242 - 0606

Prêmio Cultura Hip Hop

"Prêmio Cultura Hip Hop 2010 - Edição Preto Ghóez"

Serão contemplados 134 iniciativas de hip-hop com prêmios de 13 mil Reais cada.

Edital e Detalhes nos Sites - Links abaixo.

http://www.cultura. gov.br/site/ 2010/04/16/ premio-cultura- hip-hop-2010- edicao-preto- ghoez/

http://premiocultur ahiphop.com. br/2010/


Inscrições até dia 12 / julho / 2010 pelos correios, áudio, vídeo ou internet.

Efeito borboleta é detectado no cérebro

Efeito borboleta ocorre no cérebro
Esquema do experimento demonstrando o efeito borboleta agindo no cérebro. Um único eletrodo foi usado para induzir uma sinapse em um neurônio individual, que se espalhou por milhões de outros.[Imagem: UCL]

Cérebro não-confiável

Da próxima vez que sua memória lhe pregar uma peça, você já tem uma desculpa: de acordo com uma pesquisa feita por cientistas britânicos, e publicada no último exemplar da revista Nature, o cérebro é intrinsecamente não-confiável.

Isto pode não ser muito surpreendente para a maioria de nós, sempre às voltas com esquecimentos e erros de raciocínio, mas o fato tem confundido os neurocientistas há décadas.

O problema parece começar no fato de que os cientistas comparam o cérebro com um computador.

E, assim sendo, o cérebro seria também o dispositivo de computação mais poderoso que se conhece, como poderia ele funcionar tão bem se o comportamento dos seus circuitos é variável?

Efeito borboleta no cérebro

Uma hipótese levantada há muito tempo é que os circuitos do cérebro são de fato confiáveis, e a variabilidade aparentemente alta se deve a que o cérebro está envolvido em muitas tarefas simultaneamente, uma afetando as outras.

É esta hipótese que os cientistas da Universidade College London agora testaram diretamente.

A equipe se inspirou no chamado efeito borboleta - que estabelece que o bater das asas de uma borboleta no Brasil pode gerar um tornado no Texas, devido a uma longa cadeia de causalidades que se espalha sem controle a partir de um evento inicial.

Efeito multiplicador

O experimento consistiu em introduzir uma pequena perturbação no cérebro, o equivalente neural do bater de asas de uma borboleta, e acompanhar o que aconteceria com a atividade nos demais circuitos cerebrais.

Os resultados mostraram que o pequeno evento inicial gera um gigantesco efeito multiplicador.

A perturbação inicial consistiu de um único impulso nervoso - um disparo de neurônio - induzido no cérebro de um rato.

Esse único disparo extra causou cerca de trinta novas sinapses nos neurônios próximos, a maioria dos quais geraram outros trinta disparos extras, e assim por diante.

Isso pode não parecer muito, dado que o cérebro produz milhões de sinapses a cada segundo, mas os pesquisadores estimaram que o impulso extra induzido artificialmente afetou uma quantidade de neurônios no cérebro que também atinge a casa dos milhões.

Ruído no cérebro

"Este resultado indica que a variabilidade que vemos no cérebro pode ser na realidade devido ao ruído, e representa uma característica fundamental da função cerebral normal," afirma o Dr. Mickey Londres, coautor do artigo.

Esta rápida amplificação de disparos neuronais significa que o cérebro gera muito mais ruído do que os computadores.

No entanto, o cérebro pode realizar tarefas muito complexas com enorme velocidade e precisão - com muito mais rapidez e precisão do que o computador mais poderoso já construído, e provavelmente a ser construído em um futuro imaginável.

Os pesquisadores sugerem que, para que o cérebro funcione tão bem frente a níveis tão elevados de ruído, ele deve estar usando uma estratégia chamada de código de frequência (rate code).

Em um código de frequência, os neurônios consideram a atividade de um conjunto de muitos neurônios, ignorando a variabilidade individual, ou ruído, produzido por cada um deles.

Fiação cerebral

Se a hipótese estiver correta - e o cérebro produzir mesmo muito ruído - restaria saber o porquê.

Os pesquisadores sugerem que uma possibilidade é que este seja o preço que o cérebro paga pela alta conectividade entre os neurônios - cada neurônio conecta-se a cerca de 10 mil outros, resultando em mais de 8.000 mil quilômetros de "fiação" no cérebro humano.

Os cientistas consideram que a alta conectividade é pelo menos em parte responsável pela capacidade computacional do cérebro.

No entanto, como mostra a pesquisa, quanto maior a conectividade, mais ruidoso será o cérebro. Portanto, embora o ruído não seja um recurso útil, ele seria, pelo menos, um subproduto de um recurso útil.

Agora é Dilma!‏

Chegou a hora que estávamos esperando! A campanha eleitoral começa oficialmente nesta terça-feira (6) e a partir de agora cada um de nós assume um papel estratégico para eleger Dilma Rousseff - a primeira mulher a ser Presidente do Brasil!

Temos uma longa caminhada até o dia 3 de outubro, quando homens e mulheres de todo o país levarão sua decisão às urnas. Até lá, precisamos trabalhar juntos. Com determinação, propostas e respeito aos nossos adversários, faremos a diferença nas eleições deste ano.

Se eles insistem em dizer que podem mais, nós mostraremos que blefar não basta! A realidade é muito clara: o fato é que nós fizemos mais! Os altos índices de aprovação do Governo Lula não são à toa. O povo brasileiro está vivendo melhor, ciente da ampliação de seus direitos e em busca de novas conquistas.

Para continuar o projeto iniciado por Lula, vamos juntos! Por que Agora é Dilma!

Fique de olho na programação da nossa candidata. Participe das ações, envie suas mensagens de apoio e lembre-se: criatividade é a palavra-chave para mostrarmos por que a nossa militância é a mais mobilizada, aguerrida e vitoriosa do país!

Terça-feira (6/7)
A partir das 11h, acompanhe e divulgue as atividades da Dilma em Porto Alegre, durante o lançamento da candidatura de Tarso Genro ao governo do Rio Grande do Sul.

Quarta-feira (7/7)
Dilma participa da caminhada de arrancada da campanha em São Paulo. A concentração inicia às 11h, em frente ao Teatro Municipal.



IMPORTANTE: Lembre de usar as hashtags #caravanadigital #dilmanarede e #agoradilma. Faça a rede bombar!

Mostre seu apoio! Juntos, faremos a melhor e mais democrática cobertura das eleições 2010.

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Equipe Dilma na Web

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dilma na frente mais uma vez

Dilma Rousseff (PT) se consolida nas intenções de votos dos eleitores.

Dilma Rousseff (PT) se consolida nas intenções de votos dos eleitores.

Em mais uma pesquisa, desta vez do Instituto Vox Populi, Dilma Rousseff (PT) aparece na frente de José Serra. Na pesquisa divulgada nesta terça-feira (29) a Ptista recebe 40% das intenções de voto, o tucano tem 35% e Marina Silva (PV) tem 8%. As informações foram auferidas entre os dias 24 e 26 deste mês em um universo de três mil eleitores. A margem de erros é de 1,8%.

Em resultado apresentado pelo Ibope na semana passada a situação dos candidatos era mesma, com Dilma Rousseff na liderança. Na pesquisa anterior do Vox Populi havia a tendência de empate entre os dois primeiros candidatos. A vantagem de Dilma também se mantém na pesquisa espontânea, quando o pesquisador não apresenta o nome de nenhum candidato. Ela soma 26% das intenções contra 20%.

Analistas indicam que as Eleições 2010 serão pautadas pela continuidade. E Dilma representa todos os avanços econômicos e sociais promovidos pelo governo Lula. Agora é Dilma!

Participe da campanha para indicação de Lula ao Prêmio Nobel da Paz

O senador Aloizio Mercadante está encaminhando ao comitê norueguês petição indicando o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para o prêmio Nobel da Paz de 2011.

Pelas normas, podem fazer a indicação parlamentares, integrantes de governos, além de professores universitários e membros de cortes internacionais.

No entanto, o senador Mercadante considera importante que essa indicação receba o apoio da população, o que pode ser feita por meio da assinatura desse manifesto.

Na avaliação do Mercadante, o presidente Lula merece o prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho para uma distribuição de renda mais justa e pela democracia no Brasil, bem como pelo seu importante papel internacional no combate à pobreza e à fome e na busca da paz pela mediação negociada de conflitos.

“É fundamental o apoio da população brasileira para que os avanços registrados no governo Lula tenham este importante reconhecimento internacional”, opina Mercadante.

Conheça mais sobre a atuação de Lula no cenário internacional.

Leia a petição na íntegra.

Mata-mata com emoção

A torcida se agita e se prepara para os melhores espetáculos na África

A torcida se agita e se prepara para os melhores espetáculos na África

O mata-mata da Copa da África 2010 chega ao fim da sua primeira etapa com emoção e surpresas. Emoção para os sulamericanos que estão muito bem representados nas quartas-de-final. Algumas surpresas nos alegraram, começando pelos EUA, até então sem tradição no futebol. Contrariando os ativistas da extrema direita americana, capitaneados pelo apresentador da Fox News, Gleen Beck, o povo americano se encheu de orgulho ao ver sua mais nova paixão se destacar na terra dos elefantes, girafas e vuvuzelas.

Embalados pelo segundo lugar na Copa das Confederações 2009, perdeu apenas para o Brasil, a seleção Americana vem despertando cada vez mais paixão na terra do basquete e do futebol com as mãos. Segundo Glenn Beck, o futebol bretão é uma modalidade esportiva “de pobre”, coisa de sul-americano, resultado da crescente influência dos hispânicos no país e ligado às “políticas socialistas de Obama”.

Ele compara o futebol às políticas do presidente Barack Obama. “Não importa quantas celebridades o apoiam, quantos bares abrem mais cedo, quantos comerciais de cerveja eles veiculam, nós não queremos a Copa do Mundo, nós não gostamos da Copa do Mundo, não gostamos do futebol e não queremos ter nada a ver com isso”, esbravejou Beck. Segundo ele, o futebol é como o governo Obama: “o resto do mundo gosta das políticas do Obama, mas nós não”, chegando as vias de dizer que futebol é coisa de estrangeiro e mancha a cultura Apple Pie (cultura torta de maçã em tradução literal).

Com o bom desempenho do time americano no jogo contra a Inglaterra, os americanos estão mais entusiasmados com a Copa do Mundo. Mas isso é resultado de uma “conspiração da esquerda”, dizem os conservadores. “Futebol é um jogo de pobre”, disse o analista conservador Dan Gainor, do Media Research Center, em rede nacional: “A esquerda está impondo o ensino de futebol nas escolas americanas, porque a América está se ‘amarronzando’ (cresce o número de hispânicos).

Polêmicas a parte, precisamos registrar o feito americano, assim como o do entrosado e arrumado time japonês que, graças ao trabalho realizado pelo nosso Zico nos anos 2000, alcançou seu melhor resultado em histórias de copa. Só foi superada pelo Paraguai – que segue no campeonato e enfrenta o vencedor de Portugal e Espanha – nos pênaltis.

O chaveamento das seleções nos permitiu assistir a temida Alemanha, com seu futebol técnico marcado pelo vigor físico, enfrentar a zebra inglesa que, mesmo tendo realizado péssimas partidas na fase inicial da copa, conseguiu o que muitos não apostava: a classificação. As duas grandes seleções também protagonizaram o primeiro escândalo de arbitragem das oitavas de finais. A Alemanha se valeu do bom futebol de Podoski e Close, para chegar às quartas.

O domingo (27) nos brindou com outro clássico, marcado pela presença dos craques argentinos e do ídolo Mexicano Rafa Marques, do que propriamente pelo futebol. Argentina e México protagonizaram outro espetáculo mais pelos erros de arbitragem, do que pelo futebol de Messi e Tevez, classificando a Argentina que enfrentará a Alemanha na próxima fase.

Na segunda-feira (28) foi dia do Carrossel Holandês fazer com que o eslováquios desse tchau para copa. Foi a vitória da tradição, história e futebol. Brasil e Chile se enfrentaram. Nem o famoso técnico argentino, Marcelo “Louco” Bielsa, temido por suas reações em campo foi capaz de segurar a seleção brasileira que venceu por três gols e enfrentará a Holanda, reenditando um dos mais emocionantes clássicos do futebol mundial.

Nossa seleção nos encheu de felicidade, não somente pela vitória, que já era prevista, mas principalmente pelo bom desempenho de Robinho em cima dos chilenos de Bielsa. O desencantando de Kaká, nosso novo bad boy e o primeiro gol do astro Robinho em Copas do mundo.

Embora Espanha ainda não tenha empolgado, o futebol apresentado foi suficiente para superar a preguiçosa seleção de Portugal que só apresentou bom desempenho diante dos norte coreanos. O clássico Ibérico foi vencido pelo time de Casillas.

Rumo às quartas-de-final o desafio brasileiro aumenta, juntamente com a responsabilidade dos hermanos argentinos, que despontam como os dois grandes favoritos ao titulo. As nossas expectativas e toda torcida do time do Dunga, o zangado técnico da seleção brasileira.

Por: Natanael de Barros Martins Barboza

A poluição que ninguém vê

SÃO PAULO - Hormônios, nanomateriais e remédios poluem a água. O problema é que ainda não se sabe ao certo como lidar com eles.

Quando passamos ao lado de um rio poluído, o mau cheiro denuncia a péssima qualidade da água. A cor escura ou a presença de espuma também apontam que algo vai mal. Mas o que fazer quando a poluição não pode ser vista com facilidade? A água parece limpa, mas está contaminada por um tipo de poluente praticamente invisível, difícil de detectar, não legislado no Brasil e com efeitos em grande parte desconhecidos. Essa é a nova preocupação dos cientistas que estudam os agentes poluidores da água e, consequentemente, seus efeitos sobre a vida.

As substâncias se reúnem sob o nome de contaminantes emergentes e estão presentes em bens de consumo da vida moderna, como protetores solares, remédios, materiais para retardar chamas, pesticidas e nanomateriais. "Ainda há poucos estudos na área, mas devido às aglomerações urbanas e ao saneamento precário, que aumentam a concentração dessas substâncias, elas podem trazer riscos ao ambiente e à saúde", diz Wilson Jardim, pesquisador do Laboratório de Química Ambiental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente, são conhecidos cerca de três milhões de compostos sintéticos — número que aumenta entre 5% e 10% todos os anos. Em média, 200 toneladas deles são produzidas nesse período, sendo que entre 20% e 30% podem contaminar a água e atingir os animais e o homem.

Hormônios também poluem

Alguns dos compostos emergentes mais estudados são os hormônios. Por fazer parte da nossa vida, parecem inofensivos. Mas o crescimento das metrópoles e o despejo de esgoto nos rios aumentaram sua concentração na água que usamos. O fenômeno é causado tanto por hormônios naturalmente excretados pelas mulheres, quanto por substâncias presentes em plásticos, agrotóxicos e pílulas anticoncepcionais. "Todas elas têm ação estrogênica e mesmo quando não são hormônios reais, agem no corpo de forma parecida", diz Mércia Barcellos da Costa, bióloga da Universidade Federal do Espírito Santo. Segundo a pesquisadora, um desses compostos, o tributilestanho (TBT), provoca mudança de sexo de algumas espécies de animais. Ele é usado para revestir cascos de navios e evitar a incrustação por algas, mexilhões, cracas etc.

Ainda há muita controvérsia sobre os efeitos da exposição prolongada em humanos. Suspeita-se que o contato com a água com excesso de hormônios esteja antecipando a menstruação das meninas. Ela também poderia deixar os homens mais femininos e até causar câncer. Por enquanto, nenhuma dessas hipóteses foi confirmada. Estudos internacionais nas áreas de biologia e química constataram modificações anatômicas sérias em animais que vivem em regiões com água contaminada. No mundo, cetáceos como golfinhos e baleias estão contaminados e foram descritas mutações em moluscos e crustáceos.

"São modificações que podem comprometer a reprodução de uma espécie e causar até mesmo sua extinção", diz Mércia. Ela verificou o desaparecimento de populações inteiras de moluscos no litoral capixaba. Bruno Sant'Anna, biólogo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), também se deparou com alterações nos caranguejo sermitões de São Vicente, no litoral do estado de São Paulo. "Comecei a investigar e percebi que as fêmeas da espécie estavam se masculinizando. Isso acontece em 2% a 8% das populações dos ermitões", afirma. Não por acaso, as regiões mais afetadas são próximas a portos, já que os navios carregam a substância, que é considerada tóxica e se acumula nos organismos por longos períodos.

O risco nos tubos invisíveis

Entre os poluentes menos estudados estão os nanomateriais, que compõem diversos produtos da indústria. Algumas experiências mostram que compostos como os dióxidos de titânio, presentes em corantes e protetores solares, podem causar danos ao comportamento natatório e à frequência cardíaca de crustáceos, além de matar algas.

No Brasil, há estudos sobre o potencial tóxico das partículas microscópicas. O grupo de pesquisa do biólogo José Monserrat, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), comprovou recentemente que o excesso de fulereno, um composto nanométrico, é capaz de causar danos cerebrais às carpas de laboratório. Quando chega ao órgão, ele altera seu potencial antioxidante, essencial para preservar os neurônios. O composto é usado pela indústria automobilística e está em pilhas, plásticos e óculos. "Nenhum artigo mostra claramente a presença do fulereno no ambiente, mas investigações já são feitas de forma preventiva", diz Monserrat. A ideia do grupo é estabelecer limites referenciais desses compostos, para o momento em que sua presença na água atingir índices elevados.

Monserrat suspeita também de que os nanotubos de carbono tenham efeitos parecidos aos do fulereno. Esses materiais são uma tendência promissora para aperfeiçoar produtos eletrônicos, tais como chips e baterias. O uso deles deve aumentar exponencialmente nos próximos anos. O problema de estabelecer referenciais de segurança para os nanomateriais está na dificuldade de realizar pesquisas com eles. "A principal problemática é determinar a diferença entre resultados de laboratório e os reais danos ao meio ambiente", diz Monserrat. Como as partículas são muito pequenas, elas podem se juntar. Com isso, apresentariam em laboratório reações diferentes das que teriam no ambiente. Além disso, elas têm diversas configurações quando estão na natureza e podem reagir com outros compostos. Estudos dinamarqueses conseguiram demonstrar que o contato do fulereno com outros compostos também produz reações tóxicas.

Remédios que causam doenças

Assim como os hormônios, que fluem constantemente pelo corpo humano, substâncias presentes em remédios também são eliminadas pelo organismo. Pelo esgoto, elas atingem os rios. O químico Marco Locatelli, da Unicamp, está desenvolvendo uma pesquisa no rio Atibaia, que abastece entre 92% e 95% dos habitantes da cidade de Campinas, no interior paulista. O objetivo é encontrar a presença de antibióticos nas águas da região. Locatelli já detectou na bacia os oito principais antibióticos mais usados pelas pessoas, como cefalexina e amoxicilina. "A presença dos compostos é um perigo para o ambiente, pois eles favorecem a geração de bactérias mais resistentes", afirma Locatelli.

Não são somente os antibióticos que podem causar problemas. Estudos feitos em Chicago, nos Estados Unidos, encontraram outros remédios, como anti-hipertensivos, antidepressivos, anti-histamínicos e anticonvulsivos, em peixes. O mesmo ocorre em outras partes do mundo, como a França, onde algumas das substâncias já passam por tratamento. Por estar em quantidades muito pequenas, como microgramas e nanogramas, os compostos ainda não afetam os seres humanos, mas já atingem a fauna.

Em países asiáticos, a situação pede mais cuidados, devido ao alto consumo de peixes e frutos do mar. Lá, o caso do tributilestanho preocupa, pois estudos demonstram altos níveis do contaminante nos peixes e já existe até uma regulamentação. A Agência Europeia para Segurança Alimentar estabeleceu limites máximos para a presença das substâncias na comida. O bisfenol A, composto com atividade hormonal, foi banido em diversos países.

Como estudar o invisível?

Para detectar a presença de poluentes que estão no esgoto humano, os pesquisadores usam substâncias indicadoras. Uma delas é a cafeína, presente em refrigerantes, energéticos, sucos e nos fármacos. Ela é um indicador do grau de contaminação. Quando encontram cafeína, os pesquisadores sabem que provavelmente acharão outros compostos, como hormônios e antibióticos.

Mesmo com essas estratégias, a pesquisa na área não é simples. "Quem trabalha com isso tem um grau de frustração frente a respostas que não podem ser fornecidas", diz Wilson Jardim, da Unicamp. Para ele, fazer relações de causa e efeito com as substâncias é um estudo a longo prazo, pois as respostas são diferentes entre os organismos.

Para os seres humanos, é difícil estabelecer o risco de ingerir água que contém 1 micrograma de um agente contaminante. "Sabemos que as concentrações encontradas na água bruta afetam os corpos aquáticos", afirma Jardim. Seu grupo de pesquisa está analisando fungos modificados geneticamente com células humanas, para tentar descobrir se essas substâncias afetariam as pessoas. O problema é que os resultados são demorados e dependem de outras pesquisas.

"Independentemente do progresso dos estudos em humanos, qualquer impacto sobre o ambiente afeta o homem no final", diz Mércia Barcellos da Costa. Os animais contaminados podem não fazer parte da dieta humana, mas causam reflexos globais. Pela cadeia alimentar, a poluição atinge áreas como o polo Norte. Lá, os ursos polares estão tendo menos filhotes, devido aos interferentes hormonais. São os primeiros sinais de um inimigo ainda camuflado.

http://info. abril.com. br/noticias/ tecnologias- verdes/a- poluicao- que-ninguem- ve-30062010- 15.shl

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Desmatamento: Aldo Rebelo, Greenpeace & os Ruralistas

Uma assessora do PCdoB, bedel do deputado Aldo Rebelo, disparou nesta sexta-feira, 2 de julho, um spam para todos que assinaram a petição do Greenpeace pedindo para ele deixar nossas florestas em paz.O texto, como é de feitio do Aldo, ataca o Greenpeace e fala de supostos financiamentos da ExxonMobil à organização. Produzido com informações de um grupo de direita americano, é um conjunto de velhas teorias conspiratórias que chegam a entrar em conflito entre si.

Qualquer pessoa que siga minimamente o trabalho do Greenpeace sabe muito bem da preocupação da organização com o futuro, ameaçado pelo aquecimento global. Sabe também como o Greenpeace luta para que o mundo deixe de consumir tanto petróleo e passe a investir em energias renováveis, deixe de desmatar e mantenha suas florestas em pé.

A Fundação Rockefeller, que financiou projeto do Greenpeace nos Estados Unidos, é bancada por John D. Rockefeller e Olympia Snowe, netos do fundador da empresa que anos depois virou a ExxonMobil.Os dois não concordam com a linha poluente da empresa inaugurada por seu avô, tanto que pressionam a diretoria para deixar o petróleo de lado e investir em fontes renováveis de energia leia reportagem sobre o assunto, em inglês. Se o dinheiro proveniente da fundação influenciasse o direcionamento do trabalho da organização, o Greenpeace não bateria na ExxonMobil – justamente o contrário do que acontece.

O deputado Aldo Rebelo, do PCdoB de São Paulo, recai novamente no erro de não ouvir a sociedade brasileira que se preocupa com o futuro do planeta. Ele quer tanto abrir espaço para o desmatamento que dispara esse spam na véspera da votação de sua proposta de alteração do Código Florestal, marcada para o início da próxima semana. Ao mandar uma assessora conduzir uma campanha difamatória, o deputado se esconde covardemente e usa seu partido para defender os interesses dos políticos mais atrasados do Brasil, que têm a motosserra nas mãos.

Descobertos aspectos genéticos da longevidade

Descobertos aspectos genéticos da longevidade
Por que somente algumas pessoas vivem mais de cem anos? Motivos econômicos e sociais à parte, o segredo pode estar no genoma.[Imagem: Tom Ellenberger/Wikimedia]

Assinaturas genéticas

Por que somente algumas pessoas vivem mais de cem anos? Motivos econômicos e sociais à parte, o segredo pode estar no genoma.

Cientistas acabam de descobrir uma série de assinaturas genéticas particularmente comuns em indivíduos centenários, mas que não estão presentes no restante da população.

Como o ser humano envelhece

A descoberta levanta a possibilidade de que, no futuro, as pessoas possam saber se têm ou não o potencial de viver ainda por muitas décadas - sem levar em conta, naturalmente, o histórico familiar, fatores ambientais ou de estilo de vida, por exemplo.

Partindo da tese de que determinados genes podem estar envolvidos no processo de viver até idades mais avançadas, Paola Sebastiani e seus colegas da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, vasculharam os genomas de 1.055 homens e mulheres com mais de cem anos (cujos dados foram obtidos na pesquisa e em outras anteriores) e de 1.267 indivíduos mais jovens (grupo de controle).

A pesquisa, cujos resultados foram publicados na edição desta sexta-feira da revista Science, também é importante para aumentar o conhecimento a respeito de como o ser humano envelhece.

Genes da longevidade

Os pesquisadores identificaram um número de marcadores genéticos que são especialmente diferentes entre centenários e indivíduos mais jovens.

Em seguida, eles desenvolveram um modelo para calcular a probabilidade de uma pessoa atingir maior longevidade, com base em 150 polimorfismos de nucleotídeo único (marcadores genéticos) identificados pelo estudo.

O resultado foi notável. Com a ajuda do modelo, os cientistas foram capazes de estimar com 77% de exatidão se um determinado indivíduo ultrapassou ou não os cem anos. Mas os autores destacam que o modelo ainda está longe de ser perfeito.

O método poderá ser aplicado não apenas para avaliar a probabilidade de se tornar centenário, mas também no estudo de doenças relacionadas ao envelhecimento. "A metodologia que desenvolvemos pode ser aplicada a outros mecanismos genéticos complexos, incluindo doenças como Alzheimer, Parkinson, cardiovasculares e diabetes", disse Paola.

Estratégias de tratamento

O estudo observou que 45% dos mais velhos entre os participantes - aqueles com mais de 110 anos - tinham assinaturas genéticas com as maiores proporções de variantes associadas à longevidade entre as identificadas pelos cientistas.

Os pesquisadores dividiram as predições genéticas em 19 grupos característicos (ou assinaturas) que se correlacionam com diferentes expectativas de vida além dos 100 anos e com padrões diversos de problemas relacionados à idade, como demência, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Segundo os autores, pesquisas futuras dessas assinaturas genéticas poderão revelar padrões hoje desconhecidos a respeito do envelhecimento humano. Também poderão ser úteis para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento específicas para cada indivíduo.

Convite Mia Couto na Confraria Reinações Carioca

Tudo começou numa noite fria em Porto Alegre, era maio do ano de 2007, dezesseis pessoas reunidas em uma livraria para comentar e discutir a leitura de textos infantis e juvenis...

Poderia ter sido um só e único encontro, mas foi apenas o começo de uma história de sucesso que já completou três anos e segue agora espalhando sementes pelo Brasil.

A Confraria Reinações reúne, mensalmente, escritores e leitores de literatura infantil e juvenil, interessado s em debater a produção literária voltada às crianças e aos adolescentes, seu espaço e importância na formação de público leitor e seu caráter de Arte.

Para tanto, a cada mês, é escolhido um livro infanto-juvenil ou a obra literária de um escritor para ser comentado no encontro.

Para saber muito mais sobre a história da Confraria Reinações visite o blog: http://confrariarei nacoes.blogspot. com/

Reinando no Rio de Janeiro

No dia 11/06/2010, durante o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, foi inaugurada a Confraria Reinaçõ es CARIOCA.

O encontro inaugural contou com a presença de alguns dos "confrades fundadores" gaúchos e com um número expressivo de pessoas.

No encontro fizemos um bate papo sobre o clássico "Peter Pan" e definimos diretrizes para a Confraria Reinações Carioca.

Finalmente, no mês de julho, teremos o nosso segundo encontro no dia 20/07, às 19h, na Biblioteca Popular Municipal Machado de Assis, em Botafogo (Rua Farani, 53).

E para abrir as discussões o tema escolhido foi a obra infantil do escritor moçambicano Mia Couto com seus três livros: O gato e o escuro, O beijo da palavrinha e Mar-me-quer (este último não
possui edição no Brasil, mas alguns confrades o têm, assim pensamos em incluí-lo).

Convidamos assim, os futuros confrades, à leitura dos textos de Mia Couto e a participação.

A Confraria está aberta a todos interessados!

IBGE DIVULGARÁ PRIMEIROS DADOS DO NOVO CENSO DEMOGRÁFICO JÁ EM NOVEMBRO

Retirado do site da Agência Senado.
COMISSÕES / Assuntos Econômicos
22/06/2010
O conjunto de informações do Censo Demográfico de 2010 só estará concluído e divulgado em 2012, mas o tamanho da população e sua distribuição nos municípios já poderão ser conhecidos em novembro próximo. A informação é do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Gomes, que participou de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (22).

Por determinação da legislação, conforme Eduardo Gomes, esses dados precisam ser repassados até o final de novembro para o Tribunal de Contas da União (TCU). O número de habitantes é uma das informações utilizadas por esse órgão para calcular o repasse anual do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) a cada município. Nos anos posteriores, o órgão faz projeções a partir dos números apurados no censo geral a cada decênio.

Ano eleitoral
O presidente do IBGE não acredita na hipótese de uso eleitoral do censo, nessa que é a segunda vez em que o país coleta dados em período de eleição geral. Do ponto de vista técnico e político, as questões a serem feitas são "absolutamente neutras", assegurou. Assim, não haveria pretexto para que algum recenseador tente indicar voto "neste ou naquele candidato". Se isso ocorrer, observou, não terá nada a ver com o trabalho em si, cabendo ao órgão adotar as medidas cabíveis.

- O morador terá todo o direito de alertar o IBGE, para que tomemos as devidas providências - disse.

Para esse ou qualquer outro problema, a população poderá ligar gratuitamente para o IBGE (0800-7218181). Esse número será gravado no próprio uniforme do recenseador, devendo ser acessado ainda quando o morador tiver dúvida sobre se a pessoa que está batendo à sua porta é mesmo alguém a serviço do órgão. Como reforço à segurança das famílias, o uniforme inclui ainda crachá com fotografia e nome do profissional.

- Se tiver com algum receio, a pessoa poderá telefonar, pois tiraremos qualquer dúvida - garantiu.

Os riscos de interferência política nos trabalhos e as questões de segurança foram pontos abordados pelos senadores durante a audiência, com trabalhos coordenados pelo presidente da CAE, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). O propositor do requerimento foi o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O presidente do IBGE informou que a população logo será amplamente informada sobre o censo, por meio de campanha publicitária em jornais, rádios e televisão, devendo ser também realizado trabalho específico junto a estudantes de todo o país.

Abertura em agosto
O Censo 2010 será o décimo segundo censo demográfico no Brasil, devendo oferecer um retrato amplo da população e de suas características socioeconômicas. Os trabalhos de coleta vão começar em 1º de agosto, envolvendo cerca de 58 milhões de domicílios, em 5.565 municípios.

Em 52 milhões de domicílios, será aplicado um questionário básico, abordando questões como idade, sexo, cor e raça, além de dados sobre educação e moradia. Nos demais, serão coletados ainda detalhes sobre nível de renda e emprego, acesso a programas de transferência de renda e sobre a ocorrência de alguma deficiência física na família.

Os gastos com o novo censo são estimados em R$ 1,5 bilhão, contra R$ 700 milhões investidos no anterior. No auge, os trabalhos vão envolver 230 mil pessoas, sendo 191 mil recenseadores para a coleta de campo, prevista para durar três meses. Uma das novidades da vez são os questionários eletrônicos, opção que poderá ser oferecida pelo recenseador aos entrevistados, mediante fornecimento de senha de acesso ao portal do IBGE na internet. A expectativa é de que até 5% dos questionários sejam preenchidos por esse meio.

Gorette Brandão / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

PRESIDENTE NEGA QUE AÇÕES AFIRMATIVAS REALCEM DIFERENÇAS RACIAIS NO PAÍS

Retirdo do site Correio Braziliense.


Agência Brasil
Publicação: 01/07/2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu as iniciativas de seu governo para os afrodescendentes, negando que as políticas de ações afirmativas, como a instituição de cotas para negros em universidades e a demarcação de terras quilombolas, realcem as diferenças raciais no país, ameaçando a harmonia racial antes existente.

“Não é verdade, não é verdade. O preconceito está aí, está em cada esquina, está em cada rua, está em cada casa. Não adianta tratar essas coisas com mentiras”, afirmou o presidente em entrevista à TV Brasil Internacional, um dia antes de embarcar para uma viagem a seis países da África.

Lula citou a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial como conquistas importantes para a consolidação das políticas afirmativas. O presidente lembrou também a aprovação da obrigatoriedade do ensino das culturas afro-brasileira e africana nas escolas. “Tudo isso é extremamente importante para o futuro do país, para a construção da nova consciência cidadã que precisamos ter.”


Na entrevista, Lula destacou ainda o fato de ter sido aprovada pela Câmara da Universidade Luso-Afro-Brasileira a implantação dessa instituição de ensino em Redenção, no Ceará. A intenção é formar recursos humanos para desenvolver a integração entre o Brasil e os demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os africanos

“Nós queremos uma universidade com 10 mil alunos, 5 mil brasileiros e 5 mil africanos, com parte do currículo africana, parte do currículo brasileira, ou seja, tudo afro-brasileiro, com professores dos dois continentes”, detalhou Lula.

A entrevista do presidente à TV Brasil Internacional será exibida a partir de sábado (2) nos 49 países africanos para os quais o canal é transmitido, coincidindo com o início de sua viagem ao continente. O primeiro país visitado será Cabo Verde. Em seguida, o presidente irá à Guiné Equatorial, ao Quênia, à Tanzânia, a Zâmbia e à África do Sul.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A visagem e a verdade

A advogada Ilma Barcelos, da OAB do Espírito Santo, recolocou em circulação uma das denúncias que constantemente vai e volta, sem perder ímpeto nem ganhar credibilidade: de que navios estrangeiros estariam roubando água na Amazônia. Segundo ela, cada navio carregaria em seus porões 250 milhões de litros por viagem. Essa água seria comercializada na Europa e no Oriente Médio.

Em minha primeira coluna neste espaço, tentei mostrar que essa pirataria ainda é fantasia. Principalmente porque não é econômica. Várias autoridades seguiram raciocínios idênticos ao serem questionadas sobre a denúncia. O porta-voz da Marinha garantiu que a água captada pelos navios é autorizada por convenção internacional e praticada em todos os países. Serve de lastro para que as embarcações tenham segurança em sua navegação. Assegurou que jamais o governo recebeu denúncia concreta sobre práticas ilícitas desse carregamento.

Já a Agência Nacional de Águas (ANA) recorreu aos argumentos econômicos para desmentir a prática de hidropirataria. Seu representante alegou não ser viável como negócio: o custo do frete da água levada da Amazônia para a Europa ou o Oriente Médio e do seu tratamento seria de três a cinco vezes superior ao custo da dessalinização da água usada em Israel ou na Arábia Saudita, onde o processo é utilizado. Ainda que o Brasil legalizasse e autorizasse os navios a levarem a água de graça, o custo do transporte e beneficiamento tornaria inviável a operação.

Há ainda um detalhe técnico relevante: 250 milhões de litros representam uma quantidade pequena de água bruta (ainda não potável) para venda, mas constituem volume expressivo para um navio. É tonelagem muito superior à dos cargueiros que costumam operar na bacia amazônica.

A advogada Ilma Barcelos desdenhou das explicações. Para ela, a hidropirataria só não se comprova porque a fiscalização dos órgãos públicos é falha. Está disposta a contribuir para comprovar o que disse: vai formalizar uma denúncia à Marinha. Disse para a imprensa que já tinha “certeza absoluta que essas questões seriam negadas porque ninguém vai assumir que é incompetente em algum órgão”.

Como a denúncia repercutiu, circulando por redes na internet (não pela primeira vez e certamente não pela última), o deputado Lupércio Ramos (PMDB-AM) pediu a realização de audiência pública na Câmara Federal para tratar da questão. Também cobrou dos órgãos de defesa e de segurança a ampliação do sistema de fiscalização na Amazônia. “O país precisa começar a discutir o direito de uso da água. Nós devemos estar em alerta em relação à Amazônia, porque temos lá um patrimônio extraordinário”, justificou o parlamentar.

Para bem administrar esse patrimônio, porém, é preciso inventariá-lo, classificá-lo e usá-lo de forma correta, o que pressupõe conhecimento de causa. Aí é que mora o problema. A Amazônia é um tema tão universal quanto o futebol. Todos acham que entendem dela e dão seus palpites como se fossem a expressão absoluta da verdade. O contencioso amazônico é uma reunião de barbaridades.

É evidente, ao mais elementar iniciado em questões amazônicas, que não há a pirataria apontada pela advogada capixaba. Simplesmente porque ainda não dá lucro praticá-la. E porque, para colocá-la em curso, são requeridos providências e procedimentos que ninguém ainda identificou. Há irregularidades na navegação amazônica e ela é pessimamente fiscalizada. Mas a hidropirataria é um hidromito, ao menos por ora, como observou com sarcasmo o representante da ANA.

O brasileiro tem como seu patrimônio a maior bacia hidrográfica do planeta e o dilapida todos os dias na Amazônia. É um bem que atrai o interesse mundial, mas para outros fins, não como fonte de água potável – ou ainda não. Há um negócio muito mais atrativo, um dos mais rentáveis nos últimos anos em qualquer parte: a água engarrafada.

Ela é apresentada como se fosse água mineral, mas na maioria dos casos ou vem da rede pública ou de drenagens superficiais (não de uma fonte de água pura). Esta é uma autêntica pirataria, que rende bilhões de dólares de super-lucros indevidos. E é praticada à vista de todos sem provocar o impacto das denúncias da advogada capixaba.

Histórias chocantes e sensacionalistas, mesmo quando usadas como inspiração para defender a Amazônia, têm um efeito nocivo, principalmente por desviar a atenção do real para fantasias. Em 1976 um cientista denunciou que a Volkswagen havia posto fogo em um milhão de hectares na fazenda que possuía no sul do Pará. O incêndio havia sido detectado pelo satélite americano Skylab, o maior já registrado pelo homem.

A queimada era, na verdade, de 10 mil hectares, 100 vezes menor. Todos se desinteressaram pelo caso. Ainda assim, era a maior queimada feita em uma única temporada de fogo na Amazônia. A boa intenção do denunciante teve efeito reverso ao pretendido. O exagero foi o boi de piranha para a Volks desviar sua manada para longe da atenção da opinião pública.

Pouco depois surgiu a história de que submarinos emergiam à noite na sede do Projeto Jari, do milionário americano Daniel Ludwig, no Pará, para carregar ouro e minerais estratégicos. Muita gente acreditou e até um senador exigiu todo um aparato de segurança nacional do governo militar para ir a Monte Dourado verificar essas e outras denúncias.

Se esses submarinos conseguissem navegar pelas águas barrentas do Amazonas, evitando as toras de madeira que ele arrasta na época de cheias, até que seria um troféu justo ficarem com o ouro e os demais minérios. Um submarino cabe melhor numa fábula, porque fica escondido debaixo d’água. O problema é o outro lado do enredo. Um navio de carga faria um serviço muito melhor e mais econômico. Mas não se encaixaria na fantasia.

Também se dizia que, no meio do minério de ferro da Serra dos Carajás, as multinacionais estariam levando ouro ou urânio. Ferro se mede por milhões de toneladas para ser comercial. Ouro, em gramas. Urânio, em quilos. Um processo que permitisse separar ouro e urânio na extração de ferro seria uma revolução tecnológica.

Aos exploradores dos recursos naturais de Carajás, no Pará, basta o minério de ferro, o melhor que existe na crosta terrestre. Transportado, à razão de 90 milhões de toneladas anuais (volume que dobrará até o meio da década), para a Ásia e a Europa pelo maior trem de carga do mundo, em nove viagens diárias, é um autêntico negócio da China (para a China). Sem qualquer vestígio de outro bem.

Há muita pirataria e ilegalidade na Amazônia. Haveria muito menos se houvesse melhor fiscalização. Mais importante seria se houvesse melhor conhecimento, maior valorização do homem, mais retenção de suas riquezas em proveito de quem a habita. Valorizado, o amazônida cuidaria de separar o joio do trigo.

Ao invés de enfrentar fantasmas ao meio-dia ou zanzar atrás de bruxas circulando com vassouras pelo espaço, ele submeteria cada questão ao teste de consistência e à prova da verdade. Com a lição aprendida, talvez se colocasse em condições de escrever uma história melhor para a região. Sem fantasmagorias, mas também sem exploração.