domingo, 27 de fevereiro de 2011

Racismo policial em Sorocaba?

Como sei que este tipo de opinião quase nunca é publicada pelos jornais da cidade, embora tenha enviado para as suas redações, resolvi , ao menos para apaziguar minha dor, lhes enviar, afim de que também fiquem sabendo dos atos que cercam a juventude nessa província.

Atenciosamente,

Sérgio

Racismo policial em Sorocaba?
Considerei desnecessária e preconceituosa a abordagem da policia militar na tarde de ontem, 25/03, quando na Praça Fernando Prestes,no centro da cidade em frente à igreja matriz, quarto jovens rapazes que assistiam ao meu lado a apresentação da Corte de Carnaval - 2011 de Sorocaba foram retirados sorrateiramente em meio ao público que prestigiava o evento e submetidos, por cerca de dez policiais a um constrangedor “enquadro policial” na frente de todos que durou toda a apresentação.
Os policiais possivelmente suspeitaram dos sujeitos por portarem roupas e estilos referentes à cultura de periferia. Todos usavam bermudas, mochilas e bonés. No entanto, assim também se trajavam outras pessoas no local, inclusive eu. Portanto, me indigna absurdamente imaginar que isso possa ter sido causado pelo fato de que os quatro jovens eram, como se denomina internamente na polícia, elementos de “cor padrão”, ou seja, eram afro-descendentes. Estes foram retirados do local para averiguação enquanto eu, que estava ao lado deles, vestido do mesmo modo, não fui sequer abordado.
A festa era popular, de rei momo, rainhas, princesas e súditos negros; os policiais, brancos, os garotos, negros, pardos e eu, branco. Sei, obviamente que como se trata de uma instituição do poder total, tal ocorrência será veementemente negada pela corporação, que a dirá de rotina para a segurança de todos, no entanto, que imagem fica aos demais apreciadores da festa, sobretudo as muitas crianças que lá estavam ao verem gente da sua cor brilhando e outras, da mesma cor, apanhando?

Enquanto o público e a imprensa se voltavam para o samba e a alegria, para o prenúncio da festa que supostamente acolhe a diversidade brasileira- o Carnaval- bem ao lado, porém, jovens negros que aparentemente após um dia de trabalho, vislumbravam a graciosidade de uma festa que os representa e os valoriza , tiveram seus sorrisos negros cerrados ao serem praticamente “açoitados” em praça pública.

Festejar o quê? Se ecos da escravidão é que ditam o ritmo ainda hoje em Sorocaba....e as autoridades podem erigir, descomedidamente, pelourinhos quando e onde bem entender.

Sérgio Cardoso, professor.

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