Numa entrevista exclusiva concedida à Afropress, a nova ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção (SEPPIR), a socióloga Luiza Bairros, disse que aproveitará o fato de 2011 ser o Ano declarado pela ONU como dos Afrodescedentes para propor aos bancos, empresas de segurança, supermercados, shoppings e centrais sindicais, que façam um esforço para combater o racismo institucional e coíbam situações de discriminação cada vez mais freqüentes nas relações de consumo.
O caso mais recente ocorreu com uma criança negra - T., de apenas 10 anos - levado para um quartinho por seguranças do Hipermercado Extra, da Marginal Tietê, Zona Leste de S. Paulo, onde foi submetido à humilhações e ameaças, segundo denuncia da família "Nós somos inadequados para os bancos, nós somos inadequados para os supermercados, somos inadequados para qualquer tipo de lugar no qual, historicamente, a presença branca foi predominante”, afirmou, acrescentando que o apelo será para que esses setores "se coloquem no lugar onde devem se colocar, que é o de exatamente coibir esse tipo de atuação dos seus funcionários, dos empregados, que se coloca dentro daquilo que agente convencionou chamar de racismo institucional".
Mudança na comunicação
A nova ministra não anunciou medidas de impacto, mas deu pistas sobre como será o seu estilo de gestão à frente da Secretaria, que tem status de ministério e é ligada à Presidência da República. Em pelo menos uma área – a de Comunicação – Bairros anunciou mudanças. Ela disse que não quer "um setor de comunicação voltado para dentro do ministério”.
A responsável pela Comunicação, Sandra Almada, já foi exonerada, assim como outros dirigentes, que abriram espaço para a equipe designada pela ministra. Ela não adiantou o nome do novo titular, embora entre os mais citados, esteja o do jornalista, Edson Cardoso, do Jornal Irohin, no momento desativado.
A ministra concedeu a entrevista, na véspera da viagem à Dakar, no Senegal, onde participou do Fórum Social Mundial, integrando a delegação do Governo Brasileiro. Por cerca de 40 minutos, ela conversou por telefone, com o editor de Afropress, jornalista Dojival Vieira.
À pedido do jornalista, ela respondeu perguntas de lideranças como Reginaldo Bispo, dirigente do MNU, Eduardo Silva, presidente da Comissão da Igualdade da OAB/SP, Ivan Seixas, presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Conceição Vercesi, da Assessoria de Ações Afirmativas de Botucatu e Magno Lavigne, da Secretaria Nacional da Diversidade Humana da União Geral dos Trabalhadores – a UGT – a terceira maior central sindical do Brasil – e João Jorge Rodrigues, diretor do Grupo Olodum, da Bahia.
Também deu respostas a perguntas enviadas pela jornalista Clarisse Monteagudo, do Jornal Extra, do Rio de Janeiro.
Leia, na íntegra, a entrevista.
Afropress - Parabéns pela posse e sucesso na sua gestão. Eu, na verdade, já havia pedido a entrevista para a senhora, e agora diante da oportunidade, pedi para algumas lideranças de vários setores e Estados encaminharem perguntas que gostariam que a senhora respondesse.
Tenho aqui a pergunta da jornalista Clarissa Monteagudo, do Jornal Extra do Rio, que é exatamente a seguinte:
A eleição de uma mulher para presidente da República e a escolha da primeira ministra negra [a senhora, na verdade é a segunda, a ministra Matilde foi a primeira] representam um avanço simbólico da posição da mulher na sociedade brasileira. A senhora acredita na necessidade de realização de ações para aumentar a autoestima das mulheres negras, vítimas históricas de ações violentas, como o preconceito, a falta de oportunidades no mercado de trabalho e a violência doméstica? Se sim, quais seriam essas ações?
Ministra Luiza Bairros – A gente falando por telefone fica um pouco difícil porque as perguntas estão longas. Na verdade, eu acho que essa pergunta, mais especificamente, envolve mais de um aspecto.
Em primeiro lugar, essa questão mesma da gente ter esse ano no Governo um número maior de mulheres do que já tivemos em outras ocasiões, embora relativamente com um número menor de mulheres negras. Isso é um aspecto que, de uma certa forma, um Ministério com mais mulheres, eu acho que ele causa na sociedade um impacto grande; acho que em relação as mulheres isso repercute de um modo muito positivo.
A gente tem percebido as repercussões disso, por exemplo, agora mais recentemente pela indicação de uma mulher para a mesa diretora da Câmara e outra mulher para a mesa diretora no Senado, quando nunca tínhamos visto nada neste sentido.
A atitude simbólica dos presidentes, tanto da Câmara quanto do Senado, de se afastarem para que as mulheres assumissem a presidência da sessão... Então, eu acho que todos esses são indicadores de como ter uma mulher na Presidência da República vai repercutindo neste olhar que se tem sobre as mulheres e sobre as suas possibilidades de participação. Este é um primeiro aspecto que eu vejo na pergunta.
O segundo tem a ver com essa questão da auto-estima das mulheres negras. Eu tenho, na verdade, me questionado um pouco sobre a forma como a gente usa essa questão de auto-estima, porque eu vejo que, de uma maneira geral, que a auto-estima das pessoas negras, ela não precisa ser tão assim, tratada e trabalhada, da maneira como nós vimos falando mais recentemente.
Acho que o que precisa mudar é o conceito da sociedade sobre as mulheres negras. Aí é todo um trabalho muito mais em profundidade que tem que ser feito, para além de tudo que, ao longo do tempo, os Movimentos Negros, especialmente o Movimento de Mulheres Negras tem feito.
Mudar essas imagens, que são as imagens de controle da mulher negra, que é um tema sobre o qual Lélia Gonzalez já falava lá, no inicinho dos anos 80, de como nós somos apreendidas dentro de determinadas visões onde essa dimensão do corpo aparece como sendo a mais importante, seja o corpo para o sexo, seja o corpo para o trabalho pesado, mas sempre a mulher negra aprisionada num tipo de lugar, onde não há espaço para que nós sejamos vistas numa outra dimensão, na dimensão da contribuição intelectual que muitas de nós damos, nas mais variadas posições.
Não apenas naquelas reconhecidas como lugares do intelectual vindos da Academia. Nesse sentido eu acho que são intelectuais as Mães de Santo, que formulam formas de pensar, que formulam caminhos para que nós possamos seguir. Então, toda essa discussão aí, que é longa e que agente não vai poder se deter aqui agora.
Afropress - O Reginaldo Bispo, que é seu companheiro de MNU, organização a que a senhora pertenceu, [a ministra foi dirigente nacional do MNU até 1984]. A pergunta dele é a seguinte:
Ministra Luiza Bairros, a senhora acredita ser possivel fazer politica social em benefício dos negros, com o atual orçamento da SEPPIR, que destina R$ 0,50 (cinquenta centavos) para cada negro brasileiro? Como sair desse gueto em que meteram a SEPPIR, sem dinheiro para resolver esse imbroglio e realizar políticas de Estado para 90 milhões de negros?
Luiza Bairros – Bom, em primeiro lugar, o seguinte. O orçamento da SEPPIR, assim como de qualquer outro órgão de promoção da igualdade racial, não é um orçamento para a realização das políticas voltadas para a população negra. Ele é um orçamento para a articulação de políticas, para a gestão de políticas que são realizadas, na prática, por outros Ministérios, no nosso caso. Então, essa é a primeiríssima distinção.
A outra coisa é essa idéia do gueto. Eu acho que agente fica num tipo de situação que é bastante... são as contradições, eu digo que são contradições que o racismo coloca prá nós. Porque essa idéia do gueto ela não aparece apenas em relação a um ministério como esse nosso, mas, eu já vi muitas discussões nesse sentido, por exemplo, dentro das Universidades, se os núcleos de Estudos, Estudos africanos e afro-brasileiros, os chamados NEABs nas Universidades, se não seriam eles também lá, guetos, entendeu?
E esse tipo de contradição, o racismo brasileiro vai nos colocar o tempo todo. Porque o que nos é deixado como escolha é uma escolha que eu considero impossível. Seria você não estar em lugar nenhum, porque essa questão da transversalidade, ou de uma presença espalhada, isso não se realiza, com a forma como o racismo brasileiro opera, ou você juntar forças num determinado espaço e a partir daquele determinado espaço, buscar influenciar os demais.
Então, não é uma coisa de gueto ou não gueto, eu acho que é uma escolha política, digamos, que os negros brasileiros, não só do ponto de vista da estrutura do Estado, mas como em vários outros lugares.
E foi isso, digamos assim, foi até aí que a luta política nos permitiu ir. Vamos ver agora o que está em jogo em todos esses espaços, seja dentro ou fora do Estado, é exatamente a capacidade que agente tem de dentro deles, reunir a força política necessária para influenciar todo o resto.
Para Bairros, relação com forças não-partidárias é desafio
Na primeira entrevista exclusiva concedida à Afropress, a nova ministra, socióloga Luiza Bairros, admitiu que a relação da SEPPIR com a parcela do Movimento Social Negro que não se pauta pela agenda dos Partidos, não é uma questão fácil de ser resolvida.
"Olha, esse é um desafio muito grande”, afirmou, em resposta a uma pergunta encaminhada pelo diretor do Olodum, João Jorge Rodrigues, que quis saber como será a relação da SEPPIR, na sua gestão, com entidades como a Educafro, o Olodum, o Ilê Ayê, entre outras, que não estão vinculadas aos Partidos, nem se pautam pela lógica partidária.
Embora ela própria seja filiada ao Partido dos Trabalhadores, sua escolha para o cargo vem sendo vista por setores do Movimento Negro como uma inflexão no monopólio que lideranças negras organicamente vinculadas aos partidos – especialmente o PT e o PC do B - mantiveram na SEPPIR, desde a sua criação.
Na leitura desses analistas, a ministra estaria mais próxima às Organizações Não-Governamentais (ONGs), à cujo trabalho se vinculou desde que deixou o Movimento Negro Unificado (MNU), em 1984, o que explicaria o fato de que lideranças do PT e do PC do B, que ocupavam postos-chaves na Secretaria estarem sendo substituídas.
Segundo Luiza Bairros, uma das alternativas na sua gestão será "agregar ao Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial os setores de acordo com as características de sua atuação”, "sem desrespeitar a representatividade dos que estão dentro”.
Ela citou, em especial, a Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros e a Rede Nacional de Religiões Afro de Saúde. "Você não pode substituir uma coisa pela outra”, acrescentou.
Em resposta a pergunta da Assessora de Ações Afirmativas de Botucatu, Conceição Vercesi, disse que o Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial (FIPPIR), que reúne Estados e municípios, voltará a ter centralidade na sua gestão.
Leia a 2ª parte da entrevista ao editor de Afropress, jornalista Dojival Vieira.
Afropress - O doutor Eduardo Silva, presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/SP, está encaminhando para a senhora a seguinte questão: o artigo 59 do Estatuto diz que o Poder Executivo criará instrumentos para aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei. A pergunta dele é: a senhora já tem idéia de quais serão esses instrumentos?
Ministra - Eu estou aqui relendo esse artigo 59 para poder me situar melhor em relação a pergunta que o doutor Eduardo mandou. Isso aqui tem a ver com a questão do monitoramento das políticas públicas.
Na verdade é mais do que monitoramento, é monitoramento e avaliação, que é exatamente uma dimensão que é bem pouco tratada, ainda é pouca tratada no Estado brasileiro e menos tratada ainda nessa área que agente opera da promoção da igualdade racial.
Para você fazer esse monitoramento, quer dizer, como você afere os efeitos positivos ou negativos de uma política sobre a população negra, é preciso que você tenha, para determinadas políticas ou programas que você selecione, alguns indicadores, que seriam indicadores desagregados por raça.
Então para eu poder saber exatamente, vamos dizer como é que... qual o exemplo que poderia dar? Vamos dizer o PROUNI. Qual é o tipo de impacto que o PROUNI tem sobre a inserção da população negra no ensino superior, é preciso que eu tenha, em primeiro lugar medido, qual era a situação antes do PROUNI acontecer, e depois do PROUNI, em o PROUNI acontecendo, como é que eu vou ter indicadores de estudantes negros de famílias de tal classe de renda; estudantes negros do sexo feminino de determinadas regiões etc. Então é esse tipo de coisa que tem nos faltado ainda.
Nós temos, inclusive, aqui na SEPPIR, discutido bastante a esse respeito. Já existe aqui instituída uma Câmara, não é Câmara, é Comitê de Avaliação e Monitoramento do Plano de Igualdade Racial e a gente está estudando formas, inclusive, de fazer com que, na verdade, quem realize esse trabalho seja o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, porque lá você tem uma representação um pouco mais robusta de sociedade civil, para além do Governo.
E aí, sim, é que entra um trabalho político muito forte de fazer com que nessas políticas, que nós selecionarmos para avaliação e monitoramento, os Ministérios que as executam concordarem em utilizar esses indicadores desagregados por raça. Isso é o cerne da nossa dificuldade, não é?
É o cerne da nossa dificuldade porque, em incorporando esse tipo de indicador, é óbvio que fica todo mundo mais visível do ponto de vista do que é o resultado de sua ação. Então, não é muito tranqüilo você convencer os seus pares na adoção desse tipo de coisa.
Mas, é... quer dizer, a SEPPIR já tem oito anos e é em cima desses oito anos aí que agente vai ter de ver o que foi capaz, realmente, de produzir nessa direção.
Afropress - Ministra, a Conceição Vercesi, ela é assessora de Políticas de Promoção da Igualdade e Ações Afirmativas da Prefeitura de Botucatu, interior de S. Paulo. Ela, primeiramente, parabeniza a sua assunção ao cargo, deseja sucesso e sabedoria. A pergunta dela é a seguinte:
Gostaria de saber de que forma a Ministra pretende se aproximar dos municípios e como a SEPPIR pode estabelecer um canal de diálogo direto com os mesmos, não para atendimento de demandas específicas de cada um, mas para fortalecimento. Muitos municípios, e posso falar por Botucatu, têm feito a lição de casa na Promoção da Igualdade, conforme Relatório de Gestão encaminhado a SEPPIR em Dezembro de 2010. Sei que a Conferência Nacional é um canal eficiente e muito bem elaborado, mas ela precisa ter continuidade e monitoramento após sua realização.
Ministra - Ok. Eu acho que a Conceição traz aqui uma questão bastante importante para a gente. Então, o que é que acontece? Você tem nesse Estatuto uma definição em relação a que se formule um Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Com todas as críticas que, legitimamente, eu acho que são colocadas, em relação ao Estatuto, acho muito importante recuperar essa coisa que ele traz desse Sistema.
Porque agente tem a partir disso aí a possibilidade de fazer com que a gente pense a promoção da igualdade racial articulando as competências de todos os atores. Qual é o papel do Governo Federal, qual é o papel dos Estados, qual é o papel dos municípios.
E ao fazer isso – é uma coisa que a gente tomou um pouco a discussão que já estava sendo feita na gestão anterior e está agora buscando dar uma ampliada nisso aí, até para poder agregar outros atores na discussão, porque isso vai, necessariamente, levar à retomada do fortalecimento do Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial, que é o FIPPIR, que é um processo que foi, de uma certa forma interrompido, com a saída da ex ministra Matilde Ribeiro. É esse trabalho de investimento mesmo nos municípios e nos Estados para que eles sejam os executores mais diretos dessa política.
Quando agente retoma essa discussão pela via do sistema, o FIPPIR vai novamente ganhar centralidade na SEPPIR.
Uma das coisas que agente tem pensado – e aqui é muito uma questão que eu fico pedindo às pessoas que nos deem só mais um pouquinho de tempo para a gente conseguir acertar essas prioridades aqui, para que possamos, a partir de março então, já começar o diálogo, retomar, na verdade, o diálogo com os governos estaduais, e com os municípios onde esses organismos já existem com uma certa robustez, para que a gente dê uma fortalecida nisso primeiro, e esses possam servir como efeito demonstração para os demais.
E é dentro dessa perspectiva, inclusive, a gente está pensando, que vai ser um ano de corte no orçamento, então agente vai ter de utilizar isso com um direcionamento muito bem alinhado.
Uma das coisas que eu penso – e isso ainda vai ser objeto de discussão com a direção aqui da SEPPIR – é exatamente de a gente fazer alguns convênios com esses municípios, esses Estados, onde o trabalho já está um pouco mais adiantado, para que nós possamos, através desses convênios, não apenas facilitar determinadas ações, onde nós repassaríamos algum recurso, para facilitar algumas ações no sentido de equipar esses lugares, para que eles possam ter as condições de trabalho que são necessárias, porque por incrível que pareça nem sempre isso acontece, para que possam ter recursos para contratação de profissionais que possam auxiliar na formatação de seus próprios planos de igualdade racial, e assim por diante. Então, isso, realmente, está efetivamente no nosso radar.
E a gente vai, a partir de março, já colocar essas idéias na rua.
Afropress: Ministra, o João Jorge, o nosso companheiro do Olodum, que a senhora conhece bem, lá de Salvador, ele gostaria de saber como é que a senhora pretende se relacionar, a frente da SEPPIR, com os setores não partidários do Movimento Negro. Nós sabemos que existem várias entidades que não pautam sua atuação pela discussão política e pela agenda dos partidos. Ele, inclusive na pergunta, cita Educafro, o próprio Olodum, o Ilê, cita a Afropress, e gostaria de saber como é que a senhora pretende se relacionar com esses setores.
Ministra - Olha, esse é um desafio grande, muito grande, porque na verdade, você tem instituído na SEPPIR os mecanismos de relação com a sociedade civil que é o Conselho, que é o Conselho Nacional, que inclusive, foi recomposto no final da gestão passada, a partir de uma chamada pública onde se credenciaram organizações que são consideradas de caráter nacional.
Acontece que essas organizações de caráter nacional, elas não tem, digamos, a capacidade de trazer dentro de si todas as expressões do movimento negro brasileiro.
Então, fica de fora dessa representação, organizações individuais que tem uma expressão política muito grande no Brasil, mas que não se constituem como nacionais. Então, isso é uma outra parte. Estou levantando essas coisas para a gente ver que a gente navega num terreno, que é um terreno sempre contraditório, não tem nada muito tranquilo aqui prá ser visto
Afropress - Nada é fácil prá nós.
Ministra: Não, não tem sido. Não tem sido, infelizmente. Para você ter uma idéia a Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros não está no Conselho, a Rede Nacional de Religiões Afro de Saúde não está no Conselho. Então, você tem entidades representativas dentro do conselho, mas tem outras entidades representativas fora do Conselho.
O que você tem de fazer? Você vai ter de agregar esses setores de acordo com as características da sua atuação no interior da sociedade brasileira. E fazer isso sem desrespeitar a representatividade que esses setores da sociedade civil que estão dentro do conselho devem ter, ok? Você não pode substituir uma coisa pela outra.
Então, o que agente tem procurado fazer? Em primeiro lugar estou esperando que aconteça a primeira reunião do Conselho Nacional, que deve ser agora no início de março. Era para ter sido no início de fevereiro, mas por conta do Fórum Social e por conta também de a gente querer, quando o Conselho chegasse, se apresentar com uma cara um pouco mais arrumada, resolvi transferir isso prá março.
Vamos ter essa primeira reunião com o Conselho, discutir com o Conselho uma série de coisas. O Conselho é dividido em Câmaras temáticas ou comitês temáticos, a depender dos assuntos que existam para tratar.
E aí agente vai, na medida desse diálogo que tenhamos com ele, verificar a possibilidade de, para determinados temas, também chamar outros setores para opinar, para colocar suas próprias reivindicações, suas próprias visões de como determinadas visões devam ser tratadas pela SEPPIR.
Só para exemplificar, a gente quer fazer aqui uma avaliação do que são as iniciativas diretas da SEPPIR nessa área de Educação, por exemplo, e para fazer isso, agente vai chamar a ABPN [Associação Brasileira de Pesquisadores Negros], entendeu?
Quer dizer, para além dos setores que estejam no Conselho trabalhando com esses assuntos, a gente chama a ABPN também, para vir, para dizer para a gente, vamos reforçar determinadas áreas, vamos desistir de determinadas coisas, quer dizer, esse tipo de opinião é importante.
Então é nesse sentido e dessa forma que a gente pretende ir agregando, os olhares etc. Tem, inclusive, nessa área de vocês aí da comunicação, tem uma reivindicação que está posta também com relação a isso; a juventude hoje, por sinal, hoje vou estar recebendo um dos setores dessa juventude negra que também quer esse tipo de diálogo. Então, agente vai montando esse quebra cabeça, aí, no decorrer.
Afropress - Ministra, o Presidente do CONDEPE de S. Paulo, o CONDEPE é o Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana, Ivan Seixas, encaminhou a seguinte questão para a senhora.
A senhora deve ter acompanhado os episódios envolvendo atos de violência mesmo, baseados na discriminação racial, contra negros nos supermercados, praticados por seguranças, especialmente.
O Ivan, o CONDEPE, que está acompanhando esse caso, que está também solidário e apoiando essa luta no sentido de se fazer justiça, pergunta a senhora ministra, o que a SEPPIR e a senhora como ministra, o que pode ser feito, no sentido não só, da solidariedade ativa e efetiva, mas também no sentido da SEPPIR ser um instrumento para coibir essas ações, que acontecem cada vez com mais frequência nas relações de consumo.
Nós sabemos que as empresas de segurança, todas elas operam por licença do Ministério da Justiça, e nós sabemos também que, lamentavelmente, esses seguranças são totalmente despreparados para lidar com as pessoas e continuam, assim como a polícia, também vendo o negro como suspeito padrão.
Então a pergunta dele é nesse sentido. O que a senhora como ministra pode fazer no sentido de que essas questões definitivamente sejam resolvidas, não aconteçam mais violências, mais humilhações contra ninguém, muito menos contra os negros, a partir dessa visão, ainda muito arraigada, do negro como suspeito padrão.
Ministra – Você citou aí, dois casos emblemáticos que aconteceram em redes de supermercados, mas agente ainda teria de acrescentar aí os bancos também, que é um outro espaço onde se revela o tipo de inadequação da presença negra num determinado lugar, não é verdade.
Nós somos inadequados para os bancos, nós somos inadequados para os supermercados, somos inadequados para qualquer tipo de lugar, no qual historicamente, a presença branca foi predominante.
O que agente está querendo ver, se utiliza até como fator de motivação, a ocorrência esse ano do Ano Internacional dos Afrodescendentes, que é exatamente no sentido de fazer o seguinte. Olha, vamos ver o que é possível para chamar esses setores, quando digo esses setores estou falando da Federação dos Bancos, as empresas de segurança privada, as instituições policiais, e a nossa chamada para esse ano é uma chamada no sentido do que cada setor pode fazer para que agente supere esse tipo de situação.
É algo que nós faríamos independente do ano, mas já que o ano foi instituído, vamos tentar ver como é que agente utiliza simbolicamente em nosso favor essa chamada, para poder fazer com que esses setores se coloquem no lugar onde devem se colocar, que é de exatamente coibir esse tipo de atuação dos seus funcionários, dos seus empregados, que se coloca dentro daquilo que agente convencionou chamar de racismo institucional mesmo.
Então, eu acho que é por aí que a gente tem de caminhar. As Centrais sindicais, tive oportunidade de encontrar com representantes, já falei a respeito disso, porque acho que as centrais sindicais vão ter de nos ajudar também nesse sentido, entendeu?
Porque se trata da ação de trabalhadores e nós vamos ter que achar, a partir das Centrais, a partir dos sindicatos e das associações patronais qual é o tipo de responsabilidade que cada um vai assumir no combate a esse tipo de comportamento, que é violência, que é um comportamento baseado na violência racial. Eu acho que o leque de intervenção nosso aqui, é imenso.
Uma coisa que eu acho importante que tem acontecido nesses últimos casos, e que acho que convém registrar é que nós temos cada vez menos casos passando desapercebidos.
Porque você já tem nos Estados, a organização do Movimento Negro, a existência de profissionais na área do Direito, a existência de Conselhos, comitês, coisas desse tipo, instituições como a OAB, ou em órgãos governamentais como Secretaria de Justiça etc, tudo isso, acho que tem contribuído para que exista uma pronta resposta, uma resposta mais imediata e acho que isso tem que ser contabiizado no quadro dessas mudanças recentes pelas quais agente tem vivido.
Porque não apenas o racismo se acirra, o racismo se acirra, e muito, é justamente por conta da capacidade de resposta nossa que aumenta. Ele tem isso como característica. Ele como fenômeno social ele tem essa elasticidade. Quanto mais você se prepara para combater, mais ele vai encontrando lugares e formas de se manifestar.
Eu acho muito bom que agente esteja cada vez mais preparado para ir respondendo, mas sabendo que, à altura da nossa resposta, também virão outras manifestações.
Afropress - O presidente da Central Sindical, a UGT, Ricardo Patah, que também preside o Sindicato dos Comerciários, que é um Sindicato pioneiro na defesa de cotas, inclusive, cotas nas negociações dos acordos coletivos de trabalho, pediu para transmitir a senhora o convite para que a senhora visite o Sindicato dos Comerciários, onde há uma Secretaria da Diversidade Humana, na Central, que é a terceira central sindical mais importante do país, e o Sindicato também de S. Paulo, com uma base de 450 mil trabalhadores, se sentiria muito honrado segundo Patah, e nós, todos de receber sua visita.
Ministra - Vamos ver. Na próxima oportunidade que acontecer. Eu já tive, na verdade, convite da parte deles, para participar de atividades ainda quando morava na Bahia. Então, acho que, na medida que a gente consiga outras oportunidades, também podemos seguir nessa conversa.
Afropress - O Magno Lavigne pergunta se a senhora pretende mudar os critérios de participação no CNPIR [Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial], onde só está presente a CUT – as demais Centrais não se fazem representar.
E já encadeando prá facilitar a sua tarefa, eu gostaria de saber que mudanças a senhora pretende fazer, já que foram feitas algumas mudanças essa semana de dirigentes, se sua equipe já está composta definida; se da equipe anterior fica alguém, se mantém alguém. Como é que a senhora pretende encaminhar isso.
Ministra – Na verdade, existe um critério que foi adotado por todos os ministérios na composição dos conselhos, que são essas chamadas públicas que descrevem alguns critérios e características que as organizações devem ter para poder se credenciar para participar do Conselho.
Eu acho que é uma questão, nesse sentido, é que entraram organizações que não são... organizações do tipo sindicais, organizações estudantis nacionais, a UNE também faz parte dessa nova composição do Conselho.Essa composição, ela vai permanecer pelo tempo que terá de permanecer, que são dois anos, o mandato é um mandato de dois anos. Então, nós só poderemos rediscutir esses critérios para a chamada das organizações ao final desse período, né?, que agente vai ter efetivamente que honrar isso, para saber exatamente com que tipo de critério que se vai trabalhar.
Se você teve uma central sindical durante dois anos, se nos próximos dois anos essa representação sindical seria dada por outras centrais. Então, isso é uma coisa que no momento agente certamente vai colocar em discussão.
Afropress - Ministra, quero agradecer a sua atenção e desejar a senhora, mais uma vez, uma excelente gestão e colocar a Afropress à sua disposição. A Afropress é um veículo independente. Estamos há cinco anos fazendo jornalismo com foco na temática étnico-racial brasileira, combatendo o racismo, fazendo jornalismo, especialmente. Portanto, gostaria de colocar o veículo à sua disposição. A SEPPIR é a principal pauta nossa, por razões óbvias.
Nós gostaríamos de, ao colocar à disposição, pedir que se estabeleça uma relação mais fluída, mais frequente, mais direta, com mais confiança de ambos os lados, para que possamos contribuir para o avanço dessa causa, que é de todos nós.
Ministra - A nossa intenção é essa também. Agora, como eu disse, eu passei esse primeiro mês aqui, ainda com a equipe da gestão anterior, que é uma coisa que eu achei que deveria deixar que as pessoas permanecessem, não só prá gente poder fazer esse processo de transição de uma forma mais completa possível, mas também prá dar as pessoas o tempo que elas necessitavam para se organizar, para poder sair daqui e abraçar outras oportunidades.
Então, esse é o primeiro mês. O segundo mês é o da chegada mesmo da minha equipe, que é quando agente vai alinhar as ações, a forma de atuação etc. Dentro desse alinhamento existe também uma mudança que agente quer provocar no setor de comunicação da SEPPIR, porque você não tinha uma comunicação voltada para essa relação, percebe?
É um setor de comunicação voltado para dentro do ministério, não para fora dele. Então esse é o tempo também que eu preciso para poder fazer esse realinhamento de maneira que vocês possam ter com o setor de comunicação daqui uma relação que alimente do ponto de informações, e coisas desse tipo. Tá bom?
Fonte: Afropress - Agência de Informação Multiétnica
"Liberdade é pouco, o que desejo não tem nome" - Clarice Lispector
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Palmares disponibiliza DVD de show com sete divas negras da Música Popular Brasileira. Confira aqui!
Por Daiane Souza
Fruto do concerto que reuniu sete divas negras da MPB para celebrar o 22° aniversário da Palmares, o DVD Mães D’Água – Yèyé Omó Ejá poderá ser assistido diretamente do portal da instituição, através da rede social Youtube. Os melhores momentos do show foram editados e estão disponibilizados, desde hoje (23 de fevereiro), no endereço eletrônico da Fundação.
Lançado em dezembro de 2010, o DVD tem uma hora de duração e traz a celebração em homenagem a Iemanjá – a rainha do mar, segundo as religiões de matriz africana. No palco, Daúde, Margareth Menezes, Mart´nália, Luciana Mello, Rosa Marya Colyn e Paula Lima, negras de diferentes gerações e estilos, representando sete arquétipos da iyabá (o mito, a mulher).
A lenda é contada no decorrer do vídeo por Mãe Railda, sacerdotisa do Ilê Axé Opô Afonjá – Ilê Oxum, de Brasília, intercalando os solos e duetos das cantoras. Entre as músicas mais conhecidas estão Conto de areia, composta por Toninho Nascimento e Romildo Bastos; Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius de Morais; e Caminhos do Mar, de Dudu Falcão.
O show foi realizado em Brasília (DF), em agosto de 2010, e reprisado em Salvador (BA), em dezembro do mesmo ano. O momento mais emocionante foi o do encerramento, quando as sete divas interpretaram, juntas, as canções Lenda das sereias, de Vicente, Dionel e Veloso; e Dois de fevereiro, de Dorival Caymmi – todas em homenagem a Iemanjá. Vale a pena conferir!
Fruto do concerto que reuniu sete divas negras da MPB para celebrar o 22° aniversário da Palmares, o DVD Mães D’Água – Yèyé Omó Ejá poderá ser assistido diretamente do portal da instituição, através da rede social Youtube. Os melhores momentos do show foram editados e estão disponibilizados, desde hoje (23 de fevereiro), no endereço eletrônico da Fundação.
Lançado em dezembro de 2010, o DVD tem uma hora de duração e traz a celebração em homenagem a Iemanjá – a rainha do mar, segundo as religiões de matriz africana. No palco, Daúde, Margareth Menezes, Mart´nália, Luciana Mello, Rosa Marya Colyn e Paula Lima, negras de diferentes gerações e estilos, representando sete arquétipos da iyabá (o mito, a mulher).
A lenda é contada no decorrer do vídeo por Mãe Railda, sacerdotisa do Ilê Axé Opô Afonjá – Ilê Oxum, de Brasília, intercalando os solos e duetos das cantoras. Entre as músicas mais conhecidas estão Conto de areia, composta por Toninho Nascimento e Romildo Bastos; Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius de Morais; e Caminhos do Mar, de Dudu Falcão.
O show foi realizado em Brasília (DF), em agosto de 2010, e reprisado em Salvador (BA), em dezembro do mesmo ano. O momento mais emocionante foi o do encerramento, quando as sete divas interpretaram, juntas, as canções Lenda das sereias, de Vicente, Dionel e Veloso; e Dois de fevereiro, de Dorival Caymmi – todas em homenagem a Iemanjá. Vale a pena conferir!
A Rota do Escravo. rumo ao Mar das Caraibas
UNESCO / PROJECTO “A ROTA DO ESCRAVO” HISTORIADOR ANGOLANO CO-DIRIGE REUNIAO EM BOGOTA
O americanista Simão Souindoula, Vice-presidente do Comité Cientifico Internacional deste emblemático programa cultural onusiano, deixa Luanda, no domingo, dia 27 de Fevereiro próximo, a destino da capital colombiana, onde participara a uma reunião desta instância.
Este conclave, que se estalara de 28 Fevereiro a 3 de Marco, respectivamente, em Bogotá e Cartagena de Índias, reagrupara os vinte membros deste painel, que acaba de ser reestruturado pela Professora Irina Bokova, Directora Geral da Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciencia e Cultura
As personalidades deste conselho, nomeados por mérito próprio, sao originárias de África do Sul, Angola, Austrália, Barbados, Brasil, Canada, Colômbia, Cuba, Espanha, Estados Unidos de América, Franca, Haiti, Madagáscar, Marrocos, México, Nigéria, Noruega, Sri Lanka, Tanzânia e Uruguai. Notar-se-a, dentre dos ponto na ordem de dia do encontro, o exame do balanço das acções realizadas pelo Projecto durante o biénio 2009 / 2010 ; na qual sobressai a avaliação do apoio acordado as diversas celebrações dos Bicentenários da abolição da escravidão e as ligadas a proclamação das independências dos Estados americanos e caribenhos assim que a apreciação do estado de avanco do dossier de erecção, na sede das Nações Unidas, a Nova Iorque, de um Monumento dedicado a memoria dos centenas de milhares de vitimas do « Captive Passage ».
Os principais eixos do programa operacional, 2011 / 2013, serão fixados numa dinâmica dominada pelo prosseguimento ou a implementação de acções próprias da Place Fontenoy e o apoio parceiro a centenas de projectos provenientes de horizonte diverso, surgidas após da Declaração pelas Nações Unidas do Ano 2011, como a consagrada, prioritariamente, as populações afro descendente.
AUTO – ESTIMA
E, o tratamento deste processo que da toda a importância ao encontro, diptico.
As acções a reter pelo Comité, neste quadro, visarão a reforçar a dignidade, a consideração, a plena integracão social e a auto- estima das populações afro descendente. E, de reter, dentre as centenas de acções, inovadoras e estruturantes, de conservação e de exploração documentaria, de investigação histórica, antropológica e linguística assim como as ligadas as produções culturais, as relativas ao realce da contribuição das “pecas de Índias” na mineralurgia, agrologia, epidemiologia, a fisioterapia, etc.
De sublinhar que os membros do Comité terão no seu programa de estadia em Cartagena, uma sessão de trabalho com os líderes da comunidade e das associações niger, uma conferência – debate na Universidade Nacional e uma visita dos vestígios esclavagistas deste significativo porto do Mar das Caraíbas. Cidade classificada pela UNESCO como património da humanidade, o burgo –
embarcadoiro, fortificado, teve o contra-golpe da sua longa voracidade das encomendas de milhares « madeiras de ebano ».
Com efeito, o famoso São Basílio de Palenque, um dos primeiros territórios a auto constituir-se livre da tirania, nas Américas, no decurso do século XVII, consolidou-se, e isso, de forma definitiva, apenas a 100 km do litoral negreiro. Perpetuando um crioulo cuja base lexical africana e próxima do kikongo e kimbundu assim que o conjunto das suas tradições antropológicas, o inexpugnável
bastião dos “ chi ma ri Congo”, “chi ma ri Angola” e “ chi ma ri Luango” foi, igualmente, e a justo titulo, classificado pela organização onusiana no Património da Humanidade, na sua vertente « Intangível ». E, ali, neste pedaço de Angola, perdido no setentrião da Colômbia, que foi assinado em Setembro de 2008, a Declaração Final da Encontro Internacional "Agenda Afro descendente nas Americas e Caraibas", e na qual o actual Vice-Presidente do CCI do Projecto da “Rota”, representou a Primeira Dama de
Angola, Ana Paula dos Santos. Baseando-se nesta realidade, sintomática da forte articulação da Colónia portuguesa de Angola no abastecimento em mão de obra escrava do Novo Mundo, Simão Souindoula submetera aos seus pares, a formalização da parceria já
funcional entre o Projecto da Place Fontenoy e a iniciativa Triangulo Kanawa, assente na península de Mussulo, na periferia sul da capital angolana, o maior projecto de turismo de memória, esclavagista, actualmente em África.
Com, mais uma vez, a expressao de toda a minha consideracao.
Simao SOUINDOULA
Vice-Presidente
Comite Cientifico Internacional
Projecto da UNESCO " A Rota do Escravo "
C.P. 2313 Luanda (Angola)
Te.: + 244 929 79 32 77
WEB: http://www.multiculturas.com
LISTA DE MENSAGENS: visite e leia outras mensagens em
http://groups.yahoo.com/group/multiculturais/
CENTRO DE ESTUDOS MULTICULTURAIS
15 anos estudando as culturas periféricas e as migrações
O americanista Simão Souindoula, Vice-presidente do Comité Cientifico Internacional deste emblemático programa cultural onusiano, deixa Luanda, no domingo, dia 27 de Fevereiro próximo, a destino da capital colombiana, onde participara a uma reunião desta instância.
Este conclave, que se estalara de 28 Fevereiro a 3 de Marco, respectivamente, em Bogotá e Cartagena de Índias, reagrupara os vinte membros deste painel, que acaba de ser reestruturado pela Professora Irina Bokova, Directora Geral da Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciencia e Cultura
As personalidades deste conselho, nomeados por mérito próprio, sao originárias de África do Sul, Angola, Austrália, Barbados, Brasil, Canada, Colômbia, Cuba, Espanha, Estados Unidos de América, Franca, Haiti, Madagáscar, Marrocos, México, Nigéria, Noruega, Sri Lanka, Tanzânia e Uruguai. Notar-se-a, dentre dos ponto na ordem de dia do encontro, o exame do balanço das acções realizadas pelo Projecto durante o biénio 2009 / 2010 ; na qual sobressai a avaliação do apoio acordado as diversas celebrações dos Bicentenários da abolição da escravidão e as ligadas a proclamação das independências dos Estados americanos e caribenhos assim que a apreciação do estado de avanco do dossier de erecção, na sede das Nações Unidas, a Nova Iorque, de um Monumento dedicado a memoria dos centenas de milhares de vitimas do « Captive Passage ».
Os principais eixos do programa operacional, 2011 / 2013, serão fixados numa dinâmica dominada pelo prosseguimento ou a implementação de acções próprias da Place Fontenoy e o apoio parceiro a centenas de projectos provenientes de horizonte diverso, surgidas após da Declaração pelas Nações Unidas do Ano 2011, como a consagrada, prioritariamente, as populações afro descendente.
AUTO – ESTIMA
E, o tratamento deste processo que da toda a importância ao encontro, diptico.
As acções a reter pelo Comité, neste quadro, visarão a reforçar a dignidade, a consideração, a plena integracão social e a auto- estima das populações afro descendente. E, de reter, dentre as centenas de acções, inovadoras e estruturantes, de conservação e de exploração documentaria, de investigação histórica, antropológica e linguística assim como as ligadas as produções culturais, as relativas ao realce da contribuição das “pecas de Índias” na mineralurgia, agrologia, epidemiologia, a fisioterapia, etc.
De sublinhar que os membros do Comité terão no seu programa de estadia em Cartagena, uma sessão de trabalho com os líderes da comunidade e das associações niger, uma conferência – debate na Universidade Nacional e uma visita dos vestígios esclavagistas deste significativo porto do Mar das Caraíbas. Cidade classificada pela UNESCO como património da humanidade, o burgo –
embarcadoiro, fortificado, teve o contra-golpe da sua longa voracidade das encomendas de milhares « madeiras de ebano ».
Com efeito, o famoso São Basílio de Palenque, um dos primeiros territórios a auto constituir-se livre da tirania, nas Américas, no decurso do século XVII, consolidou-se, e isso, de forma definitiva, apenas a 100 km do litoral negreiro. Perpetuando um crioulo cuja base lexical africana e próxima do kikongo e kimbundu assim que o conjunto das suas tradições antropológicas, o inexpugnável
bastião dos “ chi ma ri Congo”, “chi ma ri Angola” e “ chi ma ri Luango” foi, igualmente, e a justo titulo, classificado pela organização onusiana no Património da Humanidade, na sua vertente « Intangível ». E, ali, neste pedaço de Angola, perdido no setentrião da Colômbia, que foi assinado em Setembro de 2008, a Declaração Final da Encontro Internacional "Agenda Afro descendente nas Americas e Caraibas", e na qual o actual Vice-Presidente do CCI do Projecto da “Rota”, representou a Primeira Dama de
Angola, Ana Paula dos Santos. Baseando-se nesta realidade, sintomática da forte articulação da Colónia portuguesa de Angola no abastecimento em mão de obra escrava do Novo Mundo, Simão Souindoula submetera aos seus pares, a formalização da parceria já
funcional entre o Projecto da Place Fontenoy e a iniciativa Triangulo Kanawa, assente na península de Mussulo, na periferia sul da capital angolana, o maior projecto de turismo de memória, esclavagista, actualmente em África.
Com, mais uma vez, a expressao de toda a minha consideracao.
Simao SOUINDOULA
Vice-Presidente
Comite Cientifico Internacional
Projecto da UNESCO " A Rota do Escravo "
C.P. 2313 Luanda (Angola)
Te.: + 244 929 79 32 77
WEB: http://www.multiculturas.com
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http://groups.yahoo.com/group/multiculturais/
CENTRO DE ESTUDOS MULTICULTURAIS
15 anos estudando as culturas periféricas e as migrações
CINEMA AFRICANO
CINE ÁFRICA
O Cine África tem como objetivo divulgar prioritariamente filmes produzidos na África, que tem a circulação reduzida no Brasil, legendados em português.
http://cine-africa.blogspot.com/
O Cine África tem como objetivo divulgar prioritariamente filmes produzidos na África, que tem a circulação reduzida no Brasil, legendados em português.
http://cine-africa.blogspot.com/
III Seminário Nacional Literatura e Cultura - Senalic
http://www.ufs.br/?pg=evento&id=1860
III Seminário Nacional Literatura e Cultura - Senalic
FRONTEIRAS E MARGENS CULTURAIS
O Grupo de Estudos de Literatura e de Cultura (GELIC/UFS/CNPq), o Núcleo de Pós-Graduação em Letras (NPGL/UFS) e o Núcleo de Estudos sobre Crimes, Pecados e Monstruosidades (CPM/UFMG) apresentam o III SENALIC – Seminário Nacional Literatura e Cultura a fim de priorizar os estudos literários e artísticos a partir de suas fronteiras e tensões entre o estético e o cultural. Esta edição acontecerá no Campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe, no período de 06 a 08 de junho de 2011, com conferências, mesas-redondas e sessões de comunicação relacionadas a simpósios. Neste evento, haverá ainda uma homenagem ao artista plástico sergipano Cícero Alves dos Santos, reconhecido nacionalmente como Véio.
O III SENALIC reúne pesquisadores interessados em discutir as relações entre literatura e cultura como objeto de análise. Os trabalhos devem estar articulados com os simpósios privilegiados nesta edição. Estão abertas inscrições para apresentação de comunicações e para ouvintes. Inscrições em minicursos serão opcionais e terão certificados à parte. Poderão se inscrever graduandos e graduados em letras e áreas afins, pós-graduandos, pós-graduados e professores universitários. Quem participar de todas as atividades deste evento terá direito a certificado de 30 horas.
Esta edição do SENALIC prioriza as fronteiras e tensões entre os textos literários e culturais. No processo de construção artística, a forma como a cultura fica plasmada chama atenção quando estudamos as relações entre literatura e suas interfaces culturais como a memória, o imaginário cultural, as representações do mal, a construção das identidades de gênero, entre outras. Tais fronteiras entre o texto literário e a sociedade têm revigorado novas abordagens literárias como os estudos míticos, pós-coloniais e feministas que contribuem para a renovação das teorias culturais.
INSCRIÇÕES
O evento acontecerá no Campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe, nos dias 06, 07 e 08 de junho de 2011. Estamos recebendo propostas de comunicação. Podem se inscrever para apresentar trabalhos graduandos, graduados, pós-graduandos, pós-graduados, professores universitários e demais pesquisadores. Este evento fornecerá certificado de 30 horas aos participantes que estiverem presentes em pelo menos 75 % (setenta e cinco por cento) das atividades desenvolvidas nos três dias.
Critérios de publicação:
Cada pesquisador só poderá apresentar um trabalho como autor ou co-autor. Na seleção, vamos priorizar as propostas inéditas e poderão ser rejeitados resumos e/ou textos completos já publicados na íntegra em outro evento.
Só serão incluídos, na programação, trabalhos cujo valor da inscrição tiver sido pago no prazo previsto.
O certificado de apresentação será fornecido somente se o trabalho for apresentado pelo autor, não sendo permitida a apresentação de trabalho feita por terceiro.
Os trabalhos selecionados pelo Conselho Científico serão publicados nos Anais do evento com ISSN em formato de CD ROM.
Não haverá devolução do valor pago por motivos de desistência nem por equívocos de inscrição.
Veja todas as informações sobre inscrição, inclusive para ouvintes, e critérios de publicação na página oficial do evento.
PROGRAMAÇÃO
Conheça a programação completa na página oficial do evento.
ORGANIZAÇÃO
Contatos: secretaria do Mestrado em Letras (NPGL): (79) 2105-6860; e-mails: senalic@gmail.com ou npgletras@ufs.br.
III Seminário Nacional Literatura e Cultura - Senalic
FRONTEIRAS E MARGENS CULTURAIS
O Grupo de Estudos de Literatura e de Cultura (GELIC/UFS/CNPq), o Núcleo de Pós-Graduação em Letras (NPGL/UFS) e o Núcleo de Estudos sobre Crimes, Pecados e Monstruosidades (CPM/UFMG) apresentam o III SENALIC – Seminário Nacional Literatura e Cultura a fim de priorizar os estudos literários e artísticos a partir de suas fronteiras e tensões entre o estético e o cultural. Esta edição acontecerá no Campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe, no período de 06 a 08 de junho de 2011, com conferências, mesas-redondas e sessões de comunicação relacionadas a simpósios. Neste evento, haverá ainda uma homenagem ao artista plástico sergipano Cícero Alves dos Santos, reconhecido nacionalmente como Véio.
O III SENALIC reúne pesquisadores interessados em discutir as relações entre literatura e cultura como objeto de análise. Os trabalhos devem estar articulados com os simpósios privilegiados nesta edição. Estão abertas inscrições para apresentação de comunicações e para ouvintes. Inscrições em minicursos serão opcionais e terão certificados à parte. Poderão se inscrever graduandos e graduados em letras e áreas afins, pós-graduandos, pós-graduados e professores universitários. Quem participar de todas as atividades deste evento terá direito a certificado de 30 horas.
Esta edição do SENALIC prioriza as fronteiras e tensões entre os textos literários e culturais. No processo de construção artística, a forma como a cultura fica plasmada chama atenção quando estudamos as relações entre literatura e suas interfaces culturais como a memória, o imaginário cultural, as representações do mal, a construção das identidades de gênero, entre outras. Tais fronteiras entre o texto literário e a sociedade têm revigorado novas abordagens literárias como os estudos míticos, pós-coloniais e feministas que contribuem para a renovação das teorias culturais.
INSCRIÇÕES
O evento acontecerá no Campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe, nos dias 06, 07 e 08 de junho de 2011. Estamos recebendo propostas de comunicação. Podem se inscrever para apresentar trabalhos graduandos, graduados, pós-graduandos, pós-graduados, professores universitários e demais pesquisadores. Este evento fornecerá certificado de 30 horas aos participantes que estiverem presentes em pelo menos 75 % (setenta e cinco por cento) das atividades desenvolvidas nos três dias.
Critérios de publicação:
Cada pesquisador só poderá apresentar um trabalho como autor ou co-autor. Na seleção, vamos priorizar as propostas inéditas e poderão ser rejeitados resumos e/ou textos completos já publicados na íntegra em outro evento.
Só serão incluídos, na programação, trabalhos cujo valor da inscrição tiver sido pago no prazo previsto.
O certificado de apresentação será fornecido somente se o trabalho for apresentado pelo autor, não sendo permitida a apresentação de trabalho feita por terceiro.
Os trabalhos selecionados pelo Conselho Científico serão publicados nos Anais do evento com ISSN em formato de CD ROM.
Não haverá devolução do valor pago por motivos de desistência nem por equívocos de inscrição.
Veja todas as informações sobre inscrição, inclusive para ouvintes, e critérios de publicação na página oficial do evento.
PROGRAMAÇÃO
Conheça a programação completa na página oficial do evento.
ORGANIZAÇÃO
Contatos: secretaria do Mestrado em Letras (NPGL): (79) 2105-6860; e-mails: senalic@gmail.com ou npgletras@ufs.br.
2011 AÑO INTERNACIONAL DE LOS AFRODESCENDIENTES
La Asamblea General de Naciones Unidas aprobó la resolución 64/169 por La que se proclama 2011 como el año internacional de los afrodescendientes “com miras a fortalecer las medidas nacionales y la cooperación nacional e internacional en beneficio de los afrodescendientes en relación con el goce pleno de sus derechos económicos, culturales, sociales, civiles y políticos, su participación e integración en todos los aspectos políticos, económicos, sociales y culturales de la sociedad, y la promoción de mayor conocimiento y respeto de la diversidad de su herencia y cultura”(Anexo I).
Por su parte, la Organización de Estados Americanos (OEA) cuenta con um Proyecto para la incorporación de la temática afrodescendiente en lãs políticas y programas de la Organización de los Estados Americanos debido a que se incluye a los afrodescendientes entre los grupos más vulnerables del Hemisferio, siendo el objetivo final el incrementar la gobernabilidad democrática del Hemisferio.
PROPUESTAS de la Cátedra UNESCO de Estudios Afroiberoamericanos de La Universidad de Alcalá de investigación, docencia y difusión cultural para El reconocimiento, rehabilitación y divulgación de la afrodescendiencia en La población iberoamericana y de la africanía (legado africano en Iberoamérica) Como Cátedra UNESCO, creada mediante un convenio de la Universidad de Alcalá con la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura, se desearía cumplir con las directrices emanadas de la Asamblea General de acuerdo con la citada resolución.
Ello resulta imprescindible si tenemos en cuenta la anómala situación por La que se há atravesado hasta hoy en Europa, particularmente en España- y em menor medida en Iberoamérica desde hace dos décadas- y que aún sorprendentemente perdura caracterizándose por la extrema carencia de conocimientos sobre una de las tres raíces poblacionales y culturales de Iberoamérica, los afrodescendientes y la africanía, generando y desarrollando prejuicios y estereotipos que todavía persisten. Por estas
razones, se proponen desde la Cátedra UNESCO de Estudios Afroiberoamericanos de la Universidad de Alcalá, las siguientes acciones urgentes de actuación para el año 2011:
I. PUBLICACIONES
Publicaciones propuestas con carácter urgente de textos básicos sobre La africanía (a,b,c) ante la más que modesta bibliografía en lengua castellana, incluso en estas últimas dos décadas.
a. Africanía: el legado africano de Iberoamérica. Se trata del primer libro que se editaría en España que abarcaría la mayoría de los aspectos de La africanía (300 páginas), obra escrita por más de una veintena de autores iberoamericanos, africanos, norteamericanos y europeos.
b. Problemas teóricos y metodológicos en los estudios actuales sobre lingüística afroiberoamericana. Libro preparado por la Coordinadora cubana para la lengua española en el Programa Internacional de Investigación “Rehabilitación del patrimonio intangible afroiberoamericano: los bantuismos en el español y portugués de América”.
c. Introducción a la lingüística bantú. Libro preparado por el Coordinador congoleño para el África bantú del Programa Internacional de Investigación “Rehabilitación del patrimonio intangible afroiberoamericano: los bantuismos en el español y portugués de América”. Se intenta así colmar un vacío bibliográfico inexplicable en la lengua española y muy particularmente La falta total de especialistas sobre esta temática en España. Sólo se han publicado dos aproximaciones a la lingüística africana en 2007 y 2008, uno en Argentina y otro en España respectivamente y estamos ante una necesidad
que habría que remediar para un mejor conocimiento de la propia lengua española en América y el avance de la lingüística en términos de conocimiento científico.
d. Saberes endógenos, política y relaciones internacionales. Estudio, a través de fuentes orales, de la cultura y prácticas políticas y de relaciones exteriores de los pueblos africanos, presentando una visión integral de esta problemática en la dimensión contemporánea que aún no há sido abordada en España.
e. Glimpses of African Cultures. Libro para ser publicado en inglés y francés sobre aspectos culturales de los pueblos del Camerún y de algunos estados africanos, que incluye a medio centenar de autores en un texto de 300 páginas. El libro sería auspiciado por la Universidad de Yaundé I, CERDOTOLA (Centro Regional de Investigación y de Documentación sobre lãs tradiciones orales para el desarrollo de las lenguas africanas) y la Cátedra UNESCO de Estudios Afroiberoamericanos. La coordinación corre a cargo Del profesor Philip Mutaka de dicha universidad camerunesa. El objetivo de este libro no es otro que el de contribuir al conocimiento y rehabilitación de las culturas de los pueblos de África por autores africanos.
Se quisiera consignar que, auspiciados por la Cátedra y otras instituciones,
se han publicado en Brasil y Cuba, en el último cuatrimestre de 2009, dos libros especializados. El primero incluye una selección de comunicaciones presentadas en un congreso internacional co-organizado por la Cátedra y resultado, el segundo, de investigaciones y de trabajos de campo en Cuba, República Democrática del Congo y España en una cooperación tricontinental pero sobre todo Sur – Sur.
a. Angenot, Jean-Pierre; Beltrán, Luis; Teixeira, Marco Antônio (comp.):
Os iberoamericanismos de origem bantu e as linguas bantu,Edufro - Pedro/Joao Editores, Sao Carlos/Sao Paulo, 2009, 255 p.,
b. Valdés Acosta, Gema; Leyva Escobar, Myddri: Diccionario de bantuismos en el español de Cuba.Instituto Cubano de Investigación Cultural Juan Marinello, La Habana, 2009,
158 p.
II. DOCENCIA Y FORMACIÓN
Ante la insostenible falta de especialistas (el único investigador español
en lingüística afrohispánica falleció en 2008) y la ausencia de propuestas
metodológicas hispanas, la Cátedra dispone de equipos de profesores
especializados para la formación de investigadores y especialistas así como
para la preparación de material didáctico ad-hoc si hubiese interés real en
promover este aspecto de la investigación afroiberoamericana.
a. Área de lingüística afroibérica (afrohispánica y afrobrasileña): incluye
un equipo de tres especialistas en lingüística/etnolingüística (Brasil, Cuba y R.D.
del Congo) y uno en sociología (España), que abordarían la enseñanza de la
lingüística afrohispánica, afrobrasileña y africana (No se ha impartido
ningún tipo de docencia en estas especializaciones salvo el curso de
lingüística africana organizado por la Cátedra en febrero/marzo de 2010 y el
aprendizaje práctico desde 1984 de algunas lenguas africanas en España y
México). Ello constituye un caso único entre los países de cierta
importancia en Europa y, además, en el caso específico del español tratándose de una lengua internacional que ha sido objeto de aculturación africana. Por estos motivos resulta imprescindible contar en el futuro com algunos especialistas hispanohablantes en estas especialidades.
b. Área de relaciones internacionales: Seminario en el ámbito de las
relaciones Sur-Sur, concretamente en lo que atañe a las relaciones África
subsahariana, Hispanoamérica y Brasil, abarcando los aspectos políticos,
diplomáticos, económicos y culturales en el inicio del tercer milenio.
Participación sobre todo de especialistas iberoamericanos y subsaharianos.
III. DIFUSIÓN CULTURAL
Debido al enorme desconocimiento que se sigue teniendo sobre los
afrodescendientes y la africanía, seria muy conveniente llevar a cabo las
acciones siguientes:
a. Exposición: exhibición de la exposición didáctica e itinerante
“Africanía: el legado africano en Iberoamérica”, fruto de una colaboración
hispano-mexicana, conformada por aproximadamente 85 paneles (1 m x 0.85 cm)
que abarcan la historia y las aportaciones culturales del africano y del
afrodescendiente, es decir, de la africanía. La muestra tendría lugar en las
principales instituciones educativas y culturales de las comunidades
autónomas del país para exhibirse como una primera fase básica de
concienciación de la realidad afroiberoamericana. Debería también ser
expuesta en Iberoamérica y en los países africanos que dispongan en sus
universidades de departamentos de lengua y estudios hispánicos.
b. Edición de una publicación de divulgación cultural a través de un breve
libro explicativo con ilustraciones (“Africanía: la dimensión africana de
Iberoamérica”) y del cual existen una versión en lenguas catalana y
castellana (58 pag.).
c. Red Afroiberoamericana de cultura. Este proyecto en colaboración con el
Grupo Culturas Afro del Servicio de Voluntariado on line de Naciones Unidas
se propone crear un foro on line para instituciones académicas relacionadas
con el estudio la cultura afrodescendiente, con funcionalidades de red
social que permitan la participación de toda la sociedad civil. Se propone
construir una plataforma en Internet para la recopilación, síntesis y
difusión de información hoy dispersa sobre la aportación africana en
Iberoamérica y así mismo de países africanos hispano y luso-hablantes.
También se propone contribuir al reconocimiento de la contribución africana
y paliar la ausencia de contenidos on line en español y portugués. La
participación social en general, con la colaboración de afrodescendientes en
particular y de grupos desfavorecidos, debería aumentar el nivel educativo y
la cultura colectiva, mejorar la autoestima y conducir a una mayor
integración social.
d. Red Intercontinental Universitaria de Conmemoración del Año Internacional
del Afrodescendiente (RIUCAIA). La Cátedra está organizando una red de
Universidades y entidades académicas en Iberoamérica, África y España que se
comprometan (a nivel de rectorados, facultades, centros etc.), de acuerdo
con las recomendaciones de Naciones Unidas a visibilizar, mediante una
iniciativa concreta, este sector de la población iberoamericana estimado en
más del 30% y su participación en la evolución sociocultural y en la
construcción de las identidades nacionales, tratando de promover la
inclusión de su estudio tomando como modelo, si lo desean, la Declaración de
Santo Domingo (Anexo II) con motivo de la conmemoración de la llegada de los
africanos a Iberoamérica en el marco del Diplomado Superior en Estudios
Afroiberoamericanos.
N.B.: Nuevamente se insiste -en esta conmemoración de 2011- sobre el
carácter urgente de estas propuestas habida cuenta de las carencias tan
básicas de las que se adolece en todo lo referente a la africanía y a los
afrodescendientes y en este sentido deberían retenerse tres consideraciones.
a. Sin la inclusión del estudio de la africanía y de la población
afrodescendiente, la percepción que se tenga de Iberoamérica difícilmente
podría ser completa, lo cual constituye una imperiosa razón de carácter
científico.
b. Sin la rehabilitación de la cultura afroiberoamericana será muy difícil
erradicar los prejuicios y prácticas discriminatorias en los países
iberoamericanos.
c. La esclavitud ha sido una fase cruenta en la historia de la humanidad
pero debe ser superada con una visión y proyectos con vistas al presente y
al futuro. Recordemos que ni todo esclavo fue negro ni todo negro fue
esclavo.
Luis Beltrán
Director
Por su parte, la Organización de Estados Americanos (OEA) cuenta con um Proyecto para la incorporación de la temática afrodescendiente en lãs políticas y programas de la Organización de los Estados Americanos debido a que se incluye a los afrodescendientes entre los grupos más vulnerables del Hemisferio, siendo el objetivo final el incrementar la gobernabilidad democrática del Hemisferio.
PROPUESTAS de la Cátedra UNESCO de Estudios Afroiberoamericanos de La Universidad de Alcalá de investigación, docencia y difusión cultural para El reconocimiento, rehabilitación y divulgación de la afrodescendiencia en La población iberoamericana y de la africanía (legado africano en Iberoamérica) Como Cátedra UNESCO, creada mediante un convenio de la Universidad de Alcalá con la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura, se desearía cumplir con las directrices emanadas de la Asamblea General de acuerdo con la citada resolución.
Ello resulta imprescindible si tenemos en cuenta la anómala situación por La que se há atravesado hasta hoy en Europa, particularmente en España- y em menor medida en Iberoamérica desde hace dos décadas- y que aún sorprendentemente perdura caracterizándose por la extrema carencia de conocimientos sobre una de las tres raíces poblacionales y culturales de Iberoamérica, los afrodescendientes y la africanía, generando y desarrollando prejuicios y estereotipos que todavía persisten. Por estas
razones, se proponen desde la Cátedra UNESCO de Estudios Afroiberoamericanos de la Universidad de Alcalá, las siguientes acciones urgentes de actuación para el año 2011:
I. PUBLICACIONES
Publicaciones propuestas con carácter urgente de textos básicos sobre La africanía (a,b,c) ante la más que modesta bibliografía en lengua castellana, incluso en estas últimas dos décadas.
a. Africanía: el legado africano de Iberoamérica. Se trata del primer libro que se editaría en España que abarcaría la mayoría de los aspectos de La africanía (300 páginas), obra escrita por más de una veintena de autores iberoamericanos, africanos, norteamericanos y europeos.
b. Problemas teóricos y metodológicos en los estudios actuales sobre lingüística afroiberoamericana. Libro preparado por la Coordinadora cubana para la lengua española en el Programa Internacional de Investigación “Rehabilitación del patrimonio intangible afroiberoamericano: los bantuismos en el español y portugués de América”.
c. Introducción a la lingüística bantú. Libro preparado por el Coordinador congoleño para el África bantú del Programa Internacional de Investigación “Rehabilitación del patrimonio intangible afroiberoamericano: los bantuismos en el español y portugués de América”. Se intenta así colmar un vacío bibliográfico inexplicable en la lengua española y muy particularmente La falta total de especialistas sobre esta temática en España. Sólo se han publicado dos aproximaciones a la lingüística africana en 2007 y 2008, uno en Argentina y otro en España respectivamente y estamos ante una necesidad
que habría que remediar para un mejor conocimiento de la propia lengua española en América y el avance de la lingüística en términos de conocimiento científico.
d. Saberes endógenos, política y relaciones internacionales. Estudio, a través de fuentes orales, de la cultura y prácticas políticas y de relaciones exteriores de los pueblos africanos, presentando una visión integral de esta problemática en la dimensión contemporánea que aún no há sido abordada en España.
e. Glimpses of African Cultures. Libro para ser publicado en inglés y francés sobre aspectos culturales de los pueblos del Camerún y de algunos estados africanos, que incluye a medio centenar de autores en un texto de 300 páginas. El libro sería auspiciado por la Universidad de Yaundé I, CERDOTOLA (Centro Regional de Investigación y de Documentación sobre lãs tradiciones orales para el desarrollo de las lenguas africanas) y la Cátedra UNESCO de Estudios Afroiberoamericanos. La coordinación corre a cargo Del profesor Philip Mutaka de dicha universidad camerunesa. El objetivo de este libro no es otro que el de contribuir al conocimiento y rehabilitación de las culturas de los pueblos de África por autores africanos.
Se quisiera consignar que, auspiciados por la Cátedra y otras instituciones,
se han publicado en Brasil y Cuba, en el último cuatrimestre de 2009, dos libros especializados. El primero incluye una selección de comunicaciones presentadas en un congreso internacional co-organizado por la Cátedra y resultado, el segundo, de investigaciones y de trabajos de campo en Cuba, República Democrática del Congo y España en una cooperación tricontinental pero sobre todo Sur – Sur.
a. Angenot, Jean-Pierre; Beltrán, Luis; Teixeira, Marco Antônio (comp.):
Os iberoamericanismos de origem bantu e as linguas bantu,Edufro - Pedro/Joao Editores, Sao Carlos/Sao Paulo, 2009, 255 p.,
b. Valdés Acosta, Gema; Leyva Escobar, Myddri: Diccionario de bantuismos en el español de Cuba.Instituto Cubano de Investigación Cultural Juan Marinello, La Habana, 2009,
158 p.
II. DOCENCIA Y FORMACIÓN
Ante la insostenible falta de especialistas (el único investigador español
en lingüística afrohispánica falleció en 2008) y la ausencia de propuestas
metodológicas hispanas, la Cátedra dispone de equipos de profesores
especializados para la formación de investigadores y especialistas así como
para la preparación de material didáctico ad-hoc si hubiese interés real en
promover este aspecto de la investigación afroiberoamericana.
a. Área de lingüística afroibérica (afrohispánica y afrobrasileña): incluye
un equipo de tres especialistas en lingüística/etnolingüística (Brasil, Cuba y R.D.
del Congo) y uno en sociología (España), que abordarían la enseñanza de la
lingüística afrohispánica, afrobrasileña y africana (No se ha impartido
ningún tipo de docencia en estas especializaciones salvo el curso de
lingüística africana organizado por la Cátedra en febrero/marzo de 2010 y el
aprendizaje práctico desde 1984 de algunas lenguas africanas en España y
México). Ello constituye un caso único entre los países de cierta
importancia en Europa y, además, en el caso específico del español tratándose de una lengua internacional que ha sido objeto de aculturación africana. Por estos motivos resulta imprescindible contar en el futuro com algunos especialistas hispanohablantes en estas especialidades.
b. Área de relaciones internacionales: Seminario en el ámbito de las
relaciones Sur-Sur, concretamente en lo que atañe a las relaciones África
subsahariana, Hispanoamérica y Brasil, abarcando los aspectos políticos,
diplomáticos, económicos y culturales en el inicio del tercer milenio.
Participación sobre todo de especialistas iberoamericanos y subsaharianos.
III. DIFUSIÓN CULTURAL
Debido al enorme desconocimiento que se sigue teniendo sobre los
afrodescendientes y la africanía, seria muy conveniente llevar a cabo las
acciones siguientes:
a. Exposición: exhibición de la exposición didáctica e itinerante
“Africanía: el legado africano en Iberoamérica”, fruto de una colaboración
hispano-mexicana, conformada por aproximadamente 85 paneles (1 m x 0.85 cm)
que abarcan la historia y las aportaciones culturales del africano y del
afrodescendiente, es decir, de la africanía. La muestra tendría lugar en las
principales instituciones educativas y culturales de las comunidades
autónomas del país para exhibirse como una primera fase básica de
concienciación de la realidad afroiberoamericana. Debería también ser
expuesta en Iberoamérica y en los países africanos que dispongan en sus
universidades de departamentos de lengua y estudios hispánicos.
b. Edición de una publicación de divulgación cultural a través de un breve
libro explicativo con ilustraciones (“Africanía: la dimensión africana de
Iberoamérica”) y del cual existen una versión en lenguas catalana y
castellana (58 pag.).
c. Red Afroiberoamericana de cultura. Este proyecto en colaboración con el
Grupo Culturas Afro del Servicio de Voluntariado on line de Naciones Unidas
se propone crear un foro on line para instituciones académicas relacionadas
con el estudio la cultura afrodescendiente, con funcionalidades de red
social que permitan la participación de toda la sociedad civil. Se propone
construir una plataforma en Internet para la recopilación, síntesis y
difusión de información hoy dispersa sobre la aportación africana en
Iberoamérica y así mismo de países africanos hispano y luso-hablantes.
También se propone contribuir al reconocimiento de la contribución africana
y paliar la ausencia de contenidos on line en español y portugués. La
participación social en general, con la colaboración de afrodescendientes en
particular y de grupos desfavorecidos, debería aumentar el nivel educativo y
la cultura colectiva, mejorar la autoestima y conducir a una mayor
integración social.
d. Red Intercontinental Universitaria de Conmemoración del Año Internacional
del Afrodescendiente (RIUCAIA). La Cátedra está organizando una red de
Universidades y entidades académicas en Iberoamérica, África y España que se
comprometan (a nivel de rectorados, facultades, centros etc.), de acuerdo
con las recomendaciones de Naciones Unidas a visibilizar, mediante una
iniciativa concreta, este sector de la población iberoamericana estimado en
más del 30% y su participación en la evolución sociocultural y en la
construcción de las identidades nacionales, tratando de promover la
inclusión de su estudio tomando como modelo, si lo desean, la Declaración de
Santo Domingo (Anexo II) con motivo de la conmemoración de la llegada de los
africanos a Iberoamérica en el marco del Diplomado Superior en Estudios
Afroiberoamericanos.
N.B.: Nuevamente se insiste -en esta conmemoración de 2011- sobre el
carácter urgente de estas propuestas habida cuenta de las carencias tan
básicas de las que se adolece en todo lo referente a la africanía y a los
afrodescendientes y en este sentido deberían retenerse tres consideraciones.
a. Sin la inclusión del estudio de la africanía y de la población
afrodescendiente, la percepción que se tenga de Iberoamérica difícilmente
podría ser completa, lo cual constituye una imperiosa razón de carácter
científico.
b. Sin la rehabilitación de la cultura afroiberoamericana será muy difícil
erradicar los prejuicios y prácticas discriminatorias en los países
iberoamericanos.
c. La esclavitud ha sido una fase cruenta en la historia de la humanidad
pero debe ser superada con una visión y proyectos con vistas al presente y
al futuro. Recordemos que ni todo esclavo fue negro ni todo negro fue
esclavo.
Luis Beltrán
Director
I Encontro Internacional de Estudos Africanos – Niterói/RJ
O campo de estudos africanos vem se desenvolvendo rapidamente no Brasil nos últimos anos. Tal desenvolvimento pode ser vislumbrado na ampliação do número de professores especialistas nos departamentos de universidades públicas e privadas, no aumento significativo do número de doutorados defendidos relacionados com a área e no surgimento de espaços de debate e discussão das pesquisas em âmbito regional e nacional.
Assim, pretendendo estabelecer um fórum permanente de discussão de temas relativos à história da África, e fomentar a consolidação deste amplo campo de pesquisas, o NEAF (Núcleo de Estudos Brasil-áfrica) e o Departamento de História da Universidade Federal Fluminense convidam pesquisadores em vários níveis de formação à participar do Primeiro Encontro Internacional de Estudos Africanos da UFF, em Niterói nos dias 24, 25 e 26 de maio de 2011.
As inscrições são gratuitas e o evento não fornece cobertura de custos aos participantes.
Assim, pretendendo estabelecer um fórum permanente de discussão de temas relativos à história da África, e fomentar a consolidação deste amplo campo de pesquisas, o NEAF (Núcleo de Estudos Brasil-áfrica) e o Departamento de História da Universidade Federal Fluminense convidam pesquisadores em vários níveis de formação à participar do Primeiro Encontro Internacional de Estudos Africanos da UFF, em Niterói nos dias 24, 25 e 26 de maio de 2011.
As inscrições são gratuitas e o evento não fornece cobertura de custos aos participantes.
Revista Magistro - Divulguem
Ola amigos e amigas, a Revista Magistro - Programa de Pós Graduação em Letras e Ciências Humanas da Unigranrio está com CHAMADA para artigos a serem publicados em 2011.
Acessem a revista e sintam-se à vontade para fazer vossas submissões.
Divulgem em vossas redes de relações.
Um abraço,
José Geraldo da Rocha
________________________________________________________________________
Revista Magistro
http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/magistro
Acessem a revista e sintam-se à vontade para fazer vossas submissões.
Divulgem em vossas redes de relações.
Um abraço,
José Geraldo da Rocha
________________________________________________________________________
Revista Magistro
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Racismo policial em Sorocaba?
Como sei que este tipo de opinião quase nunca é publicada pelos jornais da cidade, embora tenha enviado para as suas redações, resolvi , ao menos para apaziguar minha dor, lhes enviar, afim de que também fiquem sabendo dos atos que cercam a juventude nessa província.
Atenciosamente,
Sérgio
Racismo policial em Sorocaba?
Considerei desnecessária e preconceituosa a abordagem da policia militar na tarde de ontem, 25/03, quando na Praça Fernando Prestes,no centro da cidade em frente à igreja matriz, quarto jovens rapazes que assistiam ao meu lado a apresentação da Corte de Carnaval - 2011 de Sorocaba foram retirados sorrateiramente em meio ao público que prestigiava o evento e submetidos, por cerca de dez policiais a um constrangedor “enquadro policial” na frente de todos que durou toda a apresentação.
Os policiais possivelmente suspeitaram dos sujeitos por portarem roupas e estilos referentes à cultura de periferia. Todos usavam bermudas, mochilas e bonés. No entanto, assim também se trajavam outras pessoas no local, inclusive eu. Portanto, me indigna absurdamente imaginar que isso possa ter sido causado pelo fato de que os quatro jovens eram, como se denomina internamente na polícia, elementos de “cor padrão”, ou seja, eram afro-descendentes. Estes foram retirados do local para averiguação enquanto eu, que estava ao lado deles, vestido do mesmo modo, não fui sequer abordado.
A festa era popular, de rei momo, rainhas, princesas e súditos negros; os policiais, brancos, os garotos, negros, pardos e eu, branco. Sei, obviamente que como se trata de uma instituição do poder total, tal ocorrência será veementemente negada pela corporação, que a dirá de rotina para a segurança de todos, no entanto, que imagem fica aos demais apreciadores da festa, sobretudo as muitas crianças que lá estavam ao verem gente da sua cor brilhando e outras, da mesma cor, apanhando?
Enquanto o público e a imprensa se voltavam para o samba e a alegria, para o prenúncio da festa que supostamente acolhe a diversidade brasileira- o Carnaval- bem ao lado, porém, jovens negros que aparentemente após um dia de trabalho, vislumbravam a graciosidade de uma festa que os representa e os valoriza , tiveram seus sorrisos negros cerrados ao serem praticamente “açoitados” em praça pública.
Festejar o quê? Se ecos da escravidão é que ditam o ritmo ainda hoje em Sorocaba....e as autoridades podem erigir, descomedidamente, pelourinhos quando e onde bem entender.
Sérgio Cardoso, professor.
Atenciosamente,
Sérgio
Racismo policial em Sorocaba?
Considerei desnecessária e preconceituosa a abordagem da policia militar na tarde de ontem, 25/03, quando na Praça Fernando Prestes,no centro da cidade em frente à igreja matriz, quarto jovens rapazes que assistiam ao meu lado a apresentação da Corte de Carnaval - 2011 de Sorocaba foram retirados sorrateiramente em meio ao público que prestigiava o evento e submetidos, por cerca de dez policiais a um constrangedor “enquadro policial” na frente de todos que durou toda a apresentação.
Os policiais possivelmente suspeitaram dos sujeitos por portarem roupas e estilos referentes à cultura de periferia. Todos usavam bermudas, mochilas e bonés. No entanto, assim também se trajavam outras pessoas no local, inclusive eu. Portanto, me indigna absurdamente imaginar que isso possa ter sido causado pelo fato de que os quatro jovens eram, como se denomina internamente na polícia, elementos de “cor padrão”, ou seja, eram afro-descendentes. Estes foram retirados do local para averiguação enquanto eu, que estava ao lado deles, vestido do mesmo modo, não fui sequer abordado.
A festa era popular, de rei momo, rainhas, princesas e súditos negros; os policiais, brancos, os garotos, negros, pardos e eu, branco. Sei, obviamente que como se trata de uma instituição do poder total, tal ocorrência será veementemente negada pela corporação, que a dirá de rotina para a segurança de todos, no entanto, que imagem fica aos demais apreciadores da festa, sobretudo as muitas crianças que lá estavam ao verem gente da sua cor brilhando e outras, da mesma cor, apanhando?
Enquanto o público e a imprensa se voltavam para o samba e a alegria, para o prenúncio da festa que supostamente acolhe a diversidade brasileira- o Carnaval- bem ao lado, porém, jovens negros que aparentemente após um dia de trabalho, vislumbravam a graciosidade de uma festa que os representa e os valoriza , tiveram seus sorrisos negros cerrados ao serem praticamente “açoitados” em praça pública.
Festejar o quê? Se ecos da escravidão é que ditam o ritmo ainda hoje em Sorocaba....e as autoridades podem erigir, descomedidamente, pelourinhos quando e onde bem entender.
Sérgio Cardoso, professor.
Chamada para seleção de textos inéditos para a edição Nº 4 da Revista da ABPN
A Revista da ABPN receberá, até o dia 31 de março, textos inéditos sobre a temática "Mídia e Racismo".
Obrigatoriamente, os textos devem ter como foco as Relações Etnicorraciais no Brasil, nos países africanos e nos demais espaços afro-diaspóricos.
A Revista da ABPN aceita trabalhos originais e inéditos em português, espanhol, inglês e francês em diversas modalidades (artigos, entrevistas e resenhas), submetidos em consonância com as normas editoriais da revista. Os manuscritos recebidos serão avaliados pelo sistema duplo-cego de revisão.
Os textos selecionados serão publicados na edição de n. 4 da Revista digital da ABPN.
Cada proponente deve realizar o seu cadastro no site da revista e em seguida, registrar a submissão na seção Página do usuário . Para mais informações, acesse as Diretrizes para Autores .
Eventuais dúvidas devem ser remetidas à equipe editorial pelo endereço revista@abpn.org.br
Atenciosamente,
Equipe editorial da Revista da ABPN
LINK PARA ACESSO A REVISTA: http://www.abpn.org.br/Revista/index.php/edicoes/index
Obrigatoriamente, os textos devem ter como foco as Relações Etnicorraciais no Brasil, nos países africanos e nos demais espaços afro-diaspóricos.
A Revista da ABPN aceita trabalhos originais e inéditos em português, espanhol, inglês e francês em diversas modalidades (artigos, entrevistas e resenhas), submetidos em consonância com as normas editoriais da revista. Os manuscritos recebidos serão avaliados pelo sistema duplo-cego de revisão.
Os textos selecionados serão publicados na edição de n. 4 da Revista digital da ABPN.
Cada proponente deve realizar o seu cadastro no site da revista e em seguida, registrar a submissão na seção Página do usuário . Para mais informações, acesse as Diretrizes para Autores .
Eventuais dúvidas devem ser remetidas à equipe editorial pelo endereço revista@abpn.org.br
Atenciosamente,
Equipe editorial da Revista da ABPN
LINK PARA ACESSO A REVISTA: http://www.abpn.org.br/Revista/index.php/edicoes/index
Nova Diretora Geral do IAT/SEC é contra as cotas
Isto ainda abisma alguém? Concordo com o protesto e assino embaixo, mas não me estarreço com a Nova Diretora do IAT, IRENE CARVOLO, pois já me aterrorizei com atitudes pregressas desses novos dirigentes, para muitos antigos companheiros. Todo mundo pode ser contra o que quiser, mas ser contra supostas diretrizes do próprio governo que representa? Mas talvez tudo seja só representação mesmo. Sílvio.
PS: seriam as bolsas em geral também esmolas que humilham os pesquisadores, especialmente pesquisadores favorecidos por reservas de incentivo das instituições provedoras?
Companheir@s,
Estou estarrecida!! Em pronunciamento da abertura oficial do Conselho Estadual de Juventude a nova diretora do Instituto Anísio Teixeira (IAT/SEC) prof. Irene Carvolo, declarou-se contra as cotas. Expressou-se usando termos como "as cotas equivalem a esmola", as cotas são "humilhação" porque colocam os negros na universidade pela "porta dos fundos, de cabeça baixa",etc.
O que me deixa indignada é que o IAT/SEC é o centro de aperfeiçoamento dos profissionais da Educação da Bahia e vinha fazendo na gestão anterior um excelente programa de formação continuada de professores para a educação das relações étnicorraciais. Tal programa foi não só elogiado pelo MEC/SECAD, mas também pela SEPPIR e Fundação Palmares. Além disso, seus cursos de formação contaram com o trabalho de pesquisadores renomados na área e uma constante articulação com os setores do movimento social negro. É um retrocesso o pensamento desta gestora que põe abaixo todos os esforços para uma educação para a igualdade racial no estado mais negro do país!
O IAT/SEC parece agora esquecer toda a pauta de reivindicações que nortearam suas ações nos últimos 04 anos e que elegeram este governo, um governo "petista". O IAT/SEC desconhece agora todo o aparato legal que garante a afirmação das diversidades na Educação.
Segue abaixo a carta aberta escrita pelos jovens congressistas baianos reunidos no IAT/SEC após a declaração da nova gestora. Estes jovens são delegados oriundos de movimentos sociais, religiosos, político-partidário, artísticos,etc:
Abs,
Nelma Barbosa
CARTA ABERTA
Nós, representantes da Sociedade Civil na Assembléia de Eleição do Conselho Estadual de Juventude do Estado da Bahia – PERÍODO 2011 – 2013, realizada no Auditório do Instituto Anísio Teixeira – IAT, realizada em 25 de fevereiro de 2011, às 9:00, nos mostramos perplexos com o posicionamento equivocado de sua dirigente maior, a profª Irene Carvolo, que em solenidade de abertura da referida Assembléia assumiu um posicionamento contrário à instituição das Ações afirmativas através de Cotas nas Universidades, ao considerar estas ações como “entrar pela porta dos fundos”.
Considerando a aplicação da Lei 10.639/03 que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LBD), tornando obrigatório o ensino da história e cultura afrobrasileira e africana;
Considerando a ação de cotas, ampliando o acesso de estudantes negros/as ao ensino superior, pioneiramene introduzida pela UNEB em 2002 e seguida pelas outras três universidades estaduais (UEFS, UESB E UESC);
Considerando a criação no âmbito do Governo Estadual da Secretaria de Promoção da Igualdade no ano de 2006, que tem a finalidade de intersetorializar as políticas com foco nas dimensões raciais e de gênero;
Considerando o Projeto de Lei 18.532/2010, que trata do Plano Estadual de Juventude em seu Art.13 Inciso XI – estimular políticas de cotas raciais nas universidades públicas;
Considerando que as cotas são uma das principais conquistas e demandas do movimento social negro brasileiro;
Sugerimos a atitude pedagógica de aperfeiçoar o conhecimento institucional acerca dos instrumentos legais já existentes sobre as políticas públicas de ações afirmativas na educação que demonstram significativos avanços que possibilitaram a inclusão de milhares de jovens negras e negros no ensino superior.
Salvador, 25 de fevereiro de 2011
PS: seriam as bolsas em geral também esmolas que humilham os pesquisadores, especialmente pesquisadores favorecidos por reservas de incentivo das instituições provedoras?
Companheir@s,
Estou estarrecida!! Em pronunciamento da abertura oficial do Conselho Estadual de Juventude a nova diretora do Instituto Anísio Teixeira (IAT/SEC) prof. Irene Carvolo, declarou-se contra as cotas. Expressou-se usando termos como "as cotas equivalem a esmola", as cotas são "humilhação" porque colocam os negros na universidade pela "porta dos fundos, de cabeça baixa",etc.
O que me deixa indignada é que o IAT/SEC é o centro de aperfeiçoamento dos profissionais da Educação da Bahia e vinha fazendo na gestão anterior um excelente programa de formação continuada de professores para a educação das relações étnicorraciais. Tal programa foi não só elogiado pelo MEC/SECAD, mas também pela SEPPIR e Fundação Palmares. Além disso, seus cursos de formação contaram com o trabalho de pesquisadores renomados na área e uma constante articulação com os setores do movimento social negro. É um retrocesso o pensamento desta gestora que põe abaixo todos os esforços para uma educação para a igualdade racial no estado mais negro do país!
O IAT/SEC parece agora esquecer toda a pauta de reivindicações que nortearam suas ações nos últimos 04 anos e que elegeram este governo, um governo "petista". O IAT/SEC desconhece agora todo o aparato legal que garante a afirmação das diversidades na Educação.
Segue abaixo a carta aberta escrita pelos jovens congressistas baianos reunidos no IAT/SEC após a declaração da nova gestora. Estes jovens são delegados oriundos de movimentos sociais, religiosos, político-partidário, artísticos,etc:
Abs,
Nelma Barbosa
CARTA ABERTA
Nós, representantes da Sociedade Civil na Assembléia de Eleição do Conselho Estadual de Juventude do Estado da Bahia – PERÍODO 2011 – 2013, realizada no Auditório do Instituto Anísio Teixeira – IAT, realizada em 25 de fevereiro de 2011, às 9:00, nos mostramos perplexos com o posicionamento equivocado de sua dirigente maior, a profª Irene Carvolo, que em solenidade de abertura da referida Assembléia assumiu um posicionamento contrário à instituição das Ações afirmativas através de Cotas nas Universidades, ao considerar estas ações como “entrar pela porta dos fundos”.
Considerando a aplicação da Lei 10.639/03 que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LBD), tornando obrigatório o ensino da história e cultura afrobrasileira e africana;
Considerando a ação de cotas, ampliando o acesso de estudantes negros/as ao ensino superior, pioneiramene introduzida pela UNEB em 2002 e seguida pelas outras três universidades estaduais (UEFS, UESB E UESC);
Considerando a criação no âmbito do Governo Estadual da Secretaria de Promoção da Igualdade no ano de 2006, que tem a finalidade de intersetorializar as políticas com foco nas dimensões raciais e de gênero;
Considerando o Projeto de Lei 18.532/2010, que trata do Plano Estadual de Juventude em seu Art.13 Inciso XI – estimular políticas de cotas raciais nas universidades públicas;
Considerando que as cotas são uma das principais conquistas e demandas do movimento social negro brasileiro;
Sugerimos a atitude pedagógica de aperfeiçoar o conhecimento institucional acerca dos instrumentos legais já existentes sobre as políticas públicas de ações afirmativas na educação que demonstram significativos avanços que possibilitaram a inclusão de milhares de jovens negras e negros no ensino superior.
Salvador, 25 de fevereiro de 2011
Sociologia para jovens do século XXI - 2a edição
Gostaríamos de contar com todos vocês na avaliação e na divulgação da nova edição do nosso livro "Sociologia para jovens do século XXI", lançado agora pela Editora Imperial Novo Milênio. Como vocês poderão ver nos anexos, o livro foi reformulado, atualizado e ampliado, contando agora com 24 capítulos, visando cobrir as três séries do Ensino Médio, em atenção à Lei 11.684, de 02/06/2008.
A nova edição é colorida e conta também com nova diagramação e novas imagens. Existem novas sugestões de atividades - que inclui, por exemplo, a utilização de letras de músicas como recurso didático - e os professores contarão também com um Manual com 86 páginas, apresentando uma introdução teórica, os pressupostos metodológicos da obra, uma proposta de sequência didática que poderá ser utilizada ou não pelos professores, sugestões de pesquisa para os estudantes e de como o professor poderá trabalhar nas atividades em sala de aula em todos os capítulos, além de referências bibliográficas adicionais.
A edição passou para 348 páginas em formato 20,5 x 27,5 cm (a anterior apresentava 244 páginas em formato 16 x 23 cm, em 10 capítulos) e tivemos a honra de contar com uma apresentação escrita pelo Michael Löwy.
A notícia ruim é que o preço final do livro para venda na internet e nas livrarias passou para R$ 95,00. Mas negociamos com a editora a venda direta para os professores (incluindo o Manual) com 50% de desconto + custos de frete. A edição antiga continua sendo comercializada por R$ 33,00 (preço reajustado neste ano). Infelizmente, os custos da edição inviabilizam o envio gratuito do livro para os interessados por parte da editora. Vejam os valores no site da editora: http://www.imperiallivros.com.br/advanced_search_result.php?keywords=sociologia&x=29&y=11&categories_id=&inc_subcat=1&manufacturers_id=&autor=&isbn=&pfrom=&pto=&dfrom=&dto=
Aqueles que tiverem interesse em adquirir o livro diretamente devem escrever para os e-mails sociologia@imperiallivros.com.br e editorial@imperiallivros.com.br. Cada um deve informar nome e endereço completo, CPF (para emissão da Nota Fiscal), telefones e, no caso dos professores, escolas onde atua e disciplinas em que leciona (os professores têm direito ao desconto, mesmo que não seja da disciplina).
Somos gratos pela atenção e pelo apoio que todos vocês sempre nos deram!
Um grande abraço,
Luiz Fernandes e Ricardo Cesar
A nova edição é colorida e conta também com nova diagramação e novas imagens. Existem novas sugestões de atividades - que inclui, por exemplo, a utilização de letras de músicas como recurso didático - e os professores contarão também com um Manual com 86 páginas, apresentando uma introdução teórica, os pressupostos metodológicos da obra, uma proposta de sequência didática que poderá ser utilizada ou não pelos professores, sugestões de pesquisa para os estudantes e de como o professor poderá trabalhar nas atividades em sala de aula em todos os capítulos, além de referências bibliográficas adicionais.
A edição passou para 348 páginas em formato 20,5 x 27,5 cm (a anterior apresentava 244 páginas em formato 16 x 23 cm, em 10 capítulos) e tivemos a honra de contar com uma apresentação escrita pelo Michael Löwy.
A notícia ruim é que o preço final do livro para venda na internet e nas livrarias passou para R$ 95,00. Mas negociamos com a editora a venda direta para os professores (incluindo o Manual) com 50% de desconto + custos de frete. A edição antiga continua sendo comercializada por R$ 33,00 (preço reajustado neste ano). Infelizmente, os custos da edição inviabilizam o envio gratuito do livro para os interessados por parte da editora. Vejam os valores no site da editora: http://www.imperiallivros.com.br/advanced_search_result.php?keywords=sociologia&x=29&y=11&categories_id=&inc_subcat=1&manufacturers_id=&autor=&isbn=&pfrom=&pto=&dfrom=&dto=
Aqueles que tiverem interesse em adquirir o livro diretamente devem escrever para os e-mails sociologia@imperiallivros.com.br e editorial@imperiallivros.com.br. Cada um deve informar nome e endereço completo, CPF (para emissão da Nota Fiscal), telefones e, no caso dos professores, escolas onde atua e disciplinas em que leciona (os professores têm direito ao desconto, mesmo que não seja da disciplina).
Somos gratos pela atenção e pelo apoio que todos vocês sempre nos deram!
Um grande abraço,
Luiz Fernandes e Ricardo Cesar
Projeto Expedição ao Território Afroboliviano
Saudações!
Considerando a resolução da ONU que institui "2011 Ano Internacional dos Afrodescendentes", o Instituto de Mulhers Negras de Mato Grosso apoia esta inciativa do Grupo Friedlander Aventuras Fotográficas, que durante um mês, realizará uma expedição para documentar as comunidades afrodescendentes na Bolívia, promovendo um paralelo com a comunidade afrodescendente de Vila Bela da Ss Trindade em Mato Grosso, Brasil.
Visando a sustentabilidade deste importante projeto, dada sua relevância para a cultura e patrimônio imaterial, assim como sua abrangência internacional, o IMUNE MT solicita apoio às Instituições para se tornarem parceiros, investindo recursos para promover e permitir a continuidade da Expedição.
Participe, venha fazer parte deste grupo!
Aguardando contato, agradeço pela atenção.
Axé!
Jackeline Silva
Presidente do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso
(65) 9201-1871
http://imunemt.blogspot.com
**********************************************************************************************************
Leia o release da assessoria de imprensa do projeto.
EXPEDIÇÃO
Em busca da comunidade Afroboliviana
Através do blog www.projetoparaleloquinze.blogspot.com, será é possível acompanhar todo desenvolvimento do projeto que está, inclusive, aberto a parcerias
Da Redação
Uma paixão pela Bolívia, o conhecimento profundo da Comunidade Negra do Vale do Guaporé, em Mato Grosso, e uma inspiração que brotou das palavras da líder afroboliviana, Marta Inofuentes. Esses foram os ingredientes para o surgimento do Projeto Paralelo 15. Com o objetivo de mostrar um universo até então desconhecido para a maioria dos bolivianos e dos latino-americanos, o Projeto inicia sua primeira etapa amanhã, 25 de fevereiro.
"Queremos ser mais visíveis que nunca, através de nosso Rei, para que o mundo inteiro saiba fora de nossas fronteiras que a Bolívia não é um país somente de indígenas." O clamor de Marta Inofuentes serviu de estopim para que o fotógrafo Mário Friedlander, acreditasse na ideia que já vinha sendo plantada pelo seu amigo Luca Spinoza, jornalista Chileno, radicado na Bolívia. A partir daí, a ideia de apresentar ao mundo a comunidade Afroboliviana, fazendo um paralelo com a comunidade negra que vive no Vale do Guaporé, na divisa com a Bolívia, virou projeto e ganhou a adesão do guia de Ecoturismo e produtor cultural Hélio Caldas.
Friedlander e Caldas, a bordo de um carro fechado com tração 4x4, iniciam a expedição rumo à região dos Yungas, localizada a aproximadamente 90 km a Leste de La Paz, capital boliviana. Em Santa Cruz de La Sierra, Luca Spinoza se junta aos expedicionários.
No primeiro trecho da expedição cultural, na região conhecida como Gran Chiquitania Boliviana, a equipe vai documentar algumas Missões Jesuíticas, transformadas em Patrimônio da Humanidade pela Unesco, também alguns aspectos da vida cotidiana de várias comunidades Chiquitanas localizadas ao longo do trajeto, e aspectos naturais do Bosque Seco Chiquitano, um rico ecossistema existente na Bolívia que começa a ser ameaçado principalmente pelas atividades agropecuárias e madeireiras dos brasileiros que migram para esta região.
A expectativa é que a equipe enfrente alguns entraves burocráticos nas fronteiras, bem como problemas de infraestrura no transporte, pois a Bolívia enfrenta um período de chuvas muito intensas que bloqueiam inúmeras estradas principalmente na região a ser percorrida. Além disso, a Bolívia passa por um momento de agitação política, a exemplo da "Crise do Açúcar".
Apesar das dificuldades, os membros do Projeto Paralelo 15 estão firmes no propósito de dar visibilidade aos Afrobolivianos que vivem na região dos Yungas, e representam cerca de 0,5% da população daquele país. “Vila Bela da Santíssima Trindade (primeira capital de MT) é uma pequena África dentro de Mato Grosso, está no Paralelo 15 e é fronteira com a Bolívia. Essas duas comunidades viveram isoladas por muito tempo e as origens são as mesmas. Então o que a gente pretende também é colocar as duas comunidades em contato”, explicou Friedlander.
Durante aproximadamente 30 dias a equipe vai documentar também os grupos culturais de Afrobolivianos no Carnaval de Oruro, a maior e mais importante manifestação cultural da Bolívia. O trajeto a ser percorrido nesta primeira etapa é de aproximadamente cinco mil quilômetros. No percurso, a equipe vai enfrentar a célebre e perigosa “Estrada da Morte”, uma precária estrada de chão, com alto índice de acidentes, que dá acesso às comunidades negras da Bolívia.
A região dos Yungas está localizada nos vales subtropicais da Bolívia, numa região vizinha dos Andes. A estrada que dá acesso à região é considerada a mais sinuosa da Bolívia e por isso, a mais apreciada pelos turistas estrangeiros.
Esta primeira etapa, segundo Friedlander, servirá de base para o projeto, pois será o momento de estabelecer vínculo com a população e colher informações e registros fotográficos. O projeto prevê ainda mais três etapas, que resultarão em vários produtos finais, a exemplo de livros, exposições fotográficas e elaboração de relatórios.
A República Boliviana – Impressões e sensações
“A Bolívia é o Tibet da América e nós brasileiros a tratamos como os americanos tratam o México”, com essas comparações, o fotógrafo Mário Friedlander definiu a sua admiração pelo país vizinho e a sua decepção pela forma como ele é visto pela maioria da população brasileira.
O fotógrafo lamenta que muitos brasileiros ainda mantenham uma visão preconceituosa em relação à Bolívia. “A espiritualidade, o clima, a altitude da região, é um país maravilhoso, que mantém a sua origem indígena e é muito mais desenvolvido em alguns pontos do que nós brasileiros acreditamos. A população é extremamente politizada. Cada vez que volto à Bolívia eu reforço essa visão”, ressalta.
A paixão pela Bolívia teve início na década de 80, quando Mário Friedlander fez sua primeira viagem ao país vizinho. Das muitas experiências vividas e sensações experimentadas, Friedlander destaca as duas vezes em que percorreu a pé a rota que fará a bordo do veículo 4x4. Também conhecido como “El camino Del Taquesi”, é o caminho pré-colombiano mais preservado da Bolívia.
Além de toda grandiosidade e beleza da rota, que compreende aproximadamente 42 km, nas duas vezes o fotógrafo passou experiências marcantes. “Na primeira vez eu estava sozinho e me deparei com os vigilantes do narcotráfico. Na segunda vez eu tive uma hipotermia porque estava sem roupas adequadas para a neve, só não morri porque meu colega, um europeu que possuía roupas apropriadas me socorreu”, contou. Já em relação ao Vale do Guaporé, Mário fala com ainda mais propriedade. “Passei muitos anos em Vila Bela da Santíssima Trindade e desenvolvi um trabalho muito intenso nessa região”, finalizou. (Com Assessoria)
Matéria publicada na edição 12945 em 24/02/2011 no Jornal Diário de Cuiabá http://www.diariodecuiaba.com.br
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Twitter: @paralelo_15
Considerando a resolução da ONU que institui "2011 Ano Internacional dos Afrodescendentes", o Instituto de Mulhers Negras de Mato Grosso apoia esta inciativa do Grupo Friedlander Aventuras Fotográficas, que durante um mês, realizará uma expedição para documentar as comunidades afrodescendentes na Bolívia, promovendo um paralelo com a comunidade afrodescendente de Vila Bela da Ss Trindade em Mato Grosso, Brasil.
Visando a sustentabilidade deste importante projeto, dada sua relevância para a cultura e patrimônio imaterial, assim como sua abrangência internacional, o IMUNE MT solicita apoio às Instituições para se tornarem parceiros, investindo recursos para promover e permitir a continuidade da Expedição.
Participe, venha fazer parte deste grupo!
Aguardando contato, agradeço pela atenção.
Axé!
Jackeline Silva
Presidente do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso
(65) 9201-1871
http://imunemt.blogspot.com
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Leia o release da assessoria de imprensa do projeto.
EXPEDIÇÃO
Em busca da comunidade Afroboliviana
Através do blog www.projetoparaleloquinze.blogspot.com, será é possível acompanhar todo desenvolvimento do projeto que está, inclusive, aberto a parcerias
Da Redação
Uma paixão pela Bolívia, o conhecimento profundo da Comunidade Negra do Vale do Guaporé, em Mato Grosso, e uma inspiração que brotou das palavras da líder afroboliviana, Marta Inofuentes. Esses foram os ingredientes para o surgimento do Projeto Paralelo 15. Com o objetivo de mostrar um universo até então desconhecido para a maioria dos bolivianos e dos latino-americanos, o Projeto inicia sua primeira etapa amanhã, 25 de fevereiro.
"Queremos ser mais visíveis que nunca, através de nosso Rei, para que o mundo inteiro saiba fora de nossas fronteiras que a Bolívia não é um país somente de indígenas." O clamor de Marta Inofuentes serviu de estopim para que o fotógrafo Mário Friedlander, acreditasse na ideia que já vinha sendo plantada pelo seu amigo Luca Spinoza, jornalista Chileno, radicado na Bolívia. A partir daí, a ideia de apresentar ao mundo a comunidade Afroboliviana, fazendo um paralelo com a comunidade negra que vive no Vale do Guaporé, na divisa com a Bolívia, virou projeto e ganhou a adesão do guia de Ecoturismo e produtor cultural Hélio Caldas.
Friedlander e Caldas, a bordo de um carro fechado com tração 4x4, iniciam a expedição rumo à região dos Yungas, localizada a aproximadamente 90 km a Leste de La Paz, capital boliviana. Em Santa Cruz de La Sierra, Luca Spinoza se junta aos expedicionários.
No primeiro trecho da expedição cultural, na região conhecida como Gran Chiquitania Boliviana, a equipe vai documentar algumas Missões Jesuíticas, transformadas em Patrimônio da Humanidade pela Unesco, também alguns aspectos da vida cotidiana de várias comunidades Chiquitanas localizadas ao longo do trajeto, e aspectos naturais do Bosque Seco Chiquitano, um rico ecossistema existente na Bolívia que começa a ser ameaçado principalmente pelas atividades agropecuárias e madeireiras dos brasileiros que migram para esta região.
A expectativa é que a equipe enfrente alguns entraves burocráticos nas fronteiras, bem como problemas de infraestrura no transporte, pois a Bolívia enfrenta um período de chuvas muito intensas que bloqueiam inúmeras estradas principalmente na região a ser percorrida. Além disso, a Bolívia passa por um momento de agitação política, a exemplo da "Crise do Açúcar".
Apesar das dificuldades, os membros do Projeto Paralelo 15 estão firmes no propósito de dar visibilidade aos Afrobolivianos que vivem na região dos Yungas, e representam cerca de 0,5% da população daquele país. “Vila Bela da Santíssima Trindade (primeira capital de MT) é uma pequena África dentro de Mato Grosso, está no Paralelo 15 e é fronteira com a Bolívia. Essas duas comunidades viveram isoladas por muito tempo e as origens são as mesmas. Então o que a gente pretende também é colocar as duas comunidades em contato”, explicou Friedlander.
Durante aproximadamente 30 dias a equipe vai documentar também os grupos culturais de Afrobolivianos no Carnaval de Oruro, a maior e mais importante manifestação cultural da Bolívia. O trajeto a ser percorrido nesta primeira etapa é de aproximadamente cinco mil quilômetros. No percurso, a equipe vai enfrentar a célebre e perigosa “Estrada da Morte”, uma precária estrada de chão, com alto índice de acidentes, que dá acesso às comunidades negras da Bolívia.
A região dos Yungas está localizada nos vales subtropicais da Bolívia, numa região vizinha dos Andes. A estrada que dá acesso à região é considerada a mais sinuosa da Bolívia e por isso, a mais apreciada pelos turistas estrangeiros.
Esta primeira etapa, segundo Friedlander, servirá de base para o projeto, pois será o momento de estabelecer vínculo com a população e colher informações e registros fotográficos. O projeto prevê ainda mais três etapas, que resultarão em vários produtos finais, a exemplo de livros, exposições fotográficas e elaboração de relatórios.
A República Boliviana – Impressões e sensações
“A Bolívia é o Tibet da América e nós brasileiros a tratamos como os americanos tratam o México”, com essas comparações, o fotógrafo Mário Friedlander definiu a sua admiração pelo país vizinho e a sua decepção pela forma como ele é visto pela maioria da população brasileira.
O fotógrafo lamenta que muitos brasileiros ainda mantenham uma visão preconceituosa em relação à Bolívia. “A espiritualidade, o clima, a altitude da região, é um país maravilhoso, que mantém a sua origem indígena e é muito mais desenvolvido em alguns pontos do que nós brasileiros acreditamos. A população é extremamente politizada. Cada vez que volto à Bolívia eu reforço essa visão”, ressalta.
A paixão pela Bolívia teve início na década de 80, quando Mário Friedlander fez sua primeira viagem ao país vizinho. Das muitas experiências vividas e sensações experimentadas, Friedlander destaca as duas vezes em que percorreu a pé a rota que fará a bordo do veículo 4x4. Também conhecido como “El camino Del Taquesi”, é o caminho pré-colombiano mais preservado da Bolívia.
Além de toda grandiosidade e beleza da rota, que compreende aproximadamente 42 km, nas duas vezes o fotógrafo passou experiências marcantes. “Na primeira vez eu estava sozinho e me deparei com os vigilantes do narcotráfico. Na segunda vez eu tive uma hipotermia porque estava sem roupas adequadas para a neve, só não morri porque meu colega, um europeu que possuía roupas apropriadas me socorreu”, contou. Já em relação ao Vale do Guaporé, Mário fala com ainda mais propriedade. “Passei muitos anos em Vila Bela da Santíssima Trindade e desenvolvi um trabalho muito intenso nessa região”, finalizou. (Com Assessoria)
Matéria publicada na edição 12945 em 24/02/2011 no Jornal Diário de Cuiabá http://www.diariodecuiaba.com.br
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Para mais informações, acesse:
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Acompanhe essa aventura!
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
CONJUGADOR DE VERBOS
O Grupo de Lingüística da Insite tem como objetivo pesquisar e desenvolver produtos relacionados com as áreas de Processamento de Linguagem Natural (NLP), bases de dados para organização de conhecimento com sistemas de recuperação de informação e aplicações de Inteligência Artificial.
Entre os principais resultados obtidos estão a criação de um sistema de busca de alta performance (InSearch) com funcionalidade similar ao Google ou Altavista, criação de um MT (Machine Translator) ou sistema de tradução automática Inglês-Português-Espanhol (InTranslator) e um sistema de chatter bot (InBot) para conversação em linguagem natural utilizando inteligência artificial. O Grupo de Lingüística da Insite é coordenado por Rodrigo Siqueira, sócio e diretor de tecnologia da empresa Insite Soluções Internet.
Projetos e Produtos Insite:
* InBot - Chatter Bot para conversação em Linguagem Natural
* InSearch - Sistema de busca
* InTranslator - Tradutor (Inglês/Português/Espanhol)
Aplicativos Lingüísticos disponíveis:
* Processador Lingüístico de Corpus - Analisador estatístico de textos
* Reconhecedor automático de Idiomas
* Conjugador de Verbos para a Língua Portuguesa
* Análise estatística de palavras em Idiomas
* Verificador Ortográfico
Jogos:
* Codificador Genético - Mande mensagens de DNA
* Conversor de Alfabeto Russo
* A Plan for the Improvement of English Spelling
* Curiosidades Lingüísticas
Email: linguisticainsite.com.
Link: http://linguistica.insite.com.br/
Quando tiver dúvidas sobre 280 mil verbos, pode consultar o seguinte
Conjugador de verbos
Simplesmente F A N T Á S T I C O!
Principalmente para professores, alunos e quem escreve mais.
Vale a pena repassar para quem pode utilizar esta ferramenta.
COM DOIS TOQUES NO LINK PODES CONJUGAR 280.000 VERBOS...
http://linguistica.insite.com.br/cgi-bin/conjugue
Entre os principais resultados obtidos estão a criação de um sistema de busca de alta performance (InSearch) com funcionalidade similar ao Google ou Altavista, criação de um MT (Machine Translator) ou sistema de tradução automática Inglês-Português-Espanhol (InTranslator) e um sistema de chatter bot (InBot) para conversação em linguagem natural utilizando inteligência artificial. O Grupo de Lingüística da Insite é coordenado por Rodrigo Siqueira, sócio e diretor de tecnologia da empresa Insite Soluções Internet.
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
O Racismo Explícito de Lobato: Carta Aberta ao Ziraldo, por Ana Maria Gonçalves
http://www.idelberavelar.com/archives/2011/02/carta_aberta_ao_ziraldo_por_ana_maria_goncalves.php
Carta Aberta ao Ziraldo, por Ana Maria Gonçalves
Caro Ziraldo,
Olho a triste figura de Monteiro Lobato abraçado a uma mulata, estampada nas camisetas do bloco carnavalesco carioca "Que merda é essa?" e vejo que foi obra sua. Fiquei curiosa para saber se você conhece a opinião de Lobato sobre os mestiços brasileiros e, de verdade, queria que não. Eu te respeitava, Ziraldo. Esperava que fosse o seu senso de humor falando mais alto do que a ignorância dos fatos, e por breves momentos até me senti vingada. Vingada contra o racismo do eugenista Monteiro Lobato que, em carta ao amigo Godofredo Rangel, desabafou: "(...)Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!..." (em "A barca de Gleyre". São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133).
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Ironia das ironias, Ziraldo, o nome do livro de onde foi tirado o trecho acima é inspirado em um quadro do pintor suíço Charles Gleyre (1808-1874), Ilusões Perdidas. Porque foi isso que aconteceu. Porque lendo uma matéria sobre o bloco e a sua participação, você assim o endossa : "Para acabar com a polêmica, coloquei o Monteiro Lobato sambando com uma mulata. Ele tem um conto sobre uma neguinha que é uma maravilha. Racismo tem ódio. Racismo sem ódio não é racismo. A ideia é acabar com essa brincadeira de achar que a gente é racista". A gente quem, Ziraldo? Para quem você se (auto) justifica? Quem te disse que racismo sem ódio, mesmo aquele com o "humor negro" de unir uma mulata a quem grande ódio teve por ela e pelo que ela representava, não é racismo? Monteiro Lobato, sempre que se referiu a negros e mulatos, foi com ódio, com desprezo, com a certeza absoluta da própria superioridade, fazendo uso do dom que lhe foi dado e pelo qual é admirado e defendido até hoje. Em uma das cartas que iam e vinham na barca de Gleyre (nem todas estão publicadas no livro, pois a seleção foi feita por Lobato, que as censurou, claro) com seu amigo Godofredo Rangel, Lobato confessou que sabia que a escrita "é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, 'work' muito mais eficientemente".
Lobato estava certo. Certíssimo. Até hoje, muitos dos que o leram não vêem nada de errado em seu processo de chamar negro de burro aqui, de fedorento ali, de macaco acolá, de urubu mais além. Porque os processos indiretos, ou seja, sem ódio, fazendo-se passar por gente boa e amiga das crianças e do Brasil, "work" muito bem. Lobato ficou frustradíssimo quando seu "processo" sem ódio, só na inteligência, não funcionou com os norte-americanos, quando ele tentou em vão encontrar editora que publicasse o que considerava ser sua obra prima em favor da eugenia e da eliminação, via esterilização, de todos os negros. Ele falava do livro "O presidente negro ou O choque das raças" que, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, país daquele povo que odeia negros, como você diz, Ziraldo, foi publicado no Brasil. Primeiro em capítulos no jornal carioca A Manhã, do qual Lobato era colaborador, e logo em seguida em edição da Editora Companhia Nacional, pertencente a Lobato. Tal livro foi dedicado secretamente ao amigo e médico eugenista Renato Kehl, em meio à vasta e duradoura correspondência trocada pelos dois: “Renato, tu és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. (...) Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade precisa de uma coisa só: póda. É como a vinha".
Impossibilitado de colher os frutos dessa poda nos EUA, Lobato desabafou com Godofredo Rangel: "Meu romance não encontra editor. [...]. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tantos séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros." Tempos depois, voltou a se animar: "Um escândalo literário equivale no mínimo a 2.000.000 dólares para o autor (...) Esse ovo de escândalo foi recusado por cinco editores conservadores e amigos de obras bem comportadas, mas acaba de encher de entusiasmo um editor judeu que quer que eu o refaça e ponha mais matéria de exasperação. Penso como ele e estou com idéias de enxertar um capítulo no qual conte a guerra donde resultou a conquista pelos Estados Unidos do México e toda essa infecção spanish da América Central. O meu judeu acha que com isso até uma proibição policial obteremos - o que vale um milhão de dólares. Um livro proibido aqui sai na Inglaterra e entra boothegued como o whisky e outras implicâncias dos puritanos". Lobato percebeu, Ziraldo, que talvez devesse apenas exasperar-se mais, ser mais claro em suas ideias, explicar melhor seu ódio e seu racismo, não importando a quem atingiria e nem por quanto tempo perduraria, e nem o quão fundo se instalaria na sociedade brasileira. Importava o dinheiro, não a exasperação dos ofendidos. 2.000.000 de dólares, ele pensava, por um ovo de escândalo. Como também foi por dinheiro que o Jeca Tatu, reabilitado, estampou as propagandas do Biotônico Fontoura.
Você sabe que isso dá dinheiro, Ziraldo, mesmo que o investimento tenha sido a longo prazo, como ironiza Ivan Lessa: "Ziraldo, o guerrilheiro do traço, está de parabéns. Finalmente o governo brasileiro tomou vergonha na cara e acabou de pagar o que devia pelo passe de Jeremias, o Bom, imortal personagem criado por aquele que também é conhecido como “o Lamarca do nanquim”. Depois do imenso sucesso do calunguinha nas páginas de diversas publicações, assim como também na venda de diversos produtos farmacêuticos, principalmente doenças da tireóide, nos idos de 70, Ziraldo, cognominado ainda nos meios esclarecidos como “o subversivo da caneta Pilot”, houve por bem (como Brutus, Ziraldo é um homem de bem; são todos uns homens de bem – e de bens também) vender a imagem de Jeremias para a loteca, ou seja, para a Caixa Econômica Federal (federal como em República Federativa do Brasil) durante o governo Médici ou Geisel (os déspotas esclarecidos em muito se assemelham, sendo por isso mesmo intercambiáveis)".
No tempo em que linchavam negros, disse Lobato, como se o linchamento ainda não fosse desse nosso tempo. Lincham-se negros nas ruas, nas portas dos shoppings e bancos, nas escolas de todos os níveis de ensino, inclusive o superior. O que é até irônico, porque Lobato nunca poderia imaginar que chegariam lá. Lincham-se negros, sem violência física, é claro, sem ódio, nos livros, nos artigos de jornais e revistas, nos cartoons e nas redes sociais, há muitos e muitos carnavais. Racismo não nasce do ódio ou amor, Ziraldo, sendo talvez a causa e não a consequência da presença daquele ou da ausência desse. Racismo nasce da relação de poder. De poder ter influência ou gerência sobre as vidas de quem é considerado inferior. "Em que estado voltaremos, Rangel," se pergunta Lobato, ao se lembrar do quadro para justificar a escolha do nome do livro de cartas trocadas, "desta nossa aventura de arte pelos mares da vida em fora? Como o velho de Gleyre? Cansados, rotos? As ilusões daquele homem eram as velas da barca – e não ficou nenhuma. Nossos dois barquinhos estão hoje cheios de velas novas e arrogantes, atadas ao mastro da nossa petulância. São as nossas ilusões". Ah, Ziraldo, quanta ilusão (ou seria petulância? arrogância; talvez? sensação de poder?) achar que impor à mulata a presença de Lobato nessa festa tipicamente negra, vá acabar com a polêmica e todos poderemos soltar as ancas e cada um que sambe como sabe e pode. Sem censura. Ou com censura, como querem os quemerdenses. Mesmo que nesse do Caçadas de Pedrinho a palavra censura não corresponda à verdade, servindo como mero pretexto para manifestação de discordância política, sem se importar com a carnavalização de um tema tão dolorido e tão caro a milhares de brasileiros. E o que torna tudo ainda mais apelativo é que o bloco aponta censura onde não existe e se submete, calado, ao pedido da prefeitura para que não use o próprio nome no desfile. Não foi assim? Você não teve que escrever "M*" porque a palavra "merda" foi censurada? Como é que se explica isso, Ziraldo? Mente-se e cala-se quando convém? Coerência é uma questão de caráter.
ziraldo_direitos_humanos.jpgO que o MEC solicita não é censura. É respeito aos Direitos Humanos. Ao direito de uma criança negra em uma sala de aula do ensino básico e público, não se ver representada (sim, porque os processos indiretos, como Lobato nos ensinou, "work" muito mais eficientemente) em personagens chamados de macacos, fedidos, burros, feios e outras indiretas mais. Você conhece os direitos humanos, inclusive foi o artista escolhido para ilustrar a Cartilha de Direitos Humanos encomendada pela Presidência da República, pelas secretarias Especial de Direitos Humanos e de Promoção dos Direitos Humanos, pela ONU, a UNESCO, pelo MEC e por vários outros órgãos. Muitos dos quais você agora desrespeita ao querer, com a sua ilustração, acabar de vez com a polêmica causada por gente que estudou e trabalhou com seriedade as questões de educação e desigualdade racial no Brasil. A adoção do Caçadas de Pedrinho vai contra a lei de Igualdade Racial e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que você conhece e ilustrou tão bem. Na página 25 da sua Cartilha de Direitos Humanos, está escrito: "O único jeito de uma sociedade melhorar é caprichar nas suas crianças. Por isso, crianças e adolescentes têm prioridade em tudo que a sociedade faz para garantir os direitos humanos. Devem ser colocados a salvo de tudo que é violência e abuso. É como se os direitos humanos formassem um ninho para as crianças crescerem." Está lá, Ziraldo, leia de novo: "crianças e adolescentes têm prioridade". Em tudo. Principalmente em situações nas quais são desrespeitadas, como na leitura de um livro com passagens racistas, escrito por um escritor racista com finalidades racistas. Mas você não vê racismo e chama de patrulhamento do politicamente correto e censura. Você está pensando nas crianças, Ziraldo? Ou com medo de que, se a moda pega, a "censura" chegue ao seu direito de continuar brincando com o assunto? "Acho injusto fazer isso com uma figura da grandeza de Lobato", você disse em uma reportagem. E com as crianças, o público-alvo que você divide com Lobato, você acha justo? Sim, vocês dividem o mesmo público e, inclusive, alguns personagens, como uma boneca e pano e o Saci, da sua Turma do Pererê. Medo de censura, Ziraldo, talvez aos deslizes, chamemos assim, que podem ser cometidos apenas porque se acostuma a eles, a ponto de pensar que não são, de novo chamemos assim, deslizes.
A gente se acostuma, Ziraldo. Como o seu menino marrom se acostumou com as sandálias de dedo: "O menino marrom estava tão acostumado com aquelas sandálias que era capaz de jogar futebol com elas, apostar corridas, saltar obstáculos sem que as sandálias desgrudassem de seus pés. Vai ver, elas já faziam parte dele" (ZIRALDO, 1986,p. 06, em O Menino Marrom). O menino marrom, embora seja a figura simpática e esperta e bonita que você descreve, estava acostumado e fadado a ser pé-de-chinelo, em comparação ao seu amigo menino cor-de-rosa, porque "(...) um já está quase formado e o outro não estuda mais (...). Um já conseguiu um emprego, o outro foi despedido do quinto que conseguiu. Um passa seus dias lendo (...), um não lê coisa alguma, deixa tudo pra depois (...). Um pode ser diplomata ou chofer de caminhão. O outro vai ser poeta ou viver na contramão (...). Um adora um som moderno e o outro – Como é que pode? – se amarra é num pagode. (...) Um é um cara ótimo e o outro, sem qualquer duvida, é um sujeito muito bom. Um já não é mais rosado e o outro está mais marrom" (ZIRALDO, 1986, p.31). O menino marrom, ao crescer, talvez virasse marginal, fado de muito negro, como você nos mostra aqui: "(...) o menino cor-de-rosa resolveu perguntar: por que você vem todo o dia ver a velhinha atravessar a rua? E o menino marrom respondeu: Eu quero ver ela ser atropelada" (ZIRALDO, 1986, p.24), porque a própria professora tinha ensinado para ele a diferença e a (não) mistura das cores. Então ele pensou que "Ficar sozinho, às vezes, é bom: você começa a refletir, a pensar muito e consegue descobrir coisas lindas. Nessa de saber de cor e de luz (...) o menino marrom começou a entender porque é que o branco dava uma idéia de paz, de pureza e de alegria. E porque razão o preto simbolizava a angústia, a solidão, a tristeza. Ele pensava: o preto é a escuridão, o olho fechado; você não vê nada. O branco é o olho aberto, é a luz!" (ZIRALDO, 1986, p.29), e que deveria se conformar com isso e não se revoltar, não ter ódio nenhum ao ser ensinado que, daquela beleza, pureza e alegria que havia na cor branca, ele não tinha nada. O seu texto nos ensina que é assim, sem ódio, que se doma e se educa para que cada um saiba o seu lugar, com docilidade e resignação: "Meu querido amigo: Eu andava muito triste ultimamente, pois estava sentindo muito sua falta. Agora estou mais contente porque acabo de descobrir uma coisa importante: preto é, apenas, a ausência do branco" (ZIRALDO, 1986, p.30).
Olha que interessante, Ziraldo: nós que sabemos do racismo confesso de Lobato e conseguimos vê-lo em sua obra, somos acusados por você de "macaquear" (olha o termo aí) os Estados Unidos, vendo racismo em tudo. "Macaqueando" um pouco mais, será que eu poderia também acusá-lo de estar "macaqueando" Lobato, em trechos como os citados acima? Sem saber, é claro, mas como fruto da introjeção de um "processo" que ele provou que "work" com grande eficiência e ao qual podemos estar todos sujeitos, depois de sermos submetidos a ele na infância e crescermos em uma sociedade na qual não é combatido. Afinal, há quem diga que não somos racistas. Que quem vê o racismo, na maioria os negros, que o sofrem, estão apenas "macaqueando". Deveriam ficar calados e deixar dessa bobagem. Deveriam se inspirar no menino marrom e se resignarem. Como não fazem muitos meninos e meninas pretos e marrons, aqueles que são a ausência do branco, que se chateiam, que se ofendem, que sofrem preconceito nas ruas e nas escolas e ficam doídos, pensando nisso o tempo inteiro, pensando tanto nisso que perdem a vontade de ir à escola, começam a tirar notas baixas porque ficam matutando, ressentindo, a atenção guardadinha lá debaixo da dor. E como chegam à conclusão de que aquilo não vai mudar, que não vão dar em nada mesmo, que serão sempre pés-de-chinelo, saem por aí especializando-se na arte de esperar pelo atropelamento de velhinhas.
Racismo é um dos principais fatores responsáveis pela limitada participação do negro no sistema escolar, Ziraldo, porque desvia o foco, porque baixa a auto-estima, porque desvia o foco das atividades, porque a criança fica o tempo todo tendo que pensar em como não sofrer mais humilhações, e o material didático, em muitos casos, não facilita nada a vida delas. E quando alguma dessas crianças encontra um jeito de fugir a esse destino, mesmo que não tenha sido através da educação, fica insuportável e merece o linchamento público e exemplar, como o sofrido por Wilson Simonal. Como exemplo, temos a sua opinião sobre ele: "Era tolo, se achava o rei da cocada preta, coitado. E era mesmo. Era metido, insuportável". Sabe, Ziraldo, é por causa da perpetuação de estereótipos como esses que às vezes a gente nem percebe que eles estão ali, reproduzidos a partir de preconceitos adquiridos na infância, que a SEPPIR pediu que o MEC reavaliasse a adoção de Caçadas de Pedrinho. Não a censura, mas a reavaliação. Uma nota, talvez, para ser colocada junto com as outras notas que já estão lá para proteger os direitos das onças de não serem caçadas e o da ortografia, de evoluir. Já estão lá no livro essas duas notas e a SEPPIR pede mais uma apenas, para que as crianças e os adolescentes sejam "colocados a salvo de tudo que é violência e abuso", como está na cartilha que você ilustrou. Isso é um direito delas, como seres humanos. É por isso que tem gente lutando, como você também já lutou por direitos humanos e por reparação. É isso que a SEPPIR pede: reparação pelos danos causados pela escravidão e pelo racismo.
Assim você se defendeu de quem o atacou na época em que conseguiu fazer valer os seus direitos: "(…) Espero apenas que os leitores (que o criticam) não tenham sua casa invadida e, diante de seus filhos, sejam seqüestrados por componentes do exército brasileiro pelo fato de exercerem o direito de emitir sua corajosa opinião a meu respeito, eu, uma figura tão poderosa”. Ziraldo, você tem noção do que aconteceu com os, citando Lobato, "negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão", e do que acontece todos os dias com seus descendentes em um país que naturalizou e, paradoxalmente, nega o seu racismo? De quantos já morreram e ainda morrem todos os dias porque tem gente que não os leva a sério? Por causa do racismo é bem difícil que essa gente fadada a ser pé-de-chinelo a vida inteira, essas pessoas dos subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal, - porque nelas está a ausência do branco, esse povo todo representado pela mulata dócil que você faz sorrir nos braços de um dos escritores mais racistas e perversos e interesseiros que o Brasil já teve, aquele que soube como ninguém que um país (racista) também de faz de homens e livros (racistas), por causa disso tudo, Ziraldo, é que eu ia dizendo ser quase impossível para essa gente marrom, herdeira dessa gente de cor que simboliza a angústia, a solidão, a tristeza, gerar pessoas tão importantes quanto você, dignas da reparação (que nem é financeira, no caso) que o Brasil também lhes deve: respeito. Respeito que precisou ser ancorado em lei para que tivesse validade, e cuja aplicação você chama de censura.menino-lendo.jpg
Junto com outros grandes nomes da literatura infantil brasileira, como Ana Maria Machado e Ruth Rocha, você assinou uma carta que, em defesa de Lobato e contra a censura inventada pela imprensa, diz: "Suas criações têm formado, ao longo dos anos, gerações e gerações dos melhores escritores deste país que, a partir da leitura de suas obras, viram despertar sua vocação e sentiram-se destinados, cada um a seu modo, a repetir seu destino. (...) A maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças. Nenhum de nós, nem os mais vividos, têm conhecimento de que os livros de Lobato nos tenham tornado pessoas desagregadas, intolerantes ou racistas. Pelo contrário: com ele aprendemos a amar imensamente este país e a alimentar esperança em seu futuro. Ela inaugura, nos albores do século passado, nossa confiança nos destinos do Brasil e é um dos pilares das nossas melhores conquistas culturais e sociais." É isso. Nos livros de Lobato está o racismo do racista, que ninguém vê, que vocês acham que não é problema, que é alicerce, que é necessário à formação das nossas futuras gerações, do nosso futuro. E é exatamente isso. Alicerce de uma sociedade que traz o racismo tão arraigado em sua formação que não consegue manter a necessária distância do foco, a necessário distância para enxergá-lo. Perpetuar isso parece ser patriótico, esse racismo que "faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças." Sabe o que Lobato disse em carta ao seu amigo Poti, nos albores do século passado, em 1905? Ele chamava de patriota o brasileiro que se casasse com uma italiana ou alemã, para apurar esse povo, para acabar com essa raça degenerada que você, em sua ilustração, lhe entrega de braços abertos e sorridente. Perpetuar isso parece alimentar posições de pessoas que, mesmo não sendo ou mesmo não se achando racistas, não se percebem cometendo a atitude racista que você ilustrou tão bem: entregar essas crianças negras nos braços de quem nem queria que elas nascessem. Cada um a seu modo, a repetir seu destino. Quem é poderoso, que cobre, muito bem cobrado, seus direitos; quem não é, que sorria, entre na roda e aprenda a sambar.
Peguei-o para bode expiatório, Ziraldo? Sim, sempre tem que ter algum. E, sem ódio, espero que você não queira que eu morra por te criticar. Como faziam os racistas nos tempos em quem ainda linchavam negros. Esses abusados que não mais se calam e apelam para a lei ao serem chamados de "macaco", "carvão", "fedorento", "ladrão", "vagabundo", "coisa", "burro", e que agora querem ser tratados como gente, no concerto dos povos. Esses que, ao denunciarem e quererem se livrar do que lhes dói, tantos problemas criam aqui, nesse país do futuro. Em uma matéria do Correio Braziliense você disse que "Os americanos odeiam os negros, mas aqui nunca houve uma organização como a Ku Klux Klan. No Brasil, onde branco rico entra, preto rico também entra. Pelé nunca foi alvo de uma manifestação de ódio racial. O racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos”. Se dependesse de Monteiro Lobato, o Brasil teria tido sua Ku-Klux-Klan, Ziraldo. Leia só o que ele disse em carta ao amigo Arthur Neiva, enviada de Nova Iorque em 1928, querendo macaquear os brancos norte-americanos: "Diversos amigos me dizem: Por que não escreve suas impressões? E eu respondo: Porque é inútil e seria cair no ridículo. Escrever é aparecer no tablado de um circo muito mambembe, chamado imprensa, e exibir-se diante de uma assistência de moleques feeble-minded e despidos da menos noção de seriedade. Mulatada, em suma. País de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan é país perdido para altos destinos. André Siegfred resume numa frase as duas atitudes. "Nós defendemos o front da raça branca - diz o sul - e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brasil". Um dia se fará justiça ao Kux-Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca - mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destroem (sic) a capacidade construtiva." Fosse feita a vontade de Lobato, Ziraldo, talvez não tivéssemos a imprensa carioca, talvez não tivéssemos você. Mas temos, porque, como você também diz, "o racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos." Como, para acabar com a polêmica, você nos ilustra com o desenho para o bloco quemerdense. Olho para o rosto sorridente da mulata nos braços de Monteiro Lobato e quase posso ouvi-la dizer: "Só dói quando eu rio".
Com pesar, e em retribuição ao seu afeto,
Ana Maria Gonçalves
Negra, escritora, autora de Um defeito de cor.
Carta Aberta ao Ziraldo, por Ana Maria Gonçalves
Caro Ziraldo,
Olho a triste figura de Monteiro Lobato abraçado a uma mulata, estampada nas camisetas do bloco carnavalesco carioca "Que merda é essa?" e vejo que foi obra sua. Fiquei curiosa para saber se você conhece a opinião de Lobato sobre os mestiços brasileiros e, de verdade, queria que não. Eu te respeitava, Ziraldo. Esperava que fosse o seu senso de humor falando mais alto do que a ignorância dos fatos, e por breves momentos até me senti vingada. Vingada contra o racismo do eugenista Monteiro Lobato que, em carta ao amigo Godofredo Rangel, desabafou: "(...)Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!..." (em "A barca de Gleyre". São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133).
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Ironia das ironias, Ziraldo, o nome do livro de onde foi tirado o trecho acima é inspirado em um quadro do pintor suíço Charles Gleyre (1808-1874), Ilusões Perdidas. Porque foi isso que aconteceu. Porque lendo uma matéria sobre o bloco e a sua participação, você assim o endossa : "Para acabar com a polêmica, coloquei o Monteiro Lobato sambando com uma mulata. Ele tem um conto sobre uma neguinha que é uma maravilha. Racismo tem ódio. Racismo sem ódio não é racismo. A ideia é acabar com essa brincadeira de achar que a gente é racista". A gente quem, Ziraldo? Para quem você se (auto) justifica? Quem te disse que racismo sem ódio, mesmo aquele com o "humor negro" de unir uma mulata a quem grande ódio teve por ela e pelo que ela representava, não é racismo? Monteiro Lobato, sempre que se referiu a negros e mulatos, foi com ódio, com desprezo, com a certeza absoluta da própria superioridade, fazendo uso do dom que lhe foi dado e pelo qual é admirado e defendido até hoje. Em uma das cartas que iam e vinham na barca de Gleyre (nem todas estão publicadas no livro, pois a seleção foi feita por Lobato, que as censurou, claro) com seu amigo Godofredo Rangel, Lobato confessou que sabia que a escrita "é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, 'work' muito mais eficientemente".
Lobato estava certo. Certíssimo. Até hoje, muitos dos que o leram não vêem nada de errado em seu processo de chamar negro de burro aqui, de fedorento ali, de macaco acolá, de urubu mais além. Porque os processos indiretos, ou seja, sem ódio, fazendo-se passar por gente boa e amiga das crianças e do Brasil, "work" muito bem. Lobato ficou frustradíssimo quando seu "processo" sem ódio, só na inteligência, não funcionou com os norte-americanos, quando ele tentou em vão encontrar editora que publicasse o que considerava ser sua obra prima em favor da eugenia e da eliminação, via esterilização, de todos os negros. Ele falava do livro "O presidente negro ou O choque das raças" que, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, país daquele povo que odeia negros, como você diz, Ziraldo, foi publicado no Brasil. Primeiro em capítulos no jornal carioca A Manhã, do qual Lobato era colaborador, e logo em seguida em edição da Editora Companhia Nacional, pertencente a Lobato. Tal livro foi dedicado secretamente ao amigo e médico eugenista Renato Kehl, em meio à vasta e duradoura correspondência trocada pelos dois: “Renato, tu és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. (...) Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade precisa de uma coisa só: póda. É como a vinha".
Impossibilitado de colher os frutos dessa poda nos EUA, Lobato desabafou com Godofredo Rangel: "Meu romance não encontra editor. [...]. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tantos séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros." Tempos depois, voltou a se animar: "Um escândalo literário equivale no mínimo a 2.000.000 dólares para o autor (...) Esse ovo de escândalo foi recusado por cinco editores conservadores e amigos de obras bem comportadas, mas acaba de encher de entusiasmo um editor judeu que quer que eu o refaça e ponha mais matéria de exasperação. Penso como ele e estou com idéias de enxertar um capítulo no qual conte a guerra donde resultou a conquista pelos Estados Unidos do México e toda essa infecção spanish da América Central. O meu judeu acha que com isso até uma proibição policial obteremos - o que vale um milhão de dólares. Um livro proibido aqui sai na Inglaterra e entra boothegued como o whisky e outras implicâncias dos puritanos". Lobato percebeu, Ziraldo, que talvez devesse apenas exasperar-se mais, ser mais claro em suas ideias, explicar melhor seu ódio e seu racismo, não importando a quem atingiria e nem por quanto tempo perduraria, e nem o quão fundo se instalaria na sociedade brasileira. Importava o dinheiro, não a exasperação dos ofendidos. 2.000.000 de dólares, ele pensava, por um ovo de escândalo. Como também foi por dinheiro que o Jeca Tatu, reabilitado, estampou as propagandas do Biotônico Fontoura.
Você sabe que isso dá dinheiro, Ziraldo, mesmo que o investimento tenha sido a longo prazo, como ironiza Ivan Lessa: "Ziraldo, o guerrilheiro do traço, está de parabéns. Finalmente o governo brasileiro tomou vergonha na cara e acabou de pagar o que devia pelo passe de Jeremias, o Bom, imortal personagem criado por aquele que também é conhecido como “o Lamarca do nanquim”. Depois do imenso sucesso do calunguinha nas páginas de diversas publicações, assim como também na venda de diversos produtos farmacêuticos, principalmente doenças da tireóide, nos idos de 70, Ziraldo, cognominado ainda nos meios esclarecidos como “o subversivo da caneta Pilot”, houve por bem (como Brutus, Ziraldo é um homem de bem; são todos uns homens de bem – e de bens também) vender a imagem de Jeremias para a loteca, ou seja, para a Caixa Econômica Federal (federal como em República Federativa do Brasil) durante o governo Médici ou Geisel (os déspotas esclarecidos em muito se assemelham, sendo por isso mesmo intercambiáveis)".
No tempo em que linchavam negros, disse Lobato, como se o linchamento ainda não fosse desse nosso tempo. Lincham-se negros nas ruas, nas portas dos shoppings e bancos, nas escolas de todos os níveis de ensino, inclusive o superior. O que é até irônico, porque Lobato nunca poderia imaginar que chegariam lá. Lincham-se negros, sem violência física, é claro, sem ódio, nos livros, nos artigos de jornais e revistas, nos cartoons e nas redes sociais, há muitos e muitos carnavais. Racismo não nasce do ódio ou amor, Ziraldo, sendo talvez a causa e não a consequência da presença daquele ou da ausência desse. Racismo nasce da relação de poder. De poder ter influência ou gerência sobre as vidas de quem é considerado inferior. "Em que estado voltaremos, Rangel," se pergunta Lobato, ao se lembrar do quadro para justificar a escolha do nome do livro de cartas trocadas, "desta nossa aventura de arte pelos mares da vida em fora? Como o velho de Gleyre? Cansados, rotos? As ilusões daquele homem eram as velas da barca – e não ficou nenhuma. Nossos dois barquinhos estão hoje cheios de velas novas e arrogantes, atadas ao mastro da nossa petulância. São as nossas ilusões". Ah, Ziraldo, quanta ilusão (ou seria petulância? arrogância; talvez? sensação de poder?) achar que impor à mulata a presença de Lobato nessa festa tipicamente negra, vá acabar com a polêmica e todos poderemos soltar as ancas e cada um que sambe como sabe e pode. Sem censura. Ou com censura, como querem os quemerdenses. Mesmo que nesse do Caçadas de Pedrinho a palavra censura não corresponda à verdade, servindo como mero pretexto para manifestação de discordância política, sem se importar com a carnavalização de um tema tão dolorido e tão caro a milhares de brasileiros. E o que torna tudo ainda mais apelativo é que o bloco aponta censura onde não existe e se submete, calado, ao pedido da prefeitura para que não use o próprio nome no desfile. Não foi assim? Você não teve que escrever "M*" porque a palavra "merda" foi censurada? Como é que se explica isso, Ziraldo? Mente-se e cala-se quando convém? Coerência é uma questão de caráter.
ziraldo_direitos_humanos.jpgO que o MEC solicita não é censura. É respeito aos Direitos Humanos. Ao direito de uma criança negra em uma sala de aula do ensino básico e público, não se ver representada (sim, porque os processos indiretos, como Lobato nos ensinou, "work" muito mais eficientemente) em personagens chamados de macacos, fedidos, burros, feios e outras indiretas mais. Você conhece os direitos humanos, inclusive foi o artista escolhido para ilustrar a Cartilha de Direitos Humanos encomendada pela Presidência da República, pelas secretarias Especial de Direitos Humanos e de Promoção dos Direitos Humanos, pela ONU, a UNESCO, pelo MEC e por vários outros órgãos. Muitos dos quais você agora desrespeita ao querer, com a sua ilustração, acabar de vez com a polêmica causada por gente que estudou e trabalhou com seriedade as questões de educação e desigualdade racial no Brasil. A adoção do Caçadas de Pedrinho vai contra a lei de Igualdade Racial e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que você conhece e ilustrou tão bem. Na página 25 da sua Cartilha de Direitos Humanos, está escrito: "O único jeito de uma sociedade melhorar é caprichar nas suas crianças. Por isso, crianças e adolescentes têm prioridade em tudo que a sociedade faz para garantir os direitos humanos. Devem ser colocados a salvo de tudo que é violência e abuso. É como se os direitos humanos formassem um ninho para as crianças crescerem." Está lá, Ziraldo, leia de novo: "crianças e adolescentes têm prioridade". Em tudo. Principalmente em situações nas quais são desrespeitadas, como na leitura de um livro com passagens racistas, escrito por um escritor racista com finalidades racistas. Mas você não vê racismo e chama de patrulhamento do politicamente correto e censura. Você está pensando nas crianças, Ziraldo? Ou com medo de que, se a moda pega, a "censura" chegue ao seu direito de continuar brincando com o assunto? "Acho injusto fazer isso com uma figura da grandeza de Lobato", você disse em uma reportagem. E com as crianças, o público-alvo que você divide com Lobato, você acha justo? Sim, vocês dividem o mesmo público e, inclusive, alguns personagens, como uma boneca e pano e o Saci, da sua Turma do Pererê. Medo de censura, Ziraldo, talvez aos deslizes, chamemos assim, que podem ser cometidos apenas porque se acostuma a eles, a ponto de pensar que não são, de novo chamemos assim, deslizes.
A gente se acostuma, Ziraldo. Como o seu menino marrom se acostumou com as sandálias de dedo: "O menino marrom estava tão acostumado com aquelas sandálias que era capaz de jogar futebol com elas, apostar corridas, saltar obstáculos sem que as sandálias desgrudassem de seus pés. Vai ver, elas já faziam parte dele" (ZIRALDO, 1986,p. 06, em O Menino Marrom). O menino marrom, embora seja a figura simpática e esperta e bonita que você descreve, estava acostumado e fadado a ser pé-de-chinelo, em comparação ao seu amigo menino cor-de-rosa, porque "(...) um já está quase formado e o outro não estuda mais (...). Um já conseguiu um emprego, o outro foi despedido do quinto que conseguiu. Um passa seus dias lendo (...), um não lê coisa alguma, deixa tudo pra depois (...). Um pode ser diplomata ou chofer de caminhão. O outro vai ser poeta ou viver na contramão (...). Um adora um som moderno e o outro – Como é que pode? – se amarra é num pagode. (...) Um é um cara ótimo e o outro, sem qualquer duvida, é um sujeito muito bom. Um já não é mais rosado e o outro está mais marrom" (ZIRALDO, 1986, p.31). O menino marrom, ao crescer, talvez virasse marginal, fado de muito negro, como você nos mostra aqui: "(...) o menino cor-de-rosa resolveu perguntar: por que você vem todo o dia ver a velhinha atravessar a rua? E o menino marrom respondeu: Eu quero ver ela ser atropelada" (ZIRALDO, 1986, p.24), porque a própria professora tinha ensinado para ele a diferença e a (não) mistura das cores. Então ele pensou que "Ficar sozinho, às vezes, é bom: você começa a refletir, a pensar muito e consegue descobrir coisas lindas. Nessa de saber de cor e de luz (...) o menino marrom começou a entender porque é que o branco dava uma idéia de paz, de pureza e de alegria. E porque razão o preto simbolizava a angústia, a solidão, a tristeza. Ele pensava: o preto é a escuridão, o olho fechado; você não vê nada. O branco é o olho aberto, é a luz!" (ZIRALDO, 1986, p.29), e que deveria se conformar com isso e não se revoltar, não ter ódio nenhum ao ser ensinado que, daquela beleza, pureza e alegria que havia na cor branca, ele não tinha nada. O seu texto nos ensina que é assim, sem ódio, que se doma e se educa para que cada um saiba o seu lugar, com docilidade e resignação: "Meu querido amigo: Eu andava muito triste ultimamente, pois estava sentindo muito sua falta. Agora estou mais contente porque acabo de descobrir uma coisa importante: preto é, apenas, a ausência do branco" (ZIRALDO, 1986, p.30).
Olha que interessante, Ziraldo: nós que sabemos do racismo confesso de Lobato e conseguimos vê-lo em sua obra, somos acusados por você de "macaquear" (olha o termo aí) os Estados Unidos, vendo racismo em tudo. "Macaqueando" um pouco mais, será que eu poderia também acusá-lo de estar "macaqueando" Lobato, em trechos como os citados acima? Sem saber, é claro, mas como fruto da introjeção de um "processo" que ele provou que "work" com grande eficiência e ao qual podemos estar todos sujeitos, depois de sermos submetidos a ele na infância e crescermos em uma sociedade na qual não é combatido. Afinal, há quem diga que não somos racistas. Que quem vê o racismo, na maioria os negros, que o sofrem, estão apenas "macaqueando". Deveriam ficar calados e deixar dessa bobagem. Deveriam se inspirar no menino marrom e se resignarem. Como não fazem muitos meninos e meninas pretos e marrons, aqueles que são a ausência do branco, que se chateiam, que se ofendem, que sofrem preconceito nas ruas e nas escolas e ficam doídos, pensando nisso o tempo inteiro, pensando tanto nisso que perdem a vontade de ir à escola, começam a tirar notas baixas porque ficam matutando, ressentindo, a atenção guardadinha lá debaixo da dor. E como chegam à conclusão de que aquilo não vai mudar, que não vão dar em nada mesmo, que serão sempre pés-de-chinelo, saem por aí especializando-se na arte de esperar pelo atropelamento de velhinhas.
Racismo é um dos principais fatores responsáveis pela limitada participação do negro no sistema escolar, Ziraldo, porque desvia o foco, porque baixa a auto-estima, porque desvia o foco das atividades, porque a criança fica o tempo todo tendo que pensar em como não sofrer mais humilhações, e o material didático, em muitos casos, não facilita nada a vida delas. E quando alguma dessas crianças encontra um jeito de fugir a esse destino, mesmo que não tenha sido através da educação, fica insuportável e merece o linchamento público e exemplar, como o sofrido por Wilson Simonal. Como exemplo, temos a sua opinião sobre ele: "Era tolo, se achava o rei da cocada preta, coitado. E era mesmo. Era metido, insuportável". Sabe, Ziraldo, é por causa da perpetuação de estereótipos como esses que às vezes a gente nem percebe que eles estão ali, reproduzidos a partir de preconceitos adquiridos na infância, que a SEPPIR pediu que o MEC reavaliasse a adoção de Caçadas de Pedrinho. Não a censura, mas a reavaliação. Uma nota, talvez, para ser colocada junto com as outras notas que já estão lá para proteger os direitos das onças de não serem caçadas e o da ortografia, de evoluir. Já estão lá no livro essas duas notas e a SEPPIR pede mais uma apenas, para que as crianças e os adolescentes sejam "colocados a salvo de tudo que é violência e abuso", como está na cartilha que você ilustrou. Isso é um direito delas, como seres humanos. É por isso que tem gente lutando, como você também já lutou por direitos humanos e por reparação. É isso que a SEPPIR pede: reparação pelos danos causados pela escravidão e pelo racismo.
Assim você se defendeu de quem o atacou na época em que conseguiu fazer valer os seus direitos: "(…) Espero apenas que os leitores (que o criticam) não tenham sua casa invadida e, diante de seus filhos, sejam seqüestrados por componentes do exército brasileiro pelo fato de exercerem o direito de emitir sua corajosa opinião a meu respeito, eu, uma figura tão poderosa”. Ziraldo, você tem noção do que aconteceu com os, citando Lobato, "negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão", e do que acontece todos os dias com seus descendentes em um país que naturalizou e, paradoxalmente, nega o seu racismo? De quantos já morreram e ainda morrem todos os dias porque tem gente que não os leva a sério? Por causa do racismo é bem difícil que essa gente fadada a ser pé-de-chinelo a vida inteira, essas pessoas dos subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal, - porque nelas está a ausência do branco, esse povo todo representado pela mulata dócil que você faz sorrir nos braços de um dos escritores mais racistas e perversos e interesseiros que o Brasil já teve, aquele que soube como ninguém que um país (racista) também de faz de homens e livros (racistas), por causa disso tudo, Ziraldo, é que eu ia dizendo ser quase impossível para essa gente marrom, herdeira dessa gente de cor que simboliza a angústia, a solidão, a tristeza, gerar pessoas tão importantes quanto você, dignas da reparação (que nem é financeira, no caso) que o Brasil também lhes deve: respeito. Respeito que precisou ser ancorado em lei para que tivesse validade, e cuja aplicação você chama de censura.menino-lendo.jpg
Junto com outros grandes nomes da literatura infantil brasileira, como Ana Maria Machado e Ruth Rocha, você assinou uma carta que, em defesa de Lobato e contra a censura inventada pela imprensa, diz: "Suas criações têm formado, ao longo dos anos, gerações e gerações dos melhores escritores deste país que, a partir da leitura de suas obras, viram despertar sua vocação e sentiram-se destinados, cada um a seu modo, a repetir seu destino. (...) A maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças. Nenhum de nós, nem os mais vividos, têm conhecimento de que os livros de Lobato nos tenham tornado pessoas desagregadas, intolerantes ou racistas. Pelo contrário: com ele aprendemos a amar imensamente este país e a alimentar esperança em seu futuro. Ela inaugura, nos albores do século passado, nossa confiança nos destinos do Brasil e é um dos pilares das nossas melhores conquistas culturais e sociais." É isso. Nos livros de Lobato está o racismo do racista, que ninguém vê, que vocês acham que não é problema, que é alicerce, que é necessário à formação das nossas futuras gerações, do nosso futuro. E é exatamente isso. Alicerce de uma sociedade que traz o racismo tão arraigado em sua formação que não consegue manter a necessária distância do foco, a necessário distância para enxergá-lo. Perpetuar isso parece ser patriótico, esse racismo que "faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças." Sabe o que Lobato disse em carta ao seu amigo Poti, nos albores do século passado, em 1905? Ele chamava de patriota o brasileiro que se casasse com uma italiana ou alemã, para apurar esse povo, para acabar com essa raça degenerada que você, em sua ilustração, lhe entrega de braços abertos e sorridente. Perpetuar isso parece alimentar posições de pessoas que, mesmo não sendo ou mesmo não se achando racistas, não se percebem cometendo a atitude racista que você ilustrou tão bem: entregar essas crianças negras nos braços de quem nem queria que elas nascessem. Cada um a seu modo, a repetir seu destino. Quem é poderoso, que cobre, muito bem cobrado, seus direitos; quem não é, que sorria, entre na roda e aprenda a sambar.
Peguei-o para bode expiatório, Ziraldo? Sim, sempre tem que ter algum. E, sem ódio, espero que você não queira que eu morra por te criticar. Como faziam os racistas nos tempos em quem ainda linchavam negros. Esses abusados que não mais se calam e apelam para a lei ao serem chamados de "macaco", "carvão", "fedorento", "ladrão", "vagabundo", "coisa", "burro", e que agora querem ser tratados como gente, no concerto dos povos. Esses que, ao denunciarem e quererem se livrar do que lhes dói, tantos problemas criam aqui, nesse país do futuro. Em uma matéria do Correio Braziliense você disse que "Os americanos odeiam os negros, mas aqui nunca houve uma organização como a Ku Klux Klan. No Brasil, onde branco rico entra, preto rico também entra. Pelé nunca foi alvo de uma manifestação de ódio racial. O racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos”. Se dependesse de Monteiro Lobato, o Brasil teria tido sua Ku-Klux-Klan, Ziraldo. Leia só o que ele disse em carta ao amigo Arthur Neiva, enviada de Nova Iorque em 1928, querendo macaquear os brancos norte-americanos: "Diversos amigos me dizem: Por que não escreve suas impressões? E eu respondo: Porque é inútil e seria cair no ridículo. Escrever é aparecer no tablado de um circo muito mambembe, chamado imprensa, e exibir-se diante de uma assistência de moleques feeble-minded e despidos da menos noção de seriedade. Mulatada, em suma. País de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan é país perdido para altos destinos. André Siegfred resume numa frase as duas atitudes. "Nós defendemos o front da raça branca - diz o sul - e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brasil". Um dia se fará justiça ao Kux-Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca - mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destroem (sic) a capacidade construtiva." Fosse feita a vontade de Lobato, Ziraldo, talvez não tivéssemos a imprensa carioca, talvez não tivéssemos você. Mas temos, porque, como você também diz, "o racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos." Como, para acabar com a polêmica, você nos ilustra com o desenho para o bloco quemerdense. Olho para o rosto sorridente da mulata nos braços de Monteiro Lobato e quase posso ouvi-la dizer: "Só dói quando eu rio".
Com pesar, e em retribuição ao seu afeto,
Ana Maria Gonçalves
Negra, escritora, autora de Um defeito de cor.
Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Coordenação Pedagógica
O Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Coordenação Pedagógica, carga horária de 405 horas, é voltado para a formação continuada e pós-graduada de profissionais que atuam em equipes de gestão pedagógica em escolas públicas de educação básica. O currículo do curso é estruturado em torno do eixo Organização do Trabalho Pedagógico, que sintetiza a dupla abrangência da função de Coordenação Pedagógica numa instituição educacional: o âmbito da escola compreendida como local social de formação crítica e cidadã e o âmbito da sala de aula, espaço em que a prática educativa acontece de forma planejada e intencional.
Modo de implementação - o Curso é operado numa estrutura descentralizada, sob responsabilidade de Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) que integram os estados federados do país, sob a coordenação da SEB/MEC e em colaboração com a Secretaria de Educação a Distância (SEED) e do Fundo de Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Público-alvo - O curso destina-se aos Coordenadores Pedagógicos e\ou profissionais que exercem função equivalente e integram a equipe gestora da escola de educação básica.
Seleção dos candidatos - Cada sistema de ensino realiza a pré-seleção dos candidatos e cada universidade realiza o processo seletivo para o ingresso no Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica. O processo seletivo inclui duas etapas: uma pré-inscrição feita pelos sistemas de ensino e, em seguida, uma seleção técnica feita pelas universidades responsáveis pelo curso. O atendimento priorizará os municípios e escolas com baixo ideb, e terá por base na seleção dos candidatos, os critérios mínimos de seleção:
Critérios mínimos de seleção:
- Ser graduado em Pedagogia ou outra licenciatura plena.
- Pertencer à rede pública municipal e/ou estadual de educação básica, incluindo a Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e Educação Profissional.
- Ter disponibilidade para dedicar, no mínimo, 10 horas/semanais ao curso.
- Ter disponibilidade para participar dos encontros presenciais nos locais previstos.
A avaliação e Certificação – A prática avaliativa a ser desenvolvida deverá evidenciar o caráter formativo e processual da avaliação. Os procedimentos específicos de avaliação, bem como os critérios e valores mínimos de aproveitamento e freqüência exigidos para aprovação, poderão ser estabelecidos conforme as normas acadêmicas de cada IPES, com a observação ao que já está definido na Resolução CNE/CES nº 1, de 08/06/ 2007, que estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização. A certificação obedecerá às normas da universidade sede do curso.
Link: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14670&Itemid=947
Edital:
Link: http://www.educacao.ufrj.br/Edital_CoordenacaoPedagogica.pdf
Modo de implementação - o Curso é operado numa estrutura descentralizada, sob responsabilidade de Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) que integram os estados federados do país, sob a coordenação da SEB/MEC e em colaboração com a Secretaria de Educação a Distância (SEED) e do Fundo de Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Público-alvo - O curso destina-se aos Coordenadores Pedagógicos e\ou profissionais que exercem função equivalente e integram a equipe gestora da escola de educação básica.
Seleção dos candidatos - Cada sistema de ensino realiza a pré-seleção dos candidatos e cada universidade realiza o processo seletivo para o ingresso no Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica. O processo seletivo inclui duas etapas: uma pré-inscrição feita pelos sistemas de ensino e, em seguida, uma seleção técnica feita pelas universidades responsáveis pelo curso. O atendimento priorizará os municípios e escolas com baixo ideb, e terá por base na seleção dos candidatos, os critérios mínimos de seleção:
Critérios mínimos de seleção:
- Ser graduado em Pedagogia ou outra licenciatura plena.
- Pertencer à rede pública municipal e/ou estadual de educação básica, incluindo a Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e Educação Profissional.
- Ter disponibilidade para dedicar, no mínimo, 10 horas/semanais ao curso.
- Ter disponibilidade para participar dos encontros presenciais nos locais previstos.
A avaliação e Certificação – A prática avaliativa a ser desenvolvida deverá evidenciar o caráter formativo e processual da avaliação. Os procedimentos específicos de avaliação, bem como os critérios e valores mínimos de aproveitamento e freqüência exigidos para aprovação, poderão ser estabelecidos conforme as normas acadêmicas de cada IPES, com a observação ao que já está definido na Resolução CNE/CES nº 1, de 08/06/ 2007, que estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização. A certificação obedecerá às normas da universidade sede do curso.
Link: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14670&Itemid=947
Edital:
Link: http://www.educacao.ufrj.br/Edital_CoordenacaoPedagogica.pdf
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