Nos últimos dias, dois fatos chamam a atenção no que
diz respeito às questões dos direitos humanos e comunicação social. Um é
a entrevista do pastor Silas Malafaia a Marília Gabriela no SBT, domingo (10/2); o outro, a agressão a um jovem estudante homossexual na residência universitária da Universidade F...,
sábado (9/2). Os dois fatos têm uma convergência que preocupa tanto do
ponto de vista ético-comunicacional como legal. Esses fatos exigem uma
reflexão que abrange temas como a cultura de ódio e desrespeito aos
direitos humanos, bem como esse desrespeito avança e toma forma nos
meios de comunicação social. Estes por sua vez estão totalmente
desregulados/desregulamentados, sem uma legislação específica que
garanta os direitos de expressão e sua democratização, ligadas a
políticas públicas da sociedade, ferindo a Constituição do Brasil.
Na entrevista, Silas Malafaia, cheio de pontos soltos e polêmicas, expressa como uma parte do movimento cristão usa os meios de comunicação para apresentar suas ideias preconceituosas, ultrapassadas e que ferem os direitos humanos. Ele fala em um programa de entrevistas o que comunica sempre em seu programa na TV. Ou melhor, ele é mais um pastor dentre outros cristãos no imenso mercado midiático a pregar suas ideias. Quanto a expressar-se, é um direito constitucional, mas o que nos deixa preocupados é que isso é feito usando concessão pública em um sistema comunicacional desregulamentado com consequências concretas: a intolerância, o ódio e a violência. Como efeito disso, há ainda o desrespeito à estética e à ética comunicacionais e aos direitos humanos. Sem contar que tais pregadores são aparados por uma lacuna legal de regulamentação dos meios de comunicação e instituições religiosas poderosas e cheias de dinheiro.
Os absurdos da pregação midiática
Nesse universo selvagem dos meios de comunicação, padres e pastores com o peso econômico de suas instituições bravejam seus valores como verdades absolutas, com palavras de ódio contra os homossexuais e contra as religiosidades não-cristãs, tudo isso camuflado numa pregação com direito a passagens bíblicas soltas e mal interpretadas, citações de estudos questionados pela comunidade científica. Por exemplo, Silas Malafaia usa de pseudoverdades cientificistas para corroborar com sua ideologia homofóbica. Tais argumentos são questionados por legítimos pesquisadores da área da biologia e teólogos sérios não concordam com as interpretações grosseiras que são feitas da bíblia cristã.
No mundo da mídia, a selvageria; no mundo da vida, o espelho desse ódio pregado nos meios de comunicação: estudantes de intercâmbio made in Portugal agridem e quase matam um estudante homossexual em plena residência universitária da Universidade Federal de Goiás (UFG). O ódio das pregações se une a uma cultura de intolerância e violência. Essa cultura com raízes profundas na colonização e no modo de produção capitalista permite que temas como os direitos humanos não sejam tratados em nossas universidades como se deveria. Não há discussão, não há conscientização ou sensibilização por parte das instituições de educação, o que gera uma lacuna, permitindo tais eventos. Na mídia, temos apresentadores de TV, pastores evangélicos, padres católicos e autoridades políticas pregando o ódio contra homossexuais. A universidade como espelho da sua época retrata a violência que se espalha como um monstro que cresce pelo Brasil.
Essa circularidade entre mídia e mundo da vida nos leva a questionar como a retroalimentação do ódio nas culturas se apresenta na formação social do Brasil, na falta de uma regulamentação para o acesso pleno aos meios de comunicação social, bem como a uma ética e estética para a livre expressão, sua liberdade e seu papel social. De que maneira podemos fazer valer o que diz a Constituição, que o Estado é laico e de Direito? Até que ponto os absurdos da pregação midiática chegarão no Brasil? Quais os mecanismos que a sociedade usará para garantir os direitos humanos?
Na entrevista, Silas Malafaia, cheio de pontos soltos e polêmicas, expressa como uma parte do movimento cristão usa os meios de comunicação para apresentar suas ideias preconceituosas, ultrapassadas e que ferem os direitos humanos. Ele fala em um programa de entrevistas o que comunica sempre em seu programa na TV. Ou melhor, ele é mais um pastor dentre outros cristãos no imenso mercado midiático a pregar suas ideias. Quanto a expressar-se, é um direito constitucional, mas o que nos deixa preocupados é que isso é feito usando concessão pública em um sistema comunicacional desregulamentado com consequências concretas: a intolerância, o ódio e a violência. Como efeito disso, há ainda o desrespeito à estética e à ética comunicacionais e aos direitos humanos. Sem contar que tais pregadores são aparados por uma lacuna legal de regulamentação dos meios de comunicação e instituições religiosas poderosas e cheias de dinheiro.
Os absurdos da pregação midiática
Nesse universo selvagem dos meios de comunicação, padres e pastores com o peso econômico de suas instituições bravejam seus valores como verdades absolutas, com palavras de ódio contra os homossexuais e contra as religiosidades não-cristãs, tudo isso camuflado numa pregação com direito a passagens bíblicas soltas e mal interpretadas, citações de estudos questionados pela comunidade científica. Por exemplo, Silas Malafaia usa de pseudoverdades cientificistas para corroborar com sua ideologia homofóbica. Tais argumentos são questionados por legítimos pesquisadores da área da biologia e teólogos sérios não concordam com as interpretações grosseiras que são feitas da bíblia cristã.
No mundo da mídia, a selvageria; no mundo da vida, o espelho desse ódio pregado nos meios de comunicação: estudantes de intercâmbio made in Portugal agridem e quase matam um estudante homossexual em plena residência universitária da Universidade Federal de Goiás (UFG). O ódio das pregações se une a uma cultura de intolerância e violência. Essa cultura com raízes profundas na colonização e no modo de produção capitalista permite que temas como os direitos humanos não sejam tratados em nossas universidades como se deveria. Não há discussão, não há conscientização ou sensibilização por parte das instituições de educação, o que gera uma lacuna, permitindo tais eventos. Na mídia, temos apresentadores de TV, pastores evangélicos, padres católicos e autoridades políticas pregando o ódio contra homossexuais. A universidade como espelho da sua época retrata a violência que se espalha como um monstro que cresce pelo Brasil.
Essa circularidade entre mídia e mundo da vida nos leva a questionar como a retroalimentação do ódio nas culturas se apresenta na formação social do Brasil, na falta de uma regulamentação para o acesso pleno aos meios de comunicação social, bem como a uma ética e estética para a livre expressão, sua liberdade e seu papel social. De que maneira podemos fazer valer o que diz a Constituição, que o Estado é laico e de Direito? Até que ponto os absurdos da pregação midiática chegarão no Brasil? Quais os mecanismos que a sociedade usará para garantir os direitos humanos?
Por Moisés dos Santos Viana em 19/02/2013 na edição 734 do Observatório da Imprensa
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