Um dos cinco melhores documentários da 36ª Mostra Internacional de
Cinema de São Paulo, em votação popular, foi o filme “Muito Além do
Peso”, que aborda “a maior epidemia infantil há história – a obesidade”.
Crianças com doenças de adultos e números alarmantes transbordam da
tela, revelando um jogo de responsabilidade entre Estado, família,
escola, publicidade e indústria alimentícia. O documentário foi filmado
em regiões do Brasil e dos Estados Unidos.
Em breve o filme estará nos cinemas brasileiros. No próximo dia 12 de
novembro, 20h, acontece a pré-estreia, no Ibirapuera, em São Paulo.
Após a exibição do filme, haverá um debate sobre obesidade infantil, com
abertura de Amit Goswami e mediação de Cazé Peçanha. Debatem o assunto:
Ann Cooper, Frei Betto, Amélio Godoy e Estela Renner.
A produção é da Maria Farinha Produções e do Instituto Alana,
entidade de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Entre os
especialistas que participam do documentário, uma é a professora
Elisabetta Recine, da Universidade de Brasília (UnB) e integrante do
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Clique aqui para assistir o trailer do filme.
Informações:
www.muitoalemdopeso.com.br
Serviço
Pré-estreia do Filme “Muito Além do Peso”
Dia: 12 de novembro
Horário: 20 horas
Local: Auditório Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, São Paulo (SP)
Fonte: Instituto Alana
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
RELATÓRIO DE ATIVIDADES REALIZADAS
1.
O curso a distância “O DHAA e o SISAN” teve início em 07/02/2012, com
2.000 alunos matriculados. Dentre os critérios prioritários para seleção
dos alunos/as inscritos foram considerados: ser conselheiro/a de
conselhos de políticas públicas relacionados ao tema da segurança
alimentar e nutricional e pertencer a povos e comunidades tradicionais.
2.
Todos/as os/as inscritos(as) que se declaram como conselheiros/as foram
matriculados no curso. Dentre os alunos que se declararam pertencentes a
povos indígenas e comunidades tradicionais e não conselheiro/as, 25%
foram matriculados. Segue tabela com os critérios utilizados para
matrícula no curso á distância:
CRITERIOS PARA SELEÇÃO DE ALUNOS CURSO EAD DHAA-SISAN
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TABELA DE SELEÇÃO
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PRIORIDADES
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nº
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I: 100% Conselheiros GOV e SC
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1.147
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II: 100% Gestor Governamental, ñ conselheiro
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363
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III: 25% Comunidades Tradicionais, não conselheiros
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54
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IV: 25% pertencente a ONGs, não conselheiros
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163
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V: 50% trabalha com SAN, Setor Público, ñ conselheiro
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296
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V: 100% trabalha com SAN movimento social (ñ conselheiro, ñ PCT)
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36
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Total
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2.059
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3.
O curso á distância teve uma carga horária total de 60 horas e seus
temas centrais foram o Direito Humano à Alimentação Adequada e sua
Exigibilidade, o Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional e a
participação da sociedade civil organizada na construção destes temas e
suas políticas públicas. Os conteúdos do curso tiveram caráter
politizado e reflexivo.
4.
A plataforma de aprendizagem contava com aulas dinâmicas e conteúdos
adaptados ao ambiente virtual, materiais de apoio, de leitura
complementar, exercícios e propostas de reflexão, debate sobre os temas
do curso por meio de fóruns de discussão, troca de informações via
central de mensagem da plataforma, além de suporte técnico e
esclarecimento de dúvidas referentes à plataforma e conteúdo.
5.
A tabela abaixo informa a situação dos/as alunos/as, no que diz
respeito ao total de inscritos, matriculados, desistentes e substituídos
(evasão) ao longo do curso. No total foram matriculados numa 1ª fase,
2000 alunos e após a 3ª semana foram substituídos 285 (14%)
participantes matriculados que não fizeram o primeiro acesso até dia
24/02/2012 ou desistiram por diferentes motivos. Esta taxa de
substituição é perfeitamente aceitável em cursos à distância. As
substituições só foram feitas após o envio de diversas mensagens de
alerta e telefonemas diretos aos/às participantes.
6.
Ao término do curso, em 13 de maio de 2012, a participação de
alunos/as, no que se refere a matriculas, desistências, aprovados e
reprovados e acessos à plataforma é demonstrada na tabela a seguir:
8.
Os critérios para aprovação foram: realização das atividades propostas
com nota mínima igual a 6,00; participação nos fóruns de discussão da
plataforma de ensino-aprendizagem e conclusão da atividade final do
curso. Consideramos como reprovados: todos os alunos que não atingiram a
média final 6.0 definida pela ABRANDH e todos os alunos sem nota (não
realizaram nenhuma atividade) ou com nota zero (realizaram atividades
mas não atingiram nenhuma pontuação). O gráfico abaixo demonstra os
dados de Aprovação por Nota:
9.
O nível de satisfação dos participantes com relação ao curso foi
bastante positivo, de forma geral. Em enquete avaliativa final, todos os
itens avaliados foram classificados como “Bom” e “Ótimo” por cerca de
90% dos respondentes. Esta avaliação foi feita, de forma qualitativa,
também em emails de agradecimento, Fóruns de discussão e nas oficinas
presenciais realizadas em cada estado.
10.
A partir do mês de março/2012, foram realizadas as atividades
presenciais e de pesquisa nos estados. Tais atividades previam a
realização de uma oficina presencial do curso (1 dia) em cada capital
(exceto na região Norte, como está explicado mais à frente) e a coleta
de dados para uma pesquisa sobre o “Estágio de implementação do SISAN no
Brasil”. Foram realizadas 20 oficinas estaduais, nos seguintes locais:
11.
Importa esclarecer que todas as oficinas foram realizadas nas capitais
dos Estados visitados e que para todos os participantes residentes fora
da capital foi assegurado a hospedagem/alimentação por até por 2 dias,
no local reservado para a realização da oficina. O deslocamento
terrestre do local de moradia até o local da oficina foi de
responsabilidade de cada participante, com exceção na região Norte,
conforme explicado a seguir e no caso de representantes de povos e
comunidades tradicionais.
12.
O deslocamento de representantes de povos e comunidades tradicionais
até os locais dos encontros presenciais foi feito pela Abrandh com o
apoio da Oxfam por meio do termo de referência 02/2012. Foram atendidos
todos os casos indicados como necessário, pelo(a) facilitador(a) local.
Este auxílio teve importância fundamental na garantia da participação
destes grupos nas oficinas, sem o qual, não teriam condições de
participarem devido ao alto custo de deslocamento. Vale destacar que as
dificuldades e o custo do deslocamento são, muitas vezes, fatores
impeditivos da participação destas populações em espaços de formação e
discussão de políticas públicas, o que colabora para sua situação de
pouca visibilidade em nossa sociedade.
13.
Na região Norte, foi realizada oficina única de dois dias (nos dias 24 e
25/05/2012), na cidade de Manaus, com presença de 51 pessoas
representantes de todos os estados da região. Os representantes
selecionados tiveram suas despesas (deslocamento, viagem aérea,
hospedagem e alimentação) custeadas pelo projeto, financiado e em
parceria com o MDS. Na tabela abaixo, segue a distribuição dos
participantes presentes por estado:
14.
A participação nas oficinas foi bastante diversificada, com
representantes de diversos setores e grupos sociais como agricultores,
gestores de políticas públicas, povos e comunidades tradicionais,
profissionais das áreas de assistência social, educação e saúde,
significativo número de conselheiros/as de SAN, movimentos sociais,
organizações não governamentais, dentre outros.
15.
A metodologia utilizada nas oficinas permitiu que os participantes
refletissem e discutissem, entre si e a partir de suas realidades,
estratégias de ação não apenas para o Estado como para o grupo ali
presente. Em alguns estados houve propostas de criação de grupos, listas
de emails para discussão e planejamento de uma agenda de ações para os
participantes do curso, fortalecimento de ações e organizações da
sociedade civil já existentes, dentre outras.
16.
Durante as oficinas foram distribuídos aos participantes, materiais da
ABRANDH (O Direito Humano à Alimentação Adequada no contexto da
Segurança Alimentar e Nutricional) e o relatório “Crescendo para um
futuro melhor- justiça alimentar em um mundo de recursos limitados” da
Campanha “Cresça-comida.justiça.planeta” da Oxfam.
17.
Foram realizadas reuniões de equipe da ABRANDH na volta de cada viagem
de campo para avaliação e organização dos campos de pesquisa seguintes.
Benefícios alcançados:
-Mobilização
de mais de 2.000 atores sociais, em torno do tema “O DHAA e o SISAN”,
considerando todos os participantes que efetivamente acessaram a
plataforma para as atividades do curso (1894 alunos efetivos), os 108
informantes-chave das entrevistas realizadas para a pesquisa e os 565
participantes das atividades presenciais do curso, nas oficinas (alunos e
conselheiros convidados).
-Formação
a distância concluída de 1.139 (efetivamente aprovados ao final do
curso) atores sociais governamentais e da sociedade civil para atuação
local em Direito Humano à Alimentação Adequada e no aprimoramento da
implementação do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional em cada
estado.
-As
oficinas presenciais, que reuniram um total de 565 participantes
oportunizaram reflexões e propostas de atuação bastante interessantes
para o fortalecimento do Sisan nos estados e Distrito Federal,
principalmente no que se refere à participação social dentro do Sistema.
É possível que dentre os participantes várias pessoas tenham sido
despertadas para a importância do Sisan para a realização do Direito
Humano à Alimentação Adequada e seu papel nesta construção.
-Os
dados coletados na pesquisa serão analisados e espera-se que venham a
oferecer subsídios para atuação dos poderes públicos e da sociedade
civil nos próximos passos para a consolidação do Sistema de Segurança
Alimentar e Nutricional.
Dificuldades encontradas:
-As
dificuldades encontradas estão relacionadas basicamente à evasão e
desistência dos participantes ao longo do curso, que ao final totalizou
40% dos efetivamente inscritos, desde o inicio do curso, muito embora
esta taxa seja aceitável, considerando a natureza voluntária e gratuita
do curso.
-A
ABRANDH e a Faros Educacional utilizaram diversas estratégias para
assegurar a adesão dos participantes, durante todo o período do curso.
Foram feitas diversas comunicações na plataforma, enviado diversos
emails mobilizadores e ainda telefonemas diretos para aqueles(as) que
não acessavam a plataforma.
-Outra
dificuldade encontrada foi a mobilização dos participantes do curso
para a oficina presencial na capital de cada Estado. Os participantes
que moram fora da capital relataram dificuldades financeiras em se
deslocar por conta própria até o local da oficina. Na região Norte onde o
projeto financiou o deslocamento aéreo e terrestre, além da
hospedagem/alimentação, a adesão à oficina foi alta.
-As
dificuldades para os povos indígenas e comunidades tradicionais são
ainda maiores para a mencionada participação. Nesse sentido, a ABRANDH,
por meio de projeto apoiado pela OXFAM, oportunizou recursos específicos
para alguns representantes indígenas e de comunidades tradicionais, de
modo a garantir o percurso de suas casas até o local da oficina na
capital.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Sobre nostalgia, respeito, violência e educação
Acordei cedo, como se não estivesse de férias, na manhã de
uma quarta-feira chuvosa. Nas lembranças da noite anterior, sentia o
peso de escrever algo, talvez o melhor texto de toda a minha vida,
porque, simplesmente, parecia – parece – ser meu dever. Afinal, havia
visitado a escola em que fui alfabetizado e participar de um projeto tão
grande realizado dentro de seus muros e me comprometer a escrever sobre
essa experiência, a mim, é uma espécie de obrigação qualitativa. Não bastasse essa responsabilidade, nem tudo estava acabado; eu deveria voltar, nesta mesma manhã de quarta chuvosa, ao lócus,
colher ainda mais informações e, naturalmente, sentir dobrar o peso nos
ombros. Essa minha situação me fez lembrar as angústias de um certo
Guido, diretor de cinema italiano em Nine (2009). Ao final de deliberações com mesclas nostálgicas, ausência de cigarros e guiado pelo Felipe menino, eis meu enredo:
Dentre as maiores e reconhecidas obras brasileiras, Operários (1933)
da artista Tarsila do Amaral, figura em posição de destaque. No quadro,
percebemos a grande variação étnica existente no Brasil à época da
intensa industrialização na cidade de São Paulo – que é retratada
geometricamente em segundo plano – e que persiste, invariavelmente, na
descendente e miscigenada atualidade, em todo o país. Em entrevista à
Veja, o professor de filosofia medieval da USP, Lorenzo Mammi, declarou:
“Tarsila consegue ainda dar conta da forte imigração. Muitos povos
diferentes aparecem ali”.
Diante desta notável realidade, fica difícil não se imaginar como
parte de um todo – ou o todo numa parte –. Ainda que sejamos brancos,
possuímos traços físicos dos negros; ainda que sejamos negros, possuímos
hábitos típicos dos povos indígenas; ainda que exista o hoje, há
ascendentes que se manifestam em nossos fenótipos e correm pelas nossas
veias. Somos dotados de história.
Mesmo assim, os dados da intolerância não param de ser
contabilizados: Segundo dados do IBGE, os negros são 47,3% da população
brasileira, mas correspondem a 66% do total de pobres. No último ano,
aproximadamente 300 homossexuais foram assassinados exclusivamente por
suas orientações sexuais. Em 2012, fez 15 anos que, no emblemático caso,
o índio Galdino Jesus dos Santos foi queimado vivo num ponto de ônibus
em Brasília e, desde então, a cada mês assistimos na televisão alguma
violência contra moradores de rua. Para as mulheres, apesar de a Lei
Maria da Penha ter atenuado significativamente as estatísticas de
agressão e óbitos, cerca de dez mulheres são assassinadas a cada dia no
Brasil, segundo o DATASUS. E, finalmente, pesquisas apontam que, a cada
semana, um colunista escreve alguma asneira preconceituosa
intertextualizando com cabras e que, alguma revista, igualmente asna,
publica.
Portanto, só podemos concluir que há uma negligencia por parte da
sociedade como um todo e, de modo específico, das políticas públicas que
são escassas, ineficazes ou, ainda, estimulam a desigualdade e promovem
a rixa entre etnias, com as cotas raciais, por exemplo. Em meio ao
caos, onde se prefere não ver, a “4ª oficina de gêneros textuais –
Reconstruindo Conceitos e Atitudes” revela e aponta um caminho para se
enxergar – e consequentemente, enfrentar – a realidade atual. Embasada
pelas leis 10.639/03 e 11.645/08 a Escola Estadual Irmã Lucinda
Facchini, localizada ao norte de Cuiabá, abriu seus portões para a
sociedade com o intuito de apresentar os resultados dos trabalhos
desenvolvidos com os alunos durante o ano letivo. Idealizado pelas
professoras, respectivamente, de português e história, Jacilda de
Siqueira Pinho e Ivolina Razza, o projeto começou em 2009,
“pequinininho”, como relataram e, hoje, se orgulham da amplitude que o
projeto alçou.
Por exemplo: em 2010, os professores, junto ao uma equipe de alunos,
visitaram a aldeia Formoso, de etnia Pareci, próximo a Tangará da Serra.
Desde então, a escola continuou a manter contato com o índio que os
guiou e, este ano, os Pareci viriam até a escola. No entanto, por
problemas “burocráticos”, desses que só acontecem na leniência do poder
público, a prefeitura de Tangará não disponibilizou o ônibus – que já
havia sido confirmado – e os índios não puderam vir até a escola somar,
culturalmente, com o evento.
Apesar do imprevisto, as inúmeras manifestações artísticas não foram
abaladas: recitações, capoeira, músicas, danças, interpretações, peças
e, de um modo geral, movimento. Havia, sobretudo, corpo em movimento:
corpos se expressando e transmitindo signos de liberdade dialogando em
prol do igual, chamando a atenção para essa realidade que não é de hoje,
é de sempre.
Pensando a sociedade que é altamente questionável, tanto do ponto das
políticas públicas, da segurança, quanto da participação da mídia, como
veio condutor desse processo de espetacularização, incentivo à
violência ou negligência das disparidades, é preciso refletir. Sobre o
comportamento visto dentro os alunos e essa tal “espetacularização”, a
professora Ivolina Razza declarou que a mudança de comportamento é
“bastante forte e a mídia mostra muito a violência e eles acham que ela
deve fazer parte do cotidiano, está muito arraigada neles”.
É papel de todos nós, cidadãos, enxergar para combater, efetivamente, os problemas que as minorias
ainda enfrentam, depois de anos a fio. Afinal, como disse o senador
Rodrigo Rollemberg, “a violência não está só nas mãos de quem pratica,
mas no pensar culturalmente transmitido por gerações”. O grande êxito da
4ª oficina de gêneros textuais é desanuviar os obscurantismos,
através do reconhecimento de outras culturas e, a partir daí, provocar
um natural respeito mútuo. Conta a professora Jacilda: “percebemos
grande mudança, porque eles não conheciam a cultura afro, indígena. Essa
questão da diversidade era mais ligada a uma coisa muito distante deles
e, hoje não, hoje eles já percebem a diversidade na literatura, nas
obras de arte; conseguem relacionar o conteúdo de história com outras
disciplinas. Hoje tem mais significação pra eles. Precisava da lei”.
Projetos como este são louváveis e devem ser enaltecidos. Crescido
nessa escola que atendeu, muito bem, às necessidades, que eu considero
fundamentais para formação intelectual, cultural e pessoal de qualquer
cidadão, muito me orgulha em ver que, ainda que se tenham passado anos,
crianças e adolescentes estão tendo o mesmo aparato que eu tive na lida
com as diversidades; no incentivo do respeito a vida, ao meio, ao outro e
a natureza; no aprendizado do Ser.
Paulo Freire, muito citado nos intervalos das apresentações pela
grandiosa e sábia professora aposentada Célia Bárbara – à época de minha
infância, diretora da escola -, em sua obra Pedagogia da Indignação
diz:
Se a nossa opção é progressista, estamos a favor da vida e não da morte; a favor da equidade e não da injustiça; a favor do direito e não do arbítrio; a favor da convivência com o diferente e não com a sua negação. Não temos outro caminho senão viver plenamente com a nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que fizemos e o que fazemos.
Que possamos nos inspirar neste grande pensador ao lidar com a
violência no Brasil; que possamos multiplicar projetos como o
desenvolvido dentro da escola Lucinda Facchini, para se implantar, na
mais tenra idade, os princípios de respeito e cognição. Só assim,
poderemos nos perceber por inteiro, como uma nação, um corpo em toda a
nossa diversidade. Este é nosso maior desafio para construirmos
efetivamente uma sociedade mais justa nos baluartes de uma cultura de
paz.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Joyce Ribeiro anuncia: Malu chegou!
A apresentadora de telejornal do SBT e seu marido, o engenheiro
civil, Luciano Machado comemoram o nascimento da filha, contam a
história dessa família e falam de sonhos e planos para o futuro
por Oswaldo Faustino | fotos Rafael Cusato
“Quando a gente está nesse estado de graça, completamente realizada, tem ainda muito mais gás para voltar às atividades profissionais.” |
Quem já está acostumado com aquele rosto negro bonito, voz marcante e
o talento da âncora do jornal SBT Brasil, Joyce Ribeiro, certamente
deve ter estranhado sua ausência durante os últimos meses. O motivo:
licença-maternidade. “Eu havia planejado me licenciar quando faltasse um
mês para Maria Luisa nascer, assim poderia preparar melhor a chegada
dela e também me preparar, com tranquilidade, mas ela resolveu chegar 20
antes que o previsto. Exatamente uma semana depois de eu sair de
licença. Foi uma correria, mas ela veio super saudável e Luciano e eu
estamos curtindo nossa primeira filha.” Joyce e Luciano, ambos com 34
anos, são casados há seis e só agora decidiram ter filhos.
No dia em que o casal concedeu a entrevista que gerou esta matéria,
em seu apartamento na zona sul da capital paulista, Malu estava
completando dois meses de vida. “Minha tia, irmã do meu pai, disse que é
o segundo ‘mêsversário’ dela – comenta Joyce, rindo – então hoje
teremos bolo de chocolate e tudo o que ela tem direito.” Enquanto a mãe
fala, a menina começa a chorar. “Deixa comigo que eu a faço dormir –
Luciano corre e pega a filha – eu estou acostumado. Sou de uma família
grande e meus irmãos me deram cinco sobrinhas. Eu me acostumei a cuidar
de meninas.”
Orgulhosos, os pais querem mostrar o quarto da filha, em cuja parede
se vê uma faixa com várias imagens da personagem Tiana, do desenho
animado da Disney A princesa e o sapo. Numa prateleira na
parede junto ao berço veem-se várias bonecas negras. Curiosamente, há
duas pequeninas despidas. “Essas aqui têm uma história interessante. Na
minha infância não se encontravam com facilidade bonecas negras. Aí, um
dia, meu pai chegou em casa com uma e disse que passou numa loja, viu e
comprou. Pouco depois, chegou minha tia com outra igualzinha. Ela tinha
passado na mesma loja e, como eram raras, também comprou. Elas têm quase
34 anos, a minha idade. E agora pertencem à minha filha”, conta Joyce.
Malu dorme e é colocada no berço. Voltamos à sala para dar
continuidade à entrevista. Mas agora Luciano está munido de um
equipamento indispensável: uma babá eletrônica. Enquanto conversamos, o
pai e a mãe de Malu não tiram os olhos da pequena tela de TV pela qual
acompanham todos os movimentos e sons produzidos pela bebê. “Sempre
gostei de malhar e fazia isso bem cedinho, antes de ir para o SBT, que
fica lá na Rodovia Anhanguera. Com a gravidez, engordei 16 quilos, mas
quero logo retomar à antiga forma”, comenta a jornalista. Luciano, hoje
20 quilos mais pesado que na época do casamento, também sonha retomar o
corpo que tinha.
Modelo, esportista, jornalista
Nascida no bairro da Bela Vista, o Bixiga, na região central da capital paulista, Joyce é a filha mais velha do casal Nilton e Mercedes. Ele, antigo divulgador de gravadoras – trabalhou em várias, como a Odeon e a Continental –, depois foi um dos sócios da gravadora Paradoxx Music, e hoje é empresário independente do setor artístico-fonográfico. A mãe, formada em biologia, sempre se dedicou ao lar e à costura. “É ela quem, até hoje, cria minha roupas. E faz coisas muito lindas. Nos últimos anos, resolveu fazer outra faculdade e se formou em modelagem”, comenta Joyce, que tem dois irmãos: Otávio Augusto, que é dentista, e Luiz Gustavo, formado em administração, executivo numa multinacional.
Nascida no bairro da Bela Vista, o Bixiga, na região central da capital paulista, Joyce é a filha mais velha do casal Nilton e Mercedes. Ele, antigo divulgador de gravadoras – trabalhou em várias, como a Odeon e a Continental –, depois foi um dos sócios da gravadora Paradoxx Music, e hoje é empresário independente do setor artístico-fonográfico. A mãe, formada em biologia, sempre se dedicou ao lar e à costura. “É ela quem, até hoje, cria minha roupas. E faz coisas muito lindas. Nos últimos anos, resolveu fazer outra faculdade e se formou em modelagem”, comenta Joyce, que tem dois irmãos: Otávio Augusto, que é dentista, e Luiz Gustavo, formado em administração, executivo numa multinacional.
“Na adolescência, fui modelo. Posei para fotos. Dos 13 aos 17 anos,
joguei basquete. Era alta para a idade, mas parei no 1,80 m. Era a pivô
do time”, revela. Curiosamente, Luciano, que nasceu e morava no bairro
da Lapa, na zona oeste, era capoeirista e também jogou basquete até os
18 anos. Seu sonho é que Malu, ou algum filho que venha depois dela,
seja atleta de alto desempenho, talvez tenista, jogador ou jogadora de
voleibol. “Para mim, ela deve ser o que a fizer feliz – afirma a mãe –,
mas se quiser ser jornalista, como eu, jamais irei desestimulá-la.”
Joyce Ribeiro relembra que sempre estudou em escolas estaduais e, na
adolescência, enquanto as amigas se interessavam pelas novelas de
televisão, ela gostava era de ver os telejornais.
“Desde cedo decidi que era aquilo que eu queria fazer. Não tinha
dúvida de que o meu futuro profissional estava no telejornalismo e
sempre tive como referência e ídolo a jornalista Glória Maria. Eu sempre
me vi, como ainda me vejo, fazendo reportagens e numa bancada de jornal
televisivo, assim como ela”, confessa. Porém, Joyce tem outro ídolo, um
pouco mais distante: o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Isso é revelado pelo livro que ela faz questão de deixar num local bem
visível, junto às fotos de seu casamento e outras obras. Trata-se de A
Ponte, do jornalista e escritor David Remnick, que conta a vida e a
ascensão do presidente norte-americano. “O próprio Remnick, prêmio
Pulitzer e editor da revista The New Yorker, com seu talento no
jornalismo literário, nesta obra dá uma verdadeira aula de como abordar
os assuntos políticos de uma maneira super cativante.”
Sobre sua carreira profissional, além de se graduar pela FIAM/FMU,
fez pós em jornalismo político e econômico, na PUC. “Quando terminei a
graduação, no ano 2000, fui trabalhar em uma emissora de canal fechado, a
Rede Mundial, da Legião da Boa Vontade (LBV), como produtora, depois
como repórter. Foi lá que tive a minha primeira experiência como
apresentadora de um programa cultural. Tive muita sorte no começo.”
Depois disso, ela trabalhou, por um ano, numa assessoria de imprensa,
até saber que estavam testando jornalistas para atuar no canal
evangélico Rit-Rede Internacional de Televisão, do missionário
R.R.Soares. Ali, pela primeira vez, em 2002, apresentou um telejornal. A
experiência seguinte foi como apresentadora do Fala Brasil, na
Rede Record. E passou para o canal Record Internacional, como
apresentadora do jornal Record News, na época um programa, e hoje um
canal.
“Na Record Internacional apresentei um programa com dicas culturais
para brasileiros que vivem no exterior. Até que, em 2005, Mineiro, o
diretor de jornalismo e padrinho de minha carreira, foi dirigir o
jornalismo no SBT. Lá estavam criando o SBT Brasil, apresentado
pela Ana Paula Padrão. E ele me levou para lá. Fui como repórter e
substituía Ana Paula em fins de semana. Isso durou pouco tempo, pois me
passaram para o SBT Manhã. E fiquei lá até me licenciar em agosto último, uma semana antes de Malu nascer”, assim Joyce resume sua carreira.
Uma história de superações
Para o marido da jornalista, engenheiro civil, especializado em geotecnia, seu pai, Júlio é o exemplo maior. “Sou o filho caçula. Ele foi servente de pedreiro e hoje é microempresário na área de construção civil. Mas, juntamente com minha mãe, Aparecida, que aos 55 anos resolveu estudar pedagogia, ele fez de tudo para que os filhos se formassem. Meu irmão Júlio Cesar é economista e professor universitário, a Luciana é advogada, e Rogério é arquiteto e vive em Boston, nos Estados Unidos. Não descarto a possibilidade, no futuro, de irmos viver fora, como ele. Quem sabe Joyce seja convidada a ser correspondente internacional e, aí, eu também engreno uma atividade internacional”, vislumbra Luciano. Quando se formou engenheiro, em 2002, o setor da construção civil não estava aquecido como atualmente. Por isso, foi trabalhar em outras áreas, como bancos e projetos ligados à telefonia. “Em 2008, durante o boom da construção civil, fui chamado por uma empresa que me deu essa oportunidade e eu abracei. Agora estou em outra na área de geotécnica, ou seja, trabalhamos com o início das obras, as fundações. Atuo no setor comercial da empresa.”
Para o marido da jornalista, engenheiro civil, especializado em geotecnia, seu pai, Júlio é o exemplo maior. “Sou o filho caçula. Ele foi servente de pedreiro e hoje é microempresário na área de construção civil. Mas, juntamente com minha mãe, Aparecida, que aos 55 anos resolveu estudar pedagogia, ele fez de tudo para que os filhos se formassem. Meu irmão Júlio Cesar é economista e professor universitário, a Luciana é advogada, e Rogério é arquiteto e vive em Boston, nos Estados Unidos. Não descarto a possibilidade, no futuro, de irmos viver fora, como ele. Quem sabe Joyce seja convidada a ser correspondente internacional e, aí, eu também engreno uma atividade internacional”, vislumbra Luciano. Quando se formou engenheiro, em 2002, o setor da construção civil não estava aquecido como atualmente. Por isso, foi trabalhar em outras áreas, como bancos e projetos ligados à telefonia. “Em 2008, durante o boom da construção civil, fui chamado por uma empresa que me deu essa oportunidade e eu abracei. Agora estou em outra na área de geotécnica, ou seja, trabalhamos com o início das obras, as fundações. Atuo no setor comercial da empresa.”
Luciano conta que conheceu Joyce em 2001, quando ambos aceitaram o
convite de uma amiga em comum para irem a uma festa. “Essa amiga foi o
nosso cupido. Nos conhecemos num sábado, nessa festa, convidei-a para ir
ao cinema, no domingo, e na segunda já a pedi em namoro. O passo
seguinte foi conquistar a família Ribeiro: primeiro os dois irmãos,
depois minha sogra e por último meu sogro. Eu e ele nos entendemos de
prima. Somos muito amigos”, comemora.
Sobre a chegada da Malu, o paizão diz que a aguarda há muito tempo.
“Quando eu tinha 20 anos, imaginava que seria pai aos 25 anos, depois
aos 30, depois aos 35. E isso aconteceu aos 34. Me sinto abençoado. E,
ao contrário do que dizem, não senti ciúmes da atenção que a mãe dedica a
ela. Muito ao contrário, tudo o que acontece com relação a Malu só me
deixa muito feliz”, conclui.
“Quando eu tinha 20 anos, imaginava que seria pai aos 25 anos, depois aos 30, depois aos 35. E isso aconteceu aos 34. Me sinto abençoado. E, ao contrário do que dizem, não senti ciúmes da atenção que a mãe dedica a ela.” |
O futuro a Deus pertence?
Joyce Ribeiro não é daquelas pessoas que fica esperando as coisas acontecerem, sempre foi atrás do que quis e gosta de mudanças. Ela sonha, um dia, ser apresentadora de um programa de cultura, com entrevistas, “que fale de música, de cinema, sou apaixonada por tudo isso”. E confessa que, com a maternidade, está ainda mais disposta e reenergizada para todo o crescimento ou mudanças profissionais que venha a se deparar. “Volto a trabalhar em fevereiro. Ainda quero apresentar o telejornal e fazer os boletins de notícias do SBT, por algum tempo, enquanto amadureço para novos desafios.” Segundo ela, o trabalho de âncora de telejornal é considerado estressante por muitas pessoas, mas ela deseja ter ainda muitas experiências nessa área.
Joyce Ribeiro não é daquelas pessoas que fica esperando as coisas acontecerem, sempre foi atrás do que quis e gosta de mudanças. Ela sonha, um dia, ser apresentadora de um programa de cultura, com entrevistas, “que fale de música, de cinema, sou apaixonada por tudo isso”. E confessa que, com a maternidade, está ainda mais disposta e reenergizada para todo o crescimento ou mudanças profissionais que venha a se deparar. “Volto a trabalhar em fevereiro. Ainda quero apresentar o telejornal e fazer os boletins de notícias do SBT, por algum tempo, enquanto amadureço para novos desafios.” Segundo ela, o trabalho de âncora de telejornal é considerado estressante por muitas pessoas, mas ela deseja ter ainda muitas experiências nessa área.
Ganhadora de dois troféus Raça Negra, da Afrobrás, primeiro como
revelação e, depois, como melhor apresentadora de telejornal, Joyce se
orgulha de também ter vencido, por duas vezes, no programa Qual é a Música,
apresentado por seu patrão Silvio Santos. Outra atividade que lhe dá
muito prazer é a de mestre de cerimônia em eventos de entrega de prêmios
para os quais, volta e meia, é convidada. “Eu gosto muito de poder
participar desses momentos emocionantes da vida das pessoas.”
Joyce faz uma pausa… Olho para a babá eletrônica, imaginando que
alguma coisa tenha chamado a sua atenção. Mas não, Malu ressona
tranquila e a mãe está apenas pensando. Em seguida, afirma: “Sabe, isso
tudo é resultado de uma soma, não só de talentos e personalidade que a
gente tem, mas também de uma série de pessoas que cuidam de nós. Por
isso, quero aproveitar essa nossa conversa para, publicamente, agradecer
ao Luciano, que me dá essa segurança, à minha família e, em especial, à
minha mãe, sempre disposta a criar e executar lindas roupas para eu me
apresentar, à minha amiga joalheira, Rosanne Belloto, que me fornece
belíssimos adereços, e também à minha cabelereira e maquiadora, Célia
Santos.”
O momento é da Malu
Após a pausa da gratidão, Joyce volta ao tema mais importante do momento: “Com relação à Malu, quero apenas criá-la de uma forma que ela goste de ser uma pessoa produtiva”, afirma. “No momento, estou toda mãe. Eu já sabia que a maternidade é maravilhosa, só depois de poder vivenciar isso é que a gente consegue compreender a grandiosidade dessa realidade. Luciano também mergulhou tanto no universo da paternidade, que está o tempo todo tão encantado quanto eu.” Ela diz que profissionalmente ainda tem “muita lenha para queimar” e que não quer pensar ainda na possibilidade de ter outros filhos. “Quem me conhece sabe o quanto é difícil para mim me afastar do trabalho. Mas agora, até fevereiro, é tempo de dedicação exclusiva a Maria Luisa”, garante a jornalista, que completa: “Quando a gente está nesse estado de graça, completamente realizada, tem ainda muito mais gás para voltar às atividades profissionais.”
Após a pausa da gratidão, Joyce volta ao tema mais importante do momento: “Com relação à Malu, quero apenas criá-la de uma forma que ela goste de ser uma pessoa produtiva”, afirma. “No momento, estou toda mãe. Eu já sabia que a maternidade é maravilhosa, só depois de poder vivenciar isso é que a gente consegue compreender a grandiosidade dessa realidade. Luciano também mergulhou tanto no universo da paternidade, que está o tempo todo tão encantado quanto eu.” Ela diz que profissionalmente ainda tem “muita lenha para queimar” e que não quer pensar ainda na possibilidade de ter outros filhos. “Quem me conhece sabe o quanto é difícil para mim me afastar do trabalho. Mas agora, até fevereiro, é tempo de dedicação exclusiva a Maria Luisa”, garante a jornalista, que completa: “Quando a gente está nesse estado de graça, completamente realizada, tem ainda muito mais gás para voltar às atividades profissionais.”
Joyce ainda está falando quando vê, pela pequena tela de TV, que a
filha acordou e começou a choramingar. “Está com fome. Preciso dar de
mamar. Se você tiver mais perguntas a fazer, pode me telefonar. Agora a
minha filha precisa de mim. São 24 horas assim. Nessa fase da vida, o
trabalho nunca termina”, avalia. Joyce se dirige ao lindo quarto, em
cuja porta há um adorno nas cores lilás e branco, feito por dona
Mercedes, a avó materna da pequena princesa. Mas ainda deu tempo para
saborearmos, na companhia de Luciano, o delicioso bolo de chocolate
comemorativo do segundo mêsversário de Maria Luisa, tão propagado no
início da entrevista.
Fonte: revista Raça
Saiba quais cidades vão ter feriado no Dia da Consciência Negra
Seis estados aderiram totalmente ao feriado no Dia 20 de Novembro (Seppir/Divulgação)
O Dia da Consciência Negra (que acontece no dia 20 de novembro) é um
feriado facultativo. Ou seja, cabem aos estados e municípios decidirem
se oficializam o feriado na data que lembra o dia da morte de Zumbi dos
Palmares. A cada ano, aumenta o número de cidades que decidem paralisar
os serviços públicos na data.
Saiba por que o dia 20 de novembro é considerado o Dia da Consciência Negra
Confira vídeos em homenagem ao Dia da Consciência Negra
Em 2012, dados da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial (Seppir) apontam que mais de 1000 cidades no Brasil terão feriado
no dia 20 de novembro. Em 2011, esse número chegava a, aproximadamente,
780. De acordo com o órgão, 18 estados têm alguma cidade que considera o
Dia da Consciência Negra como feriado. Seis estados aderiram
completamente ao feriado.
Confira quais lugares terão feriado do Dia da Consciência Negra
Acre – O Acre não terá municípios com feriado no dia 20 de novembro.
Alagoas – De acordo com a Lei Estadual Nº 5.724 de
01.08.1995, todos os municípios do estado de Alagoas vão ter feriado no
Dia da Consciência Negra.
Amazonas – Após a promulgação da lei nº 84/2010 de
08/07/2010, o dia 20 de novembro passou a ser considerado feriado em
todos os municípios do Amazonas.
Amapá – A Lei Estadual Nº 1169 de 27.12.2007
garantiu que todas as cidades do estado do Amapá aderissem ao feriado do
Dia da Consciência Negra.
Bahia – A Seppir aponta que as cidades baianas de
Alagoinhas, Cruz Das Almas, Camaçari e Serrinha têm feriado no dia 20 de
novembro. Em Camaçari, uma lei de 1993 oficializou a data no município.
Ceará – A capital Fortaleza terá feriado no dia 20 de novembro.
Algumas cidades realizam marchas no Dia da Consciência Negra (Governo da Bahia/Divulgação)
Distrito Federal – O Distrito Federal não terá feriado no Dia da Consciência Negra em 2012.
Espírito Santo – As cidades de Cariacica e Guarapari
terão feriado no dia 20 de novembro. Leis Municipais determinaram a
folga no Dia da Consciência Negra nessas duas cidades.
Goiás – Dados do Seppir apontam que quatro cidades
goianas terão feriado no dia 20. Além da capital Goiânia, Aparecida de
Goiânia, Flores de Goiás e Santa Rita do Araguaia param no Dia da
Consciência Negra.
Maranhão – Apenas o município de Pedreiras terá feriado no dia 20 de novembro.
Minas Gerais – 12 cidades mineiras vão parar no dia
20: a capital Belo Horizonte, Além Paraíba, Betim, Coqueiral, Guarani,
Ibiá, Jacutinga, Juiz de Fora, Montes Claros, Santos Dumont,
Sapucaí-Mirim e Uberaba.
Mato Grosso do Sul – Em Mato Grosso do Sul, será feriado apenas na cidade de Corumbá.
Mato Grosso – O estado é um dos seis que adotaram o
feriado do Dia da Consciência Negra no calendário oficial graças à Lei
Estadual Nº 7879 de 27.12.2002. Com isso, todas cidades mato-grossenses
vão ter feriado no dia 20 de novembro.
Pará – Nenhuma cidade paraense terá feriado no dia 20 de novembro.
Paraíba – A capital João Pessoa terá feriado no dia
20. De acordo com dados da Seppir, nenhuma outra cidade do estado
paralisa as atividades na data.
Dados da Seppir apontam que nove estados não têm feriado no dia 20 (Galeria de Gov/ Ba)
Paraná – Guarapuava e Londrina terão feriado no Dia da Consciência Negra. As outras cidades não adotarão a folga.
Pernambuco – O estado de Pernambuco não aderiu ao feriado.
Piauí – Assim como Pernambuco, o Piauí não terá feriado no Dia da Consciência Negra.
Rio de Janeiro – De acordo com a Lei Estadual Nº 4007 de 11.11.2002, todos os municípios fluminenses terão feriado no dia 20 de novembro.
Rio Grande do Norte – Não haverá feriado nas cidades potiguares no dia 20 de Novembro.
Rio Grande do Sul – Desde 1987, com a lei n° 8.352, é feriado em todos os municípios gaúchos no dia 20.
Rondônia – Nenhuma cidade rondoniense vai ter feriado no dia 20 de novembro.
Roraima – Roraima também não aderiu ao feriado do Dia da Consciência Negra.
Santa Catarina – Florianópolis e Lajes vão ter
feriado no dia 20 de Novembro. Não há confirmação de outras cidades com o
feriado no estado de Santa Catarina.
Sergipe – O estado não terá feriado no dia 20 de novembro.
São Paulo – Não existe uma lei estadual que
determine o feriado para o Dia da Consciência Negra em São Paulo. Porém,
muitas cidades paulistas têm leis que determinam a folga no dia 20 de
novembro. Confira a lista de cidades paulistas que vão ter feriado:
Dia 20 de Novembro é o Dia da Consciência Negra (André Lima/Creative Commons)
Aguaí, Águas da Prata, Águas de São Pedro, Altinópolis, Americana,
Américo Brasiliense, Amparo, Aparecida, Araçatuba, Araçoiaba da Serra,
Araraquara, Araras, Arujá, Atibaia, Bananal, Barretos, Barueri, Bofete,
Borborema, Buritama, Cabreuva, Caieras, Cajamar, Cajobi, Campinas,
Campos Do Jordão, Canas, Capivari, Caraguatatuba, Carapicuíba,
Charqueada, Chavantes, Cordeirópolis, Cubatão, Diadema, Embu, Embu das
Artes, Estância de Atibaia, Flórida Paulista, Franca, Franco da Rocha,
Francisco Morato, Getulina, Guaíra, Guarujá, Guarulhos, Hortolândia,
Ilhabela, Itanhaém, Itapecerica da Serra, Itapeva, Itapevi, Itararé,
Itatiba, Itu, Ituverava, Jaguariúna, Jambeiro, Jandira, Jarinu, Jaú,
Jundiaí, Juquitiba, Leme, Limeira, Mauá, Mococa, Olímpia, Paraíso, Paulo
de Faria, Pedreira, Pedro de Toledo, Pereira Barreto, Peruíbe,
Piracicaba, Pirapora do Bom Jesus, Porto Feliz, Praia Grande, Ribeirão
Pires, Ribeirão Preto, Rincão, Rio Claro, Rio Grande da Serra,
Salesópolis, Salto, Santa Albertina, Santa Isabel, Santa Rosa de
Viterbo, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano Do Sul,
São João da Boa Vista, São Manuel, São Paulo, São Roque, São Vicente,
Sete Barras, Sorocaba, Sumaré, Suzano e Taboão da Serra
Tocantins – Em Tocantins, apenas a cidade de Porto Nacional tem, oficialmente, feriado no Dia da Consciência Negra.
Observação: a própria Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial afirmou que existe a possibilidade de alguns municípios
que têm feriado no dia 20 de Novembro não estarem na listagem do órgão.
Para incluir a sua cidade na lista, envie um e-mail para carmen.costa@seppir.gov.br.
Com informações da Seppir e da Fundação Palmares
Movimento negro lança partido político
Henrique, coordenador da ideia do partido afrobrasileiro
Um novo partido poderá passar a fazer parte da constelação política brasileira. Trata-se do Partido Nacional AfroBrasileiro (PNAB) cujo lançamento vai marcar a passagem do Dia da Consciência Negra na região Oeste.
O objetivo precípuo do PNAB é promover a participação de negros e
afrodescendentes na política brasileira, conforme reza o estatuto do
partido. O lançamento nacional será em ações articuladas no dia 20 em
Itapevi, Jandira e Carapicuíba.
O partido é, segundo seus proponentes, uma proposta de âmbito
nacional que está sendo trabalhada por lideranças negras nos estado da
Bahia, Rio Grande do Sul, Maranhão, São Paulo e Rio de Janeiro, a partir
do trabalho que é feito em Itapevi pela Associação Nacional do Turismo
Afro Brasileiro (Antab) e do Circuito Internacional do Afro Negócio
(Cian).
As duas instituições estão sediadas no município e atuam no
desenvolvimento de ações e projetos focados para a valorização da
população negra brasileira, cooperação comercial e industrial com os
países africanos e na promoção do turismo e afronegócio no segmento
afro.
Em 3 de outubro a vice-consulesa de Angola em São Paulo, Alice
Mendonça e o presidente da Antab e do Cian, Francisco Henrique Silvino,
idealizador da proposta de criação do partido e coordenador nacional do
programa, realizou o lançamento de dois programas voltados para a
população negra da região, sendo um deles o programa “Empreendedor
Popular” que terá dentre as matérias do curso que será realizado para
formação de empreendedores de forma cooperada, a questão da formação
política.
“O PNAB quer ser uma referência da população negra brasileira, que
hoje representa mais da metade do povo brasileiro, tendo ainda a
abertura para a participação de todos que vejam na proposta do partido
uma oportunidade para compartilhar das mudanças que se fazem necessárias
na política brasileira, sem qualquer restrição étnica ou religiosa”,
disse Henrique.
O coordenador adiantou que já há um abaixo-assinado nas redes sociais
buscando assinaturas e adesão para a legalização do partido.
Veja uma fascinante foto de um olho com seus mínimos detalhes
A foto acima é meio apavorante, não é? Ver o olho humano com tantos
detalhes nos faz pensar que tem algo de muito “esquisito” com ele.
Mas essa aparência é devida a complexidade desse órgão da visão. São músculos, nervos, veias sanguíneas, fibras, etc, que se ligam para permitir a rotação do globo ocular e a focalização das imagens.
O interior do olho é preenchido por um fluido que, juntamente com a
camada de tecido externa, mantém sua forma arredondada, protegendo o
olho contra forças mecânicas exteriores.
Da mesma forma, uma membrana mais externa ainda, denominada de
conjuntiva, recobre a superfície interior das pálpebras e a superfície
anterior do globo ocular, produzindo muco para lubrificação, evitando o
ressecamento do olho.
Como enxergamos
O nervo óptico,
composto por um conglomerado de fibras nervosas que nascem na retina,
[é o responsável pela conexão entre o globo ocular e o sistema nervoso
central.
Ele capta as informações através dos cones e bastonetes presentes na retina, que são estimulados pela luz projetada em objetos.
As informações visuais são então enviadas ao lóbulo occipital do
cérebro para processá-las, gerando resultados de cor, forma, tamanho,
distância e noções de espaço, formando, assim, a imagem que vemos.
Curiosamente, as imagens que se projetam dentro do nosso olho são
invertidas – estão de cabeça para baixo. O cérebro faz a inversão da
imagem, colocando-a na posição correta e nos dando a sensação que estão
na posição normal.
A imagem é sempre formada no fundo do olho, região conhecida
genericamente como "retina". A necessidade de usar lentes de óculos,
sendo assim, é determinada pela inexatidão com que esta imagem é formada
na retina. Por exemplo, nos casos em que a imagem, ou o encontro focal,
acontece fora da fóvea central, vemos a imagem borrada ou desfocada.
Isso pode ser corrigido com lentes dióptricas, que compensam tais
deficiências visuais para que possamos obter uma imagem limpa.[TerritorioMotor, IG, LaboratorioRigor, SoFisica]
IV Congresso Latino-Americano de Agroecologia
Intensificação da agricultura familiar para a
segurança alimentar e Mudanças Climáticas
A
Sociedade Científica Latino-Americana de Agroecologia (SOCLA) e a
Universidade Nacional Agraria La Molina (UNALM) anunciam o IV Congresso
Latino-Americano de Agroecologia, a ser realizado
nas cidades de Cusco e Lima, de 17 a 21 de
setembro
de 2013. Saiba mais sobre o evento clicando
aqui.
Rio Grande do Sul recebe Congresso Brasileiro de Agroecologia em 2013
A 8ª edição do Congresso Brasileiro de Agroecologia será realizada no
Rio Grande do Sul em 2013. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira
(29) pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA). A candidatura do
estado a ser sede do evento teve a coordenação da Emater e contou com o
apoio de diversas instituições ligadas à Agroecologia.
Para o diretor técnico da Emater, Gervásio Paulus, esse é um momento especial em que o evento retorna ao Estado onde foi criado.
- Teremos muito trabalho e responsabilidade, mas, ao mesmo tempo,
teremos muita disposição para construir uma programação de forma
participativa com as diversas entidades governamentais e
não-governamentais - destacou Paulus.
O Congresso Brasileiro de Agroecologia tem como objetivo oportunizar a
reunião de profissionais, estudantes e agricultores do Brasil e do
exterior para o intercâmbio de conhecimentos e experiências com enfoque
agroecológico.
A última edição do Congresso Brasileiro de Agroecologia (VII CBA) foi realizada na cidade de Fortaleza, no Ceará, em 2011.
* Com informações da Emater
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Impedir a periferia de ter pensamento próprio é racismo, diz escritor Mia Couto
São Paulo – O escritor moçambicano Mia Couto disse, em São Paulo, que
impedir a população mais pobre de pensar por si mesma é uma prática
racista. “Acredita-se que a periferia pode dar futebolista, cantor,
dançarino. Mas, poeta? No sentido que o poeta não produz só uma arte,
mas pensamento? Isso acho que é o grande racismo, a grande maneira de
excluir o outro. É dizer: o outro pode produzir o que quiser, até o
bonito. Mas, pensamento próprio, isso não”.
O escritor, que já recebeu diversos prêmios, como o da União Latina de Literaturas Românicas, visitou ontem (7) o sarau da Cooperifa. O evento é realizado toda quarta-feira no Bar do Zé Batidão, na região do Jardim Ângela, zona sul paulistana. Nessas reuniões, que ocorrem há 11 anos, crianças, adolescentes e adultos se revezam ao microfone para recitar poesia.
“É uma coisa nova que me acontece no Brasil, estar em um lugar como este”, disse ao começar o bate-papo com a plateia que lotou a laje do bar para ouvi-lo. Couto já esteve no país em várias ocasiões, mas só na noite de ontem satisfez a vontade de conhecer a periferia de uma grande cidade.
“Faltava-me essa experiência”, ressaltou. “Eu queria visitar a periferia de uma cidade brasileira pela mão de amigos, pela mão de gente da periferia”, acrescentou o autor que também se sente procedente de um lugar periférico.“Sou filho de portugueses que migraram nos anos 1950 para uma pequena cidade. Moçambique já é uma periferia. Eu sou da periferia da periferia, porque é uma cidade pequena”.
A identificação com a periferia da zona sul de São Paulo também está, segundo Couto, na resistência à condição de invisibilidade. Para ele, os moçambicanos têm buscado força para dizer: “queremos permanecer, queremos ser parte do mundo, queremos ser parte de um universo que não é sempre periferia”.
Na visão do autor, o processo é semelhante ao que ocorre com o projeto da Cooperifa que, além de fomentar a criação literária, busca formar público para a cultura produzida na região. “Eu vi aqui um pensamento que está muito vivo e que está contaminando, fazendo acontecer coisas”, destacou o escritor que admite ser fortemente influenciado pela cultura brasileira.
“Vocês não podem imaginar a importância de pessoas como Jorge Amado, por exemplo, nessa vontade de dizer: afinal, podemos falar dos nossos próprios assuntos. Afinal, o negro e o mulato podem ser personagens. Afinal, as nossas coisas têm valor”, disse, ao comentar como a literatura brasileira ajudou na formação das gerações das décadas de 1950 e 1960 em seu país.
Não só os autores brasileiros ajudaram na formação de Mia Couto, mas músicos como Chico Buarque e Caetano Veloso. “Sempre se pensa que um autor literário é influenciado por outros. E, às vezes, não é só. Eu fui muito tocado pela música brasileira”. Ele lembrou que tem um leque muito amplo de influências musicais, incluindo o sambista paulista Adoniran Barbosa.
Como morava em uma antiga casa colonial, contou que na juventude havia pressão para a demolição desse tipo de imóvel e a construção de edifícios mais modernos. “Lá em casa havia esse medo, que não era pronunciado, de que viesse qualquer coisa que nos levasse a isso. E essa canção do Adoniran Barbosa [Saudosa Maloca] era uma espécie de hino. Porque aquela demolição não era só de um edifício, era a demolição de um passado, de um lugar onde fomos felizes”.
Couto destacou que também encontra a África fortemente enraizada na alma dos brasileiros. “O brasileiro tem uma alma mestiça e conseguiu essa mestiçagem naquilo que era mais difícil, no componente religioso. As religiões africanas conseguiram se infiltrar nesse meio mais íntimo, naquilo que é mais fundo da nossa alma.
Mia Couto estudou medicina, formou-se em biologia, mas adotou o jornalismo depois da queda da ditadura em Portugal, em 1975, e engajou-se na guerra de libertação de Moçambique. É um dos autores do Hino Nacional moçambicano, adotado em 2002. Terra Sonâmbula, seu primeiro romance, de 1992, foi considerado um dos 12 melhores livros africanos do século 20 por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbábue.
Segundo o Instituto Cidadania, Lula disse ao moçambicano que dois grandes objetivos do seu governo foram fazer com que as pessoas voltassem a se interessar pela África e deixassem de ter preconceito com os países da América Latina.
Lula ainda recomendou que Mia conheça a Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira).
O escritor, que já recebeu diversos prêmios, como o da União Latina de Literaturas Românicas, visitou ontem (7) o sarau da Cooperifa. O evento é realizado toda quarta-feira no Bar do Zé Batidão, na região do Jardim Ângela, zona sul paulistana. Nessas reuniões, que ocorrem há 11 anos, crianças, adolescentes e adultos se revezam ao microfone para recitar poesia.
“É uma coisa nova que me acontece no Brasil, estar em um lugar como este”, disse ao começar o bate-papo com a plateia que lotou a laje do bar para ouvi-lo. Couto já esteve no país em várias ocasiões, mas só na noite de ontem satisfez a vontade de conhecer a periferia de uma grande cidade.
“Faltava-me essa experiência”, ressaltou. “Eu queria visitar a periferia de uma cidade brasileira pela mão de amigos, pela mão de gente da periferia”, acrescentou o autor que também se sente procedente de um lugar periférico.“Sou filho de portugueses que migraram nos anos 1950 para uma pequena cidade. Moçambique já é uma periferia. Eu sou da periferia da periferia, porque é uma cidade pequena”.
A identificação com a periferia da zona sul de São Paulo também está, segundo Couto, na resistência à condição de invisibilidade. Para ele, os moçambicanos têm buscado força para dizer: “queremos permanecer, queremos ser parte do mundo, queremos ser parte de um universo que não é sempre periferia”.
Na visão do autor, o processo é semelhante ao que ocorre com o projeto da Cooperifa que, além de fomentar a criação literária, busca formar público para a cultura produzida na região. “Eu vi aqui um pensamento que está muito vivo e que está contaminando, fazendo acontecer coisas”, destacou o escritor que admite ser fortemente influenciado pela cultura brasileira.
“Vocês não podem imaginar a importância de pessoas como Jorge Amado, por exemplo, nessa vontade de dizer: afinal, podemos falar dos nossos próprios assuntos. Afinal, o negro e o mulato podem ser personagens. Afinal, as nossas coisas têm valor”, disse, ao comentar como a literatura brasileira ajudou na formação das gerações das décadas de 1950 e 1960 em seu país.
Não só os autores brasileiros ajudaram na formação de Mia Couto, mas músicos como Chico Buarque e Caetano Veloso. “Sempre se pensa que um autor literário é influenciado por outros. E, às vezes, não é só. Eu fui muito tocado pela música brasileira”. Ele lembrou que tem um leque muito amplo de influências musicais, incluindo o sambista paulista Adoniran Barbosa.
Como morava em uma antiga casa colonial, contou que na juventude havia pressão para a demolição desse tipo de imóvel e a construção de edifícios mais modernos. “Lá em casa havia esse medo, que não era pronunciado, de que viesse qualquer coisa que nos levasse a isso. E essa canção do Adoniran Barbosa [Saudosa Maloca] era uma espécie de hino. Porque aquela demolição não era só de um edifício, era a demolição de um passado, de um lugar onde fomos felizes”.
Couto destacou que também encontra a África fortemente enraizada na alma dos brasileiros. “O brasileiro tem uma alma mestiça e conseguiu essa mestiçagem naquilo que era mais difícil, no componente religioso. As religiões africanas conseguiram se infiltrar nesse meio mais íntimo, naquilo que é mais fundo da nossa alma.
Mia Couto estudou medicina, formou-se em biologia, mas adotou o jornalismo depois da queda da ditadura em Portugal, em 1975, e engajou-se na guerra de libertação de Moçambique. É um dos autores do Hino Nacional moçambicano, adotado em 2002. Terra Sonâmbula, seu primeiro romance, de 1992, foi considerado um dos 12 melhores livros africanos do século 20 por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbábue.
Com Lula
Antes de participar do evento da Cooperifa, Mia Couto esteve com O ex-presidente Lula.O escritor está no Brasil também para promover o lançamento do seu livro “A confissão da leoa”. Lula, Mia Couto e Luiz Schwarcz, da editora Companhia das Letras, conversaram sobre as relações entre Brasil e África.Segundo o Instituto Cidadania, Lula disse ao moçambicano que dois grandes objetivos do seu governo foram fazer com que as pessoas voltassem a se interessar pela África e deixassem de ter preconceito com os países da América Latina.
Lula ainda recomendou que Mia conheça a Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira).
Luta dos Guarani-Kaiowá chega à Justiça e ganha projeção internacional
Protesto de estudantes em frente ao STF em favor dos Guarani-Kaiowa no fim de outubro
Nas últimas duas semanas, o Brasil incorporou no vocabulário o nome do povo Guarani-Kaiowá.
“É Kaiowá, ou tem som de ‘ua’?”, perguntaram centenas de pessoas nas
redes sociais, numa curiosidade recém nascida sobre o povo indígena.
Após uma carta interpretada como uma ameaça de suicídio coletivo,
milhares de pessoas aderiram a causa, militando nas ruas ou na internet,
para chamar a atenção para o drama dos 170 índios da comunidade Pyelito
kue/Mbrakay, que reivindicam um pedaço de terra de dois hectares de
extensão, numa fazenda de 700 hectares.
A luta dessa etnia não é um fato isolado. Só em 2011 foram
registrados, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 56 conflitos
fundiários no país envolvendo índios em 16 estados. São disputas que
ocorreram em áreas demarcadas e fora delas. Os dados referentes a este
ano ainda estão em fase de consolidação.
A luta dos Guarani, dividida nas etnias Kaiowá e Ñandevá, vem
ocorrendo nas terras férteis do Mato Grosso do Sul e envolve 45 mil
indígenas, dos quais 15 mil deles vivem à beira das estradas no estado. O
grito de guerra dos Guarani-Kaiowá foi tão alto e causou tamanha
comoção, dentro e fora do Brasil, que, em tempo recorde, a
desembargadora Cecília Mello, da 3ª Região do Tribunal Regional Federal
do MS, decretou, no final da última semana, à permanência dos índios na
fazenda Cambará, no município de Tacuru, a 462 km de Campo Grande. A
desocupação vinha sendo reivindicada pelos fazendeiros locais. O
governo, por sua vez, montou uma força-tarefa. Também no final da última
semana, a secretária de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reuniram-se com as lideranças
dos Guarani-Kaiowá. Da reunião saíram várias decisões: 1. envio da
Força Nacional, 2. seis lideranças indígenas ameaças passaram a ficar
sob a proteção do Estado e 3. a Polícia Federal manterá reforço policial
à área.
O Mato Grosso do Sul virou o palco desse drama. A pujança do seu
crescimento econômico contrasta com a miséria dos índios. No ano
passado, o estado registrou o maior crescimento de área plantada de
cana-de-açúcar do país. Os canaviais ocupam 650 mil hectares, que
renderam, na última safra, R$ 1,9 bilhão, o equivalente a 4,8% da
produção nacional. Outros dois milhões de hectares são plantados com
grãos. O estado é hoje o quarto maior produtor nacional de algodão e o
quinto de soja. A própria Fundação Nacional do Índio (Funai) reconheceu a
existência do conflito fundiário na área.
Em meio a briga, aumentou a pressão para a conclusão de um relatório
completo sobre a situação dos Guarani, os Kaiowá e os Ñandevá. Seis
grupos técnicos de identificação e delimitação de terra estão
trabalhando para entregar o documento ao governo até meados de 2013.
Antropólogos contratados pela Funai estão debruçados sobre dados
oficiais, mas reclamam de dificuldades no trabalho de campo. É que,
segundo o antropólogo Rubem Almeida, do Museu Nacional da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, que trabalha com ambas as etnias no Mato
Grosso do Sul desde 1976, alguns fazendeiros não estão deixando os
pesquisadores entrarem nas fazendas para pesquisa encomendada pela
Funai.
“Não vai haver decisão antes de esses relatórios ficarem prontos, por
isso estamos correndo com esse processo. A opinião pública está se
dando conta do problema agora, e é ótimo. Mas o que está sendo visto,
com a história dessa família que escreveu a carta, é a ponta de lança. O
conflito começou em 1978, e se agravou nos anos 90. A Justiça tem sido
de uma imprudência assustadora”, afirmou Almeida.
O litígio está longe de terminar e vai além dos Guarani-Kaiowá. As
terras indígenas ocupam, pelos cálculos da Funai, 12,5% do território
brasileiro: 98,47% estão na Amazônia e 1,53% no resto do país.
Enquanto o relatório encomendado pelo Funai não fica pronto, um grupo
de latifundiários da região se uniu. Eles mantêm a posição de que as
terras indígenas no país, de um modo geral, devem ser demarcadas na área
de 200 milhões de hectares pertencentes à União e não em territórios
produtivos, ou seja, nas fazendas.
Os fazendeiros querem também que, em caso de expropriação, recebam
indenização não apenas pelas benfeitorias, mas também pelo valor da
terra, o que não está previsto. Além disso, numa tentativa de amenizar
os conflitos e sob pressão da sociedade, o grupo lançará na próxima
semana uma pesquisa sobre o assunto. Segundo a presidente da
Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD,
do Tocantins), o estudo feito pelo órgão mostrará outras mazelas que
atingem os índios, que vão, segundo ela, muito além da questão
fundiária.
A pesquisa incluirá dados sobre saúde, alternativas econômicas,
educação, entre outros pontos. A senadora garante que o objetivo não é
desviar do conflito de terras que está em voga por causa da carta
escrita pelos Guarani-Kaiowa, mas ampliar a discussão:
“Debitar todas as agruras dos índios à falta de terras é hipocrisia. O
erro não é dos fazendeiros, mas do Estado, da Funai. Será que um pedaço
de terra que não vem é o único problema deles”, disse a senadora.
Kátia Abreu afirmou ainda que, além de dados sobre problemas
enfrentados pelos índios, a CNA lançará um conjunto de propostas, para
que os fazendeiros trabalhem em parceria com os povos indígenas. Segundo
ela, o plano incluirá oficinas de técnicas de produção agrícola
sustentável, sem uso de transgênicos ou agrotóxicos – ao contrário do
que a maioria dos produtores rurais aplica no território brasileiro.
“A luta dos fazendeiros não é contra os povos indígenas, mas contra a
expropriação com pagamento apenas de benfeitorias. Se quiserem
desapropriar, que paguem um preço justo. Por que não fazem as reservas
em terras devolutas do Incra? Por que tem que ser dentro de área de
produtor rural? O direito não é só dos índios, é também dos brancos, dos
negros. Só não podemos perder o comportamento civilizado. Temos que
buscar a Justiça, jamais reforçaremos a violência contra os índios”,
disse a senadora, que já esteve na região, em outros momentos, para
conter brigas entre fazendeiros e índios.
Funai reconhece gravidade
Nádia Silveira, assessora da presidência da Funai e especialista na
questão Guarani-Kaiowá, afirma que a situação de conflito no Mato Grosso
do Sul está na pauta de prioridades do governo Federal desde 2008. “A
situação é tensa na maioria das aldeias. Mesmo onde não há litígio com
fazendeiros, as reservas estão superpovoadas , o que gera conflitos
entre eles” afirma.
Ela reconhece que os indígenas acampados à beira de estradas ou em
terras onde há litígio não conseguem produzir e que nem sempre as cestas
básicas chegam até eles.
“A cesta não garante comida todo dia. A distribuição é uma ação
emergencial, que foi prevista como complementar. O grande problema é a
falta de acesso à terra”, diz Nádia, admitindo que há o atraso das ações
da Funai à “judicialização dos processos administrativos”. Segundo a
assessora, está ainda em fase de estudo a ampliação de acesso a
programas sociais do governo federal, como o Bolsa-Família, mas que ele é
dificultado pela falta de engajamento do estado e municípios.
O Brasil tem 817,9 pessoas que se declaram índios e 517,4 mil delas
vivem em terras indígenas. O conflito entre os indígenas e os grandes
agricultores locais pode ser, segundo o Centro Missionário Indigenista
(Cimi), traduzido em números: 101 índios foram assassinados e 48 foram
ameaçados de morte entre 2010 e 2011. Isso sem falar no fato de que
muitas crianças falecem por desnutrição. A população indígena no Mato
Grosso do Sul soma 73.295 indígenas, dos quais 52% são crianças ou
jovens de até 24 anos.
As terras demarcadas para os Guarani-Kaiowá e Ñandevá somam 42.267
hectares. Desde 2008, quando a Funai decidiu demarcar e recuperar para
os índios territórios no Mato Grosso do Sul, a situação se tornou mais
tensa. Até então, muitos indígenas eram empregados de fazendas. O corte
de cana-de-açúcar chegou a empregar 15 mil deles. Eles recebiam R$ 0,07
centavos por metro corrido colhido. Agora, nem isso. O setor mecanizou
93% da colheita e 72% do plantio. Além de sem-terra, os índios estão sem
emprego.
“Agora quem faz tudo é a máquina. Não querem mais índios. Só falta
plantarem cana dentro do rio”, desabafa Ava Taperendy, um dos
integrantes do conselho Aty Guasu, que reúne líderes indígenas do
estado.
Marcha para o Oeste
Sem trabalho e sem ter onde ficar, grupos que foram retirados de suas
terras de origem começaram a retornar e a ocupá-las. Eles tentam
reverter uma história que começou no início do século XX, entre 1914 e
1928, quando foram criadas oito reservas indígenas, sem que os próprios
interessados fossem consultados. O critério de criação seguia a ideia de
integração dos índios à cultura branca, e punha-os próximos a cidades.
A partir do Estado Novo (1937-45) de Getúlio Vargas, iniciou-se a
ocupação pelos brancos da terra dos Guarani-Kaiowá. Os conflitos
começaram e as demarcações foram suspensas, já que o objetivo do governo
Federal era liberar as terras para os colonos que chegavam, no que se
chamou de “A Grande Marcha para o Oeste”. No período da ditadura
militar, a colonização do Mato Grosso do Sul se intensificou. Um grande
número de sulistas, principalmente gaúchos, migrou para o território e
iniciou sua produção na terra dos índios. Isso fez com que eles ficassem
amontoados. Segundo dados do Museu Nacional, as reservas Guaranis no
Mato Grosso do Sul hoje estão superlotadas. Na Terra Indígena – ou
Tekoha, em guarani – de Dourados, por exemplo, são cerca de 13 mil
indivíduos morando em 3,5 mil hectares, o que, segundo o modelo de
ocupação dos índios, é sufocante.
A cultura do suicídio
Em terras que ainda estão aguardando decisão judicial, a situação é
similar. Em Guyra Roka, cuja terra foi identificada com 11,4 mil
hectares, os índios só estão conseguindo ocupar 60 deles. Por isso,
estão tentando retomar seus territórios originais. O caso dos 170 índios
que causaram a polêmica do momento, é uma situação dessas. O fazendeiro
entrou com reintegração de posse aceita pelo juiz – e revogada semana
passada. A situação deles ainda não figura nas tabelas da Funai, mas o
levantamento antropológico já foi feito. O órgão deve publicar em breve o
relatório, reconhecendo que o local é uma Terra Indígena, o que ajudará
o trabalho do Ministério Público Federal.O Brasil só voltou os olhos
para o problema no último dia 8 de outubro, quando a carta assinada por
50 mulheres, 50 homens e 70 crianças ganhou a internet e passou a
circular pelo mundo. “Pedimos ao Governo e Justiça Federal para não
decretar a ordem de despejo, expulsão, mas solicitamos para decretar a
nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui”, dizia o trecho da
carta que causou mais polêmica. Um possível suicídio coletivo gerou
controvérsia e muitas dúvidas.
Para entender o significado da carta, Tonico Benites é um personagem
central. Ele é Guarani-Kaiowá, mora no município de Tacuru, e foi um dos
idealizadores do movimento. Concluindo seu doutorado Antropologia no
Museu Nacional, ele passou boa parte da vida vivendo na estrada, junto
com a família. Seus pais sentiram na pele a chegada das máquinas no
campo e, depois de décadas de trabalho para um fazendeiro, foram
expulsos de terras onde seus ancestrais haviam vivido. “Se estamos
falando de suicídio coletivo? Não é um anúncio, mas é sim uma morte
lenta. Eu já pensei em morrer, várias vezes. E a maioria dos meus
familiares também. Na nossa cultura, se uma família é posta para viver
em um lugar onde não há vínculo histórico, onde não se sente bem, a vida
não faz mais sentido. O branco chama isso de suicídio, para nós é a
perda de esperança”, explicou Benites.
Os rituais dos Guarani passam necessariamente pela terra. É no local
onde seus parentes mortos viveram que eles acreditam poder se comunicar
com os antepassados. E essa sensação de pertencimento à terra faz com
que muitos deles, por se sentirem sem perspectivas e sem apoio, acabam
virando alcoólatras. Outros preferem o suicídio. Em 2011 foram
registrados 45 casos de suicídio entre indígenas no país, segundo o
Ministério da Saúde. Pelo menos 13 deles eram Guarani-Kaiowá.
O Ministério Público Federal no MS atua em 141 processos que envolvem
os Guaranis-Kaiowá. Todos esses processos são relativos à demarcação de
terras, danos morais coletivos, crimes contra a vida, racismo e
genocídio. As ações judiciais tramitam na Justiça Federal de Dourados,
Naviraí e Ponta Porã. Nos últimos dez anos, apenas dois mil hectares de
terras indígenas foram ocupadas integralmente pelos Guarani-Kaiowá.
Já os proprietários de terra da região reforçam a ideia de que o
conflito não é fundiário, mas social. Eduardo Riedel, presidente da
Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul),
atribui a responsabilidade da situação ao governo federal.
“É lamentável. Somos solidários à penúria. Há um abandono do Poder
Público e os índios não têm onde ficar”, disse. Riedel afirma que há um
contraponto constitucional: de um lado, o direito dos índios, de outro, o
direito à propriedade. De acordo com ele, todas as terras em litígio
são legalizadas e o conflito com os índios envolve pequenos produtores
rurais, a maioria inseguros e temerosos de ter de sair de suas terras a
qualquer momento. Para a Famasul, o melhor jeito de resolver o problema é
o governo federal se comprometer a pagar pelas terras que queira
devolver aos índios, e não expropriá-las. O próprio estado do Mato
Grosso do Sul criou este ano um fundo destinado a indenizar produtores
que percam suas terras a favor dos índios.
Mas a regularização das terras é um calcanhar de aquiles para o setor
agrícola do estado. Com base num levantamento do Incra, o Ministério
Público Federal no estado investiga propriedades em 60 dos 78
municípios, com suspeitas de falsificação de documentos – a conhecida
grilagem. O motivo é que a área declarada de propriedades em cartório
supera o tamanho dos territórios municipais, o que dá uma dimensão do
tamanho e da quantidade de possíveis títulos irregulares. Ladário, por
exemplo, tem 34 mil hectares, mas no cartório seus 159 imóveis rurais
têm 422,3 hectares – 12 vezes mais. As propriedades acima de mil
hectares representam 10% do total, mas ocupam 77% da área.
Clima de tensão
É este o contexto que vem inflamando o conflito fundiário na região.
Para o engenheiro agrônomo Marcelo Gusmão, que trabalhou na Funai até o
início de 2011 fazendo relatórios em áreas reivindicadas pelos
Guarani-Kaiowá, a situação se agrava, mesmo sob conhecimento de órgãos
públicos. “O clima na região atualmente é de extermínio. Trata-se de uma
política velada no Mato Grosso do Sul. E é essa situação que leva ao
assassinato ou ao suicídio dos índios”, disse Gusmão.
O conflito entre brasileiros índios e não-índios também é fato no Sul
da Bahia. Foram 12 embates no ano passado, sete deles em fazendas de
Ilhéus, área de plantação de cacau. Na região de Porto Seguro 16 aldeias
e seus 119 índios se conflitam com donos de hotéis e pousadas. No
Maranhão, onde as terras indígenas já são regularizadas, elas foram
ilhas de pobreza e os índios vivem constantemente ameaçados por
invasores, que retiram as árvores à luz do sol, com caminhões que cruzam
as aldeias. Na divisa com o Pará, até plantadores de maconha se
instalaram nas terras do Alto Turiaçu, sem que os índios possam reagir.
Motoqueiros armados cuidam das plantações. Na terra indígena (TI) Alto
Rio Guamá, de 279 mil ha, os Tembé tiveram 60% do território invadido e o
problema vem de longa data: a terra indígena foi reconhecida na década
de 1940 e homologada em 1993.
O Brasil possui cerca de 110 milhões de hectares de reservas
indígenas, espalhadas em cerca de 650 unidades. As maiores e mais bem
preservadas estão na Amazônia. No Sul e Sudeste do país, eles vivem em
espaços pequenos, onde não conseguem plantar. Em Avaré, no interior de
São Paulo, um hotel fazenda os emprega e deixa que eles se apresentem a
turistas e vendam colares ao fim das danças para ganhar alguns trocados.
Dos índios do Mato Grosso do Sul, 43% vivem com até 1/4 de um salário
mínimo por mês. Quase 30% declaram renda entre meio e um salário mínimo e
mais de 10 mil deles não têm rendimento algum. Não passam de 1.150 os
que ganham mais do que um salário mínimo.- O problema é amplamente
conhecido pelo governo. O que acontece aqui é uma grave crise
humanitária. Há processos de reconhecimento de terras indígenas que já
estão completando 30 anos sem sequer serem julgados – afirma Flávio
Vicente Machado, conselheiro do Cimi no Mato Grosso do Sul.
Roberto Hollanda, presidente da Associação dos Produtores de
Bionergia do Estado do Mato Grosso do Sul (Biosul), afirma que é uma
injustiça responsabilizar o produtor rural pela situação dos índios.
Segundo ele, não mais do que 0,5% das terras arrendadas para plantio
pelas usinas tem algum tipo de litígio e, mesmo sendo poucas, elas serão
descredenciadas. Hoje, o Mato Grosso do Sul tem 22 usinas de
cana-de-açúcar em operação. “Não acredito na competição por terra.
Estamos trazendo mais receitas para o estado e interiorizando o
desenvolvimento. Nosso setor cumpre a lei e não ocupa terra indígena.
Não precisa. Mas a situação é muito feia e nossa forma de contribuir é
gerar renda”, diz Hollanda, acrescentando que o setor, que cresce 10% ao
ano, não faz distinção de raça ou cor ao contratar funcionários.
Riedel acusa as ONGs de fomentar os conflitos, de oferecer ônibus
para ajudar os índios a chegarem nos locais a serem invadidos, e levar
para o estado índios que estão até no Paraguai. “É preciso uma decisão
de governo. Não se pode manter esta estratégia de conflitos. O Estado
precisa agir, sob pena de algum grupo ficar em extrema fragilidade”,
afirma.
O final do conflito depende de muitas decisões judiciais que ainda
demandarão tempo, mas os Kaiowá já ganharam pelo menos milhares de
adeptos da causa. Entre os ícones do movimento que começou na internet e
se espalhou como um vírus na rede está o documentário: “À sombra de um
delírio verde”, que mostra o problema fundiário e as mazelas enfrentadas
pelos índios, como a desnutrição infantil nas aldeias e as rotinas
exaustivas daqueles que ainda trabalham em canaviais. O filme virou
febre no Facebook e em outras redes sociais, desde o final de outubro,
quando os Kaiowá passaram a ser centro das atenções no país.
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1315493&tit=Luta-dos-guaranis-kaiowas-chega-a-Justica-e-ganha-projecao-internacional
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