quarta-feira, 20 de julho de 2011

Estreia dia 27/07/2011 - O VENTO FORTE DO LEVANTE - Solano Trindade

Repassando.


Fonte: http://ventofortedolevante.blogspot.com/

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O VENTO FORTE DO LEVANTE quer reconstruir caminhos e descaminhos daquele que consideramos um dos maiores poetas brasileiros. Homem de palavras, idéias e ação. Solano Trindade não se curvou diante da opressão de cor, de classe e de cultura. Morou em Caxias, andou no “Trem sujo da Leopoldina” que tem um “freio de ar todo autoritário”, assim como os motivos que levaram Vargas a ordenar sua prisão.


Poeta. Marxista. Ator. Pintor. Andarilho. Funcionário Público. Folclorista. Militante. Solano Trindade nasceu vinte anos depois do fim oficial da escravidão, autodidata, frequentou a escola da vida sendo levado pelo seu pai, Manoel Abílio Pompilho da Trindade, a conhecer o “bucolismo do estado de Pernanbuco e suas manifestações culturais” nos conta entusiamado Liberto Trindade, filho e memória viva do poeta do povo. Não é só semelhança física entre Liberto e Solano que nos faz mergulhar e querer entender a multifacetada e dialética intervenção do poeta.



“Em 1944, tive minha primeira prisão política. Eu era membro da Sociedade Amigos da América. Fui preso pela polícia de Dutra. O negócio era contra Manuel Rabelo e contra o manifesto de Mangabeira. Eu morava em Caxias. Quatro homens fortes foram me buscar. Eu estava armado com um pijama dando remédio ao Liberto que estava muito doente. Revistaram minha casa. Na minha estante de caixa de cebola, havia alguns livros. Nas paredes, alguns quadros de pintores amigos. No quarto havia um pinico, pois tínhamos em casa quatro crianças. Mesmo assim fui preso incomunicável. Os investigadores que me levaram para a rua da relação, diziam: este é de Caxias. Levaram comigo 39 exemplares de meu livro “Poemas D’uma Vida Simples”. Depois passaram-me para um cubículo, onde havia doze presos. Lá entre outros encontrei um alemão muito simpático, embora estivesse preso como espião da 5ª coluna, dois marinheiros, o estudante Jesus e Paulo Armando. Logo depois de mim, entrou o simpático ginecologista Mário Fabião, muito alegre, irônico. Logo depois que os policias o deixaram, tirou do bolso bolas de naftalina e colocou-as na careca para não ser roído pelos ratos do cubículo. A nota alta desta prisão foi à entrada de Ibraim Sued, chorando muito. O seu colega de quarto mimeografava os boletins subversivos e Ibraim foi preso para dizer onde estava o colega. No cubículo defronte ao meu estava o Gama Filho, que rezava alto para São Judas Tadeu o libertar. Muitas coisas sérias e engraçadas, teria para contar, mas não vale a pena.
Ando muito cheio de poesia e esperança"

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