segunda-feira, 23 de maio de 2011

Professor da UNIR - Universidade Federal de Rondônia sofre racismo no posto da Polícia Federal de Vilhena.

Professor da UNIR - Universidade Federal de Rondônia sofre racismo no posto da Polícia Federal de Vilhena.
No último dia 17 de maio o ônibus em que eu viajava para a aula de Doutorado em Educação na UFMT foi parado pela polícia rodoviária federal. Estes fizeram descer dois negros e uma quase negro ou quase branco. Entre eles estava eu (o negro ou o com mais melanina na pele). Dos quais era o único que desceu e tinha bagagem só em cima os outros tinham bagagem em cima e no bagageiro. Antes de descermos o policial pegou os documentos de uma série de pessoas, no entanto eu estava sentado na poltrona 21 e atrás de mim estava um senhor branco e forte que o policial tratou com muita cordialidade perguntando-lhe o nome, a profissão, para onde estava viajando e o que iria fazer. Quando chegou na minha vez, pediu meus documentos e apenas pergunta u para mim e um rapaz que estava do meu lado de onde estávamos vindo e se estávamos juntos. O rapaz respondeu que estávamos juntos. Eu ensaiei perguntar o porquê pediam para eu descer, mas não tive tempo de terminar a fazer e fui bruscamente interrompido por um ríspido imperativo para descer.
Quando estava no chão o policial abriu minha bolsa e não encontrando nada fechou-a, em seguida pedi licença e perguntei por que ele havia retirado apenas dois negros e um pardo de ônibus, ele encostou sua “cara” no meu “rosto” e esbravejando com salivas a saltar em meu rosto disse que eu e o moço que estava ao meu lado éramos “suspeito” (somente eu presencie essa fala o outro praticamente não ficou no solo subiu rapidamente para o ônibus) e não entendi por que ele me fez ficar em solo. Insisti para que me disse o por que daquilo ele me perguntou se eu sabia o que ia de Ji-Paraná para lá, eu disse se recuar que ia carro, pessoas. Ao insistir dizendo que aquilo se tratava de racismo, alguns policiais encostaram e eu ainda disse que era professor da universidade; de nada adiantou. Uma policial de nome Andréia prostrou-se ao meu lado e eu pedi licença para ela pedindo uma explicação para aquela situação procurando entender; se eles estavam procurando algo nos pertences de alguém que havia embarcado em Ji-Paraná eles deviam pedir para outras pessoas que haviam embarcado descerem e ela disse-me que era difícil e demorado e eles faziam aquilo por “amostragem”. Mas o que é amostragem?
Ao subir para o ônibus apresentei-me como professor da UNIR para as pessoas que também estavam de viagem e perguntei a eles por que os policiais haviam pedido apenas para dois negros e um pardo descer? Será que aquilo era racismo? Afinal não deviam todos terem sidos submetidos a igual processo como fizeram comigo? Por que não deram o mesmo tratamento a minha pessoa na mesma forma que fizeram com o médico?
Tão logo eu ocupei meu acento, os policiais entram e devido terem ouvido a minha conversa com os passageiros e disseram que aquele era o seu trabalho e que infelizmente alguém ali havia “se doído”, e que ele não tinha uma luz na testa para adivinhar as coisas? Em resposta perguntei-lhe porque a luz dele havia acendido somente para mim? Após meu questionamento um policial branco olhou-me com olhar de reprovação como se devesse reconhecer o meu lugar.
Esse caso não ofende apenas a minha pessoa. Ofende a todo negro brasileiro e toda negra brasileira. Eu apenas me levanto contra o que sempre fizeram conosco. Muitos e muitas agora podem estar passando pelo mesmo que eu, porém a falta de oportunidade para compreender através da educação como o racismo a brasileira se dá os faz calar.
Sugestão para nossa mobilização:
Podemos acionar os jornais escritos,
A televisão
Os jornais na internet
Na sessão das câmaras municipais
Poderíamos marcar um encontro com Padre Tom
Se possível um encontro com o Ministro da Justiça
A Ex Senadora Fátima Cleide
O Sintero
Digo e repito esse não um problema só meu, em de todos os negros e negras que poderão sofrer o mesmo a qualquer momento.
Abraços e “A SOLARIEDADE É NOSSA MAIOR ARMA”
Até breve, companheiras e companheiros.
Paulo Sérgio Dutra – Professor da Universidade Federal de Rondônia e Participante do GRUOCN – Grupo de Consciência Negra.

Um comentário:

vani martins santana benitez disse...

Professor, pode me dar maiores informações sobre esse assunto?Acredito que conheço esse professor. A notícia saiu em algum jornal online? não encontrei.
Obrigada.