On Qui 03/03/11 13:35 , Geraldo Silva Jardim geraldosilvajardim@gmail.com sent:
Divulgação Científica
Sexta extinção em massa
3 mar. 2011
http://www.agencia.fapesp.br/materia/13539/sexta-extincao-em-massa.htm
Agência FAPESP – Estima-se que cerca de 4 bilhões de espécies tenham vivido na Terra. Desse total que evoluiu no planeta nos últimos 3,5 bilhões de anos, nada menos do que 99% deixaram de existir.
O número pode impressionar, mas não envolve nada anormal e demonstra como a extinção de espécies é algo comum e equilibrado pela própria especiação, o processo evolutivo pelo qual as espécies se formam.
Eventualmente, esse balanço deixa de existir quando as taxas de extinção se elevam. Em alguns momentos, cinco para ser exato, as taxas são tão altas que o episódio se caracteriza como uma extinção em massa.
Após as extinções em massa nos períodos Ordoviciano, Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo – quando os dinossauros, entre outros, foram extintos –, cientistas apontam que a Terra pode estar se aproximando de um novo episódio do tipo.
Em artigo publicado na edição desta quinta-feira (3/3) da revista Nature, um grupo de cientistas de instituições dos Estados Unidos levanta a questão de uma eventual sexta extinção em massa.
O artigo tem entre seus autores o brasileiro Tiago Quental, que durante a produção do estudo estava no Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia e desde fevereiro é professor doutor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
“Paleontólogos caracterizam como extinções em massa os episódios em que a Terra perde mais de três quartos de suas espécies em um intervalo geológico curto, como ocorreu apenas cinco vezes nos últimos 540 milhões de anos. Biólogos agora sugerem que uma sexta extinção em massa possa estar ocorrendo, por conta das perdas de espécies conhecidas nos últimos séculos e milênios”, disseram os autores.
O estudo analisou como as diferenças entre dados modernos e obtidos a partir de fósseis e a influência de novas informações paleontológicas influenciam o conhecimento a respeito da crise de extinção atual.
“Os resultados confirmam que as taxas de extinção atuais são mais elevadas do que se esperaria a partir [da análise] dos registros fósseis, destacando a importância de medidas efetivas de conservação”, afirmaram.
Como exemplo, citam que, nos últimos 500 anos, das 5,5 mil espécies de mamíferos conhecidas pelo menos 80 deixaram de existir.
“Se olharmos para os animais em perigo crítico de extinção – aqueles em que o risco de extinção é de pelo menos 50% em três gerações ou menos – e assumirmos que seu tempo acabará e que eles sumirão em mil anos, por exemplo, isso nos coloca claramente fora do que poderíamos considerar como normal e nos alerta que estamos nos movendo para o domínio da extinção em massa”, disse Anthony Barnosky, curador do Museu de Paleontologia e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, principal autor do estudo.
“Se as espécies atualmente ameaçadas – aquelas classificadas oficialmente como em risco crítico, em risco ou vulneráveis – realmente se extinguirem, e se essa taxa de extinção continuar, a sexta extinção em massa poderá chegar tão cedo quanto de três a 22 séculos”, disse.
Entretanto, segundo os autores do estudo, não é tarde demais para salvar muitas das espécies em risco de modo a que o mundo não ultrapasse o ponto em retorno rumo à nova extinção em massa.
“Ainda temos muita biota da Terra para salvar. É muito importante que direcionemos recursos e legislação para a conservação de espécies se não quisermos nos tornar a espécie cuja atividade causou uma extinção em massa”, afirmou.
O artigo "Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived?" (doi:10.1038/nature09678), de Anthony Barnosky e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
quarta-feira, 9 de março de 2011
A Rota colombiana da Escravatura
in " Jornal de Angola " , 04 / 3 / 2011 - Francisco Pedro | - Hoje
Projecto histórico levado à UNESCO
Fotografia: Jornal de Angola
Perito angolano defendeu na Colômbia a necessidade do turismo de memória
Uma proposta de parceria entre o Projecto da “Place Fontenoy” e a iniciativa Triângulo Kanawa, assente na península do Mussulo, foi apresentada pelo historiador Simão Souindoula, durante a reunião bienal do Fundo das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que terminou ontem, em Bogotá, na Colômbia.
Simão Souindoula, que é perito da UNESCO, disse ao Jornal de Angola que a proposta visa formalizar a parceria “já funcional” que engloba a zona do Mussulo, na capital angolana, “como o maior projecto de turismo de memória esclavagista, actualmente em África”.
Actualmente vice-presidente do Projecto da UNESCO “A Rota do Escravo”, o historiador referiu que a proposta é fruto de um acordo assinado em Setembro de 2008, nos trabalhos da “Agenda Afro descendente nas Américas e Caraíbas” na qual esteve, realizada neste mesmo país.
A reunião, que decorreu de 27 de Fevereiro até ontem, foi presidida pela directora-geral da UNESCO Irina Bokova. O também vice-presidente do Comité Científico Internacional da UNESCO, Simão Souindoula, foi um dos orientadores do encontro que teve lugar na capital da Colômbia.
No decurso do balanço, os membros do Comité da UNESCO tiveram uma sessão de trabalho com os líderes da comunidade e das associações “níger”, em Cartagena das Índias, uma conferência na Universidade Nacional e uma visita aos vestígios esclavagistas deste significativo porto do mar das Caraíbas.
O historiador informou que o encontro reagrupou 20 membros, originários de África do Sul, Angola, Austrália, Barbados, Brasil, Canadá, Colômbia, Cuba, Espanha, Estados Unidos da América, França, Haiti, Madagáscar, Marrocos, México, Nigéria, Noruega, Sri Lanka, Tanzânia e Uruguai.
Os peritos debateram, também, as centenas de acções inovadoras e estruturantes de conservação e de exploração documental, de investigação histórica, antropológica e linguística, e acções ligadas às produções culturais e relativas à contribuição das “peças de Índias” na mineralurgia, epidemiologia e fisioterapia.
Além do balanço das acções realizadas pelo Comité Científico da UNESCO, durante o biénio 2009-2010, entre as quais sobressaiu a avaliação do apoio acordado às diversas celebrações dos Bicentenários da abolição da escravatura e à proclamação das independências dos Estados americanos e das Caraíbas, o encontro focou-se na decisão, em 2010, da Assembleia-Geral das Nações Unidas que declarou 2011 como o “Ano Internacional dos Afro descendentes”.
Um forte abraco desde Santa Fe de Bogota.
Simao SOUINDOULA
Comite Cientifico Internacional -Projecto UNESCO ¨ A Rota do Escravo "
Hotel de la Opera,Room 212
PBX : (571) 336 2066 / 336 5285
Bogota, D.C. -Colombia
Projecto histórico levado à UNESCO
Fotografia: Jornal de Angola
Perito angolano defendeu na Colômbia a necessidade do turismo de memória
Uma proposta de parceria entre o Projecto da “Place Fontenoy” e a iniciativa Triângulo Kanawa, assente na península do Mussulo, foi apresentada pelo historiador Simão Souindoula, durante a reunião bienal do Fundo das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que terminou ontem, em Bogotá, na Colômbia.
Simão Souindoula, que é perito da UNESCO, disse ao Jornal de Angola que a proposta visa formalizar a parceria “já funcional” que engloba a zona do Mussulo, na capital angolana, “como o maior projecto de turismo de memória esclavagista, actualmente em África”.
Actualmente vice-presidente do Projecto da UNESCO “A Rota do Escravo”, o historiador referiu que a proposta é fruto de um acordo assinado em Setembro de 2008, nos trabalhos da “Agenda Afro descendente nas Américas e Caraíbas” na qual esteve, realizada neste mesmo país.
A reunião, que decorreu de 27 de Fevereiro até ontem, foi presidida pela directora-geral da UNESCO Irina Bokova. O também vice-presidente do Comité Científico Internacional da UNESCO, Simão Souindoula, foi um dos orientadores do encontro que teve lugar na capital da Colômbia.
No decurso do balanço, os membros do Comité da UNESCO tiveram uma sessão de trabalho com os líderes da comunidade e das associações “níger”, em Cartagena das Índias, uma conferência na Universidade Nacional e uma visita aos vestígios esclavagistas deste significativo porto do mar das Caraíbas.
O historiador informou que o encontro reagrupou 20 membros, originários de África do Sul, Angola, Austrália, Barbados, Brasil, Canadá, Colômbia, Cuba, Espanha, Estados Unidos da América, França, Haiti, Madagáscar, Marrocos, México, Nigéria, Noruega, Sri Lanka, Tanzânia e Uruguai.
Os peritos debateram, também, as centenas de acções inovadoras e estruturantes de conservação e de exploração documental, de investigação histórica, antropológica e linguística, e acções ligadas às produções culturais e relativas à contribuição das “peças de Índias” na mineralurgia, epidemiologia e fisioterapia.
Além do balanço das acções realizadas pelo Comité Científico da UNESCO, durante o biénio 2009-2010, entre as quais sobressaiu a avaliação do apoio acordado às diversas celebrações dos Bicentenários da abolição da escravatura e à proclamação das independências dos Estados americanos e das Caraíbas, o encontro focou-se na decisão, em 2010, da Assembleia-Geral das Nações Unidas que declarou 2011 como o “Ano Internacional dos Afro descendentes”.
Um forte abraco desde Santa Fe de Bogota.
Simao SOUINDOULA
Comite Cientifico Internacional -Projecto UNESCO ¨ A Rota do Escravo "
Hotel de la Opera,Room 212
PBX : (571) 336 2066 / 336 5285
Bogota, D.C. -Colombia
ESCRAVATURA E MUSICA : A CHAMPETA COLOMBIANA E UMA SEMBA
ESCRAVATURA E MUSICA
A CHAMPETA COLOMBIANA E UMA SEMBA
E a interessante revelação que nos fez, calmamente, sobre este ritmo -dança de sucesso, hoje bem codificado no mundo da world music, a activista afro - colombiana, Josefa Maria Hernandez Cabarcas, num aparte que tivemos, no quadro da nossa participação, há dias, em Cartagena de Índias, no Encontro Ibero – americano sobre a Agenda Afro descendente nas Américas e Caraíbas.
Esforçaremos, na presente abordagem, no intuito de analisar esta novidade, esclarecer a origem e o significado da palavra semba, as características da nova expressão dançante que saiu dos “barrios” a dominante melano – africana da aglomeração do setentrião da antiga “Nueva Grenada” e apreciaremos a sua simetria com o bailado embarcado dos cais de “Angole”.
A informação dada pela esta originaria do celebre San Basilio de Palenque e, histórica e antropologicamente, sintomática.
Com efeito, esta indica o povoamento forcado maioritariamente bantu desta velha cidade que se desenvolveu a partir das intensas actividades do seu estratégico e grande porto mercantilista e esclavagista e a notável perpetuação das expressões coreográficas vindas de África central e austral.
A palavra e de origem bantu e significa “tocar com muito carinho” ou “dar um forte abraço”.
E, naturalmente, o termo aplicou-se a uma dança lasciva, que se perpetuou, notavelmente, em quase todas comunidades melano – africanas de ascendência de terras dos “Homens”, instaladas no continente americano e no conjunto insular caribenho.
No Brasil, território extra-muros, bem bantu, o termo foi conservado para designar uma exibição sensual; enquanto nas outras áreas do além – Atlântico, como no estuário do Rio de la Plata, aponta mais para um toque de aproximação com uma parceira.
Como na vizinha federação, o quadro coreográfico afro - colombiano apresenta bem um género chamado samba.
Na realidade, uma análise das variantes danças recreativas afro – colombianas permite afirmar que todas apresentam um perfil voluptuoso.
E a principal impressão que retemos do espectáculo da “Escuela Taller Tambores de Cabildo” e do desencadeamento musical e coreográfico que se estalou na Monte Maria, numa temperatura bem tropical, pela ocasião da cerimonia de assinatura da Declaração Final dos trabalhos do “Encuentro” e na qual assistimos.
Evoluindo numa cidade do litoral atlântico, lugar de todos os tráficos, incluído os de vinil e disco -compactos, os afro- cartagineses, constituindo a grande massa de mão-de-obra do grande porto, receberão, facilmente, as tórridas influências rítmicas do Atlântico negro, desde a compas haitiana, a salsa porto – ricana, a dance hall jamaicano, a afro beat nigeriana, a bikutsi camaronesa, a soukous congolesa e a semba e a kizomba angolanas.
São todos esses aportes que constituirão, numa sólida fusão, a champeta.
TERAPIA CRIOLLA
As primeiras oscilações do “ritmo – danza” de Olaya, um bairro da Cartagena, surgem, bem a propósito, nos meados dos anos 70, período da segunda grande vaga das independências no qual esta a “dipanda” do nosso pais.
E posto no mercado, o identitário vinil “Africa 5000”, cujo perfil ostenta, na base dos ritmos locais tais como o bullerengue e o tenaz cumbia (do bantu nkumbi, tambor), o afro beat do revolucionário e atípico Fela Ramsone Kuti. E a grande época da luta contra a anacrónica cidadela do apartheid.
O jazzman Charles Mingus será sensível a esta nova mistura musical.
O ritmo afro colombiano ganhara a sua plena personalidade, uma maior visibilidade e um reconhecimento internacional, nos fins dos anos 80, graças a uma inteligente abertura, mais estruturada, com músicos africanos instalados em Paris, onde evoluía a grande estrela da salsa colombiana, Yuri Buenaventura, que obteve um Disco de Ouro, em Franca.
Graças a sua enérgica entrada na world music, a “cesura” colombiana e hoje aceites no conjunto da sociedade do pais de Álvaro Urine Velez. Consequência característica do seu sucesso, esta música dos “picos”, pequenos recintos da periferia de Cartagena e, hoje, utilizada nas campanhas eleitorais e bem difundida nas rádios locais.
Facto lógico com a estampilhagem semba da champeta, as grandes celebridades desta corrente musical são quase todas originarias do mítico San Basílio de Palenque, este “pedaço de Angola”perdido na parte setentrional da Colômbia. São nativos desta “mancha negra” no pais epónimo do Descobridor: Luis Towers, Viviano Torres, Dionisio Miranda e Justo Valdez. E este último, hoje, sexagenário e empobrecido, que aplicou, o primeiro, o termo champeta a nova dança afro-colombiana. E, igualmente, o compositor de África, o orgulhoso hino do antigo território dos cimarrones.
Quanto ao Luís, só canta em crioulo cuja base e bantu, e constituída, precisamente, a partir do kikongo/kimbundu/umbundu.
E, os fundamentos sócio - músico - terapêuticos desta expressão bailante de “corpos de ébano” são confirmados pela escolha epónima imposta. A dança niger traduz uma corte. E uma ruptura psicológica, infelizmente efémera apesar da boa ajuda das dinamogenas aguardentes locais. Com efeito, os eróticos dançarinos deverão, depois, enfrentar, inevitavelmente, a dura realidade social…
E uma musica urbana exorcista mas igualmente satírica, com finalidades abertamente sociopolíticas. E, a justo titulo, que a champeta recebeu o nome sucedâneo de “Terapia Criolla”.
CONCLUSAO
Pode-se, após, a apresentação de todos esses elementos de carácter histórico, linguístico a antropológico, considerar, efectivamente, que e a champeta e mesmo uma semba.
E, inesperado sinal antropológico e a venda, tanto nas avenidas do moderno Boca Grande que no mercado popular de Bazurto, de disco compactos, cujo originais vem provavelmente do Brasil, e naturalmente multi-duplicados, in loco, do nosso Carlos Burity, o talentoso Carlito. Justa continuação histórica!
A solução a esta aceitação da nossa semba em Cartagena de Índias e implementar um projecto tal como o que resultou na produção do fabuloso “Champeta –Land” e que reuniu, no ano passado, num trabalho fraternal, excepcional, na cidade costeira do Mar das Caraíbas, músicos afro – cartagineses e os seus colegas centro africanos, congoleses, guineenses e senegaleses.
Por
Simão SOUINDOULA
Simão SOUINDOULA
Membro do Comite Cientifico Internacional
Projecto da UNESCO " A Rota do Escravo "
C.P. 2313
Luanda
( Angola )
Tel. : 929 79 32 77
A CHAMPETA COLOMBIANA E UMA SEMBA
E a interessante revelação que nos fez, calmamente, sobre este ritmo -dança de sucesso, hoje bem codificado no mundo da world music, a activista afro - colombiana, Josefa Maria Hernandez Cabarcas, num aparte que tivemos, no quadro da nossa participação, há dias, em Cartagena de Índias, no Encontro Ibero – americano sobre a Agenda Afro descendente nas Américas e Caraíbas.
Esforçaremos, na presente abordagem, no intuito de analisar esta novidade, esclarecer a origem e o significado da palavra semba, as características da nova expressão dançante que saiu dos “barrios” a dominante melano – africana da aglomeração do setentrião da antiga “Nueva Grenada” e apreciaremos a sua simetria com o bailado embarcado dos cais de “Angole”.
A informação dada pela esta originaria do celebre San Basilio de Palenque e, histórica e antropologicamente, sintomática.
Com efeito, esta indica o povoamento forcado maioritariamente bantu desta velha cidade que se desenvolveu a partir das intensas actividades do seu estratégico e grande porto mercantilista e esclavagista e a notável perpetuação das expressões coreográficas vindas de África central e austral.
A palavra e de origem bantu e significa “tocar com muito carinho” ou “dar um forte abraço”.
E, naturalmente, o termo aplicou-se a uma dança lasciva, que se perpetuou, notavelmente, em quase todas comunidades melano – africanas de ascendência de terras dos “Homens”, instaladas no continente americano e no conjunto insular caribenho.
No Brasil, território extra-muros, bem bantu, o termo foi conservado para designar uma exibição sensual; enquanto nas outras áreas do além – Atlântico, como no estuário do Rio de la Plata, aponta mais para um toque de aproximação com uma parceira.
Como na vizinha federação, o quadro coreográfico afro - colombiano apresenta bem um género chamado samba.
Na realidade, uma análise das variantes danças recreativas afro – colombianas permite afirmar que todas apresentam um perfil voluptuoso.
E a principal impressão que retemos do espectáculo da “Escuela Taller Tambores de Cabildo” e do desencadeamento musical e coreográfico que se estalou na Monte Maria, numa temperatura bem tropical, pela ocasião da cerimonia de assinatura da Declaração Final dos trabalhos do “Encuentro” e na qual assistimos.
Evoluindo numa cidade do litoral atlântico, lugar de todos os tráficos, incluído os de vinil e disco -compactos, os afro- cartagineses, constituindo a grande massa de mão-de-obra do grande porto, receberão, facilmente, as tórridas influências rítmicas do Atlântico negro, desde a compas haitiana, a salsa porto – ricana, a dance hall jamaicano, a afro beat nigeriana, a bikutsi camaronesa, a soukous congolesa e a semba e a kizomba angolanas.
São todos esses aportes que constituirão, numa sólida fusão, a champeta.
TERAPIA CRIOLLA
As primeiras oscilações do “ritmo – danza” de Olaya, um bairro da Cartagena, surgem, bem a propósito, nos meados dos anos 70, período da segunda grande vaga das independências no qual esta a “dipanda” do nosso pais.
E posto no mercado, o identitário vinil “Africa 5000”, cujo perfil ostenta, na base dos ritmos locais tais como o bullerengue e o tenaz cumbia (do bantu nkumbi, tambor), o afro beat do revolucionário e atípico Fela Ramsone Kuti. E a grande época da luta contra a anacrónica cidadela do apartheid.
O jazzman Charles Mingus será sensível a esta nova mistura musical.
O ritmo afro colombiano ganhara a sua plena personalidade, uma maior visibilidade e um reconhecimento internacional, nos fins dos anos 80, graças a uma inteligente abertura, mais estruturada, com músicos africanos instalados em Paris, onde evoluía a grande estrela da salsa colombiana, Yuri Buenaventura, que obteve um Disco de Ouro, em Franca.
Graças a sua enérgica entrada na world music, a “cesura” colombiana e hoje aceites no conjunto da sociedade do pais de Álvaro Urine Velez. Consequência característica do seu sucesso, esta música dos “picos”, pequenos recintos da periferia de Cartagena e, hoje, utilizada nas campanhas eleitorais e bem difundida nas rádios locais.
Facto lógico com a estampilhagem semba da champeta, as grandes celebridades desta corrente musical são quase todas originarias do mítico San Basílio de Palenque, este “pedaço de Angola”perdido na parte setentrional da Colômbia. São nativos desta “mancha negra” no pais epónimo do Descobridor: Luis Towers, Viviano Torres, Dionisio Miranda e Justo Valdez. E este último, hoje, sexagenário e empobrecido, que aplicou, o primeiro, o termo champeta a nova dança afro-colombiana. E, igualmente, o compositor de África, o orgulhoso hino do antigo território dos cimarrones.
Quanto ao Luís, só canta em crioulo cuja base e bantu, e constituída, precisamente, a partir do kikongo/kimbundu/umbundu.
E, os fundamentos sócio - músico - terapêuticos desta expressão bailante de “corpos de ébano” são confirmados pela escolha epónima imposta. A dança niger traduz uma corte. E uma ruptura psicológica, infelizmente efémera apesar da boa ajuda das dinamogenas aguardentes locais. Com efeito, os eróticos dançarinos deverão, depois, enfrentar, inevitavelmente, a dura realidade social…
E uma musica urbana exorcista mas igualmente satírica, com finalidades abertamente sociopolíticas. E, a justo titulo, que a champeta recebeu o nome sucedâneo de “Terapia Criolla”.
CONCLUSAO
Pode-se, após, a apresentação de todos esses elementos de carácter histórico, linguístico a antropológico, considerar, efectivamente, que e a champeta e mesmo uma semba.
E, inesperado sinal antropológico e a venda, tanto nas avenidas do moderno Boca Grande que no mercado popular de Bazurto, de disco compactos, cujo originais vem provavelmente do Brasil, e naturalmente multi-duplicados, in loco, do nosso Carlos Burity, o talentoso Carlito. Justa continuação histórica!
A solução a esta aceitação da nossa semba em Cartagena de Índias e implementar um projecto tal como o que resultou na produção do fabuloso “Champeta –Land” e que reuniu, no ano passado, num trabalho fraternal, excepcional, na cidade costeira do Mar das Caraíbas, músicos afro – cartagineses e os seus colegas centro africanos, congoleses, guineenses e senegaleses.
Por
Simão SOUINDOULA
Simão SOUINDOULA
Membro do Comite Cientifico Internacional
Projecto da UNESCO " A Rota do Escravo "
C.P. 2313
Luanda
( Angola )
Tel. : 929 79 32 77
Ministério da Educação fará prova nacional de acesso para professor
Resultado será utilizado quando redes estaduais e municipais de ensino precisarem abrir seleção local
O Ministério da Educação (MEC) começa a preparar sua entrada em uma área até agora intocada pelo governo federal: a seleção de professores para as redes estaduais e municipais. Nesta semana, o MEC põe na rua a matriz de competências - conjunto de temas que deve nortear a formação pedagógica dos docentes - para a formulação de uma prova nacional de acesso que poderá ser usada por Estados e municípios para selecionar professores.
Até o final deste mês, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela formulação, começa a formar um grupo de especialistas que serão os responsáveis pela criação da prova, preparando um banco de itens a serem usados no teste. A intenção é realizar a primeira prova em 2012.
A Prova Nacional de Concurso para Ingresso Nacional na Carreira Docente funcionará mais para formar um banco de dados de professores do que fazer uma seleção propriamente dita. A intenção é que o candidato faça a prova nacional e as redes estaduais e municipais usem os resultados quando precisarem abrir uma seleção local.
O Estado que aderir, por exemplo, poderá abrir uma seleção de professores e colocar em seu edital que, para assumir a vaga, o candidato precisa ter uma pontuação mínima na prova nacional. O futuro professor, então, apresentará seus resultados, que serão confirmados pelo MEC. A rede, estadual ou municipal, poderá acrescentar uma segunda seleção local. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O Ministério da Educação (MEC) começa a preparar sua entrada em uma área até agora intocada pelo governo federal: a seleção de professores para as redes estaduais e municipais. Nesta semana, o MEC põe na rua a matriz de competências - conjunto de temas que deve nortear a formação pedagógica dos docentes - para a formulação de uma prova nacional de acesso que poderá ser usada por Estados e municípios para selecionar professores.
Até o final deste mês, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela formulação, começa a formar um grupo de especialistas que serão os responsáveis pela criação da prova, preparando um banco de itens a serem usados no teste. A intenção é realizar a primeira prova em 2012.
A Prova Nacional de Concurso para Ingresso Nacional na Carreira Docente funcionará mais para formar um banco de dados de professores do que fazer uma seleção propriamente dita. A intenção é que o candidato faça a prova nacional e as redes estaduais e municipais usem os resultados quando precisarem abrir uma seleção local.
O Estado que aderir, por exemplo, poderá abrir uma seleção de professores e colocar em seu edital que, para assumir a vaga, o candidato precisa ter uma pontuação mínima na prova nacional. O futuro professor, então, apresentará seus resultados, que serão confirmados pelo MEC. A rede, estadual ou municipal, poderá acrescentar uma segunda seleção local. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Pedagogia da Alternância é avaliada nas escolas do campo
A coordenadoria de Educação do Campo inicia dias 11 e 12 de marços, no município de Nova Mutum, seminários junto a comunidade escolar local, sociedade civil organizada e Secretaria Municipal de Educação, para avaliação da metodologia de ensino Pedagogia da Alternância. A proposta metodológica desenvolvida há dois anos em Mato Grosso está sendo implantada em 15 das 130 escolas de educação no campo do Estado. O objetivo é trabalhar de forma diferenciada o conteúdo curricular, com o objetivo de atender a especificidades da população do campo. A agenda faz parte das ações da Educação do Campo da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e pretende orientar e apoiar as Orientações Curriculares do Campo, que terá durante o ano encontros em diferentes pólos do Estado. Ainda em março está programado seminário no município de Primavera do Leste (24 e 25/03) e, em Diamantino, no mês de abril.
A Pedagogia de Alternância é uma metodologia de ensino que consiste em trabalhar o conteúdo curricular por áreas de conhecimento ao invés de disciplinas, a partir da realidade dos estudantes. As matrizes curriculares são construídas com base nas vivencias e os conteúdos repassados dentro de tempos diferenciados do ensino regular.
Os estudantes trocam o conhecimento em aulas aos finais de semana (com objetivo de não atrapalhar o trabalho no campo) e, em outros momentos, na própria residência. “O objetivo é trabalhar o currículo integrado com a própria realidade”, destaca o gerente de Educação no Campo da Seduc, professor Rui Leonardo Souza Silveira.
Modelo
Uma experiência vivenciada durante dois anos em assentamentos no município de Diamantino revelam o sucesso da prática da Pedagogia de Alternância, aplicada na Escola Estadual Ana Maria Tissiane de Oliveira, da Agrovila Bojuí. Ao todo 18, dos 25 estudantes matriculados no Programa Pro Jovem Campo “Saberes da Terra”, concluem em abril, o ensino fundamental.
O diferencial da Pedagogia de Alternância está na elaboração do conteúdo curricular, na formação do material didático e no tempo escola. “Os estudantes, junto com os professores discutem o assunto a ser estudado e diante do tema – agricultura familiar, associativismo, assentamento – escolhido coletivamente são trabalhadas as áreas de conhecimento (ciências naturais, ciências humanas, ciências agrárias e linguagem)”, informa o professor Jacildo de Siqueira Pinho.Na escola em Diamantino, o curso do Pro Jovem Campo, tem 2.400 horas ministrada num período de dois anos, com aulas aos sábados e domingos ( tempo escola), e em visitas às comunidades ( tempo comunidade) para conhecer a parte prática do aprendizado. Para o professor essa é uma experiência inovadora. “Trabalhamos os quatro professores juntos, num processo de reconstrução da identidade do aluno”.
ROSELI RIECHELMANN
Assessoria/Seduc-MT
A Pedagogia de Alternância é uma metodologia de ensino que consiste em trabalhar o conteúdo curricular por áreas de conhecimento ao invés de disciplinas, a partir da realidade dos estudantes. As matrizes curriculares são construídas com base nas vivencias e os conteúdos repassados dentro de tempos diferenciados do ensino regular.
Os estudantes trocam o conhecimento em aulas aos finais de semana (com objetivo de não atrapalhar o trabalho no campo) e, em outros momentos, na própria residência. “O objetivo é trabalhar o currículo integrado com a própria realidade”, destaca o gerente de Educação no Campo da Seduc, professor Rui Leonardo Souza Silveira.
Modelo
Uma experiência vivenciada durante dois anos em assentamentos no município de Diamantino revelam o sucesso da prática da Pedagogia de Alternância, aplicada na Escola Estadual Ana Maria Tissiane de Oliveira, da Agrovila Bojuí. Ao todo 18, dos 25 estudantes matriculados no Programa Pro Jovem Campo “Saberes da Terra”, concluem em abril, o ensino fundamental.
O diferencial da Pedagogia de Alternância está na elaboração do conteúdo curricular, na formação do material didático e no tempo escola. “Os estudantes, junto com os professores discutem o assunto a ser estudado e diante do tema – agricultura familiar, associativismo, assentamento – escolhido coletivamente são trabalhadas as áreas de conhecimento (ciências naturais, ciências humanas, ciências agrárias e linguagem)”, informa o professor Jacildo de Siqueira Pinho.Na escola em Diamantino, o curso do Pro Jovem Campo, tem 2.400 horas ministrada num período de dois anos, com aulas aos sábados e domingos ( tempo escola), e em visitas às comunidades ( tempo comunidade) para conhecer a parte prática do aprendizado. Para o professor essa é uma experiência inovadora. “Trabalhamos os quatro professores juntos, num processo de reconstrução da identidade do aluno”.
ROSELI RIECHELMANN
Assessoria/Seduc-MT
Mulher, agricultora e estudante
A identidade do Campo faz parte da vida de Raquel Graciela Gomes da Silva e de outras milhares de estudantes que têm na educação o caminho para se fortalecerem como sujeitos de fundamentos. Aos três anos de idade, a garota nascida em Pedra Preta (MT), foi morar com os avós camponeses e lá conheceu a cultura da terra, por meio das plantações de arroz e feijão.
Mulher, agricultora e estudante
A identidade do Campo faz parte da vida de Raquel Graciela Gomes da Silva e de outras milhares de estudantes que têm na educação o caminho para se fortalecerem como sujeitos de fundamentos. Aos três anos de idade, a garota nascida em Pedra Preta (MT), foi morar com os avós camponeses e lá conheceu a cultura da terra, por meio das plantações de arroz e feijão. Antes mesmo de aprender a ler e escrever ouvia do avô, analfabeto, a lição de como tirar da terra o próprio sustento. A máxima fortaleceu na criança a importância da terra como espaço de cultivo da sobrevivência, das amizades, dos relacionamentos, conflitos, lazer.
A escola formal, o ensino regular, entrou na vida da menina aos sete anos, numa escola urbana, na cidade de Diamantino, para onde se mudaram. A rotina escolar foi abrupta para então sitiante. Acordar cedo para as tarefas de casa, às 11h30 aguardar o ônibus para chegar na escola duas horas depois. Fim de tarde e quatro horas diárias dentro do veículo escolar somado a dificuldade de percurso até o sitio do avô , fez com que aos 11 anos chegasse a quarta série do Fundamental. “Quando meu avô não me esperava no ponto, percorria quilômetros sozinha no escuro, até chegar em casa”, relata.
“Deixei de estudar nessa época, quando minha avó faleceu e voltei para a cidade para morar com minha mãe”. Conforme ela foram anos afastada das salas de aula e longe do campo. “Tinha que trabalhar e não tinha tempo para estudar na cidade”, conta. Aos 15 anos, volta para o campo, casa, e da continuidade ao trabalho do avô, que durante os anos havia expandido as práticas da agricultura familiar, com a criação de gado leiteiro e criação de porcos e galinha.
Segundo ela, o retorno foi uma busca da qualidade de vida, com a tranqüilidade do campo e garantia de sobrevivência. Apesar da pouca idade, Raquel, dois anos depois tem a primeira filha. Foi diante dessa nova realidade -, mulher, mãe e agricultora - que aparece a oportunidade de retomar os estudos. “Os estudos oferecidos aos finais de semana e com incentivo financeiro do governo federal foi uma grande oportunidade”, diz.
Raquel estuda numa escola estadual que desenvolve o Pro - Jovem Campo, no município de Diamantino, a partir da Pedagogia da Alternância (currículo dirigido, respeitando a vivência do estudante, parte repassado em sala de aula - sábados e domingos -, e outra parte com o deslocamento do professor para a região de trabalho e moradia do aluno).
Para Raquel, bem como para outras mulheres entre 18 e 29 anos que integram a primeira turma de ensino fundamental do Pró-Jovem, a retomada aos estudos foi uma descoberta. “Passei a interagir mais com as pessoas, desenvolvi potenciais que desconhecia”, revela a sindicalista rural, membro do Sindicato da Agricultura Familiar de Diamantino .
“Hoje, diferente do que foi para o meu avô, as pessoas do campo sabem o que querem, o que precisam e não são levadas pelo desejo alheio”. Raquel e outras 16 mulheres, de uma turma de 18 estudantes, se formam no Ensino Fundamental, em abril de 2011. Planeja continuar os estudos com o ensino médio, e sonha com o ingresso no curso superior, na área de biologia.
ROSELI RIECHELMANN
Assessoria/Seduc-MT.
Mulher, agricultora e estudante
A identidade do Campo faz parte da vida de Raquel Graciela Gomes da Silva e de outras milhares de estudantes que têm na educação o caminho para se fortalecerem como sujeitos de fundamentos. Aos três anos de idade, a garota nascida em Pedra Preta (MT), foi morar com os avós camponeses e lá conheceu a cultura da terra, por meio das plantações de arroz e feijão. Antes mesmo de aprender a ler e escrever ouvia do avô, analfabeto, a lição de como tirar da terra o próprio sustento. A máxima fortaleceu na criança a importância da terra como espaço de cultivo da sobrevivência, das amizades, dos relacionamentos, conflitos, lazer.
A escola formal, o ensino regular, entrou na vida da menina aos sete anos, numa escola urbana, na cidade de Diamantino, para onde se mudaram. A rotina escolar foi abrupta para então sitiante. Acordar cedo para as tarefas de casa, às 11h30 aguardar o ônibus para chegar na escola duas horas depois. Fim de tarde e quatro horas diárias dentro do veículo escolar somado a dificuldade de percurso até o sitio do avô , fez com que aos 11 anos chegasse a quarta série do Fundamental. “Quando meu avô não me esperava no ponto, percorria quilômetros sozinha no escuro, até chegar em casa”, relata.
“Deixei de estudar nessa época, quando minha avó faleceu e voltei para a cidade para morar com minha mãe”. Conforme ela foram anos afastada das salas de aula e longe do campo. “Tinha que trabalhar e não tinha tempo para estudar na cidade”, conta. Aos 15 anos, volta para o campo, casa, e da continuidade ao trabalho do avô, que durante os anos havia expandido as práticas da agricultura familiar, com a criação de gado leiteiro e criação de porcos e galinha.
Segundo ela, o retorno foi uma busca da qualidade de vida, com a tranqüilidade do campo e garantia de sobrevivência. Apesar da pouca idade, Raquel, dois anos depois tem a primeira filha. Foi diante dessa nova realidade -, mulher, mãe e agricultora - que aparece a oportunidade de retomar os estudos. “Os estudos oferecidos aos finais de semana e com incentivo financeiro do governo federal foi uma grande oportunidade”, diz.
Raquel estuda numa escola estadual que desenvolve o Pro - Jovem Campo, no município de Diamantino, a partir da Pedagogia da Alternância (currículo dirigido, respeitando a vivência do estudante, parte repassado em sala de aula - sábados e domingos -, e outra parte com o deslocamento do professor para a região de trabalho e moradia do aluno).
Para Raquel, bem como para outras mulheres entre 18 e 29 anos que integram a primeira turma de ensino fundamental do Pró-Jovem, a retomada aos estudos foi uma descoberta. “Passei a interagir mais com as pessoas, desenvolvi potenciais que desconhecia”, revela a sindicalista rural, membro do Sindicato da Agricultura Familiar de Diamantino .
“Hoje, diferente do que foi para o meu avô, as pessoas do campo sabem o que querem, o que precisam e não são levadas pelo desejo alheio”. Raquel e outras 16 mulheres, de uma turma de 18 estudantes, se formam no Ensino Fundamental, em abril de 2011. Planeja continuar os estudos com o ensino médio, e sonha com o ingresso no curso superior, na área de biologia.
ROSELI RIECHELMANN
Assessoria/Seduc-MT.
segunda-feira, 7 de março de 2011
ABGLT solicita a Rede Globo para rever seus conceitos: o “beijo gay” em novelas e outros programas
Ofício PR 353/2010 (TR/dh) Curitiba, 10 de dezembro de 2010
Ao:Sr. Octávio Florisbal
Diretor-Geral da Rede Globo
Rua Von Martius, 22 Jardim Botânico
Rio de Janeiro-RJ 22460-040
Prezado Senhor,
Assunto: Revendo conceitos: o “beijo gay” em novelas e outros programas da Rede Globo
A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – é uma entidade de abrangência nacional que congrega 237 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.
Vimos acompanhando com interesse, desde a fundação da ABGLT em 1995, a evolução da abordagem da temática da homossexualidade nas novelas e outros programas produzidos e veiculados pela Rede Globo, tendo inclusive nos manifestado diversas vezes junto aos(às) senhores(as) a este respeito. Exemplos disso são a novela América (2005) e a novela Duas Caras (2008), quando nos manifestamos em relação à possibilidade da veiculação de cenas de um “beijo gay”, que nos dois casos acabaram por não ser transmitidas.
Novamente, surgiu nas últimas semanas a polêmica sobre a possibilidade do “beijo gay”, desta vez na série Clandestinos – O sonho começou, que também não foi ao ar, embora esteja disponível na internet:http://www.youtube.com/watch?v=_n115TFUQB8
Tem sido divulgado nos meios de comunicação que o motivo que leva – repetidamente – à não transmissão de tais cenas seria a Classificação Indicativa do Ministério da Justiça. Um exemplo disso é a declaração recente do autor Walcyr Carrasco, de que a classificação indicativa “não admite algumas coisas”, “inclusive o beijo gay” em novelas.
Informamos que a ABGLT teve a oportunidade de ser consultada em reunião promovida pela Secretaria Nacional de Justiça, em 19 de novembro, que teve como tema “discutindo a classificação indicativa: mídia e violência”. Na oportunidade, foi esclarecido pela Secretaria Nacional que a classificação indicativa não promove censura, apenas recomenda faixas etárias e, no caso da televisão, estabelece horários recomendados para determinadas faixas etárias. Ainda, foi nos esclarecido que um beijo entre pessoas do mesmo sexo é tratado pela classificação indicativa da mesma forma que um beijo entre heterossexuais, não podendo este órgão promover a discriminação em suas classificações indicativas.
Desta forma, reconhecemos o importante e valioso papel que a Rede Globo já vem cumprindo em relação à desmistificação da homossexualidade perante o público em geral, especialmente por meio de telejornais e novelas, embora haja exceções, notadamente alguns programas humorísticos que ridicularizam os homossexuais.
Assim sendo, vimos por meio deste solicitar mais uma vez, que a emissora agregue a este trabalho de sensibilização, a visibilização do afeto que pode existir entre duas pessoas do mesmo sexo, inclusive por meio da veiculação de cena de “beijo gay”, ou “beijo de lesbícas”, a exemplo do que já ocorre em outros países latinoamericanos, como a Argentina, o Chile e o México (links na folha a seguir).
A promoção do respeito à diversidade sexual, e a consequente redução do preconceito e da discriminação, se dá em parte pela desmistificação e pela educação em relação àquilo que foge ao padrão imaginário estabelecido. A Rede Globo pode desempenhar um papel ainda mais significativo neste processo.
Na expectativa de sermos atendidos, estamos à disposição para colaborar no que for possível e agradecemos pela atenção.
Cordialmente,
Toni Reis
Presidente Ofício enviado por sedex em 13/12/2020: SK515380374BR
Links para cenas de “beijos gays” veiculados por outras emissoras latinoamericanas:
http://www.youtube.com/watch?v=k497ufS9PHo - BOTINERAS BESO GAY - CRISTIAN SANCHO Y EZEQUIEL CASTAÑO - Argentina
http://www.youtube.com/watch?v=YU8VcKMt1Ms Mujeres de Lujo.- Argentina
http://www.youtube.com/watch?v=N4ISFdQ8b5M - César Sepúlveda & Santiago Meneghello Chile
http://www.youtube.com/watch?v=4SEpDYTC7AE Cristian Sancho & Ezequiel Castaño
http://www.youtube.com/watch?v=_baF4r_YkL8&feature=related Jaime Camil y Jose Ron - Los Exitoso perez
http://www.youtube.com/watch?v=QnHKU6zzmks&feature=related - México
Ao:Sr. Octávio Florisbal
Diretor-Geral da Rede Globo
Rua Von Martius, 22 Jardim Botânico
Rio de Janeiro-RJ 22460-040
Prezado Senhor,
Assunto: Revendo conceitos: o “beijo gay” em novelas e outros programas da Rede Globo
A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – é uma entidade de abrangência nacional que congrega 237 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.
Vimos acompanhando com interesse, desde a fundação da ABGLT em 1995, a evolução da abordagem da temática da homossexualidade nas novelas e outros programas produzidos e veiculados pela Rede Globo, tendo inclusive nos manifestado diversas vezes junto aos(às) senhores(as) a este respeito. Exemplos disso são a novela América (2005) e a novela Duas Caras (2008), quando nos manifestamos em relação à possibilidade da veiculação de cenas de um “beijo gay”, que nos dois casos acabaram por não ser transmitidas.
Novamente, surgiu nas últimas semanas a polêmica sobre a possibilidade do “beijo gay”, desta vez na série Clandestinos – O sonho começou, que também não foi ao ar, embora esteja disponível na internet:http://www.youtube.com/watch?v=_n115TFUQB8
Tem sido divulgado nos meios de comunicação que o motivo que leva – repetidamente – à não transmissão de tais cenas seria a Classificação Indicativa do Ministério da Justiça. Um exemplo disso é a declaração recente do autor Walcyr Carrasco, de que a classificação indicativa “não admite algumas coisas”, “inclusive o beijo gay” em novelas.
Informamos que a ABGLT teve a oportunidade de ser consultada em reunião promovida pela Secretaria Nacional de Justiça, em 19 de novembro, que teve como tema “discutindo a classificação indicativa: mídia e violência”. Na oportunidade, foi esclarecido pela Secretaria Nacional que a classificação indicativa não promove censura, apenas recomenda faixas etárias e, no caso da televisão, estabelece horários recomendados para determinadas faixas etárias. Ainda, foi nos esclarecido que um beijo entre pessoas do mesmo sexo é tratado pela classificação indicativa da mesma forma que um beijo entre heterossexuais, não podendo este órgão promover a discriminação em suas classificações indicativas.
Desta forma, reconhecemos o importante e valioso papel que a Rede Globo já vem cumprindo em relação à desmistificação da homossexualidade perante o público em geral, especialmente por meio de telejornais e novelas, embora haja exceções, notadamente alguns programas humorísticos que ridicularizam os homossexuais.
Assim sendo, vimos por meio deste solicitar mais uma vez, que a emissora agregue a este trabalho de sensibilização, a visibilização do afeto que pode existir entre duas pessoas do mesmo sexo, inclusive por meio da veiculação de cena de “beijo gay”, ou “beijo de lesbícas”, a exemplo do que já ocorre em outros países latinoamericanos, como a Argentina, o Chile e o México (links na folha a seguir).
A promoção do respeito à diversidade sexual, e a consequente redução do preconceito e da discriminação, se dá em parte pela desmistificação e pela educação em relação àquilo que foge ao padrão imaginário estabelecido. A Rede Globo pode desempenhar um papel ainda mais significativo neste processo.
Na expectativa de sermos atendidos, estamos à disposição para colaborar no que for possível e agradecemos pela atenção.
Cordialmente,
Toni Reis
Presidente Ofício enviado por sedex em 13/12/2020: SK515380374BR
Links para cenas de “beijos gays” veiculados por outras emissoras latinoamericanas:
http://www.youtube.com/watch?v=k497ufS9PHo - BOTINERAS BESO GAY - CRISTIAN SANCHO Y EZEQUIEL CASTAÑO - Argentina
http://www.youtube.com/watch?v=YU8VcKMt1Ms Mujeres de Lujo.- Argentina
http://www.youtube.com/watch?v=N4ISFdQ8b5M - César Sepúlveda & Santiago Meneghello Chile
http://www.youtube.com/watch?v=4SEpDYTC7AE Cristian Sancho & Ezequiel Castaño
http://www.youtube.com/watch?v=_baF4r_YkL8&feature=related Jaime Camil y Jose Ron - Los Exitoso perez
http://www.youtube.com/watch?v=QnHKU6zzmks&feature=related - México
quinta-feira, 3 de março de 2011
INSTITUTO BUZIOS - INFORME 72 MARÇO 2011
II Fórum Mundial de Mídia Livre será no Rio de Janeiro
Tania Navarro Swain - Informação é poder: feminismos quebram barreiras
Petronilha Beatriz: Os brasileiros precisam conhecer a história dos negros
Carta Aberta a Ziraldo Por Ana Maria Gonçalves
Luiza Mahin entre ficção e história
Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil
Lançamento do Mapa da Intolerância Religiosa
China supera na África as ex-potências coloniais
Sudão do Sul - um novo país
Estudo da SPM mostra que 94,7% das empregadas domésticas não têm carteira assinada
Guia para profissionais de comunicação servirá como fonte na temática do aborto
Cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos no Brasil
III Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres - 12 e 15 de dezembro de 2011
Um escândalo de abusos sexuais sacode o Exército dos Estados Unidos
Projeto Séculos Indígenas no Brasil inaugura benfeitorias no Memorial dos Povos Indígenas em Brasilia
Cientistas reagem à flexibilização do Código Florestal
Três redes de supermercados controlam metade dos alimentos no Brasil
"Declaração da Assembléia dos Movimentos Sociais FSM Dacar 2011”
Acesse: www.institutobuzios.org.br
Instituto Búzios
Assessoria de Comunicação
Tania Navarro Swain - Informação é poder: feminismos quebram barreiras
Petronilha Beatriz: Os brasileiros precisam conhecer a história dos negros
Carta Aberta a Ziraldo Por Ana Maria Gonçalves
Luiza Mahin entre ficção e história
Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil
Lançamento do Mapa da Intolerância Religiosa
China supera na África as ex-potências coloniais
Sudão do Sul - um novo país
Estudo da SPM mostra que 94,7% das empregadas domésticas não têm carteira assinada
Guia para profissionais de comunicação servirá como fonte na temática do aborto
Cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos no Brasil
III Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres - 12 e 15 de dezembro de 2011
Um escândalo de abusos sexuais sacode o Exército dos Estados Unidos
Projeto Séculos Indígenas no Brasil inaugura benfeitorias no Memorial dos Povos Indígenas em Brasilia
Cientistas reagem à flexibilização do Código Florestal
Três redes de supermercados controlam metade dos alimentos no Brasil
"Declaração da Assembléia dos Movimentos Sociais FSM Dacar 2011”
Acesse: www.institutobuzios.org.br
Instituto Búzios
Assessoria de Comunicação
Pare Rupert Murdoch
Em 24 horas, quase metade da mídia britânica poderá ser comprada por um dos piores magnatas da mídia global.
Rupert Murdoch explorou o seu vasto império midiático para forçar a guerra no Iraque, eleger George W Bush, espalhar ressentimento contra muçulmanos e imigrantes, alimentar o ceticismo climático e enfraquecer a democracia ao atacar impiedosamente políticos que não obedecem suas ordens.
O controle sobre a mídia britânica irá expandir massivamente a influência do Murdoch em enfraquecer esforços globais pela paz, direitos humanos e o meio ambiente. O Reino Unido está em pé de guerra sobre as aquisições do Murdoch e até o governo aliado ao Murdoch está dividido ao meio, mesmo há horas de terem que tomar uma decisão. A solidariedade global impulsionou os protestos pró-democracia no Egito -- agora ela pode ajudar a Grã-Bretanha. Vamos gerar um chamado global urgente contra o Rupert Murdoch. Assine a petição para os líderes do Reino Unido:
http://www.avaaz.org/po/stop_rupert_murdoch_3/?vl
O Murdoch enfraquece governos democráticos ao redor do mundo ameaçando políticos eleitos com sua mídia manipulativa e perversa, caso elas não se aliem a ele. Ele manipulou a democracia nos EUA, Reino Unido e Austrália por anos, mas agora ele quer o controle total. Nos EUA a maioria dos candidatos presidenciais Republicanos são empregados remunerados do Murdoch! Quando a sua Fox News Network foi menosprezada pelo Barack Obama como propaganda ideológica, ele deu voz ao grupo ultra conservador “tea party”, noticiando constantemente, e geralmente de forma ofensiva, ataques contra o Obama, a reforma na saúde e agenda pela paz, Isso resultou em uma grande vitória para os Republicanos nas eleições do Congresso em 2010.
Nós podemos virar o jogo contra esta poderosa ameaça à democracia. Ano passado, o Murdoch se reuniu com o Primeiro Ministro canadense, que enviou o seu assessor chefe para lançar uma rede de televisão do “estilo Murdoch” no Canadá. Um chamado massivo de membros da Avaaz do Canadá preveniram que essa rede fosse financiada com dinheiro público. Na semana passada outra campanha da Avaaz pressionou o governo canadense a manter padrões jornalísticos, previnindo que esta nova rede dissemine mentiras para o público. Esta semana a batalha é no Reino Unido. A luta contra o Murdoch apenas começou, mas nós já começamos ganhando. Clique abaixo para manter a pressão:
http://www.avaaz.org/po/stop_rupert_murdoch_3/?vl
O poder da Avaaz e deste momento da história global é o poder da união. Por todo mundo árabe e além, as pessoas estão se unindo por causas comuns além das fronteiras. O poder do Murdoch é a sua habilidade de dividir. Suas redes usam o medo e informações falsas para dividir a esquerda da direita, cidadãos de estrangeiros, muçulmanos de ocidentais, imigrantes dos não imigrantes, etc. O Murdoch sabe que a democracia precisa ser dividida para que ela possa ser conquistada. Esta semana, vamos mostrar que estamos unidos.
Com esperança,
Ricken, Alex, Emma, Sam, Milena, Alice, Iain, Morgan, Maria Paz e toda a equipe Avaaz
Apoie a comunidade da Avaaz! Nós somos totalmente sustentados por doações de indivíduos, não aceitamos financiamento de governos ou empresas. Nossa equipe dedicada garante que até as menores doações sejam bem aproveitadas -- clique para doar.
--------------------------------------------------------------------------------
A Avaaz é uma rede de campanhas globais de 5,6 milhões de pessoas que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas internacionais. ("Avaaz" significa "voz" e "canção" em várias línguas). Membros da Avaaz vivem em todos os países do planeta e a nossa equipe está espalhada em 13 países de 4 continentes, operando em 14 línguas. Saiba mais sobre as nossas campanhas aqui, nos siga no Facebook ou Twitter.
Esta mensagem foi enviada para j.rodriguesantos@gmail.com. Para mudar o seu email, língua ou outras informações, envie um email para info [@]t avaaz.org. Não quer mais receber nossos alertas? Clique aqui para remover o seu email.
Para entrar em contato com a Avaaz, não responda este email, escreva para nós no link www.avaaz.org/po/contact.
Rupert Murdoch explorou o seu vasto império midiático para forçar a guerra no Iraque, eleger George W Bush, espalhar ressentimento contra muçulmanos e imigrantes, alimentar o ceticismo climático e enfraquecer a democracia ao atacar impiedosamente políticos que não obedecem suas ordens.
O controle sobre a mídia britânica irá expandir massivamente a influência do Murdoch em enfraquecer esforços globais pela paz, direitos humanos e o meio ambiente. O Reino Unido está em pé de guerra sobre as aquisições do Murdoch e até o governo aliado ao Murdoch está dividido ao meio, mesmo há horas de terem que tomar uma decisão. A solidariedade global impulsionou os protestos pró-democracia no Egito -- agora ela pode ajudar a Grã-Bretanha. Vamos gerar um chamado global urgente contra o Rupert Murdoch. Assine a petição para os líderes do Reino Unido:
http://www.avaaz.org/po/stop_rupert_murdoch_3/?vl
O Murdoch enfraquece governos democráticos ao redor do mundo ameaçando políticos eleitos com sua mídia manipulativa e perversa, caso elas não se aliem a ele. Ele manipulou a democracia nos EUA, Reino Unido e Austrália por anos, mas agora ele quer o controle total. Nos EUA a maioria dos candidatos presidenciais Republicanos são empregados remunerados do Murdoch! Quando a sua Fox News Network foi menosprezada pelo Barack Obama como propaganda ideológica, ele deu voz ao grupo ultra conservador “tea party”, noticiando constantemente, e geralmente de forma ofensiva, ataques contra o Obama, a reforma na saúde e agenda pela paz, Isso resultou em uma grande vitória para os Republicanos nas eleições do Congresso em 2010.
Nós podemos virar o jogo contra esta poderosa ameaça à democracia. Ano passado, o Murdoch se reuniu com o Primeiro Ministro canadense, que enviou o seu assessor chefe para lançar uma rede de televisão do “estilo Murdoch” no Canadá. Um chamado massivo de membros da Avaaz do Canadá preveniram que essa rede fosse financiada com dinheiro público. Na semana passada outra campanha da Avaaz pressionou o governo canadense a manter padrões jornalísticos, previnindo que esta nova rede dissemine mentiras para o público. Esta semana a batalha é no Reino Unido. A luta contra o Murdoch apenas começou, mas nós já começamos ganhando. Clique abaixo para manter a pressão:
http://www.avaaz.org/po/stop_rupert_murdoch_3/?vl
O poder da Avaaz e deste momento da história global é o poder da união. Por todo mundo árabe e além, as pessoas estão se unindo por causas comuns além das fronteiras. O poder do Murdoch é a sua habilidade de dividir. Suas redes usam o medo e informações falsas para dividir a esquerda da direita, cidadãos de estrangeiros, muçulmanos de ocidentais, imigrantes dos não imigrantes, etc. O Murdoch sabe que a democracia precisa ser dividida para que ela possa ser conquistada. Esta semana, vamos mostrar que estamos unidos.
Com esperança,
Ricken, Alex, Emma, Sam, Milena, Alice, Iain, Morgan, Maria Paz e toda a equipe Avaaz
Apoie a comunidade da Avaaz! Nós somos totalmente sustentados por doações de indivíduos, não aceitamos financiamento de governos ou empresas. Nossa equipe dedicada garante que até as menores doações sejam bem aproveitadas -- clique para doar.
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A Avaaz é uma rede de campanhas globais de 5,6 milhões de pessoas que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas internacionais. ("Avaaz" significa "voz" e "canção" em várias línguas). Membros da Avaaz vivem em todos os países do planeta e a nossa equipe está espalhada em 13 países de 4 continentes, operando em 14 línguas. Saiba mais sobre as nossas campanhas aqui, nos siga no Facebook ou Twitter.
Esta mensagem foi enviada para j.rodriguesantos@gmail.com. Para mudar o seu email, língua ou outras informações, envie um email para info [@]t avaaz.org. Não quer mais receber nossos alertas? Clique aqui para remover o seu email.
Para entrar em contato com a Avaaz, não responda este email, escreva para nós no link www.avaaz.org/po/contact.
Muniz Sodré sobre a polêmica Monteiro Lobato - Deu nO Dia (Fernando Molica concorda: Lobato era racista!)
RACISMO "AFETUOSO"
Monteiro Lobato vai para o trono?
Muniz Sodré
Um incidente pré-carnavalesco trouxe de novo à cena a figura de Monteiro Lobato, que frequentara com alguma assiduidade as páginas da imprensa no ano passado, quando o Conselho Nacional de Educação (CNE) considerou racista o livro Caçadas de Pedrinho. Agora é a camiseta desenhada por Ziraldo para o bloco carioca "Que merda é essa?", em que Lobato aparece sambando com uma mulata. Houve manifestação popular e protestos, dos quais o mais veemente e consistente foi o da escritora Ana Maria Gonçalves, autora de Um Defeito de Cor, romance notável no panorama da literatura brasileira contemporânea.
Nenhum jornal reproduziu o teor da carta – ponderada e judiciosa – da escritora ao cartunista, admitindo que poderia tê-la estendido a outros destinatários, nomes importantes no chama do corredor literário. Há, porém, a internet, e graças a ela se fica a par dos argumentos da romancista, todos inequívocos quanto ao racismo do consagrado autor de Caçadas de Pedrinho. Pela imprensa escrita, ficou-se sabendo apenas que, na opinião da autoridade tal, "a manifestação era uma besteira", ou então que carnaval não é ocasião para "assuntos de seriedade".
Para meter aqui a colher na discussão, é preciso deixar claro de início e de uma vez por todas, o seguinte: Monteiro Lobato era um racista confesso, seu ódio aos negros não é nada que se deduza por interpretação de seu texto ficcional. Mas quase todo o mundo leitor sabe disso. É lamentável fingir inocência ou alegar que o racismo brasileiro é diferente, é "afetuoso". Aí estão publicadas as cartas ao amigo Godofredo Rangel, em que Lobato se perguntava como seria possível "ser gente no concerto das nações" com aqueles "negros africanos criando problemas terríveis". Que problemas? Simplesmente serem negr os, serem o que ele chamava de "pretalhada inextinguível". O escritor sonhou ficcionalmente com a esterilização dos negros (vide O Presidente Negro) e sugeriu, muito antes do apartheid sul-africano, o confinamento dos negros paulistas em campos cercados de arame farpado.
Não cabe argumento
No entanto, se me perguntassem qual a minha relação pessoal com a literatura infanto-juvenil de Lobato, eu teria de ser honesto e confessar que, ainda menino, no interior do Brasil, era fascinado por suas narrativas. Francamente, eu nunca havia percebido os laivos racistas, que não são tão numerosos assim em sua obra ficcional, mas estão lá para quem se dispuser a bem enxergar. Lobato dizia que a escrita é um "processo indireto de fazer eugenia" e de fato ele sabia como fazer. Isso significa que se deva banir a literatura de Lobato? Como se pode abominar o que também se ama ou se amou?
Não são questões fáceis. O que se pode inicialmente fazer é forne cer algum material para uma reflexão, que talvez possa mesmo contribuir junto aos editores de nossa mídia para a adoção de posições mais qualificadas no tocante à difícil questão racial brasileira.
O primeiro ponto a se levar em conta, se desejarmos uma avaliação objetiva da posição de um "outro", estranha à nossa, é que se rejeite o binarismo simplista das oposições radicais (direita/esquerda, culpa/inocência etc.) porque debilita as formas mais abrangentes de compreensão do mundo. Claro que existe o racismo, assim como a direita política, autoritária e odiosa no passado, às vezes coberta com pele de cordeiro e sempre formuladora de políticas a serviço do capital financeiro e dos complexos industriais. Mas a radicalização da oposição a seu contrário impede não apenas a compreensão de dimensões sutis e ambivalentes de determinados problemas, como também a percepção de aspectos obtusos e autoritários na esquerda supostamente progressista.
A atuação soviética no l este da PolÃ?nia, durante a Segunda Grande Guerra, tinha em comum com alemã no oeste a palavra "atrocidade". Sobre as vítimas dos genocídios, não cabe o argumento das especificidades políticas.
Diferença que não é metafísica
Depois, que se ponham entre parênteses aspectos historicamente rebarbativos das circunstâncias ideológicas em que se gerou um determinado saber tido como relevante para a consciência crítica. Por exemplo, a inegável adesão de Heidegger a um momento do nacional-socialismo alemão, uma das primeiras ditaduras tecnológicas do Ocidente, não oblitera a importância da crítica heideggeriana à técnica. Outro exemplo: o passado nazista de Carl Schmitt não impede que sua obra hoje possa ser academicamente avaliada como uma das mais importantes da ciência política contemporânea.
É um engano, portanto, pÃ?r a razão de um lado e a desrazão de outro, em termos absolutos. Quando falamos de "razão", estamos nos referindo à possibilidade de conhecer a priori, erigida como faculdade superior do homem. Mas não raro as posições divergentes são aspectos diferenciados da mesma razão, tomada como contraditória à primeira vista. É que existe uma espécie de "impacto emocional dos conceitos", referido por Florestan Fernandes ao criticar as formulações sociológicas que se detêm em determinações estruturais de significado geral, fora e acima dos contextos histórico-sociais, e assim "criam uma falsa consciência crítica da situação existente, paradoxalmente simétrica às mistificações antirradicais, elaboradas por meio das ideologias conservadoras".
Há evidentemente limites para a convergência ou para a reconciliação dos contrários (esses limites fornecem historicamente os materiais da oposição esquerda/direita). Em termos bem esquemáticos, pode-se dizer que a direita sempre esteve do lado do capital, enquanto a esquerda almejou a alternativa socialista. Mas a diferença não é metafísica, e sim histórica, e só pode ser d eduzida de situações socialmente concretas.
Racista confesso
Em outras palavras, se não reconhecemos no trabalho dos autores historicamente classificados como de direita (reacionário, comprometido com a manutenção do status quo, a despeito das iniquidades) a mesma inteligência que gerou o trabalho de pensamento de esquerda (revolucionário ou reformista, empenhado na transformação das estruturas sociais e das formas vigentes de dominação), deixamos de entender por quê determinadas formas de dimensionamento da realidade foram tão aceitáveis para vastas parcelas da humanidade, ainda que contrárias à veracidade por nós atribuída à órbita intelectual e afetiva em que nos movimentamos, portanto, às vontades que comandam a nossa inteligência.
É provável que esse modo de pensar não resolva de imediato a questão – lobatiana – em pauta. Mas aponta para a densidade e a diferenciação dos níveis de leitura. Num certo nível, é possível a uma consciência generosa o u solidária para com as diferenças aproveitar algo do brilho de um pensamento conservador, nada solidário para com o outro. Em outro nível, isso é impossível. Por exemplo, a uma criança, portanto no estágio plástico e movediço de sua socialização, torna-se muito difícil fazer a crítica do criticável. O Lobato de que estamos falando é aquele que escrevia para um público infanto-juvenil, esse mesmo sobre quem os preconceitos e os estereótipos atuam com toda a força emocional que costumam ter. É, portanto, um público a ser protegido.
Se até hoje escritores, intelectuais, jornalistas, homens ditos públicos não conseguem assimilar a gravidade da questão racial e perdem o siso quando veem os pés de barro de seu escritor-ídolo de infância, como esperar que as crianças o façam? Lobato era, sim, um bom escritor, um editor importante, um visionário (sempre acreditou na existência de petróleo no solo nacional), mas também um racista confesso. Este é o real, este é o fato, que é p reciso aceitar como ponto de partida para depois se decidir, como diria o Chacrinha, se ele vai ou não para o trono, se será ou não buzinado.
Monteiro Lobato vai para o trono?
Muniz Sodré
Um incidente pré-carnavalesco trouxe de novo à cena a figura de Monteiro Lobato, que frequentara com alguma assiduidade as páginas da imprensa no ano passado, quando o Conselho Nacional de Educação (CNE) considerou racista o livro Caçadas de Pedrinho. Agora é a camiseta desenhada por Ziraldo para o bloco carioca "Que merda é essa?", em que Lobato aparece sambando com uma mulata. Houve manifestação popular e protestos, dos quais o mais veemente e consistente foi o da escritora Ana Maria Gonçalves, autora de Um Defeito de Cor, romance notável no panorama da literatura brasileira contemporânea.
Nenhum jornal reproduziu o teor da carta – ponderada e judiciosa – da escritora ao cartunista, admitindo que poderia tê-la estendido a outros destinatários, nomes importantes no chama do corredor literário. Há, porém, a internet, e graças a ela se fica a par dos argumentos da romancista, todos inequívocos quanto ao racismo do consagrado autor de Caçadas de Pedrinho. Pela imprensa escrita, ficou-se sabendo apenas que, na opinião da autoridade tal, "a manifestação era uma besteira", ou então que carnaval não é ocasião para "assuntos de seriedade".
Para meter aqui a colher na discussão, é preciso deixar claro de início e de uma vez por todas, o seguinte: Monteiro Lobato era um racista confesso, seu ódio aos negros não é nada que se deduza por interpretação de seu texto ficcional. Mas quase todo o mundo leitor sabe disso. É lamentável fingir inocência ou alegar que o racismo brasileiro é diferente, é "afetuoso". Aí estão publicadas as cartas ao amigo Godofredo Rangel, em que Lobato se perguntava como seria possível "ser gente no concerto das nações" com aqueles "negros africanos criando problemas terríveis". Que problemas? Simplesmente serem negr os, serem o que ele chamava de "pretalhada inextinguível". O escritor sonhou ficcionalmente com a esterilização dos negros (vide O Presidente Negro) e sugeriu, muito antes do apartheid sul-africano, o confinamento dos negros paulistas em campos cercados de arame farpado.
Não cabe argumento
No entanto, se me perguntassem qual a minha relação pessoal com a literatura infanto-juvenil de Lobato, eu teria de ser honesto e confessar que, ainda menino, no interior do Brasil, era fascinado por suas narrativas. Francamente, eu nunca havia percebido os laivos racistas, que não são tão numerosos assim em sua obra ficcional, mas estão lá para quem se dispuser a bem enxergar. Lobato dizia que a escrita é um "processo indireto de fazer eugenia" e de fato ele sabia como fazer. Isso significa que se deva banir a literatura de Lobato? Como se pode abominar o que também se ama ou se amou?
Não são questões fáceis. O que se pode inicialmente fazer é forne cer algum material para uma reflexão, que talvez possa mesmo contribuir junto aos editores de nossa mídia para a adoção de posições mais qualificadas no tocante à difícil questão racial brasileira.
O primeiro ponto a se levar em conta, se desejarmos uma avaliação objetiva da posição de um "outro", estranha à nossa, é que se rejeite o binarismo simplista das oposições radicais (direita/esquerda, culpa/inocência etc.) porque debilita as formas mais abrangentes de compreensão do mundo. Claro que existe o racismo, assim como a direita política, autoritária e odiosa no passado, às vezes coberta com pele de cordeiro e sempre formuladora de políticas a serviço do capital financeiro e dos complexos industriais. Mas a radicalização da oposição a seu contrário impede não apenas a compreensão de dimensões sutis e ambivalentes de determinados problemas, como também a percepção de aspectos obtusos e autoritários na esquerda supostamente progressista.
A atuação soviética no l este da PolÃ?nia, durante a Segunda Grande Guerra, tinha em comum com alemã no oeste a palavra "atrocidade". Sobre as vítimas dos genocídios, não cabe o argumento das especificidades políticas.
Diferença que não é metafísica
Depois, que se ponham entre parênteses aspectos historicamente rebarbativos das circunstâncias ideológicas em que se gerou um determinado saber tido como relevante para a consciência crítica. Por exemplo, a inegável adesão de Heidegger a um momento do nacional-socialismo alemão, uma das primeiras ditaduras tecnológicas do Ocidente, não oblitera a importância da crítica heideggeriana à técnica. Outro exemplo: o passado nazista de Carl Schmitt não impede que sua obra hoje possa ser academicamente avaliada como uma das mais importantes da ciência política contemporânea.
É um engano, portanto, pÃ?r a razão de um lado e a desrazão de outro, em termos absolutos. Quando falamos de "razão", estamos nos referindo à possibilidade de conhecer a priori, erigida como faculdade superior do homem. Mas não raro as posições divergentes são aspectos diferenciados da mesma razão, tomada como contraditória à primeira vista. É que existe uma espécie de "impacto emocional dos conceitos", referido por Florestan Fernandes ao criticar as formulações sociológicas que se detêm em determinações estruturais de significado geral, fora e acima dos contextos histórico-sociais, e assim "criam uma falsa consciência crítica da situação existente, paradoxalmente simétrica às mistificações antirradicais, elaboradas por meio das ideologias conservadoras".
Há evidentemente limites para a convergência ou para a reconciliação dos contrários (esses limites fornecem historicamente os materiais da oposição esquerda/direita). Em termos bem esquemáticos, pode-se dizer que a direita sempre esteve do lado do capital, enquanto a esquerda almejou a alternativa socialista. Mas a diferença não é metafísica, e sim histórica, e só pode ser d eduzida de situações socialmente concretas.
Racista confesso
Em outras palavras, se não reconhecemos no trabalho dos autores historicamente classificados como de direita (reacionário, comprometido com a manutenção do status quo, a despeito das iniquidades) a mesma inteligência que gerou o trabalho de pensamento de esquerda (revolucionário ou reformista, empenhado na transformação das estruturas sociais e das formas vigentes de dominação), deixamos de entender por quê determinadas formas de dimensionamento da realidade foram tão aceitáveis para vastas parcelas da humanidade, ainda que contrárias à veracidade por nós atribuída à órbita intelectual e afetiva em que nos movimentamos, portanto, às vontades que comandam a nossa inteligência.
É provável que esse modo de pensar não resolva de imediato a questão – lobatiana – em pauta. Mas aponta para a densidade e a diferenciação dos níveis de leitura. Num certo nível, é possível a uma consciência generosa o u solidária para com as diferenças aproveitar algo do brilho de um pensamento conservador, nada solidário para com o outro. Em outro nível, isso é impossível. Por exemplo, a uma criança, portanto no estágio plástico e movediço de sua socialização, torna-se muito difícil fazer a crítica do criticável. O Lobato de que estamos falando é aquele que escrevia para um público infanto-juvenil, esse mesmo sobre quem os preconceitos e os estereótipos atuam com toda a força emocional que costumam ter. É, portanto, um público a ser protegido.
Se até hoje escritores, intelectuais, jornalistas, homens ditos públicos não conseguem assimilar a gravidade da questão racial e perdem o siso quando veem os pés de barro de seu escritor-ídolo de infância, como esperar que as crianças o façam? Lobato era, sim, um bom escritor, um editor importante, um visionário (sempre acreditou na existência de petróleo no solo nacional), mas também um racista confesso. Este é o real, este é o fato, que é p reciso aceitar como ponto de partida para depois se decidir, como diria o Chacrinha, se ele vai ou não para o trono, se será ou não buzinado.
O Papel das Mulheres na construção da nação - Reminder: The Role of Women in Nation Building
Informação | Comunicação | Colaboração
Esta semana, 02 de março de 2011 12:00-01:00 EST no TAV (The View Africano) com Bookie Shonuga e Adujie Paulo:
O Papel das Mulheres na construção da nação
Não há nenhuma chance para a melhoria do bem-estar significativos em África, a menos mulheres tenham acesso igual. Estudos realizados no passado, eram muitas vezes dificultada pela falta de dados confiáveis. Hoje, as coisas estão mudando rapidamente e as mulheres estão à frente destas mudanças a nível mundial. A Comissão sobre o Status da Mulher (CSW) realiza sua 55 ª sessão na sede da ONU em Nova Iorque de 22 de fevereiro através de 04 de março. organizações mundiais da Mulher vão participar da conferência. A agenda deste ano é "Acesso e participação de mulheres e meninas na educação, formação, ciência e tecnologia, incluindo a promoção do acesso igualitário das mulheres ao pleno emprego eo trabalho digno." 'The View Africano "teve a oportunidade de entrevistar o Dr. Kerri -Ann Jones, secretário de Estado adjunto para Assuntos Oceânicos e Meio Ambiente Internacional e Assuntos Científicos e se reuniu com diversos representantes de ONGs do Congo, África do Sul, Angola, Espanha, etc
Juntem-se a discussão nesta quarta-feira vindo de 12:00 - 13:00 EST, 02 de março de 2010 para compartilhar seus pensamentos, bem como saber mais sobre como essas mulheres corajosas e extra-ordinárias estão intensificando a melhorar o hiato de gênero, bem como contribuir para a criação sustentável desenvolvimento de suas comunidades na África e no mundo.
Ouça ao vivo a: www.BlogTalkRadio.com e www.africanviews.org
Junte-se a discussão ao vivo às quartas @ 12:00-13:00 (Eastern Standard Time)
Disque o número: 011 - 646.478.4131.
Ligue via Skype para: Africanviews
: E-mail bookie.shonuga @ africanviews.com
The View Africano é produzido pela Global Media Produções e Exibições Africano.
Vistas Africano Rádio: http://www.africanviews.org/
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Esta mensagem, juntamente com os anexos, é destinada aos assinantes Africano Views. Nós pedimos que você nos ajudar a construir, promover e sustentar a inteligência AV. Se você tem um servidor de listas, por favor informe sua rede sobre a estrutura do AV, diga-lhes para se registrar e apoiar o nosso esforço. Se não, envie o link para amigos, familiares, colegas de trabalho. Estamos também à procura de investigadores adicionais, qualitativas e quantitativas dos analistas, bem como membros da equipe editorial. Se você está interessado, envie um e-mail informando a indicação do seu interesse directamente para: av@africanviews.org
Obrigado.
Information| Communication| Collaboration
This week, March 2nd, 2011 12pm -1pm EST on TAV (The African View) with Bookie Shonuga and Paul Adujie:
The Role of Women in Nation Building
There is no chance for significant welfare improvement in Africa unless women have equal access. Studies conducted in the past were often hampered by the lack of reliable data. Today, things are changing rapidly and women are at the forefront of these changes worldwide. The Commission on the Status of Women (CSW) is holding its 55th Session at the UN Headquarters in New York from February 22nd through March 4th. Women’s organizations worldwide are attending the conference. The agenda this year is “Access and participation of women and girls in education, training, science and technology, including the promotion of women’s equal access to full employment and decent work.” ‘The African View’ had the opportunity to interview Dr. Kerri-Ann Jones, Assistant Secretary of State for Oceans and International Environmental and Scientific Affairs and met with several NGO representatives from the Congo, South Africa, Angola, Spain etc.
Please join our discussion this coming Wednesday from 12pm – 1pm EST, March 2nd, 2010 to share your thoughts as well as learn more about how these courageous and extra ordinary women are stepping up to improve the gender gap, as well as helping to create sustainable development in their communities in Africa and around the world.
Listen live on: www.BlogTalkRadio.com and www.africanviews.org
Join the discussion live on Wednesdays @ 12pm - 1pm (Eastern Standard Time)
Dial in number: 011 - 646.478.4131.
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This message, together with any attachments, is intended for African Views subscribers. We ask that you assist us in building, promoting, and sustaining the AV intelligence. If you have a listserv, please inform your network about the AV framework, tell them to register and support our effort. If not, send the link to friends, family, colleagues. We are also looking for additional researchers, qualitative and quantitative analysts, as well as editorial staff members. If you are interested, please send an email stating an indication of your interest directly to: av@africanviews.org
Thank you.
Esta semana, 02 de março de 2011 12:00-01:00 EST no TAV (The View Africano) com Bookie Shonuga e Adujie Paulo:
O Papel das Mulheres na construção da nação
Não há nenhuma chance para a melhoria do bem-estar significativos em África, a menos mulheres tenham acesso igual. Estudos realizados no passado, eram muitas vezes dificultada pela falta de dados confiáveis. Hoje, as coisas estão mudando rapidamente e as mulheres estão à frente destas mudanças a nível mundial. A Comissão sobre o Status da Mulher (CSW) realiza sua 55 ª sessão na sede da ONU em Nova Iorque de 22 de fevereiro através de 04 de março. organizações mundiais da Mulher vão participar da conferência. A agenda deste ano é "Acesso e participação de mulheres e meninas na educação, formação, ciência e tecnologia, incluindo a promoção do acesso igualitário das mulheres ao pleno emprego eo trabalho digno." 'The View Africano "teve a oportunidade de entrevistar o Dr. Kerri -Ann Jones, secretário de Estado adjunto para Assuntos Oceânicos e Meio Ambiente Internacional e Assuntos Científicos e se reuniu com diversos representantes de ONGs do Congo, África do Sul, Angola, Espanha, etc
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The Role of Women in Nation Building
There is no chance for significant welfare improvement in Africa unless women have equal access. Studies conducted in the past were often hampered by the lack of reliable data. Today, things are changing rapidly and women are at the forefront of these changes worldwide. The Commission on the Status of Women (CSW) is holding its 55th Session at the UN Headquarters in New York from February 22nd through March 4th. Women’s organizations worldwide are attending the conference. The agenda this year is “Access and participation of women and girls in education, training, science and technology, including the promotion of women’s equal access to full employment and decent work.” ‘The African View’ had the opportunity to interview Dr. Kerri-Ann Jones, Assistant Secretary of State for Oceans and International Environmental and Scientific Affairs and met with several NGO representatives from the Congo, South Africa, Angola, Spain etc.
Please join our discussion this coming Wednesday from 12pm – 1pm EST, March 2nd, 2010 to share your thoughts as well as learn more about how these courageous and extra ordinary women are stepping up to improve the gender gap, as well as helping to create sustainable development in their communities in Africa and around the world.
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The African View is produced by Global Media Productions and African Views.
African Views Radio: http://www.africanviews.org/
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quarta-feira, 2 de março de 2011
CONFERENCIAS CONFIRMADAS PARA 2011
1 4º Conferência Nacional de Aquicultura e Pesca Ministério da Pesca e Aquicultura / CONAPE 11 e 13/04/2011 O Desenvolvimento da Aquicultura e da Pesca – mais produção, mais trabalho, mais renda, mais alimento e mais inclusão no combate a pobreza.
2 1ª Conferência Nacional de Turismo MT / CNT Junho de 2011 em Brasília. “Aprimoramento do Modelo de Gestão Descentralizada, Compartilhada e Participativa do Turismo no Brasil”
3 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude SNJ/SG-PR 8 a 11 de setembro de 2011, em Brasília, DF I - Juventude: Democracia, Participação e Desenvolvimento Nacional;
II - Plano Nacional de Juventude: prioridades 2011-2015; e
III - Articulação e integração das políticas públicas de juventude.
4 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Participação Social CGU (com colaboração da SG-PR e SECOM-PR) 13 a 15 de outubro
de 2011,
Brasília - DF “A sociedade no acompanhamento da gestão pública”.
5 4º Conferência de Meio Ambiente MMA Novembro, em Brasília, DF.
6 3º Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa SEDH / CNDI Novembro/2011 em Brasília, DF O Compromisso de Todos por um Envenlhcemento Digno no Brasil)
7 4º Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional CONSEA 07 a 10 de novembro de 2011, Salvador, BA. "construir compromissos para efetivar o direito humano à alimentação adequada e saudável e promover a soberania alimentar por meio da implementação da Política e do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional"
8 14ª Conferência Nacional de Saúde MS / CNS 30 de novembro a 04 de dezembro de 2011 em Brasília, DF. "Todos usam o SUS!
SUS na Seguridade Social - Política Pública, Patrimônio do Povo Brasileiro".
9 3ª Conferência Nacional dos Direitos da Mulher SNPM / CNDM 12 a 15 de dezembro de 2011 em Brasília, DF Aguardando a 1ª reunião da CONnacional
10 1ª Conferência Nacional das Águas - CONAGUAS MMA / Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano Dezembro de 2011, Brasília, DF
11 8º Conferência Nacional de Assistência Social MDS / CNAS 07 a 10 de Dezembro, Brasília, DF "... avanços na consolidação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS com a valorização dos trabalhadores e
a qualificação da gestão, dos serviços, programas, projetos e benefícios. "
12 9º Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente SEDH / CONANDA 2011(etapas mucipais) / 2012 (etapas estaduais e nacional) Plano Decenal de Política Nacional dos Direitos Humanos da Criança e Adolescente
13 1ª Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente Ministério do Trabalho 2011 (início) - Etapa nacional em 2012 I- Geração de mais e melhores empregos com proteção social; II- Erradicação do trabalho escrevo e do trabalho infantil; III- Fortalecimento do diálogo social.
__._,_.___
2 1ª Conferência Nacional de Turismo MT / CNT Junho de 2011 em Brasília. “Aprimoramento do Modelo de Gestão Descentralizada, Compartilhada e Participativa do Turismo no Brasil”
3 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude SNJ/SG-PR 8 a 11 de setembro de 2011, em Brasília, DF I - Juventude: Democracia, Participação e Desenvolvimento Nacional;
II - Plano Nacional de Juventude: prioridades 2011-2015; e
III - Articulação e integração das políticas públicas de juventude.
4 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Participação Social CGU (com colaboração da SG-PR e SECOM-PR) 13 a 15 de outubro
de 2011,
Brasília - DF “A sociedade no acompanhamento da gestão pública”.
5 4º Conferência de Meio Ambiente MMA Novembro, em Brasília, DF.
6 3º Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa SEDH / CNDI Novembro/2011 em Brasília, DF O Compromisso de Todos por um Envenlhcemento Digno no Brasil)
7 4º Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional CONSEA 07 a 10 de novembro de 2011, Salvador, BA. "construir compromissos para efetivar o direito humano à alimentação adequada e saudável e promover a soberania alimentar por meio da implementação da Política e do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional"
8 14ª Conferência Nacional de Saúde MS / CNS 30 de novembro a 04 de dezembro de 2011 em Brasília, DF. "Todos usam o SUS!
SUS na Seguridade Social - Política Pública, Patrimônio do Povo Brasileiro".
9 3ª Conferência Nacional dos Direitos da Mulher SNPM / CNDM 12 a 15 de dezembro de 2011 em Brasília, DF Aguardando a 1ª reunião da CONnacional
10 1ª Conferência Nacional das Águas - CONAGUAS MMA / Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano Dezembro de 2011, Brasília, DF
11 8º Conferência Nacional de Assistência Social MDS / CNAS 07 a 10 de Dezembro, Brasília, DF "... avanços na consolidação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS com a valorização dos trabalhadores e
a qualificação da gestão, dos serviços, programas, projetos e benefícios. "
12 9º Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente SEDH / CONANDA 2011(etapas mucipais) / 2012 (etapas estaduais e nacional) Plano Decenal de Política Nacional dos Direitos Humanos da Criança e Adolescente
13 1ª Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente Ministério do Trabalho 2011 (início) - Etapa nacional em 2012 I- Geração de mais e melhores empregos com proteção social; II- Erradicação do trabalho escrevo e do trabalho infantil; III- Fortalecimento do diálogo social.
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ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE: QUAIS OS LIMITES DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA?
ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE: QUAIS OS LIMITES DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA?
Paulo Navarro | 23/02/2011 at 1:14 PM | Categories: Equipe do Blog, Francisco Júnior, z | URL: http://wp.me/p1eM0T-YR
Por Francisco Júnior, Farmacêutico, Conselheiro Nacional de Saúde representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social.
E de repente, não mais que de repente, a eleição para a presidência do Conselho Nacional de Saúde despertou um interesse nunca antes visto na história desse país.Antes disso, bem antes disso, há exatos oito anos atrás, o governo Lula foi a senha para o movimento social deflagrar todo um processo na perspectiva da definitiva democratização do CNS e que pudesse servir de espelho para o país. Não foi fácil! Até garantirmos a ampliação do colegiado, a extinção das intocáveis vagas cativas através de um processo eleitoral transparente com regras perfeitamente definidas, e elegermos democraticamente o seu presidente pela primeira vez na história, com mais de 70 % dos votos de seus pares, no final de 2006, muita articulação e argumentação se fizeram necessárias.Eleito o seu presidente, retirando da alçada do Ministro de Estado a prerrogativa do exercício nato do cargo, havia um primeiro e significativo desafio a superar, a desconfiança no esvaziamento político do mais importante colegiado de “controle social” no país. Questionavam então o que seria do CNS sem um presidente “de peso político”. Não atentavam para o fato de que em toda a sua história, ter o chefe do executivo na sua direção maior, não havia significado até aquele momento, avanços que pudessem ser reconhecidos como alvissareiros. A ausência constante nas reuniões, a não homologação das resoluções e o sistemático descumprimento das decisões do Pleno, sempre foram a tônica e a rotina.E veio 2007 com a realização da 13ª Conferência Nacional de Saúde, a maior das últimas Conferências realizadas, que teve começo, meio e fim e que até hoje é questionada por alguns, porque teve a petulância de se posicionar de forma contundente contra a proposta de fundação de direito privado, pautada de forma absolutamente equivocada na forma e no conteúdo, pelo governo. E o seu presidente foi reeleito democraticamente, sem concorrente.E veio 2008 com o Conselho Nacional de Saúde realizando dois grandes seminários nacionais sobre gestão do SUS, com a participação de todos os atores relacionados com o tema e oportunizando a exposição de todas as principais experiências de gestão praticadas no país. E o seu presidente foi reeleito democraticamente, sem concorrente.E veio 2009 com o 1º Seminário Nacional para o desenvolvimento de sistemas universais de seguridade social e a realização da 1ª Caravana Nacional em Defesa do SUS. Indo a quase todos os estados da Federação, ouvindo os problemas de cada um e de cada região, dialogando com todos os segmentos que têm relação com o SUS, o CNS aprovou e pactuou com os gestores dos três níveis de governo a sua Agenda Política com propostas estruturantes, e que dão respostas claras e inquestionáveis aos nossos problemas de gestão dos serviços e do trabalho, financiamento, modelo de atenção, estruturação da rede e relação entre o público e o privado. E o seu presidente foi reeleito, democraticamente.E veio 2010 com a realização do 1º Seminário Nacional de Atenção Básica, o 1º Seminário Nacional sobre a relação entre o público e o privado e a 1ª Conferência Mundial para o desenvolvimento de sistemas universais de seguridade social. Debates aprofundados e democráticos, com a aprovação de propostas para a atenção básica, para o fortalecimento do setor público e para o resgate da inserção do SUS no conceito da Seguridade Social e na intersetorialidade de forma ampla, foram encaminhados. Durante todo esse período, Plenárias anuais de Conselhos de Saúde debateram todas essas questões, e reuniões concorridas, participativas, democráticas e transparentes, transmitidas em tempo real, pautavam as políticas e os mais variados temas que dizem respeito ao SUS como um todo.Todos esses movimentos realizados pelo CNS, inéditos na forma e no conteúdo, com absoluto apoio em todas as instâncias do “controle social” no país, foram vistos por alguns, com enorme desconfiança. Pelo governo, por serem absolutamente contra hegemônicos e ferir interesses poderosíssimos. Por outros, por ser a primeira vez na história que o CNS chamava para si a responsabilidade de assumir o protagonismo do debate dos grandes temas do SUS, até então privilégio e prerrogativa de alguns poucos “iluminados”. E isso nos custou caro. Tivemos enfrentamentos políticos importantes.As direções das entidades médicas, que reivindicavam a permanência das suas vagas cativas, se recusaram a participar do processo eleitoral de 2009, mesmo com o acordo político firmado publicamente, que lhes assegurava uma vaga de titular e duas de suplentes, como forma de garantir a participação das três principais entidades nacionais como era até então a regra. Optaram por ficar de fora do CNS.Diante dos debates que fazíamos sobre estados que privatizavam serviços através de Organizações Sociais e OSCIP, e da decisão de propor ao Ministério da Saúde o cumprimento da punição prevista na lei 8080, houve uma crise política com os gestores, que foi solucionada através do diálogo e da posição firme do Governo Federal (Palácio do Planalto) em defesa do controle social. Sobre as OS, é bom acrescentar a informação de que também fizemos vários movimentos juntos ao Ministério da Saúde e ao STF na perspectiva do acatamento da ADI que questiona a legalidade das ditas cujas, e participamos de vários fóruns estaduais que lutam política e juridicamente contra as mesmas.De outro lado, internamente, como já escrevi em outros momentos, disputas despolitizadas pautadas em interesses particularizados sem levar em conta a conjuntura mais geral, a cada ano criava e gerava atritos mesmo com a recondução por aclamação do seu presidente em duas oportunidades, 2007 e 2008, respectivamente. Sobre isso, para que não exista dúvida, nunca foi firmado QUALQUER acordo sobre rodízio anual dos segmentos na presidência do Conselho Nacional de Saúde. NUNCA!A verdade é que o exercício da democracia participativa não é algo tão simples assim, e bem sabemos disso. Exatamente em função de estar cumprindo com correção o seu papel, e nisso não vai qualquer desconsideração com as falhas, erros e insuficiências naturalmente cometidas, foi deflagrada uma campanha das mais desqualificadas, das mais sórdidas contra o Conselho Nacional de Saúde, particularmente contra o seu presidente “autoritário”, “personalista”, “prepotente”. Quanta desinformação! Ou terá sido pura má fé, mesmo?Tentaram identificar o CNS como um “aparelho sindical” a serviço das corporações e dos seus malévolos vícios. De um colegiado respeitado em todo o país, referência para Conselhos Estaduais e Municipais, aplaudido em todos os estados, pela autonomia, independência e capacidade de argumentação e proposição, passou a ser vítima da acusação de ser um colegiado acrítico, esvaziado e desrespeitado, mesmo com todas as reuniões acontecendo com quorum pleno e com a quase totalidade das suas resoluções homologadas.O forte discurso da necessidade de “renovação” ficou totalmente esvaziado com a manutenção de praticamente todos os membros da Mesa Diretora, exceção de um usuário.Numa sociedade conservadora, reacionária e autoritária como a nossa, um bom termômetro para avaliar a atuação de qualquer ator que se disponha a enfrentar a hegemonia dominante, é a rejeição e o incômodo que ele provoca ou não, no status quo. Aprendi, portanto, que Conselho de Saúde que não faz barulho, não está cumprindo bem o seu papel. Conselho atuante, por conseguinte, e a experiência comprova isso, é aquele que incomoda, que tem a coragem de dizer não quando tem que dizer não, sem ter vergonha de dizer sim quando é o caso de dizer sim. Exatamente o que tem feito o CNS nos últimos quatro anos.Como o Conselho Nacional de Saúde apesar da incrível desinformação de alguns, tornou-se respeitado em todo o país, é referência inclusive junto aos órgãos de comunicação e tem incomodado profundamente o status quo, não temos então porque ter dúvidas sobre o acerto da sua atuação nos últimos anos. Isso não significa, volto a reiterar, deixar de reconhecer os erros e equívocos eventualmente cometidos, como inclusive já escrevi em outros espaços.Para nós não foi, portanto, sem uma motivação maior que o Governo decidiu retomar para o seu controle, a direção política do Conselho. Um equívoco dos mais graves sob o ponto de vista político, uma mácula e um péssimo exemplo praticado pelo governo num processo até então rico, de fortalecimento da autonomia e independência dos Conselhos de Saúde que estava em curso e que produzia seus frutos pelo país afora em estados e municípios.Lamentamos profundamente ter perdido a oportunidade de eleger dessa vez um usuário, para a presidência do CNS, uma decisão tomada por nós já em novembro do ano passado (outra informação importante) e publicizada em janeiro, que pudesse continuar o aprofundamento desse processo de radicalização democrática. É deprimente nós lermos textos que afirmam que, agora sim, o Ministro vai “prestigiar” e respeitar o Conselho e suas deliberações, como se isso devesse estar vinculado ao exercício do cargo. Entendo que participar das reuniões, contribuir nos debates e respeitar as decisões do Conselho de Saúde, são obrigações, deveres do gestor e não uma concessão que pior ainda, fique na dependência dele exercer ou não o cargo de presidente do colegiado.No jogo democrático devemos ter maturidade e estar sempre preparados para enfrentar aquilo que temos absoluta certeza, não é o melhor nem para a sociedade nem para o SUS. Faz parte do jogo. É a dialética na sua essência. Tenho a convicção de que teremos tempos duríssimos pela frente. Tenho clareza absoluta de que a conjuntura nos é flagrantemente desfavorável. Os revisionistas do SUS estão no e com o poder. Nada, no entanto, que nos faça desestimular. A militância do SUS já deu provas de sobras, da sua capacidade de arregimentação e articulação. O SUS e os seus princípios nunca estiveram tão atuais. Virão as conferências. Vamos ao debate. Como tenho afirmado reiteradamente: engana-se quem pensa que a história acabou. Ela está apenas começando.
Paulo Navarro | 23/02/2011 at 1:14 PM | Categories: Equipe do Blog, Francisco Júnior, z | URL: http://wp.me/p1eM0T-YR
Por Francisco Júnior, Farmacêutico, Conselheiro Nacional de Saúde representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social.
E de repente, não mais que de repente, a eleição para a presidência do Conselho Nacional de Saúde despertou um interesse nunca antes visto na história desse país.Antes disso, bem antes disso, há exatos oito anos atrás, o governo Lula foi a senha para o movimento social deflagrar todo um processo na perspectiva da definitiva democratização do CNS e que pudesse servir de espelho para o país. Não foi fácil! Até garantirmos a ampliação do colegiado, a extinção das intocáveis vagas cativas através de um processo eleitoral transparente com regras perfeitamente definidas, e elegermos democraticamente o seu presidente pela primeira vez na história, com mais de 70 % dos votos de seus pares, no final de 2006, muita articulação e argumentação se fizeram necessárias.Eleito o seu presidente, retirando da alçada do Ministro de Estado a prerrogativa do exercício nato do cargo, havia um primeiro e significativo desafio a superar, a desconfiança no esvaziamento político do mais importante colegiado de “controle social” no país. Questionavam então o que seria do CNS sem um presidente “de peso político”. Não atentavam para o fato de que em toda a sua história, ter o chefe do executivo na sua direção maior, não havia significado até aquele momento, avanços que pudessem ser reconhecidos como alvissareiros. A ausência constante nas reuniões, a não homologação das resoluções e o sistemático descumprimento das decisões do Pleno, sempre foram a tônica e a rotina.E veio 2007 com a realização da 13ª Conferência Nacional de Saúde, a maior das últimas Conferências realizadas, que teve começo, meio e fim e que até hoje é questionada por alguns, porque teve a petulância de se posicionar de forma contundente contra a proposta de fundação de direito privado, pautada de forma absolutamente equivocada na forma e no conteúdo, pelo governo. E o seu presidente foi reeleito democraticamente, sem concorrente.E veio 2008 com o Conselho Nacional de Saúde realizando dois grandes seminários nacionais sobre gestão do SUS, com a participação de todos os atores relacionados com o tema e oportunizando a exposição de todas as principais experiências de gestão praticadas no país. E o seu presidente foi reeleito democraticamente, sem concorrente.E veio 2009 com o 1º Seminário Nacional para o desenvolvimento de sistemas universais de seguridade social e a realização da 1ª Caravana Nacional em Defesa do SUS. Indo a quase todos os estados da Federação, ouvindo os problemas de cada um e de cada região, dialogando com todos os segmentos que têm relação com o SUS, o CNS aprovou e pactuou com os gestores dos três níveis de governo a sua Agenda Política com propostas estruturantes, e que dão respostas claras e inquestionáveis aos nossos problemas de gestão dos serviços e do trabalho, financiamento, modelo de atenção, estruturação da rede e relação entre o público e o privado. E o seu presidente foi reeleito, democraticamente.E veio 2010 com a realização do 1º Seminário Nacional de Atenção Básica, o 1º Seminário Nacional sobre a relação entre o público e o privado e a 1ª Conferência Mundial para o desenvolvimento de sistemas universais de seguridade social. Debates aprofundados e democráticos, com a aprovação de propostas para a atenção básica, para o fortalecimento do setor público e para o resgate da inserção do SUS no conceito da Seguridade Social e na intersetorialidade de forma ampla, foram encaminhados. Durante todo esse período, Plenárias anuais de Conselhos de Saúde debateram todas essas questões, e reuniões concorridas, participativas, democráticas e transparentes, transmitidas em tempo real, pautavam as políticas e os mais variados temas que dizem respeito ao SUS como um todo.Todos esses movimentos realizados pelo CNS, inéditos na forma e no conteúdo, com absoluto apoio em todas as instâncias do “controle social” no país, foram vistos por alguns, com enorme desconfiança. Pelo governo, por serem absolutamente contra hegemônicos e ferir interesses poderosíssimos. Por outros, por ser a primeira vez na história que o CNS chamava para si a responsabilidade de assumir o protagonismo do debate dos grandes temas do SUS, até então privilégio e prerrogativa de alguns poucos “iluminados”. E isso nos custou caro. Tivemos enfrentamentos políticos importantes.As direções das entidades médicas, que reivindicavam a permanência das suas vagas cativas, se recusaram a participar do processo eleitoral de 2009, mesmo com o acordo político firmado publicamente, que lhes assegurava uma vaga de titular e duas de suplentes, como forma de garantir a participação das três principais entidades nacionais como era até então a regra. Optaram por ficar de fora do CNS.Diante dos debates que fazíamos sobre estados que privatizavam serviços através de Organizações Sociais e OSCIP, e da decisão de propor ao Ministério da Saúde o cumprimento da punição prevista na lei 8080, houve uma crise política com os gestores, que foi solucionada através do diálogo e da posição firme do Governo Federal (Palácio do Planalto) em defesa do controle social. Sobre as OS, é bom acrescentar a informação de que também fizemos vários movimentos juntos ao Ministério da Saúde e ao STF na perspectiva do acatamento da ADI que questiona a legalidade das ditas cujas, e participamos de vários fóruns estaduais que lutam política e juridicamente contra as mesmas.De outro lado, internamente, como já escrevi em outros momentos, disputas despolitizadas pautadas em interesses particularizados sem levar em conta a conjuntura mais geral, a cada ano criava e gerava atritos mesmo com a recondução por aclamação do seu presidente em duas oportunidades, 2007 e 2008, respectivamente. Sobre isso, para que não exista dúvida, nunca foi firmado QUALQUER acordo sobre rodízio anual dos segmentos na presidência do Conselho Nacional de Saúde. NUNCA!A verdade é que o exercício da democracia participativa não é algo tão simples assim, e bem sabemos disso. Exatamente em função de estar cumprindo com correção o seu papel, e nisso não vai qualquer desconsideração com as falhas, erros e insuficiências naturalmente cometidas, foi deflagrada uma campanha das mais desqualificadas, das mais sórdidas contra o Conselho Nacional de Saúde, particularmente contra o seu presidente “autoritário”, “personalista”, “prepotente”. Quanta desinformação! Ou terá sido pura má fé, mesmo?Tentaram identificar o CNS como um “aparelho sindical” a serviço das corporações e dos seus malévolos vícios. De um colegiado respeitado em todo o país, referência para Conselhos Estaduais e Municipais, aplaudido em todos os estados, pela autonomia, independência e capacidade de argumentação e proposição, passou a ser vítima da acusação de ser um colegiado acrítico, esvaziado e desrespeitado, mesmo com todas as reuniões acontecendo com quorum pleno e com a quase totalidade das suas resoluções homologadas.O forte discurso da necessidade de “renovação” ficou totalmente esvaziado com a manutenção de praticamente todos os membros da Mesa Diretora, exceção de um usuário.Numa sociedade conservadora, reacionária e autoritária como a nossa, um bom termômetro para avaliar a atuação de qualquer ator que se disponha a enfrentar a hegemonia dominante, é a rejeição e o incômodo que ele provoca ou não, no status quo. Aprendi, portanto, que Conselho de Saúde que não faz barulho, não está cumprindo bem o seu papel. Conselho atuante, por conseguinte, e a experiência comprova isso, é aquele que incomoda, que tem a coragem de dizer não quando tem que dizer não, sem ter vergonha de dizer sim quando é o caso de dizer sim. Exatamente o que tem feito o CNS nos últimos quatro anos.Como o Conselho Nacional de Saúde apesar da incrível desinformação de alguns, tornou-se respeitado em todo o país, é referência inclusive junto aos órgãos de comunicação e tem incomodado profundamente o status quo, não temos então porque ter dúvidas sobre o acerto da sua atuação nos últimos anos. Isso não significa, volto a reiterar, deixar de reconhecer os erros e equívocos eventualmente cometidos, como inclusive já escrevi em outros espaços.Para nós não foi, portanto, sem uma motivação maior que o Governo decidiu retomar para o seu controle, a direção política do Conselho. Um equívoco dos mais graves sob o ponto de vista político, uma mácula e um péssimo exemplo praticado pelo governo num processo até então rico, de fortalecimento da autonomia e independência dos Conselhos de Saúde que estava em curso e que produzia seus frutos pelo país afora em estados e municípios.Lamentamos profundamente ter perdido a oportunidade de eleger dessa vez um usuário, para a presidência do CNS, uma decisão tomada por nós já em novembro do ano passado (outra informação importante) e publicizada em janeiro, que pudesse continuar o aprofundamento desse processo de radicalização democrática. É deprimente nós lermos textos que afirmam que, agora sim, o Ministro vai “prestigiar” e respeitar o Conselho e suas deliberações, como se isso devesse estar vinculado ao exercício do cargo. Entendo que participar das reuniões, contribuir nos debates e respeitar as decisões do Conselho de Saúde, são obrigações, deveres do gestor e não uma concessão que pior ainda, fique na dependência dele exercer ou não o cargo de presidente do colegiado.No jogo democrático devemos ter maturidade e estar sempre preparados para enfrentar aquilo que temos absoluta certeza, não é o melhor nem para a sociedade nem para o SUS. Faz parte do jogo. É a dialética na sua essência. Tenho a convicção de que teremos tempos duríssimos pela frente. Tenho clareza absoluta de que a conjuntura nos é flagrantemente desfavorável. Os revisionistas do SUS estão no e com o poder. Nada, no entanto, que nos faça desestimular. A militância do SUS já deu provas de sobras, da sua capacidade de arregimentação e articulação. O SUS e os seus princípios nunca estiveram tão atuais. Virão as conferências. Vamos ao debate. Como tenho afirmado reiteradamente: engana-se quem pensa que a história acabou. Ela está apenas começando.
Entrevista do Padilha Ministro da Saúde
‘Eu não tenho bloqueio ou preconceito com qualquer modelo gerencial’
Entre a demanda por mais dinheiro e a queixa de que o problema da saúde está na má gestão dos recursos, o atual ministro da saúde, Alexandre Padilha, prefere ficar com os dois — essa é, segundo ele, uma “falsa dicotomia”. A conquista de mais recursos tem a ver com o papel central da saúde na agenda de desenvolvimento do país. Já a melhoria da gestão passa pela prioridade de um sistema centrado na atenção básica mas não engloba a discussão sobre a relação entre público e privado — esse é, na sua avaliação, um debate “ideologizado”. Ex - ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República do governo Lula e ex-diretor nacional de saúde indígena da Funasa entre 2004 e 2005, dentre muitos outros cargos, o médico Alexandre Padilha, vinculado ao Partido dos Trabalhadores, acaba de assumir o ministério da saúde. Nesta entrevista, concedida no dia 4 de fevereiro a Poli e a outras duas revistas editadas na Fiocruz — RET-SUS e Radis —, ele fala ainda sobre as prioridades da formação em saúde, incluindo a situação dos ACS. E, sem fugir das polêmicas, defende a construção da usina de Belo Monte.
No discurso de posse, a presidente Dilma apontou três prioridades para o país: saúde, educação e segurança pública. O Sr. acredita que agora a saúde vai estar no centro do desenvolvimento do país? A saúde pode não só não sofrer cortes como ainda ter um aumento real do orçamento?
Eu tenho certeza absoluta da necessidade de a saúde estar no centro da agenda de desenvolvimento do país. Tenho certeza absoluta do compromisso da presidenta com isso, mas acredito que essa não é uma obra só da presidenta. No conjunto do país, todas as pessoas do setor da saúde são decisivas para isso. Nosso país tem um potencial muito claro: todos os analistas acreditam que nós seremos a quinta economia do mundo em 2016. Não é possível ser a quinta economia do mundo em 2016 sem aproveitar ao máximo o potencial do setor econômico que mais investe em inovação de nível tecnológico, que é a saúde. Hoje, 30% dos recursos de desenvolvimento de inovação e pesquisa no país vêm dos vários segmentos do setor da saúde: seja desenvolvimento de insumos, medicamentos, vacinas, produção de novas tecnologias, inclusive de atenção à saúde, desenvolvimento de equipamentos... Não há nenhum país entre as maiores economias do mundo que não tenha uma política específica para desenvolvimento e inovação no campo da saúde. O segundo grande desafio para o Brasil ser a quinta economia mundial é aproveitar ao máximo o esforço de redução da pobreza e da miséria como a principal estratégia de desenvolvimento econômico do país. O Brasil aprendeu ao longo desses últimos oito anos que investir e se esforçar em reduzir a pobreza e as desigualdades regionais propiciou a construção de um mercado interno muito pujante, com força econômica e capacidade de inclusão, em seis, sete anos, do equivalente a uma Argentina inteira na economia. Quando você quer atrair investidores privados, profissionais liberais, profissionais de nível superior, em diversos estados hoje, várias perguntas que eles fazem são: se há um serviço de saúde adequado; qual o perfil do serviço de saúde, da rede de atenção à saúde daquela região para atrair esses profissionais. Ao mesmo tempo, a expansão da rede de atenção à saúde do país nas regiões economicamente menos desenvolvidas tem impacto direto e indireto na economia local. O impacto direto é o fato de a expansão da rede estar combinada com o crescimento de uma força de trabalho remunerada: são os profissionais de saúde de varias cidades do país o principal motor da economia local. O impacto indireto é que, quando você cria uma rede pública de saúde, faz com que as pessoas gastem menos para conquistar aquele direito fundamental. E tem o fato de a ampliação do serviço de saúde ser algo fundamental para a promoção da cidadania: não se reduz a miséria no país sem promover a cidadania. Há um terceiro outro grande desafio, que é da área internacional, que tem até a ver com a Fiocruz. O Brasil só vai ser a quinta economia do mundo se souber ocupar cada vez mais o papel que lhe cabe, e um eixo fundamental para qualquer ação de cooperação internacional é o tema da saúde. E o Brasil tem um potencial que é inclusive maior do que o dos outros países por ser uma grande potência econômica no mundo em um meio tropical, ter características próprias da inovação tecnológica, da capacidade técnica dos seus profissionais que outros países que são economias importantes do mundo não têm. Agora isso não é uma obra só da presidenta e do governo. Cada profissional de saúde tem que saber que quando define uma conduta, uma prática clínica, quando define a sua linha de atuação em pesquisa, quando define as suas prioridades de formação, de atualização, pode estar se aproximando ou se distanciando do centro da agenda de desenvolvimento do país. Eu tenho certeza de que a presidenta Dilma não vai fazer cortes em nenhuma política social. Pelo contrário, o desafio que ela assumiu para si e para o conjunto dos ministros é fortalecer e expandir nossas políticas sociais e isso tem a ver com recursos. Para mim, não existe uma dicotomia entre o debate de melhorar a gestão ou ter mais recursos. Eu estou absolutamente convencido de que a única forma de nós conquistarmos os recursos é darmos sinais claros de que temos maior capacidade de gestão sobre eles. Quando falo de gestão, não estou falando só de custo efetividade, não estou falando só de fazer mais com o que nós temos, de reduzir os custos. Estou falando da necessidade de fortalecer um modelo de atenção focado no usuário e que tenha a atenção básica como pilar.
Eu queria que o Sr. Falasse sobre um dos temas que mais mobilizam os movimentos sociais hoje: é o que se tem chamado de ‘privatização da saúde’, que se refere à criação de Organizações Sociais (OS) e a outras estratégias em que a administração não passa para um ente privado mas se adota o direito privado no lugar do direito público.
Eu acho que primeiro nós não podemos fazer um debate ideologizado sobre isso. Quando nós construímos o SUS, esse debate apareceu: se o SUS tinha que ser só estatal ou se tinha que compreender a participação de várias modalidades de entes não-estatais —filantrópico, hospitais universitários, o próprio setor privado credenciado... E o Movimento de Reforma Sanitária, naquele momento, compreendeu que o SUS não tinha que ser só estatal. Então, eu acho que essa é uma primeira questão. Eu defendo o SUS como um projeto público, permanentemente público, que esteja voltado para o usuário, que tenha controle público permanente. Hoje a maior parte dos equipamentos de saúde — leitos, medicamentos em geral — que o SUS utiliza são não-estatais. Isso foi ao longo de todos os anos de construção do SUS, e foi até maior no começo, quando se criou e se instituiu o SUS. A outra questão é que eu acredito que qualquer modelo gerencial tem que respeitar o conjunto de diretrizes do Sistema Único de Saúde. O próprio Conselho Nacional de Saúde fez um debate, que eu acho que foi muito interessante, de listar 12 princípios que qualquer modelo gerencial tem que ter no espaço do SUS. Sou favorável a qualquer modelo gerencial que cumpra essas diretrizes, inclusive em relação aos modelos estatais. Porque tem muito modelo estatal que não é público, que não tem nada de controle social, onde os trabalhadores são menos valorizados do que aqueles que têm vínculo com fundações ou organizações que não são necessariamente estatais. Esse debate não tem que ser ideologizado nesse sentido, do confronto entre o estatal e o não-estatal. Para mim, o debate tem que ser sobre o SUS enquanto projeto público voltado para o usuário, com controle social permanente, onde o processo de valorização dos gestores e dos trabalhadores deve existir para se garantir o melhor acesso ao usuário.
As organizações sociais também cabem como modelo?
Todo, qualquer modelo gerencial. Eu não tenho bloqueio ou preconceito com qualquer modelo gerencial. Se tivesse, eu não seria um defensor do SUS. O SUS, desde o início, convive com a organização governamental, com OS, com hospital filantrópico, com hospital particular credenciado. Para mim, não é esse o debate. Eu falei de não ser um debate ideologizado não é porque quero reduzir o papel das ideologias, muito pelo contrário. Mas acho que há um bloqueio no debate, que se estigmatizaram alguns modelos gerenciais e se deixou de lado o que é o centro do debate. Eu conheço e vou trabalhar para mudar isso, mas há modelos absolutamente estatais que não têm nada de público; hospital absolutamente estatal que não está na Central de Regulação, em que os leitos não são regulados. Eu não assumo o discurso da ineficiência do setor público não. Mas o índice de produtividade demonstra claramente que aquele hospital estatal não é usuário-centrado; o motivo principal da sua existência não é ampliar o acesso ao usuário. Então eu não vou entrar nesse debate do estigma do modelo gerencial, se é OS, se é fundação, se é regime jurídico público ou não porque acho que esse estigma fez com que ficássemos anos e anos nos distanciando do debate que eu acho que é o central: o SUS ser um projeto público voltado para o usuário e para a ampliação permanente do acesso com qualidade para a população.
Quais são as prioridades da gestão da educação em saúde e, dentro disso, qual é o peso da formação técnica de nível médio para a saúde?
A grande prioridade para todo o debate sobre educação e gestão do trabalho é que medidas nós temos que tomar nesse momento para ampliarmos o acesso com qualidade em tempo adequado para a necessidade de saúde das pessoas do país inteiro. Eu acho que o centro do debate que nós tínhamos que fazer é que o Brasil tem que construir um planejamento estratégico para daqui a dez, 15, 20 anos, incluindo a informação sobre que profissionais se quer ter, onde se quer que eles estejam trabalhando e qual a política de formação que vai garantir isso. Onde esses profissionais vão trabalhar e o seu perfil tem tudo a ver com a formação, não só da graduação, mas, sobretudo, de todas as modalidades de pós-graduação. E, junto com a capacidade de expansão do acesso à modalidade do ensino técnico, é fundamental qualificar um conjunto de trabalhadores que já estão no SUS. Em uma realidade tão diversa como é o Brasil, com as diferenças de acesso geográfico, para você necessariamente expandir o serviço de saúde, tem que aproveitar cada vez mais a população que vive nessas realidades. Então, a oportunidade maior que pode existir de formação, valorização dos trabalhadores e inclusão dessa população que vive nessas realidades é através do ensino técnico, tanto na sua modalidade de ensino médio quanto de ensino superior. Já acertamos com o MEC que vamos fazer um grande mapa nacional para comparar as ofertas de serviços de saúde que temos com as necessidades de saúde em cada uma das cerca de 500 regiões sanitárias do país. Isso é importante até para termos um indicador permanente de avaliação de acesso em cada uma dessas regiões. E, dentro desse mapa, nós incluímos, conversando com o MEC, a necessidade de profissionais para cada uma dessas regiões, para que se tenha um planejamento estratégico sobre quais profissionais o país quer formar e para onde. E que isso seja guiado pelas necessidades de saúde articuladas pelo SUS, pelo Ministério da Saúde no nível federal e não por uma determinação exclusiva dos espaços de formação. A demanda tem que vir do setor da saúde.
O sr. tem falado muito em saúde e agenda de desenvolvimento. Mas há muitos problemas de saúde decorrentes do desenvolvimento.
Eu acho que o tema de como o crescimento econômico e o desenvolvimento do país promovem a saúde interna, trazendo novos investimentos para a saúde, é um desafio. Um exemplo: eu, na coordenação do conselho de desenvolvimento econômico e social, participei de toda a construção do que seria a posição brasileira no Cop-15 em Copenhagen; todo o posicionamento não só do governo brasileiro, mas também dos atores e grupos sociais que fazem parte do conselho de desenvolvimento social. Nós fizemos com que a CNI, a Fiesp — a CUT também foi fundamental —, a Contag, lideranças empresariais, lideranças dos trabalhadores, representantes indígenas, representantes da academia construíssem um consenso grande. As divergências vão existir? Lógico que vão sempre existir. Se uma determinada obra vai ter maior ou menor impacto ambiental... mas o fundamental é que hoje na agenda ambiental, nós não pensamos mais em plano de obras, pensamos em projeto urbano. Vou citar um exemplo que é polêmico e por isso eu faço questão de comentar: a usina Belo Monte. Eu acompanhei muito de perto toda a expectativa que existia naquela região e só existia por causa de Belo Monte. Eu não tenho dúvida nenhuma de que a grande oportunidade de aquela região enfrentar os gargalos que ainda tinha em relação ao saneamento ambiental, à formação, educação, expansão dos serviços de atenção à saúde só estão existindo agora por conta do projeto Belo Monte. Porque ele combina projeto de usina hidrelétrica que, no seu próprio estudo, na sua própria reavaliação, reduziu em muito os impactos ambientais. Então, em várias regiões do país, a oportunidade de enfrentar os gargalos históricos do desenvolvimento, que são as condições mínimas para as pessoas viverem — acesso à água tratada, esgoto, saneamento, serviços de saúde e de educação — só é possível hoje quando se faz esses projetos de investimento. Acho que essa é a melhor forma para enfrentar. É a mesma coisa: o Brasil hoje é um dos países que está no contexto do risco mundial de uma epidemia de obesidade. Isso em parte é decorrente da ascensão social, porque as pessoas pararam de passar fome, passaram a consumir cada vez mais alimentos. Isso não necessariamente é ruim. Vamos conviver com novos riscos e novas contribuições que são fruto do processo de desenvolvimento do Brasil.
No seu discurso de posse, o Sr. falou que é uma obsessão melhorar a qualidade do SUS e, se possível, diminuir as filas. O Sr. tem idéia de como fazer isso?
O que eu falei no meu discurso de posse foi exatamente isso: tem que ser uma obsessão, um projeto único do conjunto do ministério colocar no centro de qualquer processo de planejamento das políticas de saúde que nós estamos ampliando o acesso ao acolhimento no tempo adequado às necessidades das pessoas. Reconhecendo que esse é um problema do mundo inteiro, inclusive dos sistemas públicos nacionais que são referência para nós, como também é um problema da saúde suplementar no Brasil. O fato de ser um problema não nos permite deixar de fazer com que ele esteja no centro do nosso planejamento de saúde. O investimento tecnológico que a Fiocruz desenvolve, por exemplo, vai ter um impacto decisivo no acesso por conta dos custos na oferta de tecnologia, de insumos, de vacinas, medicamentos que o SUS não teria condições de arcar se tivesse que fazer só aquisição do setor privado. Do ponto de vista mais nacional, na relação com os estados e municípios, o caminho é criarmos dois mecanismos que eu acho que vão ser estruturantes para o Brasil no problema do acesso. Nós queremos ter um instrumento mais sólido da relação entre governo municipal, estadual e federal, que é a idéia de implantar contratos interfederativos no sistema, onde se estabeleçam metas para ampliar o acesso em tempo adequado. Para construir esse contrato, nós temos que mapear o Brasil em regiões sanitárias. O próprio pacto de gestão já fez o primeiro mapeamento. A idéia é que nessas regiões sanitárias você veja cada realidade regional, faça o mapa sanitário, veja o que é ofertado. Isso com acompanhamento das metas do contrato, com transparência, acompanhado pelo controle social e pelo controle interno. E veja quais são as iniciativas, ações e estratégias para ampliar o acesso em cada região. Um outro movimento estruturante é criar um indicador nacional de controle de acesso. Estou conversando com as instituições acadêmicas e de pesquisa, com municípios que já têm experiências como essa para nós criarmos um grande indicador nacional que tenha sua base estadual, regional, municipal para que conheçamos, desde o começo, uma linha de base da garantia do acesso que cada região oferece à população e, a partir dos recursos e dos investimentos estratégicos, possamos avaliar a evolução desse indicador e, inclusive, premiar quem tem mais capacidade de fazer esforço para ampliá-lo.
A presidente Dilma destacou as UPAs como uma estratégia importante na organização do sistema de saúde. Uma das críticas às UPAs é que elas contrariariam a organização do sistema pela atenção primária. Como se articulam essas prioridades?
Isso é fundamental inclusive para essa opção que estou fazendo do acesso. Estou convencido, e a presidenta também, de que as UPAs são um equipamento que faz parte de uma rede que combina o tempo todo a atenção de urgência a emergência com a atenção básica em saúde no Brasil. É só assim que elas fazem sentido. As UPAs complementam em parte o que nós vamos chamar de atenção primária em saúde, porque vão funcionar 24 horas, e ficam num certo distrito, num certo território onde há outros equipamentos de saúde. E elas funcionam como um observatório da qualidade da atenção básica porque, na UPA, dependendo do perfil do atendimento, você pode revelar ou não a insuficiência de resolutividade da atenção básica. Se for um perfil que poderia se resolver na atenção básica, ela alivia a pressão das unidades de urgência e emergência. Mas o nosso compromisso de implantar 500 UPAs no país vai estar permanentemente combinado a uma rede de urgência e emergência que combina UPA, SAMU, central de regulação e requalificação do uso das unidades médias do país. Nós estamos mapeando quais são os pronto-socorros de referência no país — não são mais do que 200. E nós temos que ter um grande programa de qualificação desses pronto-socorros. Temos que combinar esse esforço com o grande desafio de esvaziar as urgências e emergências. E eu diria que, para além da atenção básica, esse maior desafio deve se dar pela garantia de oferta de leitos clínicos de média e curta duração. Um dos motivos hoje para a lotação de urgência e emergência no país é o fato de uma parte dos pacientes que já poderiam ter saído de um leito de urgência e ido para um leito clínico não ter oferta desse leito clínico naquela região. O outro desafio é a própria atenção básica. Na nossa convicção, a UPA acompanha o acesso à rede de atenção básica.
Na gestão do ministro Humberto Costa, houve uma defesa muito contundente da formação técnica do agente comunitário de saúde. Mas, em 2008, a Comissão Intergestores Tripartite decidiu que o ministério só poderia financiar o primeiro módulo de formação (o técnico é composto por três). Há interesse de retomar essa discussão agora?
Há pleno interesse nisso. Vários estudos mostram que a qualificação do agente comunitário de saúde é um dos fatores decisivos, ao lado dos serviços de saúde, para a atenção básica. Vários estudos têm demonstrado isso: o fato de serem qualificados ou não, terem feito atualização ou não ou terem se incorporado às vias de formação que chegam ao nível técnico dá mais qualidade ao trabalho do agente comunitário de saúde. Porém nós precisamos definir qual é a estratégia e qual o aporte financeiro para garantir isso. Eu não acredito que se possa fazer isso sem fortalecer a idéia de ensino à distância e de ensino em serviço. As próprias instituições de formação precisam se reestruturar para isso, precisam estar mais próximas do serviço, têm que estar dispostas a estar mais próximas do serviço, a lidar com ensino à distância, a usar estratégia de tutoria para dar conta desse desafio. E o outro é você fazer isso de forma não descolada do conjunto da formação da equipe e da própria existência da equipe. Um dos grandes erros, eu diria, das estratégias de formação da atenção básica é você pensar os componentes da equipe de forma separada, isolada. Você cria um grande programa de capacitação para o agente comunitário de saúde e não cria para os demais profissionais de saúde — para os médicos, enfermeiros... —, que vão tendo um descompasso absoluto na sua formação. Ou você cria um grande programa de formação do agente comunitário de saúde e não garante estrutura e condições para que não haja uma grande rotatividade de agente comunitário de saúde ou dos demais profissionais de saúde. Você faz um grande investimento em formação, mas em um profissional que roda o tempo todo, que não fica fixo. Acho que esse seria também um dos principais elementos para pensar estratégias de formação.
O sr. se comprometeu a participar ativamente do conselho de saúde. Vamos ter a conferência este ano. Como o sr. pretende fortalecer o controle social?
Eu me comprometi e estou participando das reuniões do conselho nacional de saúde. Eu venho de uma experiência muito recente de condução do conselho de desenvolvimento econômico e social e acho que este é um ano decisivo para o controle social e para o SUS. Nós não podemos reproduzir na 14ª Conferência Nacional de Saúde o mesmo cenário que encontramos nas últimas conferências. Temos que pensar a metodologia, como vamos garantir a participação...
Qual é a crítica às últimas conferências?
Na 13ª Conferência Nacional de Saúde nós chegamos a um relatório final com mais de 100 propostas. Cada uma representava um segmento ou desejo pontual, todos muito legítimos mas sem uma proposta estruturante para o SUS, para o desafio do SUS naquele momento. Eu fiz um debate no Conselho Nacional de Saúde, e agradeço ao Conselho, que considerou esse debate, propondo que, ao invés de a Conferência ter três, quatro eixos, tivesse um eixo único. O Conselho concordou com isso e teremos como único eixo da conferência, orientador dos demais, o tema do acesso com qualidade e tempo adequado às necessidades das pessoas. Esse é um desafio do SUS e de toda a seguridade social. Um outro esforço que nós vamos fazer, a partir da experiência com o conselho de desenvolvimento econômico e social, é tentar que o conselho seja um espaço, primeiro, de uma agenda estratégica; ele não pode ser um espaço em que a cada reunião só se discutam questões pontuais. Mesmo no esforço de acompanhamento e controle sobre as decisões da política de saúde e do gestor, que é importante, ele tem que construir uma agenda estratégica para ter um maior papel no controle. Quando ele exerce o controle só por questões pontuais, perde a capacidade de influenciar a política mais geral. O conselho de desenvolvimento econômico e social, que eu coordenei, teve um papel decisivo para o governo Lula quando parou de construir seus 135 objetivos especiais, que eram expressão de cada segmento, e passou a construir uma agenda estratégica para o país — a primeira foi a agenda nacional de desenvolvimento, depois, num segundo momento, a agenda internacional para um novo ciclo histórico de desenvolvimento. A partir daí ele começou a influenciar de forma decisiva os rumos do governo. Porque um conselho só consegue influenciar quando constrói um grande consenso sobre alguns temas, e envolve todos os segmentos. E quero manter a política de formação, capacitação dos conselhos estaduais e municipais, valorizar muito os conselheiros.
Entre a demanda por mais dinheiro e a queixa de que o problema da saúde está na má gestão dos recursos, o atual ministro da saúde, Alexandre Padilha, prefere ficar com os dois — essa é, segundo ele, uma “falsa dicotomia”. A conquista de mais recursos tem a ver com o papel central da saúde na agenda de desenvolvimento do país. Já a melhoria da gestão passa pela prioridade de um sistema centrado na atenção básica mas não engloba a discussão sobre a relação entre público e privado — esse é, na sua avaliação, um debate “ideologizado”. Ex - ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República do governo Lula e ex-diretor nacional de saúde indígena da Funasa entre 2004 e 2005, dentre muitos outros cargos, o médico Alexandre Padilha, vinculado ao Partido dos Trabalhadores, acaba de assumir o ministério da saúde. Nesta entrevista, concedida no dia 4 de fevereiro a Poli e a outras duas revistas editadas na Fiocruz — RET-SUS e Radis —, ele fala ainda sobre as prioridades da formação em saúde, incluindo a situação dos ACS. E, sem fugir das polêmicas, defende a construção da usina de Belo Monte.
No discurso de posse, a presidente Dilma apontou três prioridades para o país: saúde, educação e segurança pública. O Sr. acredita que agora a saúde vai estar no centro do desenvolvimento do país? A saúde pode não só não sofrer cortes como ainda ter um aumento real do orçamento?
Eu tenho certeza absoluta da necessidade de a saúde estar no centro da agenda de desenvolvimento do país. Tenho certeza absoluta do compromisso da presidenta com isso, mas acredito que essa não é uma obra só da presidenta. No conjunto do país, todas as pessoas do setor da saúde são decisivas para isso. Nosso país tem um potencial muito claro: todos os analistas acreditam que nós seremos a quinta economia do mundo em 2016. Não é possível ser a quinta economia do mundo em 2016 sem aproveitar ao máximo o potencial do setor econômico que mais investe em inovação de nível tecnológico, que é a saúde. Hoje, 30% dos recursos de desenvolvimento de inovação e pesquisa no país vêm dos vários segmentos do setor da saúde: seja desenvolvimento de insumos, medicamentos, vacinas, produção de novas tecnologias, inclusive de atenção à saúde, desenvolvimento de equipamentos... Não há nenhum país entre as maiores economias do mundo que não tenha uma política específica para desenvolvimento e inovação no campo da saúde. O segundo grande desafio para o Brasil ser a quinta economia mundial é aproveitar ao máximo o esforço de redução da pobreza e da miséria como a principal estratégia de desenvolvimento econômico do país. O Brasil aprendeu ao longo desses últimos oito anos que investir e se esforçar em reduzir a pobreza e as desigualdades regionais propiciou a construção de um mercado interno muito pujante, com força econômica e capacidade de inclusão, em seis, sete anos, do equivalente a uma Argentina inteira na economia. Quando você quer atrair investidores privados, profissionais liberais, profissionais de nível superior, em diversos estados hoje, várias perguntas que eles fazem são: se há um serviço de saúde adequado; qual o perfil do serviço de saúde, da rede de atenção à saúde daquela região para atrair esses profissionais. Ao mesmo tempo, a expansão da rede de atenção à saúde do país nas regiões economicamente menos desenvolvidas tem impacto direto e indireto na economia local. O impacto direto é o fato de a expansão da rede estar combinada com o crescimento de uma força de trabalho remunerada: são os profissionais de saúde de varias cidades do país o principal motor da economia local. O impacto indireto é que, quando você cria uma rede pública de saúde, faz com que as pessoas gastem menos para conquistar aquele direito fundamental. E tem o fato de a ampliação do serviço de saúde ser algo fundamental para a promoção da cidadania: não se reduz a miséria no país sem promover a cidadania. Há um terceiro outro grande desafio, que é da área internacional, que tem até a ver com a Fiocruz. O Brasil só vai ser a quinta economia do mundo se souber ocupar cada vez mais o papel que lhe cabe, e um eixo fundamental para qualquer ação de cooperação internacional é o tema da saúde. E o Brasil tem um potencial que é inclusive maior do que o dos outros países por ser uma grande potência econômica no mundo em um meio tropical, ter características próprias da inovação tecnológica, da capacidade técnica dos seus profissionais que outros países que são economias importantes do mundo não têm. Agora isso não é uma obra só da presidenta e do governo. Cada profissional de saúde tem que saber que quando define uma conduta, uma prática clínica, quando define a sua linha de atuação em pesquisa, quando define as suas prioridades de formação, de atualização, pode estar se aproximando ou se distanciando do centro da agenda de desenvolvimento do país. Eu tenho certeza de que a presidenta Dilma não vai fazer cortes em nenhuma política social. Pelo contrário, o desafio que ela assumiu para si e para o conjunto dos ministros é fortalecer e expandir nossas políticas sociais e isso tem a ver com recursos. Para mim, não existe uma dicotomia entre o debate de melhorar a gestão ou ter mais recursos. Eu estou absolutamente convencido de que a única forma de nós conquistarmos os recursos é darmos sinais claros de que temos maior capacidade de gestão sobre eles. Quando falo de gestão, não estou falando só de custo efetividade, não estou falando só de fazer mais com o que nós temos, de reduzir os custos. Estou falando da necessidade de fortalecer um modelo de atenção focado no usuário e que tenha a atenção básica como pilar.
Eu queria que o Sr. Falasse sobre um dos temas que mais mobilizam os movimentos sociais hoje: é o que se tem chamado de ‘privatização da saúde’, que se refere à criação de Organizações Sociais (OS) e a outras estratégias em que a administração não passa para um ente privado mas se adota o direito privado no lugar do direito público.
Eu acho que primeiro nós não podemos fazer um debate ideologizado sobre isso. Quando nós construímos o SUS, esse debate apareceu: se o SUS tinha que ser só estatal ou se tinha que compreender a participação de várias modalidades de entes não-estatais —filantrópico, hospitais universitários, o próprio setor privado credenciado... E o Movimento de Reforma Sanitária, naquele momento, compreendeu que o SUS não tinha que ser só estatal. Então, eu acho que essa é uma primeira questão. Eu defendo o SUS como um projeto público, permanentemente público, que esteja voltado para o usuário, que tenha controle público permanente. Hoje a maior parte dos equipamentos de saúde — leitos, medicamentos em geral — que o SUS utiliza são não-estatais. Isso foi ao longo de todos os anos de construção do SUS, e foi até maior no começo, quando se criou e se instituiu o SUS. A outra questão é que eu acredito que qualquer modelo gerencial tem que respeitar o conjunto de diretrizes do Sistema Único de Saúde. O próprio Conselho Nacional de Saúde fez um debate, que eu acho que foi muito interessante, de listar 12 princípios que qualquer modelo gerencial tem que ter no espaço do SUS. Sou favorável a qualquer modelo gerencial que cumpra essas diretrizes, inclusive em relação aos modelos estatais. Porque tem muito modelo estatal que não é público, que não tem nada de controle social, onde os trabalhadores são menos valorizados do que aqueles que têm vínculo com fundações ou organizações que não são necessariamente estatais. Esse debate não tem que ser ideologizado nesse sentido, do confronto entre o estatal e o não-estatal. Para mim, o debate tem que ser sobre o SUS enquanto projeto público voltado para o usuário, com controle social permanente, onde o processo de valorização dos gestores e dos trabalhadores deve existir para se garantir o melhor acesso ao usuário.
As organizações sociais também cabem como modelo?
Todo, qualquer modelo gerencial. Eu não tenho bloqueio ou preconceito com qualquer modelo gerencial. Se tivesse, eu não seria um defensor do SUS. O SUS, desde o início, convive com a organização governamental, com OS, com hospital filantrópico, com hospital particular credenciado. Para mim, não é esse o debate. Eu falei de não ser um debate ideologizado não é porque quero reduzir o papel das ideologias, muito pelo contrário. Mas acho que há um bloqueio no debate, que se estigmatizaram alguns modelos gerenciais e se deixou de lado o que é o centro do debate. Eu conheço e vou trabalhar para mudar isso, mas há modelos absolutamente estatais que não têm nada de público; hospital absolutamente estatal que não está na Central de Regulação, em que os leitos não são regulados. Eu não assumo o discurso da ineficiência do setor público não. Mas o índice de produtividade demonstra claramente que aquele hospital estatal não é usuário-centrado; o motivo principal da sua existência não é ampliar o acesso ao usuário. Então eu não vou entrar nesse debate do estigma do modelo gerencial, se é OS, se é fundação, se é regime jurídico público ou não porque acho que esse estigma fez com que ficássemos anos e anos nos distanciando do debate que eu acho que é o central: o SUS ser um projeto público voltado para o usuário e para a ampliação permanente do acesso com qualidade para a população.
Quais são as prioridades da gestão da educação em saúde e, dentro disso, qual é o peso da formação técnica de nível médio para a saúde?
A grande prioridade para todo o debate sobre educação e gestão do trabalho é que medidas nós temos que tomar nesse momento para ampliarmos o acesso com qualidade em tempo adequado para a necessidade de saúde das pessoas do país inteiro. Eu acho que o centro do debate que nós tínhamos que fazer é que o Brasil tem que construir um planejamento estratégico para daqui a dez, 15, 20 anos, incluindo a informação sobre que profissionais se quer ter, onde se quer que eles estejam trabalhando e qual a política de formação que vai garantir isso. Onde esses profissionais vão trabalhar e o seu perfil tem tudo a ver com a formação, não só da graduação, mas, sobretudo, de todas as modalidades de pós-graduação. E, junto com a capacidade de expansão do acesso à modalidade do ensino técnico, é fundamental qualificar um conjunto de trabalhadores que já estão no SUS. Em uma realidade tão diversa como é o Brasil, com as diferenças de acesso geográfico, para você necessariamente expandir o serviço de saúde, tem que aproveitar cada vez mais a população que vive nessas realidades. Então, a oportunidade maior que pode existir de formação, valorização dos trabalhadores e inclusão dessa população que vive nessas realidades é através do ensino técnico, tanto na sua modalidade de ensino médio quanto de ensino superior. Já acertamos com o MEC que vamos fazer um grande mapa nacional para comparar as ofertas de serviços de saúde que temos com as necessidades de saúde em cada uma das cerca de 500 regiões sanitárias do país. Isso é importante até para termos um indicador permanente de avaliação de acesso em cada uma dessas regiões. E, dentro desse mapa, nós incluímos, conversando com o MEC, a necessidade de profissionais para cada uma dessas regiões, para que se tenha um planejamento estratégico sobre quais profissionais o país quer formar e para onde. E que isso seja guiado pelas necessidades de saúde articuladas pelo SUS, pelo Ministério da Saúde no nível federal e não por uma determinação exclusiva dos espaços de formação. A demanda tem que vir do setor da saúde.
O sr. tem falado muito em saúde e agenda de desenvolvimento. Mas há muitos problemas de saúde decorrentes do desenvolvimento.
Eu acho que o tema de como o crescimento econômico e o desenvolvimento do país promovem a saúde interna, trazendo novos investimentos para a saúde, é um desafio. Um exemplo: eu, na coordenação do conselho de desenvolvimento econômico e social, participei de toda a construção do que seria a posição brasileira no Cop-15 em Copenhagen; todo o posicionamento não só do governo brasileiro, mas também dos atores e grupos sociais que fazem parte do conselho de desenvolvimento social. Nós fizemos com que a CNI, a Fiesp — a CUT também foi fundamental —, a Contag, lideranças empresariais, lideranças dos trabalhadores, representantes indígenas, representantes da academia construíssem um consenso grande. As divergências vão existir? Lógico que vão sempre existir. Se uma determinada obra vai ter maior ou menor impacto ambiental... mas o fundamental é que hoje na agenda ambiental, nós não pensamos mais em plano de obras, pensamos em projeto urbano. Vou citar um exemplo que é polêmico e por isso eu faço questão de comentar: a usina Belo Monte. Eu acompanhei muito de perto toda a expectativa que existia naquela região e só existia por causa de Belo Monte. Eu não tenho dúvida nenhuma de que a grande oportunidade de aquela região enfrentar os gargalos que ainda tinha em relação ao saneamento ambiental, à formação, educação, expansão dos serviços de atenção à saúde só estão existindo agora por conta do projeto Belo Monte. Porque ele combina projeto de usina hidrelétrica que, no seu próprio estudo, na sua própria reavaliação, reduziu em muito os impactos ambientais. Então, em várias regiões do país, a oportunidade de enfrentar os gargalos históricos do desenvolvimento, que são as condições mínimas para as pessoas viverem — acesso à água tratada, esgoto, saneamento, serviços de saúde e de educação — só é possível hoje quando se faz esses projetos de investimento. Acho que essa é a melhor forma para enfrentar. É a mesma coisa: o Brasil hoje é um dos países que está no contexto do risco mundial de uma epidemia de obesidade. Isso em parte é decorrente da ascensão social, porque as pessoas pararam de passar fome, passaram a consumir cada vez mais alimentos. Isso não necessariamente é ruim. Vamos conviver com novos riscos e novas contribuições que são fruto do processo de desenvolvimento do Brasil.
No seu discurso de posse, o Sr. falou que é uma obsessão melhorar a qualidade do SUS e, se possível, diminuir as filas. O Sr. tem idéia de como fazer isso?
O que eu falei no meu discurso de posse foi exatamente isso: tem que ser uma obsessão, um projeto único do conjunto do ministério colocar no centro de qualquer processo de planejamento das políticas de saúde que nós estamos ampliando o acesso ao acolhimento no tempo adequado às necessidades das pessoas. Reconhecendo que esse é um problema do mundo inteiro, inclusive dos sistemas públicos nacionais que são referência para nós, como também é um problema da saúde suplementar no Brasil. O fato de ser um problema não nos permite deixar de fazer com que ele esteja no centro do nosso planejamento de saúde. O investimento tecnológico que a Fiocruz desenvolve, por exemplo, vai ter um impacto decisivo no acesso por conta dos custos na oferta de tecnologia, de insumos, de vacinas, medicamentos que o SUS não teria condições de arcar se tivesse que fazer só aquisição do setor privado. Do ponto de vista mais nacional, na relação com os estados e municípios, o caminho é criarmos dois mecanismos que eu acho que vão ser estruturantes para o Brasil no problema do acesso. Nós queremos ter um instrumento mais sólido da relação entre governo municipal, estadual e federal, que é a idéia de implantar contratos interfederativos no sistema, onde se estabeleçam metas para ampliar o acesso em tempo adequado. Para construir esse contrato, nós temos que mapear o Brasil em regiões sanitárias. O próprio pacto de gestão já fez o primeiro mapeamento. A idéia é que nessas regiões sanitárias você veja cada realidade regional, faça o mapa sanitário, veja o que é ofertado. Isso com acompanhamento das metas do contrato, com transparência, acompanhado pelo controle social e pelo controle interno. E veja quais são as iniciativas, ações e estratégias para ampliar o acesso em cada região. Um outro movimento estruturante é criar um indicador nacional de controle de acesso. Estou conversando com as instituições acadêmicas e de pesquisa, com municípios que já têm experiências como essa para nós criarmos um grande indicador nacional que tenha sua base estadual, regional, municipal para que conheçamos, desde o começo, uma linha de base da garantia do acesso que cada região oferece à população e, a partir dos recursos e dos investimentos estratégicos, possamos avaliar a evolução desse indicador e, inclusive, premiar quem tem mais capacidade de fazer esforço para ampliá-lo.
A presidente Dilma destacou as UPAs como uma estratégia importante na organização do sistema de saúde. Uma das críticas às UPAs é que elas contrariariam a organização do sistema pela atenção primária. Como se articulam essas prioridades?
Isso é fundamental inclusive para essa opção que estou fazendo do acesso. Estou convencido, e a presidenta também, de que as UPAs são um equipamento que faz parte de uma rede que combina o tempo todo a atenção de urgência a emergência com a atenção básica em saúde no Brasil. É só assim que elas fazem sentido. As UPAs complementam em parte o que nós vamos chamar de atenção primária em saúde, porque vão funcionar 24 horas, e ficam num certo distrito, num certo território onde há outros equipamentos de saúde. E elas funcionam como um observatório da qualidade da atenção básica porque, na UPA, dependendo do perfil do atendimento, você pode revelar ou não a insuficiência de resolutividade da atenção básica. Se for um perfil que poderia se resolver na atenção básica, ela alivia a pressão das unidades de urgência e emergência. Mas o nosso compromisso de implantar 500 UPAs no país vai estar permanentemente combinado a uma rede de urgência e emergência que combina UPA, SAMU, central de regulação e requalificação do uso das unidades médias do país. Nós estamos mapeando quais são os pronto-socorros de referência no país — não são mais do que 200. E nós temos que ter um grande programa de qualificação desses pronto-socorros. Temos que combinar esse esforço com o grande desafio de esvaziar as urgências e emergências. E eu diria que, para além da atenção básica, esse maior desafio deve se dar pela garantia de oferta de leitos clínicos de média e curta duração. Um dos motivos hoje para a lotação de urgência e emergência no país é o fato de uma parte dos pacientes que já poderiam ter saído de um leito de urgência e ido para um leito clínico não ter oferta desse leito clínico naquela região. O outro desafio é a própria atenção básica. Na nossa convicção, a UPA acompanha o acesso à rede de atenção básica.
Na gestão do ministro Humberto Costa, houve uma defesa muito contundente da formação técnica do agente comunitário de saúde. Mas, em 2008, a Comissão Intergestores Tripartite decidiu que o ministério só poderia financiar o primeiro módulo de formação (o técnico é composto por três). Há interesse de retomar essa discussão agora?
Há pleno interesse nisso. Vários estudos mostram que a qualificação do agente comunitário de saúde é um dos fatores decisivos, ao lado dos serviços de saúde, para a atenção básica. Vários estudos têm demonstrado isso: o fato de serem qualificados ou não, terem feito atualização ou não ou terem se incorporado às vias de formação que chegam ao nível técnico dá mais qualidade ao trabalho do agente comunitário de saúde. Porém nós precisamos definir qual é a estratégia e qual o aporte financeiro para garantir isso. Eu não acredito que se possa fazer isso sem fortalecer a idéia de ensino à distância e de ensino em serviço. As próprias instituições de formação precisam se reestruturar para isso, precisam estar mais próximas do serviço, têm que estar dispostas a estar mais próximas do serviço, a lidar com ensino à distância, a usar estratégia de tutoria para dar conta desse desafio. E o outro é você fazer isso de forma não descolada do conjunto da formação da equipe e da própria existência da equipe. Um dos grandes erros, eu diria, das estratégias de formação da atenção básica é você pensar os componentes da equipe de forma separada, isolada. Você cria um grande programa de capacitação para o agente comunitário de saúde e não cria para os demais profissionais de saúde — para os médicos, enfermeiros... —, que vão tendo um descompasso absoluto na sua formação. Ou você cria um grande programa de formação do agente comunitário de saúde e não garante estrutura e condições para que não haja uma grande rotatividade de agente comunitário de saúde ou dos demais profissionais de saúde. Você faz um grande investimento em formação, mas em um profissional que roda o tempo todo, que não fica fixo. Acho que esse seria também um dos principais elementos para pensar estratégias de formação.
O sr. se comprometeu a participar ativamente do conselho de saúde. Vamos ter a conferência este ano. Como o sr. pretende fortalecer o controle social?
Eu me comprometi e estou participando das reuniões do conselho nacional de saúde. Eu venho de uma experiência muito recente de condução do conselho de desenvolvimento econômico e social e acho que este é um ano decisivo para o controle social e para o SUS. Nós não podemos reproduzir na 14ª Conferência Nacional de Saúde o mesmo cenário que encontramos nas últimas conferências. Temos que pensar a metodologia, como vamos garantir a participação...
Qual é a crítica às últimas conferências?
Na 13ª Conferência Nacional de Saúde nós chegamos a um relatório final com mais de 100 propostas. Cada uma representava um segmento ou desejo pontual, todos muito legítimos mas sem uma proposta estruturante para o SUS, para o desafio do SUS naquele momento. Eu fiz um debate no Conselho Nacional de Saúde, e agradeço ao Conselho, que considerou esse debate, propondo que, ao invés de a Conferência ter três, quatro eixos, tivesse um eixo único. O Conselho concordou com isso e teremos como único eixo da conferência, orientador dos demais, o tema do acesso com qualidade e tempo adequado às necessidades das pessoas. Esse é um desafio do SUS e de toda a seguridade social. Um outro esforço que nós vamos fazer, a partir da experiência com o conselho de desenvolvimento econômico e social, é tentar que o conselho seja um espaço, primeiro, de uma agenda estratégica; ele não pode ser um espaço em que a cada reunião só se discutam questões pontuais. Mesmo no esforço de acompanhamento e controle sobre as decisões da política de saúde e do gestor, que é importante, ele tem que construir uma agenda estratégica para ter um maior papel no controle. Quando ele exerce o controle só por questões pontuais, perde a capacidade de influenciar a política mais geral. O conselho de desenvolvimento econômico e social, que eu coordenei, teve um papel decisivo para o governo Lula quando parou de construir seus 135 objetivos especiais, que eram expressão de cada segmento, e passou a construir uma agenda estratégica para o país — a primeira foi a agenda nacional de desenvolvimento, depois, num segundo momento, a agenda internacional para um novo ciclo histórico de desenvolvimento. A partir daí ele começou a influenciar de forma decisiva os rumos do governo. Porque um conselho só consegue influenciar quando constrói um grande consenso sobre alguns temas, e envolve todos os segmentos. E quero manter a política de formação, capacitação dos conselhos estaduais e municipais, valorizar muito os conselheiros.
Novos caminhos para a educação básica no Brasil
Infelizmente, as preocupações com a situação do processo educacional brasileiro só afloram quando os resultados de avaliações internacionais se tornam públicos. Afinal, a posição brasileira nesta área destoa de outros indicadores, quer sejam de natureza econômica ou mesmo no que se refere à atividade de pesquisa científica e tecnológica.
Os últimos dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), organizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mede a aptidão dos estudantes de 15 anos na sétima série em leitura, matemática e ciências, mostraram que, apesar de uma pequena melhora em relação à avaliação anterior, continuamos ocupando as últimas posições. Em relação à leitura e a ciências ocupamos a 53ª posição, em um total de 65 países avaliados. Em matemática, ocupamos a 57ª posição.
É sempre bom lembrar que as primeiras posições são ocupadas pela Coreia do Sul, Finlândia, Hong Kong e Cingapura. Cabe ainda registrar que os dados acima indicados se referem a valores médios e que diferenças significativas podem ser detectadas entre os vários estados da Federação bem como entre as escolas públicas e as privadas. No que se refere aos estados, os melhores desempenhos foram encontrados no Distrito Federal, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Paraná.
Quanto ao desempenho das escolas, o melhor foi sempre observado nas poucas escolas públicas federais existentes (Colégios de Aplicação das universidades, Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, Institutos Federais e Colégios Militares) seguido de perto pelas escolas privadas. Nestes dois universos, os resultados ficaram próximos daqueles encontrados nos países em melhor posição. A situação catastrófica foi detectada nos colégios estaduais e municipais.
Todas as vezes que resultados como os indicados acima são publicados percebe-se uma
certa indignação por parte da população. Afinal, o país vem investindo recursos crescentes em educação. Onde estamos errando? Dos resultados publicados, fica claro que temos exemplos de razoável sucesso nas escolas federais e em muitas escolas privadas. Logo, uma primeira medida lógica seria verificar o que se passa nas melhores instituições representativas destes dois universos e implementar um programa corajoso nas escolas estaduais.
Melhorar o processo educacional brasileiro não é tarefa fácil e, muito menos, de resultado rápido. É preciso paciência e determinação, sem interferências constantes no processo. O próprio relatório da OCDE apresenta duas perguntas que devem ser objeto de análise pelos países que desejam melhorar seu desempenho.
A primeira é muito simples e direta: "Como são pagos os professores em comparação com outros trabalhadores de alto nível?". No que se refere ao ensino público estadual, justamente o mais frágil, a situação é vergonhosa. É fundamental que os governos estaduais, inclusive com o apoio do governo federal, organize um amplo programa de motivação dos professores existentes através de programas de atualização permanente, estímulo a programas de mestrado profissional nas diferentes áreas de ensino, etc, com correspondente melhoria salarial. Esta pode ser feita inicialmente na forma de bolsa, com recursos compartilhados pelos governos federal e estaduais e, logo a seguir, com mudanças significativas no Plano de Cargos e Vencimentos. Estas bolsas poderiam permitir, ainda, a dedicação integral do professor à sua carreira. A Capes, recentemente
chamada a participar da melhoria do ensino básico no país e que tem competência e experiência adquirida no apoio aos cursos de pós-graduação, poderia coordenar com relativa facilidade um amplo programa com esta finalidade.
A segunda questão é também direta: "Você gostaria que o seu filho fosse professor?".
Certamente que a resposta é não, sobretudo nas classes sociais em melhores condições. Como reverter este quadro? A resposta é simples. O salário do professor deve ser compatível com o mercado, de modo a estimular que bons alunos dos cursos de bacharelado e licenciatura nas universidades sejam estimulados a seguirem a carreira docente em escolas de ensino básico. Hoje, estes alunos preferem a carreira científica ingressando nos cursos de mestrado e doutorado onde contam com bolsas cujo valor é significativamente maior do que o salário oferecido pelas escolas públicas. Esta opção abre ainda a possibilidade de crescimento na carreira, maior prestígio e remuneração crescente.
Por último, cabe enfatizar que a melhoria do ensino básico depende de vários fatores, entre os quais merece destaque especial a figura do professor. No entanto, é necessário atentar para vários outros fatores entre os quais destaco: 1) a infra-estrutura física da escola, que deve contar com salas de aula especialmente preparadas para as disciplinas a serem ministradas; 2) espaço físico adequado para atividades extracurriculares (atividades físicas, música, teatro, etc); 3) biblioteca; 4) laboratórios para aulas práticas bem equipados e com instrutores capacitados; 5) professores e alunos presentes na escola o maior número de horas possível, preferencialmente em tempo integral; 6) eficiente gestão escolar, entre outros. É pouco provável que os milhares de escolas existentes possam ser beneficiadas simultaneamente de um programa. O importante é iniciar o processo o quanto antes e estabelecer metas anuais a serem perseguidas. O que é inaceitável é continuar a situação atual e lamentar os resultados dos processos de avaliação apenas quando eles são divulgados.
Artigo do professor Wanderley de Souza* publicado no JB On line
* Professor titular da UFRJ e diretor de Programas do Inmetro, é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia Nacional de Medicina.
Extraído:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76621
Os últimos dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), organizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mede a aptidão dos estudantes de 15 anos na sétima série em leitura, matemática e ciências, mostraram que, apesar de uma pequena melhora em relação à avaliação anterior, continuamos ocupando as últimas posições. Em relação à leitura e a ciências ocupamos a 53ª posição, em um total de 65 países avaliados. Em matemática, ocupamos a 57ª posição.
É sempre bom lembrar que as primeiras posições são ocupadas pela Coreia do Sul, Finlândia, Hong Kong e Cingapura. Cabe ainda registrar que os dados acima indicados se referem a valores médios e que diferenças significativas podem ser detectadas entre os vários estados da Federação bem como entre as escolas públicas e as privadas. No que se refere aos estados, os melhores desempenhos foram encontrados no Distrito Federal, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Paraná.
Quanto ao desempenho das escolas, o melhor foi sempre observado nas poucas escolas públicas federais existentes (Colégios de Aplicação das universidades, Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, Institutos Federais e Colégios Militares) seguido de perto pelas escolas privadas. Nestes dois universos, os resultados ficaram próximos daqueles encontrados nos países em melhor posição. A situação catastrófica foi detectada nos colégios estaduais e municipais.
Todas as vezes que resultados como os indicados acima são publicados percebe-se uma
certa indignação por parte da população. Afinal, o país vem investindo recursos crescentes em educação. Onde estamos errando? Dos resultados publicados, fica claro que temos exemplos de razoável sucesso nas escolas federais e em muitas escolas privadas. Logo, uma primeira medida lógica seria verificar o que se passa nas melhores instituições representativas destes dois universos e implementar um programa corajoso nas escolas estaduais.
Melhorar o processo educacional brasileiro não é tarefa fácil e, muito menos, de resultado rápido. É preciso paciência e determinação, sem interferências constantes no processo. O próprio relatório da OCDE apresenta duas perguntas que devem ser objeto de análise pelos países que desejam melhorar seu desempenho.
A primeira é muito simples e direta: "Como são pagos os professores em comparação com outros trabalhadores de alto nível?". No que se refere ao ensino público estadual, justamente o mais frágil, a situação é vergonhosa. É fundamental que os governos estaduais, inclusive com o apoio do governo federal, organize um amplo programa de motivação dos professores existentes através de programas de atualização permanente, estímulo a programas de mestrado profissional nas diferentes áreas de ensino, etc, com correspondente melhoria salarial. Esta pode ser feita inicialmente na forma de bolsa, com recursos compartilhados pelos governos federal e estaduais e, logo a seguir, com mudanças significativas no Plano de Cargos e Vencimentos. Estas bolsas poderiam permitir, ainda, a dedicação integral do professor à sua carreira. A Capes, recentemente
chamada a participar da melhoria do ensino básico no país e que tem competência e experiência adquirida no apoio aos cursos de pós-graduação, poderia coordenar com relativa facilidade um amplo programa com esta finalidade.
A segunda questão é também direta: "Você gostaria que o seu filho fosse professor?".
Certamente que a resposta é não, sobretudo nas classes sociais em melhores condições. Como reverter este quadro? A resposta é simples. O salário do professor deve ser compatível com o mercado, de modo a estimular que bons alunos dos cursos de bacharelado e licenciatura nas universidades sejam estimulados a seguirem a carreira docente em escolas de ensino básico. Hoje, estes alunos preferem a carreira científica ingressando nos cursos de mestrado e doutorado onde contam com bolsas cujo valor é significativamente maior do que o salário oferecido pelas escolas públicas. Esta opção abre ainda a possibilidade de crescimento na carreira, maior prestígio e remuneração crescente.
Por último, cabe enfatizar que a melhoria do ensino básico depende de vários fatores, entre os quais merece destaque especial a figura do professor. No entanto, é necessário atentar para vários outros fatores entre os quais destaco: 1) a infra-estrutura física da escola, que deve contar com salas de aula especialmente preparadas para as disciplinas a serem ministradas; 2) espaço físico adequado para atividades extracurriculares (atividades físicas, música, teatro, etc); 3) biblioteca; 4) laboratórios para aulas práticas bem equipados e com instrutores capacitados; 5) professores e alunos presentes na escola o maior número de horas possível, preferencialmente em tempo integral; 6) eficiente gestão escolar, entre outros. É pouco provável que os milhares de escolas existentes possam ser beneficiadas simultaneamente de um programa. O importante é iniciar o processo o quanto antes e estabelecer metas anuais a serem perseguidas. O que é inaceitável é continuar a situação atual e lamentar os resultados dos processos de avaliação apenas quando eles são divulgados.
Artigo do professor Wanderley de Souza* publicado no JB On line
* Professor titular da UFRJ e diretor de Programas do Inmetro, é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia Nacional de Medicina.
Extraído:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76621
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