quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CARVÃO: O MINEIRO E A ESCRAVIDÃO

O trabalho de mineiro carbonífero no Sul de Santa Catarina tem semelhanças com escravidão, talvez em alguns aspectos seja até pior ou mais ultrajante, pois os coitados precisam trabalhar perigosamente embaixo da terra, num ambiente inóspito, deprimente e insalubre, para sobreviver sobre a mesma, sem qualidade de vida, com doenças pulmonares, como por exemplo a incurável doença do ‘’pulmão negro’’, cientificamente denominada de pneumonoconiose. A aposentadoria aos 15 anos de serviço é o reconhecimento do Estado para com esta maldita servidão, uma verdadeira injustiça social e ambiental em nome de um questionável desenvolvimento. A atividade é comprovadamente insustentável desde a sua fase inicial, quando de forma brutal agride os recursos naturais para a exploração do minério, finalizando com a famigerada queima do combustível fóssil – considerado o mais poluente de todos, além de ser também a energia elétrica mais cara para o consumidor.



A REGIÃO SUL DE SC É CONSIDERADA UMA DAS 14 MAIS CRÍTICAS DO PAÍS, DE ACORDO COM O DECRETO FEDERAL 85.206/80. ALÉM DESTE CENÁRIO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL, COINCIDENTEMENTE NESTA REGIÃO ONDE ESTÁ LOCALIZADA A TERMELÉTRICA JORGE LACERDA 856MW – A MAIOR EMISSORA DE CO² DA AMÉRICA LATINA PELA QUEIMA DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS, OCORREM DE FORMA INÉDITA A VIOLÊNCIA DAS ÁGUAS E DOS VENTOS, TANTO QUE AS MAIORES ENCHENTES DO BRASIL ACONTECERAM NA FAIXA LITORÂNEA ENTRE ARARANGUÁ, TUBARÃO E BLUMENAU. NESTA REGIÃO TAMBÉM OCORREM CICLONES EXTRATROPICAIS E TORNADOS, ALÉM DE SER O EPICENTRO DO VIOLENTO FURACÃO CATARINA - O PRIMEIRO DO ATLÂNTICO SUL.



A ABENÇOADA E HISTÓRICA ‘’PORTARIA 498’’ DO MME.

A abençoada e histórica portaria nº 498 de 25/08/2011 do Ministério de Minas e Energia - MME, denominada de ‘’A-5’’, que foi assinada pelo ministro Edson Lobão, exclui as térmicas a carvão mineral do leilão de 20 dezembro próximo, para o suprimento de energia a partir de 2016. A decisão é considerada um grande avanço no processo para a limpeza da matriz energética brasileira.

Porém um imenso lobby formado pela ''Frente Parlamentar em defesa do carvão'' está pressionando setores do governo para derrubar a portaria, com a velha desculpa que o setor deixará de gerar riquezas e emprego. Para eles o que importa é manter a máquina de fazer dinheiro funcionar, ou seja, querem continuar privatizando o lucro da exploração e queima do minério e socializando a comprovada poluição pra toda população, custe o que custar! Se mantida, o projeto da USITESC 440MW fica inviabilizado e o carvão da região irá apenas para a usina Jorge Lacerda 856MW, que deverá se adaptar adotando sistemas menos poluentes, como o leito fluidizado, por exemplo.

OBS.I. A portaria, além de uma medida ecologicamente correta, faz justiça ambiental, pois todo o processo de licenciamento da USITESC foi ‘’comprovadamente irregular’’ e facilitado, tanto é que a LAP(Licença Ambiental Prévia) foi assinada no último dia de mandato do governador e na residência oficial do Palácio da Agronômica.

OBS.II. Outros projetos carboníferos no Rio Grande do Sul, Ceará, Maranhão e Pará, estes com carvão importado, também ficam inviabilizados.

OBS.III. Estão de parabéns os técnicos da ANEEL, EPE e MME pela corretíssima atitude, que poderá influenciar outros países, pois assim sendo o Brasil cumpre com as metas prometidas para a redução das emissões, preserva a natureza e salva milhões de pessoas dos malefícios do carvão.
"Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos preocupados e comprometidos possa mudar o mundo;

de fato é só isso que o tem mudado".

Margaret Mead, antropóloga.

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