quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CNS detalha regras das próximas eleições

Em 27 de novembro de 2012, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) vai eleger novas representações da sociedade civil para atuar ao longo do triênio 2012/2015.

Acesse aqui a Resolução do CNS nº 457/2012, que regulamenta a eleição das entidades e dos movimentos sociais nacionais de usuários do Sistema Único da Saúde (SUS), das entidades nacionais de profissionais de saúde, incluída a comunidade científica da área de saúde, das entidades nacionais de prestadores de serviços de saúde e das entidades empresariais nacionais com atividades na área de saúde

Acesse aqui o Edital de Convocação da Eleição do CNS para o triênio 2012/2015.

Acesse aqui o Requerimento de Inscrição para as eleições do Conselho Nacional de Saúde.

Acesse aqui a Portaria  nº 1.837/2012 do Ministério da Saúde, que designa os membros da Comissão Eleitoral para as eleições do Conselho Nacional de Saúde para o triênio 2012/2015.

Acesse aqui o Termo de Inscrição de Entidades e Movimentos Sociais dos Profissionais de Saúde.

Acesse aqui o Termo de Inscrição de Entidades e Movimentos Sociais dos Prestadores de Serviços de Saúde e Entidades Empresariais com Atividades na Área de Saúde.

Acesse aqui o Termo de Inscrição de Entidades e Movimentos Sociais dos Usuários.

Acesse aqui o Calendário Eleitoral do Conselho Nacional de Saúde – Triênio 2012/2015


Comissão Eleitoral
Telefone: 61 3315-2472
e-mail: eleicoes.cns@saude.gov.br

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Estudos em Movimentos Etnicos - Cachoeira


Processo seletivo - Coordenação Geral ABIA


A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) procura pessoas interessadas na vaga da Coordenação Geral da Instituição.
Buscamos interessados/as com experiência significativa em gestão organizacional, liderança e com trajetória em advocacy e ativismo na resposta à epidemia de aids para trabalhar em sinergia com o conselho de curadores da ABIA e supervisionar o cotidiano das atividades da instituição.
Ter pós-graduação em saúde pública ou ciências sociais não é uma exigência, mas consideramos positivo assim como experiência anterior com ONGs /Aids.
Para mais informações sobre a ABIA e as funções da Coordenação Geral, consulte a descrição detalhada no link abaixo.
ou clique aqui

As inscrições serão aceitas a partir de 05 de  setembro de 2012 e devem ser enviadas até 30 de setembro  para: coordgeral@abiaids.org.br  
As candidaturas deverão incluir uma carta de apresentação indicando o interesse na posição e detalhando as qualificações relevantes, bem como um Currículo vitae completo.

CONVOCATORIA ABIERTA MAESTRIA EN ESTUDIOS DE ASIA Y AFRICA





Centro de Estudios de Asia y África

Convocatoria abierta
 
 Maestría en Estudios de Asia y África
 
Curso Propedéutico: 27 de mayo de 2013
 
Inicio del Programa de Maestría: 5 de agosto de 2013
 
Fecha límite de entrega de documentos: 15 de enero de 2013
 
 áreas de especialización:
África; Corea (abrirá dependiendo de la disponibilidad de recursos); China; Japón; Medio Oriente; Sur de Asia; Sureste de Asia
 
Informes:
El Colegio de México
Centro de Estudios de Asia y África
Camino al Ajusco No. 20
Col. Pedregal de Santa Teresa
Delegación Tlalpan
C.P. 010740 México, D.F.
 Contacto: Estela Segura
Correo electrónico: esegura@colmex.mx
Más información disponible en:
 

sábado, 8 de setembro de 2012

I Seminário Internacional sobre Infâncias e Pós-Colonialismo - Campinas

“Se as crianças conseguissem fazer entender seus protestos em um maternal, ou mesmo simplesmente suas questões, isso bastaria para causar uma explosão nos sistemas de ensino" (Michel Foucault).

O “I Seminário Internacional sobre Infâncias e Pós-Colonialismo: Pesquisas em busca de Pedagogias Descolonizadoras”, a ser realizado nos dias 22,23 e 24 de novembro de 2012 em CAMPINAS (SP), têm como objetivo discutir pesquisas e pedagogias nos campos da educação, infância e educação infantil sob a tensão de abordagens marxistas e na perspectiva pós-colonialista, procurando, assim, a construção de aportes teóricos que favoreçam pensar pedagogias descolonizadoras das infâncias circunscritas dentro das diferentes realidades do Brasil. Numa perspectiva antropofágica vamos devorar reinventar e problematizar pedagogias e pesquisas que buscam dar conta das dimensões artísticas e culturais, provocando o público e os/as palestrantes para responderem e quando a inclusão excludente é com pessoas de 0 a 12 anos de idade?
Link: https://sites.google.com/site/infanciaposcolonialismo/

Chamada da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - Debate sobre Cotas nas Universidades

 
 
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República vai realizar, no dia 10 de setembro, a partir das 15h, a quarta edição do Roda de Conversa, que terá como tema as "Cotas nas Universidades". Os expositores serão a jornalista Míriam Leitão; o prof. José Geraldo, reitor da UnB; a escritora Ana Maria Gonçalves, autora do livro "Um defeito de cor"; e a Profª Zélia Amador de Deus, ums das fundadoras do movimento negro e docente da Universidade Federal do Pará. A conversa será transmitida em tempo real através do link www.aids.gov.br/mediacenter e o público poderá enviar perguntas.

Preso por uma bagatela - Documentário

Para a reflexão: O que é mesmo justiça?

Link:  http://www.canalibase.org.br/o-principio-da-bagatela/

Em um país de desvios financeiros milionários e CPIs que não resultam em prisão, um trabalhador que tenta levar para casa um frango que foi jogado no lixo vai para a cadeia. Afinal, o sistema penal foi construído para punir quem?
No Direito Penal, bagatela significa insignificância. No documentário “Bagatela” de Clara Ramos, são conhecidas as histórias de mulheres presas por pequenos furtos, além da opinião de pessoas diretamente ligadas ao sistema penal, como os juízes de São Paulo Vico Mañas, Marcelo Semer e Airton Vieira.
Pequenos mesmo. No filme o espectador entra em contato com casos como o de Sueli, que ficou dois anos na prisão por ter roubado um queijo e duas bolachas. Por sua vez, Maria Aparecida foi presa por furtar xampu e condicionador. Ela tem problemas mentais e sofreu agressões na prisão. São essas as causas às quais a advogada Sonia Drigo, inspiração para o documentário, se dedica gratuitamente. A advogada e a diretora do filme se conheceram em 2005 durante a gravação de um outro projeto.
De acordo com Clara Ramos, a intenção é expor uma série de opiniões diferentes. No documentário, é possível ver críticas sobre o excesso de punição em situações singelas como essa, já que isso ajuda também a reforçar o processo de criminalização da pobreza. Ao mesmo tempo, opiniões completamente favoráveis a esse tipo de pena são exibidas, deixando o espectador chega a sua própria conclusão.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Nota da CNTE sobre Adin contra a Lei do Piso



Governadores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí e Roraima querem impedir reajuste
No mesmo dia em que os movimentos sociais comemoraram a derrubada do recurso que impedia a tramitação ordinária do PNE no Senado Federal, e em que a CNTE e a CUT realizaram a 6ª Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, foi publicada no Diário Oficial de Justiça a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) nº 4.848 contra o art. 5º da Lei 11.738, que trata da atualização monetária anual do piso nacional do magistério. Subscrevem a referida ação os governadores dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí e Roraima - os novos “e velhos” Inimigos da Educação, Traidores da Escola Pública.
A CNTE lamenta, profundamente, a atitude leviana dos governadores que abdicam do debate democrático em torno da valorização dos profissionais da educação, para continuar a tumultuar o processo de implementação integral do piso no país, além de tentar rebaixar os objetivos da Lei Federal.
Cabe informar que, nesse exato momento, o Congresso Nacional discute alternativas para a alteração do critério de reajuste do piso do magistério, mantendo-o porém atrelado à meta 17 do PNE, que prevê equiparar a remuneração média do magistério à de outros profissionais - hoje a diferença é de 40%. O mesmo debate pretende ampliar a complementação da União ao piso, à luz de diretrizes nacionais para a carreira dos profissionais da educação.
Vale destacar que ao contrário do que alega os Governadores, não é a União quem dita aleatoriamente o índice de atualização do piso. O mecanismo associa-se ao Fundeb, que conta com recursos dos estados e mais a perspectiva de complementação da União ao piso. Portanto, o mecanismo possui sustentação financeira. Ocorre que, transcorridos 4 anos de vidência da Lei, nenhum ente federado comprovou cabalmente a incapacidade de pagar o piso. O que se vê Brasil afora são redes públicas de ensino extremamente desorganizadas, inchadas e com desvios de dinheiro da educação que tornam o piso impagável na carreira do magistério.
A nova Adin dos governadores, além de afrontar a luta dos trabalhadores e da sociedade por uma educação pública de qualidade e com profissionais valorizados, despreza a importância do debate cooperativo entre os entes federados para cumprir as exigências do piso, e por isso a mesma merece o nosso repúdio. Desde já a CNTE compromete-se a mobilizar sua base social e a arregimentar todas as formas de lutas para combater mais essa investida de gestores públicos contra o direito à educação de qualidade e à valorização de seus profissionais.
Acesse aqui a ADI nº 4.848.
Site oficial da CNTE: www.cnte.org.br
Informações para a imprensa
Frisson Comunicação

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Divulgação Mestrado em Estudos sobre as Mulheres 2012-2014

Candidaturas 2012-2014
Informamos que está a decorrer, de 27 de agosto a 11 de setembro, a candidatura ao 11º curso do Mestrado em Estudos sobre as Mulheres da Universidade Aberta.
Este mestrado, pioneiro em Portugal, foi criado em 1994 e funciona, presentemente, em regime de e-learning.
igualdade entre mulheres e homens constitui um dos grandes desafios internacionais, presente nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) da ONU. Este mestrado permite aprofundar a investigação neste domínio de estudos e desenvolver competências profissionais e de decisão para a implantação de Políticas para a Igualdade que tenham em conta os aspectos relacionados com o género na vida social e cultural, em relação com outras desigualdades sociais.
O curso funciona totalmente em regime de e-learning, permitindo construir conhecimento e partilhar experiências numa comunidade de aprendizagem diversificada e operando em diferentes contextos sociais e culturais que esta modalidade de ensino oferece.
Todas as informações sobre o curso e documentação necessária para a candidatura podem ser consultadas em: http://www.univ-ab.pt/guiainformativo/detailcursos.php?curso=46.
Agradecemos divulgação.
As coordenadoras
Teresa Joaquim e Rosana Albuquerque
_________________________________
UNIVERSIDADE ABERTA
CAMPUS DO TAGUSPARK
Edifício Inovação I
2740-122 Porto Salvo (Oeiras)
Portugal

Poluição: um problema de saúde pública. Entrevista especial com Paulo Saldiva


“Quando as mesmas empresas propõem produtos de padrões ambientais distintos em lugares diferentes, penso que é uma forma de tratar mal as pessoas. É isso que chamo de racismo ambiental: é uma forma de oferecer produtos de menor qualidade tomando partido”, assinala o médico.

Confira a entrevista.
A resolução dos problemas de mobilidade urbana e de poluição está imbricada em “conflitos econômicos e culturais”, e “numa política de sinais trocados”, diz Paulo Saldiva, médico e pesquisador da Faculdade de Medicina da USP à IHU On-Line. Os conflitos econômicos, esclarece, são de ordem pública, porque se estimula o problema, e dificulta a solução. “Por exemplo, para fazer um corredor de ônibus ou metrô, é preciso fazer um estudo de impacto ambiental, enquanto que no caso de São Paulo, para licenciar dois mil veículos por dia, não precisa fazer estudo nenhum. Então, isso impede que as decisões mais estruturantes sejam feitas”. Já os de ordem cultural, acontecem “porque as pessoas acostumaram a se defender do transporte coletivo ruim usando seus veículos (...) Enquanto nós nos maravilhamos quando vamos para a Europa andar de transporte coletivo, trem, ônibus, bonde, aqui defendemos o uso do nosso transporte individual”.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone, o pesquisador enfatiza que a poluição é verificada como problema de saúde pública desde os anos 1970, mas o tema é desconsiderado porque “quando se discute que tipo de combustível o país irá usar para diminuir a poluição, se o diesel irá mudar ou não, se vamos reduzir o IPI para facilitar a compra de carros, quem decide essas questões é o Ministério do Planejamento, o Ministério da Fazenda, Indústria e Comércio, e os integrantes da área da saúde nem se sentam à mesa para conversar”.

Paulo Saldiva é professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, com pós-doutorado em Anatomia Patológica e Patologia Clínica. Coordena os projetos de Avaliação da Toxicidade da Poluição por Material Particulado Gerado por Diferentes Fontes Emissoras: Proposição de Estudos Clínicos e Experimentais, do Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental – Inaira.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Desde quando a poluição passou a ser um problema de saúde pública no Brasil, e como o tema tem sido tratado no âmbito da saúde?

Paulo Saldiva – A poluição tem sido verificada como problema de saúde pública desde as primeiras medidas sistemáticas de poluição, que começaram no Brasil através da rede da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – Cetesb de São Paulo, no final dos anos 1970. Naquele momento havia evidências de que a poluição seria um problema de saúde, tanto que foram tomadas medidas de controle das emissões em Cubatão, criou-se um programa de controle das emissões de indústria e se começou a montar, a partir dos anos 1980, o Programa de Controle das Emissões Veiculares – Proconve. Em função desses programas, a poluição caiu bastante. Ao mesmo tempo, porém, foram surgindo novas evidências de que mesmo os níveis de poluição considerados adequados já não eram mais. Ou seja, à medida que as técnicas de análises e os estudos epidemiológicos foram se refinando e surgiram novos dados de poluição, percebemos que variações de poluição, mesmo na faixa que antes se imaginava legal, provocavam mortalidade, internações e uma série de outros desfechos.

A área da saúde, desde Oswaldo Cruz, da revolta da vacina, das grandes endemias, organiza-se muito no sentido de fazer vacinação, de providenciar atendimento. O problema é que ela se sente um pouco incapaz frente às necessidades de resolver o problema de poluição. Hoje o problema da poluição envolve desde emprego, renda, planejamento urbano, política tecnológica, questões de mercado. Enfim, são temas que não estão relacionados apenas com a saúde. De toda forma, a saúde ainda não aprendeu a lidar adequadamente com essa questão. Então, quando se discute que tipo de combustível o país irá usar para diminuir a poluição, se o diesel irá mudar ou não, se vamos reduzir o IPI para facilitar a compra de carros, quem decide essas questões é o Ministério do Planejamento, o Ministério da Fazenda, Indústria e Comércio, e os integrantes da área da saúde nem se sentam à mesa para conversar.

IHU On-Line – O senhor costuma dizer que não há impedimentos técnicos para que o problema da poluição seja resolvido. Quais são hoje as maneiras possíveis de diminuir a poluição atmosférica?

Paulo Saldiva – Ao longo desses anos todos fiquei mais convencido de que, embora todo mundo advogue que mortalidade precoce e internações sejam temas que compadeçam a todos, quando se está formulando políticas públicas o fato predominante vai ser o econômico, por causa da crise do emprego e de outros fatores. Entretanto, para se ter uma ideia, o país gasta algo em torno de 30 bilhões por ano em função dos acidentes, entre atendimento hospitalar e perda de capacidade laboral. Então, ter essa visão da economia de forma mais integral é importante e imperativa para tomada de decisões.

Por que eu digo que o remédio existe? Porque nós sabemos fazer tudo. O Brasil tem tecnologia reconhecida no exterior para construir corredores de ônibus expresso. São os engenheiros brasileiros que fazem isso na China, em Bogotá, no Chile. Desde Curitiba nós aprendemos a fazer isso e sabemos como fazer um corredor de ônibus transportar metade do que um metrô transporta por hora de passageiros. Além disso, o Brasil tem várias matrizes de combustíveis, basta citar a elétrica provida de força hidráulica, a do etanol, biomassa, gás. Além disso, sabemos produzir veículos elétricos, híbridos. Quer dizer, nós podemos fazer tudo o que quisermos, sem precisar inventar nada.

O grande problema é que, ao contrário dos grandes temas da saúde pública, como a dengue ou o vírus A (H1N1), onde quem conseguir colocar um remédio e destruir o agente etiológico, ganho um prêmio, no caso do uso de ocupação do solo das cidades, quem vai ocupar as ruas são os carros, os transportes coletivos etc. Há aí conflitos econômicos extremamente grandes e um conflito cultural, porque as pessoas acostumaram a se defender do transporte coletivo ruim usando seus veículos. Existe o que chamo de política de sinais trocados: nós estimulamos o problema e dificultamos a solução. Por exemplo, para fazer um corredor de ônibus ou metrô, é precisa fazer um estudo de impacto ambiental, enquanto que no caso de São Paulo, para licenciar dois mil veículos por dia, não precisa fazer estudo nenhum. Então, isso impede que as decisões mais estruturantes sejam feitas. Enquanto nós nos maravilhamos quando vamos para a Europa andar de transporte coletivo, trem, ônibus, bonde, aqui defendemos o uso do nosso transporte individual.

Então, essa é uma questão até educacional. Temos de perceber que estamos deteriorando as nossas cidades, estamos perdendo o nosso tempo, estamos perdendo um pouco da nossa saúde e não estamos ganhando nem em mobilidade. Hoje cada brasileiro gasta cada vez mais tempo para ir e vir para o mesmo lugar ao qual ele se deslocava outrora.

IHU On-Line – Que investimentos em mobilidade urbana devem ser considerados para diminuir a poluição nas grandes cidades? A partir da infraestrutura urbana existente, como melhorar a mobilidade?

Paulo Saldiva – Basta que se ocupem as ruas com corredores de veículos leves, sobre trilho, de corredores de ônibus inteligentes, onde não há necessidade de ter, por exemplo, um bilheteiro dentro. O problema é que tem de fazer da qualidade do transporte coletivo, da eficiência e do valor econômico um atrativo para as pessoas migrarem. Então, talvez ao implantar um sistema desses haja um conflito inicial, enquanto se monta a estrutura, mas depois o transporte melhora.

Berlim é a cidade que tem o melhor sistema de mobilidade urbana que eu já vi. O número de veículos por habitantes é muito maior do que o brasileiro, mas as pessoas só usam os carros quando realmente precisam, porque o transporte coletivo é tão melhor e as ciclovias são tão mais eficientes, que as pessoas preferem utilizar o transporte público.

IHU On-Line – Que políticas públicas existem no país para tentar reverter a poluição e os danos causados por ela?

Paulo Saldiva – Existem algumas, mas elas são menores do que o problema que cresce. Tem o programa de controle de carros, de diminuição de carros; tem também o programa de inspeção e manutenção de carros. Mas essas e outras são sempre medidas que não são muito significativas.

Nunca houve uma medida de cobrar pelo uso do centro da cidade, como um pedágio urbano, por exemplo. Ninguém tem coragem de propor isso, embora todos nós pagamos um pedágio urbano embutido. Na Av. Paulista, por exemplo, se você quiser estacionar um carro, vai pagar trinta reais a primeira hora, e depois vinte reais por hora subsequente. É muito dinheiro, mas nós preferimos entregar esse valor na mão dos proprietários do estacionamento, porque não confiamos nas lideranças políticas.

Nós acordamos mais cedo, temos privação do sono, do nosso lazer, da nossa capacidade de interagir com as pessoas das quais gostamos por causa do trânsito. No momento em que as pessoas se conscientizarem de que isso não é normal, de que isso não é esperado, de que não é normal morrerem quatro pessoas em acidente de tráfego por dia em São Paulo, mais doze de poluição, poderemos ter uma cidade mais legal. Nós poderíamos recuperar um pouco desse cimento todo com verde; poderíamos dar espaço para as pessoas caminharem, andarem de bicicleta e promover saúde. Chamam-me de romântico quando falo essas coisas, mas, se formos analisar na ponta do lápis, veremos que o que estamos fazendo com as nossas cidades é uma loucura.

IHU On-Line – Sobre a mobilidade das cidades brasileiras, quais são os limites da acessibilidade da periferia para o centro das cidades? Como que as ilhas de vulnerabilidade ambiental se relacionam com as ilhas de pobreza?

Paulo Saldiva – Tem uma relação muito grande, porque as cidades brasileiras passaram por um processo de pseudourbanização devido ao crescimento caótico. Então, os centros das grandes cidades estão ficando menos povoados, porque são considerados espaço de empreendimentos comerciais. Como o preço do solo cresce, as pessoas vão migrando e acabam morando cada vez mais longe. Elas estão indo para regiões onde não têm serviços, onde a cobertura vegetal é muito menor. Além disso, elas ficam mais tempo no tráfego e, portanto, têm menos tempo para descansar, dormir, se exercitar. Em São Paulo, por exemplo, o tempo médio de deslocamento no trânsito, para ir e voltar do trabalho, é algo em torno de 2h 40min. Quase três horas do dia. Então, 1/3 do nosso dia gastamos para estar no trânsito.

Então, essas pessoas que menos podem, que trabalham mais, que “matam um leão por dia”, moraram mais longe. Uma pessoa de Santo Amaro-SP, por exemplo, perde 2h30min para ir e 2h30min para voltar do trabalho. Em 5 horas um indivíduo faria uma faculdade. Então, essas pessoas são, digamos, dentro de um ecossistema urbano, a base da cadeia alimentar, e à custa da saúde delas é que construímos uma cidade. Isso é muito desigual, é uma forma bastante injusta de considerar a cidade.

IHU On-Line – Pode nos explicar o conceito de racismo ambiental e qual a influência econômica nesse processo?

Paulo Saldiva – Tem um relatório da OSD que mostra quais serão as principais causas de morte em 2050, em função das causas ambientais. Segundo o relatório, a malária e a diarreia irão diminuir, mas em contrapartida a poluição do ar por material particulado irá aumentar muito, e isso vai acontecer na África, na América Latina, na Ásia e no Oriente Médio. Ou seja, isso vai transformar a poluição do ar no maior problema de saúde decorrente de alterações ambientais nos próximos quarenta anos. Irão morrer nove milhões de pessoas de poluição em 2050 por ano. Ultrapassando toda a soma de diarreia e malária.

Acontece que nem o plasmódio da malária, nem os embriões coléricos, tampouco os agentes das diarreias têm lobby econômico. Enquanto isso os processos menos avançados tecnologicamente estão migrando para regiões que têm menos capacidade de produzir conhecimentos e detectar os efeitos.

Quando as mesmas empresas propõem produtos de padrões ambientais distintos em lugares diferentes, penso que é uma forma de tratar mal as pessoas. É isso que chamo de racismo ambiental: é uma forma de oferecer produtos de menor qualidade tomando partido. Quer dizer, se produzir com o menor preço possível, em lugares onde as pessoas não têm como se defender, medir, analisar e quantificar o impacto dessas políticas comerciais de natureza duvidosa.

IHU On-Line – O senhor relaciona o racismo ambiental com a atuação das empresas multinacionais, que praticam padrões ambientais distintos dependendo do país em que atuam. Qual é o padrão utilizado no Brasil? Que modelo de tecnologia é utilizado no transporte público brasileiro? Por que em alguns países há maior valorização em questões ambientais, sociais?

Paulo Saldiva – É um modelo intermediário. Mas se você quiser saber quanto o seu carro emite de poluição na França, você consegue, mas não consegue saber aqui no Brasil. Quer dizer, as mesmas empresas que atuam no Brasil e na Europa disponibilizam as informações lá, e não aqui. É o mesmo que aconteceu há um tempo com a bula de remédios.

IHU On-Line – Como a questão da poluição é tratada em outros países? Há uma preocupação em diminuir a poluição e resolver os problemas de mobilidade?

Paulo Saldiva – Muito! Por isso que eles estão conseguindo resolver o problema da poluição deles e nós não. Alguém lá fez a conta, o lucro de diminuir a poluição é muito grande. É possível ganhar dinheiro diminuindo a poluição. Tanto que se observarmos o mapa da poluição, veremos que é o mapa da pobreza: quanto mais pobre a cidade, maior será a poluição. O controle da poluição não inviabiliza o desenvolvimento econômico. É o contrário.

Ainda não atingimos o nível de maturidade de fazer essas políticas integradas. É como se cada secretaria e cada ministério tivesse a sua política individual, e não tivesse uma conversa para saber o custo e o benefício destas políticas. Este é o papel da universidade, de fazer uma análise crítica e de vez em quando parar para pensar se de fato o que estamos fazendo é o mais inteligente e o mais adequado para todos.

IHU On-Line – A poluição ainda está muito atrelada a essa ideia de desenvolvimento?

Paulo Saldiva – Está! Aliás, nós destruímos o nosso transporte ferroviário para desenvolver a indústria de caminhões pesados no Brasil, e agora estamos tentando recompor. O Brasil optou por esse modelo de desenvolvimento que vem desde o governo Juscelino Kubitschek, onde a indústria automobilística estaria alavancando o desenvolvimento do país. A mesma coisa se repete hoje com a indústria de energia, com o pré-sal. Dizem que os recursos do pré-sal serão a salvação da educação brasileira. É lógico que ele vai contribuir, mas tem um lado negativo, e esse lado não é apresentado com a mesma clareza. Esse balanço entre custos e benefícios tem de ser feito por toda a sociedade e não só pelo segmento que está dentro daquela esfera de negócios da própria Caixa.

IHU On-Line – Quais os principais desafios de relacionar políticas de saúde, meio ambiente e mobilidade?

Paulo Saldiva – É incluir saúde humana na pauta da discussão. A saúde deveria tomar a si o projeto de discutir, porque hoje, no caso de São Paulo, quatro mil pessoas a mais morrem por ano, e isso é um tema de saúde pública. Do contrário, alguns segmentos analisam os ganhos e outros pagam os custos. A saúde já não está com aquela bola toda e ainda se gasta o dinheiro público para subsidiar o Ministério da Indústria e Comércio, ou uma política de desenvolvimento. Vamos fazer a conta e ver o que vale a pena. Essa discussão é interessante, e o Brasil tem uma grande oportunidade para resolver esse problema.

As armas e as cotas

O cientista político e historiador Luiz Felipe de Alencastro comenta a batalha adiada da igualdade racial nas Forças Armadas, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 02-09-2012.
Eis o artigo.
Impermeáveis às políticas afirmativas do governo Dilma, as Forças Armadas não promovem a formação de altos comandantes cujo rosto espelhe o da população brasileira. Índia, África do Sul e EUA (que destacaram oficial negro para comandar frota no Atlântico Sul) dão valor estratégico à questão racial nas elites militares.
Nas vésperas do Sete de Setembro, cabe lembrar as perspectivas sobre as Forças Armadas inscritas no "Livro Branco da Defesa Nacional" (LBDN), apresentado em junho à presidente da República e ao Congresso.
Organizado pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, o Livro Branco constitui uma iniciativa original. Tanto na forma quanto no seu conteúdo. Faltou, na imprensa e nos meios políticos e universitários, um debate à altura das análises elaboradas no LBDN. Pela primeira vez, a reflexão sobre as Forças Armadas e a diplomacia estão associadas num documento governamental que analisa as relações de força no mundo atual.
Resta que o LBDN não aborda um problema importante -de repercussão nacional e internacional-, que Amorim ajudou a começar a resolver no Itamaraty. Problema com o qual ele e seus sucessores no atual ministério também terão que lidar: a discriminação racial não escrita que exclui negros e mulatos do alto oficialato das Três Armas.
No Itamaraty, o assunto foi abafado durante muito tempo. Entrou pela primeira vez em pauta quando o presidente Jânio Quadros, em 1961, na época da independência das colônias africanas, nomeou o escritor Raimundo Souza Dantas (1923-2002) embaixador em Gana.
Primeiro e único embaixador negro desde a Independência, Souza Dantas escreveu "África Difícil, Missão Condenada: Diário" (1965), que narra a discriminação de que foi vítima, por parte de intelectuais e diplomatas brasileiros, no seu posto na África. Quando o livro saiu, a ditadura já sufocava o debate sobre esse e outros assuntos.
Agindo como pau-mandado do colonialismo português, o Itamaraty perseguiu o então diplomata e futuro dicionarista Antônio Houaiss (1915-99). Membro da Comissão de Descolonização da ONU, Houaiss dialogava com os movimentos independentistas da África lusófona. Como narra o embaixador Ovídio de Andrade Melo, em seu livro "Recordações de um Removedor de Mofo no Itamaraty" (2009), a pedido de setores salazaristas, Houaiss foi cassado e demitido do Itamaraty, acusado de ser "inimigo de Portugal".
No entanto, cada vez que o governo abria uma embaixada na África, inclusive nos países lusófonos, já escaldados pela colaboração de Gilberto Freyre (1900-87) com o colonialismo salazarista, escancarava-se um paradoxo: como acreditar que o Brasil era uma "democracia racial" se todos os diplomatas, e até os contínuos da embaixada, eram brancos? A branquidade encenada pelos diplomatas brasileiros entravava a política do Brasil na África.
Com a redemocratização, o debate voltou à ordem do dia. Em 2002, iniciou-se o programa Bolsa Prêmio de Vocação para a Diplomacia. Implementado pelo Itamaraty, o programa concede a afrodescendentes bolsas de preparação ao concurso à carreira diplomática.
A necessidade de aproximar o rosto interno do rosto externo do país foi sublinhada pelo então presidente Fernando Henrique, em dezembro de 2001: "Precisamos ter um conjunto de diplomatas -temos poucos- que sejam o reflexo da nossa sociedade, que é muliticolorida e não tem cabimento que ela seja representada pelo mundo afora como se fosse uma sociedade branca, porque não é".
Sob a presidência de Lula, o processo se consolidou. Em julho de 2008, em Brasília, o então chanceler Celso Amorim enfatizou que a democracia é "incompatível" com a discriminação, acrescentando: "Acreditávamos que éramos uma democracia racial. Hoje sabemos que isso não é verdade".
AJUSTE
Contudo, o ajuste entre o rosto interno e o rosto externo do país é longo e difícil. No último dia 18 de agosto, reportagem de Flávia Foreque na Folha revelou que, dentre as 40 novas embaixadas abertas na África, 35 têm um corpo de diplomatas inferior ao previsto. Por quê? Porque alguns itamaratecas, que se acham, evitam as embaixadas africanas, acreditando que tais postos rebaixam suas carreiras.
Celso Amorim deixou o Itamaraty e, depois de uma pausa, assumiu o ministério da Defesa. Graças à sua iniciativa, redigiu-se o "Livro Branco". Com 270 páginas, o documento contou com o aporte de vários ministérios e duas centenas de colaboradores.
De saída, o LBDN salienta as bases da geopolítica nacional: "O Brasil dá ênfase a seu entorno geopolítico imediato, constituído pela América do Sul, o Atlântico Sul e a costa ocidental da África". Mais adiante, a importância do espaço oceânico é reiterada, porquanto o Brasil é o "país com maior costa atlântica do mundo".
Citado no texto introdutório da presidente Dilma Rousseff, o pré-sal é objeto de mais quatro referências no LBDN. A posse da Zona Econômica Exclusiva de 200 milhas marítimas (onde está o pré-sal) garantida pela Convenção da ONU de 1994, que foi assinada por 152 países, é destacada.
Mas o documento também observa que nem todos países aderiram à convenção, "inclusive grandes potências", circunstância que "pode se tornar, no futuro, uma fonte de contenciosos". O que o LBDN não diz, mas está nos jornais, é que a única das "grandes potências" não aderente à convenção de 1994 é os Estados Unidos.
4ª FROTA
O tom diplomático do texto evita ainda referências a uma novidade que reconfigura o Atlântico Sul, a volta da 4ª Frota americana. Estabelecida em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), a 4ª Frota foi desmembrada em 1950. Em 2008, foi restabelecida para operar no Caribe e nos mares da América Central, América do Sul e África Ocidental.
Seu renascimento foi saudado pelo "Navy Times", jornal da marinha de guerra americana: "Quase 60 anos depois de ter fechado, a 4ª Frota, que conduziu a caçada aos submarinos alemães no Atlântico Sul, está de volta. Desta vez, para caçar traficantes de drogas no Caribe".
Na América Central e na América do Sul, pouca gente acreditou nessa fita da caça aos piratas do Caribe. O governo argentino discutiu o assunto com o governo americano. Mas a reação mais incisiva veio do Brasil. Respondendo a jornalistas argentinos, em setembro de 2008, o presidente Lula declarou: "Estou preocupado com a 4ª Frota americana, porque ela vai exatamente para o lugar onde nós achamos petróleo".
Tal armada de porta-aviões, cruzadores e submarinos é comandada por um ilustre oficial negro, o contra-almirante Sinclair M. Harris. Feliz coincidência para o prestígio do contra-almirante Harris e para o lustre da U.S. Navy, sua poderosa esquadra singra entre a costa atlântica africana e o país americano que conta com o maior número de afrodescentes.
Neste contexto apenas subentendido no LBDN, a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul ganha todo o seu relevo. Instaurado pela ONU em 1986, esse tratado abrange o Brasil, Argentina, Uruguai e 21 países africanos. Programas de colaboração militar estão em curso nesses países, com destaque para a Namíbia -cuja costa situa-se em latitudes idênticas à faixa do litoral brasileiro contendo o pré-sal-, a qual envia boa parte dos oficiais de sua Marinha de Guerra para se formarem no Brasil.
O LBDN assinala uma cooperação mais direta com a África do Sul, no intercâmbio de oficiais e no desenvolvimento do míssil A-Darte e, mais além, com a Índia, no avião de transporte Embraer 145, dotado de radar indiano.
A colaboração com a África do Sul e a Índia é reforçada pelo Fórum Ibas, reunindo o Brasil aos dois países. Fundado em 2003, sob o impulso do então chanceler Celso Amorim, o Ibas é definido como "um mecanismo de coordenação entre três países emergentes, três democracias multiétnicas e multiculturais, que estão determinados a redefinir seu lugar na comunidade de nações".
Efetivamente, o Brasil, a África do Sul e a Índia constituem um grupo exemplar de democracias multiétnicas e multiculturais. Não há quem duvide disso, quando percorre as ruas das grandes cidades desses países.
Salvo em algumas altas instâncias, como as Academias Militares. Ali, o rosto dos cadetes, dos futuros oficiais superiores brasileiros, predominantemente branca, destoa da igualdade étnica e multicultural do oficialato das Forças Armadas da África do Sul e da Índia. Destoa, sobretudo, da sociedade brasileira.
Graças aos avanços constitucionais do país, as Forças Armadas têm evoluído. Mulheres passaram a ser admitidas nas Três Armas, embora suas funções sejam geralmente restritas aos serviços administrativos e de saúde.
Também é certo que há, desde o século 19, certo número de oficiais afrodescendentes e que as escolas militares não vetam mais certas categorias da população.
Assim, como revelou o historiador Fernando Rodrigues, da UFRJ, na reportagem de Leonencio Nossa, no jornal "O Estado de S. Paulo", em 12 de março de 2011, até o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), as escolas militares barravam formalmente a entrada de negros, judeus, islâmicos, filhos de pais separados e filhos de estrangeiros.
SAITO
Muita coisa mudou para melhor. Em 2007, a comunidade nipo-brasileira saudou a nomeação no comando da Aeronáutica do brigadeiro Juniti Saito, nascido em Pompeia (SP) e filho de imigrantes japoneses. No ano seguinte, viajando a Tóquio como convidado especial do governo japonês, o comandante foi recebido pelo Imperador Akihito.
Saito visitou também uma escola de filhos de imigrantes brasileiros. Segundo o site nikkeypedia.org.br, ele declarou na saída: "Eu me identifiquei com aquelas crianças porque passei o mesmo que elas quando cheguei ao Brasil. Até os cinco anos de idade, só falava japonês dentro de casa". A menos que tenha sido o resultado de um erro de transcrição, o lapso do brigadeiro Saito ("quando cheguei ao Brasil") é significativo.
Mostra o estranhamento e a emoção da "chegada" à escolinha paulista, e dá mais força ao seu mérito e à competência da Escola Militar na condução de sua trajetória até a chefia da Aeronáutica.
Da mesma forma que a carreira do contra-almirante Harris impressiona os oficiais africanos e brasileiros, o dinamismo social e democrático que impulsionou a carreira do comandante Saito deve ter impressionado os oficiais do Japão. No Extremo Oriente, o retrato do oficialato brasileiro, apresentado como um corpo militar multiétnico, ganhou foros de verossimilhança. No Extremo Ocidente é outra história.
GUARARAPES
Sabe-se que a hierarquia militar sempre afirmou sua consonância com o colorido da sociedade. Como outros documentos oficiais, o LBDN se refere à primeira Batalha de Guararapes (1648), palco da vitória icônica das Forças Armadas: "Foi o evento histórico considerado gênese do Exército, nessa ocasião as forças que lutaram contra os invasores foram formadas genuinamente por brasileiros (brancos, negros e ameríndios)".
Depois disso, os holandeses se renderam, a população indígena declinou, chegaram muito mais africanos, mais portugueses, outros europeus, e também os levantinos e os asiáticos que formaram a atual sociedade brasileira.
As Forças Armadas mudaram, mas a sociedade mudou mais rápido. A referência encantatória às forças brasileiras na Batalha de Guararapes, pintadas como um exército multiétnico, não cola à realidade. Não é preciso fazer um desenho para mostrar que há um desequilíbrio gritante no escalonamento hierárquico das Três Armas.
Como em outros setores governamentais, os brancos sempre dominaram as patentes mais elevadas, em detrimento da presença dos afrodescendentes, que compõem atualmente a maioria dos recrutas e da população do país. Para retomar a análise do então presidente FHC, trata-se de uma situação que "não tem cabimento".
A doutrina constitucional e a dinâmica democrática tem tornado a sociedade brasileira mais justa. Desse modo, a Constituição decreta que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza" (art. 5°), e completa o preceito com as políticas afirmativas, determinando a "proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei" (art. 7° § 20).
Consoantemente, a presidente Dilma Rousseff promove a nomeação de mulheres nos altos cargos, numa política pública para ninguém botar defeito.
De seu lado, o Judiciário e o Legislativo têm procurado corrigir as desigualdades herdadas do passado para reforçar a democracia. No mês de abril, o Supremo Tribunal Federal decidiu, unanimemente, que as cotas raciais nas Universidades estavam em conformidade com a Constituição.
Como é notório, o STF é raras vezes unânime em seus julgamentos. A concordância dos ministros sobre matéria tão controversa, e combatida pela grande maioria dos editorialistas, conferiu mais peso ainda à decisão, que tornou-se jurisprudência.
Após longo estudo, o STF reconheceu que existe no Brasil discriminação étnica estrutural -embora não inscrita nas leis-, que as universidades públicas tem o direito constitucional de combater.
Na sequência, o Congresso aprovou a lei que reserva 50% das vagas das universidades federais para estudantes de escolas públicas. Metade das cotas, ou 25% das vagas, vai para estudantes cujas famílias tenham renda até 1,5 salário mínimo. Os outros 25% das vagas são reservados aos estudantes negros, pardos ou indígenas. Persistem dúvidas sobre a aplicação da lei no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), que depende do Ministério da Defesa.
Independentemente das Academias Militares, os oficiais superiores estão cada vez mais envolvidos na política externa. Aliás, o LBDN registra a frequente "participação articulada de militares e diplomatas em fóruns internacionais [...] na tarefa de defender, no exterior, os interesses brasileiros".
Cedo ou tarde a branquidade do oficialato entravará o papel internacional das Forças Armadas. O acomodamento nacional -tão bem resumido na frase "Imagina na Copa!"- pode continuar esperando que as coisas, na hierarquia militar e alhures, evoluam a partir de críticas externas.
A frase citada acima, e seu complemento carioca "Imagina na Olimpíada!", tem duplo sentido. O significado imediato mostra que se está apreensivo com a chegada de tanta gente de outros países.
Menos óbvio, o segundo sentido deixa entender que se espera uma melhoria nos serviços públicos, na telefonia celular, nos aeroportos. Assim, o bordão "Imagina na Copa!" revela também um comportamento acomodado e subalterno: já que os cidadãos (brasileiros) não impõem respeito, vamos tirar proveito do respeito imposto pelos consumidores (estrangeiros).
Como sucedeu no Itamaraty, o apelo à representação multiétnica, à aproximação entre o rosto multicolorido dos recrutas e o rosto dos oficiais superiores, poderá também vir de fora para dentro, das parcerias militares desenvolvidas com países do Caribe e da África, e até com a 4ª Frota americana.
Não obstante, no seu discurso de posse, Celso Amorim fez uma afirmação que indicava sua intenção de não aceitar acomodamentos e subalternidades.
De fato, na sua fala, Amorim propôs uma gestão mais democrática no Ministério da Defesa: "Devemos valorizar a discussão de temas como direitos humanos, desenvolvimento sustentável e igualdade de raça, gênero e crença". Tais temas não sofrem contestação nas Forças Armadas.
Salvo a discussão do tema da igualdade de raça. Tão presente na sociedade brasileira, tão ausente no "Livro Branco da Defesa Nacional".

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Exposição Arte e Cultura Africana‏


Planejamento publica edital de concurso com 825 vagas.

O Ministério do Planejamento divulgou nesta segunda-feira, dia 27, o edital do concurso para analista de políticas sociais, todas para atuação em Brasília. Para concorrer é preciso ter o nível superior em qualquer área. A remuneração inicial do cargo de chega a R$ 5.466,53, incluindo as gratificações. Este é o primeiro concurso para a função, criada em 2009.
As inscrições serão abertas a partir da próxima segunda-feira, dia 3, até 16 de setembro, pelo site www.esaf.fazenda.gov.br, com taxa de R$ 100. Quem for membro de família de baixa renda e estiver inscrito no Cadastro Único do Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) pode solicitar a isenção;
As oportunidades estão distribuídas pelas seguintes áreas: Assistência Social (77), Educação (30), Gestão Social (248), Previdência (20) e Saúde (450). A seleção será composta por provas objetiva e discursiva marcadas para 18 de novembro

Leia mais: http://extra.globo.com/emprego/concursos/ministerio-do-planejamento-abre-concurso-publico-para-825-vagas-de-analista-5903087.html#ixzz25QLN2zp0